Imagem de Little Witch Academia: Chamber of Time
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Little Witch Academia: Chamber of Time

Nota do Voxel
78

Little Witch Academia: Chamber of Time traduz a magia da série e surpreende

A Bandai Namco tem muitas propriedades intelectuais de animes nas mãos e traz muitos games de mangás e animações japonesa (alguns melhores do que outros). Na maioria das vezes, nos deparamos com experiências mais simples e que se apoiam muito sobre o peso da IP, mas vez ou outra vemos um destaque aparecendo no meio. Felizmente, esse destaque é o caso de Little Witch Academia: Chamber of Time, inspirado no anime “Little Witch Academia”.

Devo dizer: a qualidade foi surpreendente, porque a expectativa estava baixa – considerando que o anime não é um dos mais famosos. Veja bem, Little Witch Academia: Chamber of Time não é perfeito nem excepcional, mas consegue capturar o que 90% dos games de anime não conseguem: o espírito da animação japonesa e a tradução bem legal para outra forma midiática. Certamente, o jogo poderia ser melhor no fim das contas, mas a experiência é boa suficiente para mostrar que há esperanças em bons títulos de anime.

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Um anime em forma de jogo e um jogo em forma de anime

Há um ponto específico que Little Witch Academia: Chamber of Time acerta em cheio: recriar a experiência do anime. E não estou dizendo que o game é fidedigno à animação em narrativa ou visuais, mas sim em clima e tom. O jogo é basicamente um RPG de exploração (com sidequests e tudo mais) misturado com mecânicas de beat ‘em up.

Por ora, vamos nos focar na primeira parte. A exploração de Little Witch Academia: Chamber of Time é realmente um ponto fora da curva. Na aventura, controlamos Akko, a bruxinha que deve resolver diversos assuntos na escola de magia e que tem o seu caminho pavimentado com coisas interessantes para fazer (entre eles uma história original muito divertida de consumir).

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Este game não é recheado de variedade em atividades, mas vai para o outro lado e foca na trama. Andar pelos corredores, masmorras, pátios, refeitórios e quadras sempre terá algo ou alguém que trará algum elemento novo à experiência. As sidequests e diálogos opcionais somados à história única do game criam um clima muito bacana.

Basicamente, Little Witch Academia: Chamber of Time traz a sensação de viver o mundo do anime, algo que poucos títulos conseguem traduzir de uma mídia para outra. A própria narrativa original do game é muito interessante e dá o tom da experiência: na história, Akko encontra uma câmara faz com que ela e todas as meninas que entrarem no recinto voltem no tempo ao término do dia, recriando os eventos do mesmo perído vez após vez.

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Portanto, o dia sempre se repete para todos os demais alunos e professores, mas não para as meninas que fazem parte da campanha. Os diálogos são muito bem-construídos, todos contam com trabalho de voz e as animações são soberbas, criando um tom que foi como assistir a um episódio do anime enquanto jogava.

Para quem nunca viu a animação original, é um pouco difícil capturar esse tom, mesmo que haja a opção de recapitular os acontecimentos da obra original. Contudo, para quem é fã da obra, certamente se verá muito interessado pelo desenvolvimento e desfechdo do enredo.

A parte mais legal é que a própria temática de viagem no tempo se traduz em mecânicas de Little Witch Academia: Chamber of Time. Há personagens e eventos que só acontecem em determinadas horas do dia (e outros que mudam de local dependendo do horário) e é bem legal ver o cuidado da desenvolvedora em criar um mundo crível.

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O mapa pode não ser tão grande e ficar cansativo com a jogatina prolongada, mas é bacana ouvir dicas com as fofocas dos alunos e procurar as tarefas adicionais. No fim, o mais importante é que o gameplay recria a sensação de assistir à série, fungindo dos clichês de apresentação ruim e histórias mal contadas que games de anime (geralmente do gênero de luta) fazem.

Um beat ‘em up decente, mas poderia ser melhor

Enquanto Little Witch Academia: Chamber of Time deixa de lado o fator exploração, a experiência se transforma em outro gênero: um beat ‘em up com elementos de RPG. E, de um escopo mais amplo, a ideia é bem interessante. Para resolver a situação em que se encontram, Akko e sua turma exploram masmorras recheadas de inimigos e devem usar as magias e armas da escola para se safarem.

Em um primeiro momento, as mecânicas de combate podem parecer bem simples, mas algumas delas são surpreendentemente mais densas e profundas. Há mais de 7 páginas de magias diferentes para usar em batalhas, muitos equipamentos para melhorar atributos, é necessário montar a party com calma para evoluir cada bruxinha e por aí vai. Nisso, Little Witch Academia: Chamber of Time acerta bastante.

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O sistema de combate é razoável, com ataques leves, médios e fortes (que não combam, vale frisar) e a chance de usar até 6 magias distintas que podem ser equipadas previamente. Por fim, mas não menos importante, você também pode trocar a sua equipe e até mesmo a líder (cada personagem tem um estilo levemente de jogatina, o que pode ajudar na variedade). É possível até mesmo jogar coop online e offline com mais dois amigos, o que acaba sendo um incentivo extra e muito bem-vindo.

Entretanto, as coisas ficam mais mornas na hora do “vamo vê”. Apesar de ser satisfatório em um primeiro momento, Little Witch Academia: Chamber of Time é um game de dezenas de horas e o tempo mostra que o combate pode ser mais raso do que aparenta. Apesar de ter bastante magias, o título carece da robustez de jogos como Dragon’s Crown e peca ao repetir labirintos que usam modelos muitos similares para construir o mapa (há momentos em que os cenários se repetem diversas vezes seguidas e com os mesmos inimigos).

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Parte disso poderia ser contornado com um bom level design que não se pautasse em repetição de templates, na mesmice de adversários (que mesmo diferentes em cenários distintos, se repetem do começo ao fim) e uma mecânica de luta que encaixasse de forma mais criativa as magias, que são o ponto forte, com os ataques comuns.

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Sem dúvidas, se esse lado do game fosse melhor desenvolvido, Little Witch Academia: Chamber of Time poderia ser um dos melhores jogos de animes dos últimos tempos (talvez até em uma posição alta entre os melhores já feitos). Infelizmente, além de ser mais simples do que deveria, também há alguns problemas técnicos que atrapalham e incomodam assim que a ação começa a aumentar (mesmo no PS4 Pro). No fim das contas, o sistema de luta é um alicerce com fundações mais frágeis do que deveria.

Uma experiência audiovisual digna de virar modelo no gênero

Apesar de o combate não ser o maior ponto forte e até ter problemas técnicos de performance, a parte visual de Little Witch Academia é realmente espetacular, colaborando bastante com o clima de reproduzir a sensação de estar dentro do universo do anime. De uma forma simplificada, os gráficos seguem a linha de Dragon Ball FighterZ, com modelos 3D que simulam animação 2D com maestria.

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Os principais pontos positivos são as animações e os elementos visuais que são exibidos durante a história. Os diálogos são recheados de carisma, com cada personagem fazendo caras e bocas típicas da animação original, recriando com sucesso o estilo da obra original. Até mesmo fora dos eventos da trama, a ambientação e as animações são bem divertidas e mantém o tom descontraído.

Durante o combate, a arte dos modelos de inimigos e personagens também é muito boa, assim como os cenários estáticos 2D de plano de fundo. O que acaba ficando destoante é a falta de variedade de alguns cenários e a falta de capricho em alguns lugares da escola, mas nada muito grave.

O maior pecado aqui é, sem dúvida, a queda de performance durante a ação. Basta algumas magias começarem a circular no display e mais inimigos aparecerem para a taxa de quadros por segundo despencar. Pode parecer estético, mas o problema é tão persistente e frequente que isso acaba atrapalhando a própria jogatina.

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Por fim, mas não menos importante, a sonoplastia é sensacional! Os trabalhos de vozes (em japonês) são ótimos, os efeitos sonoros são bons e as músicas encaixam como uma luva em cada situação em que a turminha de Akko se encontra.

Vale a pena?

De fato, Little Witch Academia: Chamber of Time não é um jogo fenomenal, mas ele chega perto de ser. É uma pena que um dos aspectos mais importantes do game não seja tão bem desenvolvido quanto os demais, pois o game acerta bastante na história e ambientação (apesar de ser levemente repetitivo), mas falha um pouco no combate.

Além disso, toda essa magia de criar um mundo tão gostoso de explorar tem explicação: o alicerce do anime é utilizado aqui, e para compreender esse tom bem construído é preciso ter a bagagem da série animada como requisito para aproveitar a experiência (mesmo que haja uma recapitulação da série, o clima é perdido).

Sem dúvidas, o game tinha potencial e não o menosprezou: a qualidade é realmente um ponto fora da curva em muitos aspectos, mesmo que deixe a peteca cair em alguns outros. Quem sabe, uma sequência consiga trazer o melhor dos dois mundos e criar um novo parâmetro para jogos bons de anime.

*Este jogo foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • A experiência do anime é recriada com maestria e é um dos melhores games do gênero
  • A história é original para o game e traz uma sensação excelente em reproduzir os elementos marcantes da série
  • As animações são soberbas e acertam em cheio o clima e tom da experiência
  • O trabalho de voz é fenomenal e as músicas casam muito bem com cada situação
  • A ideia de usar o tempo para explorar a escola de formas diferentes é realmente muito legal
Pontos Negativos
  • O combate poderia ser mais profundo e trazer mais variedade
  • O level design é quase nulo e o sistema procedural fica repetitivo com o tempo
  • Há quedas de performance significativas nos momentos de ação