A vida é estranha, complexa e ainda não está disponível em português
Apesar de ter chegado um pouco depois do prometido, o segundo episódio de Life is Strange conseguiu entregar as mesmas qualidades oferecidas na primeira parte da trama: uma trilha sonora espetacular, direção de arte impecável e uma história muito envolvente. Entretanto, o mesmo erro também foi cometido nessa bela sequência: nada de legendas em português – nem mesmo outros idiomas além do inglês e francês –, o que é um grande problema para um jogo baseado na narração.
Em Life is Strange: Episode 2 – Out of Time, estamos de volta em Arcadia Bay, cidade fictícia de Oregon, para determinar os rumos de Maxine "Max" Caulfield, a protagonista do game, e de muitos outros personagens. Detentora de um poder surpreendente capaz de fazê-la voltar no tempo e manter na memória tudo aquilo que "ainda não aconteceu", a jovem precisa fazer escolhas muito bem pensadas, pois cada uma vai produzir o seu "fruto" lá na frente. Está preparado para tomar decisões que farão toda a diferença no futuro?
Atenção: ALERTA DE SPOILER! Essa análise pode conter informações que revelem detalhes importantes sobre o enredo de Life is Strange. O texto não pretende contar a história do jogo, já que o uso desses trechos tem como único objetivo servir de base para sustentar os argumentos apresentados pelo autor.
Escolhas complexas. Muito complexas
Se você achou que havia muitas escolhas importantes a serem feitas no primeiro episódio de Life is Strange, prepare-se para se deparar com situações parecidas e com muito mais frequência nessa continuação do game. A indicação que o jogo dá mostrando que determinada decisão “vai ter consequências futuras” parece acontecer mais vezes.
Life is Strange: Episode 2 – Out of Time.
Isso é compreensível e está longe de ser uma crítica. Afinal, toda a trama está se “afunilando” para um desfecho e nossas decisões – obviamente – são essenciais para determinar o resultado final. Porém, não é só na frequência que as coisas parecem estar mudando. A complexidade é maior, e um dos motivos para isso são as nossas escolhas feitas no passado.
A vida das pessoas passa a estar, literalmente, nas mãos de Max, e é perfeitamente possível continuar a trama sabendo que você deixou alguém “ir embora” no final da história. Isso sem falar no “culpado” por todo o ocorrido que é apontado pelo próprio jogador. Esse aspecto nos faz imaginar a quantidade de “finais” que um jogo desses pode ter.
Escolhas difíceis, hein Max...
História ainda envolvente
A cadência do segundo episódio representa muito bem o que o título quis transmitir. “Out of time” ou, em tradução direta, “sem tempo”, é a sensação que você vai ter ao experimentar novamente Life is Strange. É uma surpresa lembrar que apenas dois dias se passaram em todo o game até agora.
A história continua tão envolvente quanto na estreia da série há algumas semanas, apresentando personagens profundos e psicologicamente bem trabalhados. O jogo é recheado de diálogos, algo que é esperado de um game baseado em narrativa, mas que pode desagradar alguns mais apressadinhos.
A história continua envolvente.
Mais do mesmo? SIM!
Além de uma trama que prende o jogador do início ao fim, o game também manteve a mesma direção de arte do primeiro episódio. Evidentemente, não eram esperadas mudanças nesse sentido, mas o “colírio para os olhos” merece ser destacado novamente.
No entanto, o que chama a atenção mesmo, assim como aconteceu com o título anterior, é a trilha sonora. A Dontnod caprichou mais uma vez na escolha do repertório musical, mostrando que esse aspecto “invisível” faz toda a diferença no produto final. As músicas combinam com cada momento e emoção expressa pelos personagens.
Mais do mesmo? SIM!
Registro histórico de suas escolhas
Uma ferramenta que se mostrou muito útil no segundo episódio de Life is Strange é o Jornaul. Esse menu, acessado através do TAB, é uma espécie de diário supostamente alimentado por Max com a descrição dos personagens e vários detalhes interessantes e muito bons para quem tem paciência para ler ou quer aprender mais sobre o jogo. Ali, percebemos o capricho dos desenvolvedores em dissecar aspectos que fazem pouca diferença para o andamento do game, mas que ajudam a justiçar alguns acontecimentos da trama e alimentam ainda mais sua história.
Outro recurso útil é a possibilidade de consultar o registro histórico das escolhas durante o game. Afinal, nem todos vão lembrar se resolveram apartar o bullying de David Madsen sobre Kate Marsh ou preferiram tirar uma foto da situação. Isso porque, muito provavelmente, os jogadores exploraram as duas opções graças ao poder de Max. E acredite: lembrar-se desse pequeno detalhe vai fazer diferença no segundo episódio de Life is Strange.
Uma mão na roda para quem não se lembra do que escolheu.
“The biggest mistake of Dontnod/Square Enix”
É, nem todos conseguiram entender o significado desse subtítulo. “O maior erro da Dontnod/Square Enix” na continuação de seu jogo é exatamente o mesmo do primeiro: não incluir mais opções de legenda – ou até mesmo dublagem – para Life is Strange.
Com tantos títulos chegando ao nosso mercado com uma bela opção de legenda em PT-BR, chateia-nos ver que a desenvolvedora e a publicadora não investiram nesse aspecto. Vale lembrar o mesmo argumento usado na análise do primeiro episódio: em um jogo baseado na narrativa, se você não entender os diálogos, toda a magia do game é quebrada. Se a Dontnod e a Square Enix receberam reclamações nesse sentido, elas provavelmente ignoraram o pedido dos gamers.
Ainda só em inglês e francês? Sério?!
Vale a pena?
Vamos colocar da seguinte maneira: Life is Strange é uma série que definitivamente vale a pena. Entretanto, dois aspectos – que já foram pontuados na análise do primeiro episódio – começam a ganhar mais peso à medida que a trama avança: a falta de legenda em outros idiomas (não somente o português, mas muitos outros que “abririam as portas” do game) e o intervalo entre os lançamentos.
A essa altura do campeonato, não saber que Kate é amiga de Max, que Nathan e Victoria são os piores seres humanos que existem e que Rachel Amber está desaparecida pode comprometer totalmente a experiência do jogo. Se a pessoa não sabe disso – porque não sabe inglês ou francês –, qual é o sentido de Life is Strange para ela?
Life is Strange: Episode 2 – Out of Time. Vale a pena? Sim! Melhor esperar? Talvez.
Agora, em relação à frequência de lançamentos, não há muito que fazer. Somos “reféns” da desenvolvedora/publicadora. Se, para você, esperar é uma angústia – assim como é para este redator –, talvez seja uma boa ideia aguardar todos os episódios serem lançados.
No final das contas, a segunda parte de Life is Strange conseguiu entregar o que há de melhor no primeiro episódio do game, mas insistiu em erros que podem comprometer a experiência. Vale a pena? Sim. Melhor esperar? Talvez.
Categorias
- Direção de arte continua belíssima
- Trilha sonora continua espetacular
- História envolvente
- Complexidade que agrada
- Sem legenda em português
- Demora para os lançamentos
Nota do Voxel