Finalmente a Square Enix está aprendendo como fazer uma boa coleção HD
Desde o anúncio da primeira coletânea de Kingdom Hearts, lembro-me de ter ficado ansioso – e isso não pela oportunidade de jogar o primeiro KH novamente. O motivo foi porque, com um nome daqueles, certamente uma segunda coletânea, trazendo Kingdom Hearts 2, KH: Birth by Sleep e KH: Re:Coded (os games restantes da franquia), devia vir depois.
Embora as impressões deixadas por HD 1.5 ReMIX não fossem exatamente promissoras, devo dizer que isso não diminuiu em nada minhas esperanças de jogar Kingdom Hearts HD 2.5 ReMIX, quando este foi finalmente confirmado. Afinal, as principais fraquezas presentes na primeira coletânea eram resultado da jogabilidade datada do próprio KH1 – o que foi corrigido nos títulos seguintes da franquia.
Felizmente, foi só colocar as mãos na nova remasterização para ver que minhas expectativas haviam sido atendidas. Embora a Square Enix ainda tenha preferido ficar com uma conversão HD tradicional, no lugar de um remake maior, a jogabilidade melhorada de Kingdom Hearts 2 e KH: Birth by Sleep, junto do conteúdo extra trazido de suas versões Final Mix, facilmente dão conta do recado para agradar mesmo a quem já terminou os títulos uma dezena de vezes.
Tão bonito que nem parece ter uma década
Curiosamente, quem espera ter o primeiro contato com as melhorias do game através dos gráficos HD vai ser pego desprevenido com uma das maiores novidades do título já na tela de início – mais especificamente, com a nova versão do famoso tema da série.
Pois é. Para nossa surpresa, esse é um dos pontos mais fortes que a maioria dos fãs vai notar, de cara, em KH HD 2.5 ReMIX: toda a trilha sonora dos games foi completamente remasterizada, dando lugar a versões orquestradas impressionantes da aclamada música de Yoko Shimomura. Quem está conhecendo a série pela primeira vez certamente vai gostar do resultado, mas, para quem está revisitando os títulos, é um golpe de pura nostalgia.
Mesmo a parte sonora sendo um dos pontos mais fortes de 2.5 ReMIX, os gráficos dos games não ficam muito atrás. E isso não é exatamente surpresa, já que tanto Kingdom Hearts 2 quanto Birth by Sleep estão entre os títulos mais bonitos das plataformas nas quais foram originalmente lançados.
Em resumo, a adaptação para a resolução HD foi feita com qualidade, trazendo uma mudança considerável nos gráficos. Enquanto o visual de 1.5 ReMIX deixava a desejar, os novos KH não apresentam uma queda de qualidade em objetos no segundo plano, e tanto os modelos quanto texturas dos personagens e cenários estão bons ao ponto de se compararem a jogos mais recentes.
Para ter uma ideia melhor da diferença, na prática, basta ver o vídeo de comparação abaixo, feito pela própria Square Enix:
Tantas melhorias gráficas, entretanto, parecem ter cobrado o preço do hardware do PS3. Pequenos lags durante as partidas são comuns, principalmente ao alternar de uma cena de corte para uma batalha, por exemplo. E, em KH: Birth by Sleep, esteja preparado para uma considerável queda de quadros sempre que houver mais de seis inimigos na tela.
Quando um jogo antigo se torna novo
Ok, a nova coletânea de Kingdom Hearts é linda; isso, como disse antes, já era praticamente certo. Mas e o tão esperado conteúdo extra trazido pelas versões Final Mix? Quanto a isso, podemos dizer com segurança que é o ponto mais forte de toda a remasterização.
Para quem tem interesse na trama da série, por exemplo, as novas cenas adicionadas são um prato cheio, mostrando informações que conectam os títulos da franquia uns nos outros. Isso inclui até mesmo algumas lutas que antes ficaram apenas para as cenas de corte, como a batalha entre Sora e Roxas no The World That Never Was.
Mas o prêmio fica, é claro, para as batalhas absurdamente desafiadoras contra chefes (um aspecto sempre aclamado pelos fãs da franquia, vale notar) completamente novos. Se antes você achava difícil derrotar Sephiroth em KH2, espere então para reenfrentar as versões com esteroides de toda a Organization XIII, a poderosíssima Lingering Will ou a armadura de Master Eraqus... E não vamos nem falar do novo nível de dificuldade adicionado.
Tudo isso, junto da presença de novas áreas para explorar, Keyblades para coletar e vários outros itens, dá novo fôlego para a jogatina com facilidade (principalmente para quem quer um desafio a mais depois de alcançar níveis mais altos na aventura). Afinal, as versões Final Mix já existem há tempos no Japão, mas essa é a primeira vez que podemos jogá-las localizadas em inglês.
O mesmo erro, de novo?
Se até aí parecia que a Square Enix havia acertado em cheio em sua coletânea, um único ponto (ou melhor: um único título) põe tudo a perder. Quem jogou o HD 1.5 ReMIX já deve imaginar do que estamos falando – trata-se do fato de a empresa transformar toda a aventura de KH: Re:Coded em um loooongo vídeo, no lugar de fazer um game propriamente dito.
Isso, por si só, já seria um problema e tanto. Mas, nesse caso em específico, a experiência é muito pior, pois não há praticamente nenhum conteúdo relevante para a trama do universo de Kingdom Hearts presente em Re:Coded. Com exceção dos minutos finais, que trazem informações importantes para KH: Dream Drop Distance, todo o jogo tem a cara de um grande filler, mostrando apenas mais daquilo que vimos no primeiro game da franquia.
Em comparação, Kingdom Hearts: 358/2 Days, que passou pelo mesmo problema na primeira coletânea da série, compensava por trazer uma história extremamente importante para a trama. Conhecemos mais sobre os membros da Organization XIII; descobrimos o motivo de Roxas trair o grupo; vemos como a relação entre o Nobody de Sora e Axel se desenvolve... Enfim, nesse caso assistir aos vídeos valia a pena.
Ao menos, se você é viciado em “platinar” games, veja pelo lado bom: são apenas algumas horas de vídeo para, em troca, receber alguns troféus a mais para sua coleção.
Vale a pena?
Depois de fazer feio com sua primeira coletânea, parece que finalmente chegou a vez de a Square Enix trazer uma coleção HD realmente bem feita de Kingdom Hearts. Isso, em boa parte, se deve à experiência da empresa com a criação do HD 1.5 ReMIX, bem como o fato de os jogos presentes aqui serem simplesmente melhores do que seus antecessores.
Infelizmente, tudo isso não ocorre sem seus deslizes, como é no caso dos lags e da péssima ideia de transformar, novamente, um dos games da coleção em um enorme e tedioso vídeo. Mas, no fim das contas, os problemas são pequenos frente a tudo o que o título oferece em outros aspectos, como no visual impressionante, sua trilha sonora novinha em folha e, principalmente, na enxurrada de novo conteúdo que os games receberam.
Assim, seja você um fã que só jogou os primeiros títulos da série ou que já explorou cada game à exaustão, tenha a certeza de que Kingdom Hearts HD 2.5 ReMIX traz muito a ser explorado – e o melhor de tudo: com uma qualidade que não víamos há tempos na franquia.
Categorias
- Novidades presentes nas versões Final Mix aumentam o conteúdo presente nos games originais
- Traz um dos melhores gráficos já vistos em qualquer coleção HD
- Trilha do jogo foi completamente remasterizada, ganhando músicas orquestradas
- Games sofrem com alguns lags e slowdowns
- Kingdom Hearts Re:Coded é apenas um grande filme
Nota do Voxel