Kingdom Hearts 3: um final perfeito, caprichado e cheio de ternura e amor

Foram 17 anos de uma saga muito bem-construída. Ao longo de tantos anos, nos apegamos a personagens, nos identificamos com a franquia e, principalmente, passamos a amar, chorar e nos emocionar com cada passo da jornada de Sora e seus companheiros. Foram 6 anos desde o anúncio de Kingdom Hearts 3, mas ele finalmente chegou.

Como todo review, esse conteúdo terá apontamentos técnicos para chegar em um veredito. Contudo, Kingdom Hearts 3 é mais emoção do que razão. Talvez, você já saiba no seu coração o que esperar, mas tentarei passar todo o amor e sentimento que o desfecho dessa longa história representa. Então vem com a gente, porque a espera finalmente terminou e está na hora de chorar o que está por vir.

Confira a videoanálise:

O fim de uma era

Kingdom Hearts 3 é uma obra de arte linda. Mais do que um conjunto de sistemas, mecânicas e história, ele é um compilado de emoções e experiências que finalmente foram resolvidos. Muitos de nós cresceram com a franquia e passaram a amadurecer na mesma medida que a trama foi se tornando séria. Foram 17 anos longos anos, mas no fim valeu cada segundo.

A história até agora poderia ser confusa, mas todos os eventos são bem-montados e contados de uma forma bem didática, sem margem para confusão

A conclusão épica que todos esperávamos provou o seu valor. Kingdom Hearts 3 foi o presente que todo fã merece e consegue juntar todos os pedaços espalhados por nove plataformas. Assim como todos os demais jogos da série, o terceiro título numerado continua os eventos até o momento e fecha a saga Xehanort, o que requer um mínimo de entendimento para criar empatia e carga emocional do desfecho – que pode ter certeza que é grande e me fez chorar diversas vezes.

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O enredo tem uma estrutura meio estranha e um ritmo atípico, mas o fim faz valer a pena. A Square ganhou muitos pontos da forma como contou e montou a história de Kingdom Hearts 3. Além de ter diversas recapitulações integradas à trama, sem flashbacks forçados, a desenvolvedora também deu um jeito de integrar mais o universo Disney ao enredo principal, duas coisas que sempre ficaram um pouco separadas. Não lembra de tudo até o momento? Existem vídeos pequenos para ajudá-lo a relembrar os eventos até agora (eles podem ser acessados do menu).

Todos os acontecimentos são muito bem-amarrados e há pequenos teasers que nos deixam intrigado a continuar e ver o resultado. Com tantas pontas soltas e bagagem narrativa acumulada, é realmente impressionante como tudo é resolvido sem criar mais confusão ou passar uma sensação de fim ruim. O que fica é o quentinho no coração.

É incrível como a Square lidou com os vilões dessa vez: sai a visão maniqueísta e entra personagens mais críveis e com motivações legais

No terceiro ato do game, os eventos escalam de maneiras absurdas, criando cenas extremamente memoráveis e situações cada vez melhores que certamente ficarão marcadas pra história. A Square soube como lidar com a trama e isso é visível em cada ponto. Todos os personagens são magnificamente bem-trabalhados, especialmente os vilões, que criam uma sensação de empatia muito grande.

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No final, o que eu experienciei foi um dos encerramentos mais lindos que já vi em qualquer forma de mídia. Obviamente não darei exemplos para evitar spoilers, mas pode ter certeza: a espera vai valer a pena e as pontas soltas propositais são bem-explicadas pra dar margem a futuros jogos.

O ápice do combate: o melhor de todos os mundos

Seja você um veterano ou um novato na série, o que você encontra aqui é um jogo magnífico que não depende apenas do enredo. Kingdom Hearts 3 é um action JRPG de primeira, apesar de não ter tantos elementos RPG quanto no passado. O grande brilho é certamente o combate, que possivelmente é o melhor de toda a franquia.

No geral, a Square Enix mesclou quase tudo que a série teve até agora, mas usando como alicerce a estrutura mecânica de Kingdom Hearts 2. Os Reaction Commands voltaram junto com a estrutura de equipamentos de defesa, habilidades, atalhos para magias, defesa e contra-ataque.

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As lutas extremamente cheias de ação retornaram, mas trouxeram consigo as mecânicas de flowmotion de Dream Drop Distance e os decks de transformações de Birth by Sleep de formas mais simples, mostrando a evolução de Sora. As Keyblades, que antes eram itens mais estéticos e com status diferentes, ganharam uma nova cara.

Cada Keyblade é mais do que uma arma e há uma mescla das antigas formas de Sora com as chaves. Basicamente, cada uma das armas tem duas transformações, que podem ser ativadas ao acumular cargas. É aí que o combate mais brilha: toda essa diversidade de transformações cria combos, jogabilidade e até mecânicas diferentes pra cada uma.

É louvável como elas são distintas entre si: uma delas pode se transformas em pistolas duplas ou um lança-míssil, enquanto outra pode virar garras ou uma lança poderosa, tudo com combos diferentes. E o melhor de tudo: você pode alternar entre três Keyblades em tempo real, garantindo ação de primeira.

Kingdom Hearts 3 tem uma cara de sequência e desfecho até no gameplay, mesclando tudo do 2 com mecânicas de outros jogos

Durante toda a campanha, somos bombardeados com novidades de combate, mas tudo é muito bem-explicado e não há confusão de gameplay. É sensacional misturar magias, combos de aliados, golpes especiais com as atrações da Disney e ainda mais elementos de batalhas. Sem dúvidas, é o ápice do combate da franquia Kingdom Hearts, trazendo uma movimentação extremamente rápida e fluida, elemento que conquistou muitos jogadores no passado.

E, se tem um acerto que a desenvolvedora finalmente consertou, é a câmera, que tem muito mais dinamismo e traz pouquíssimos problemas, algo que era praticamente um vilão da franquia desde sempre.

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O único pecado de todo o gameplay de ação é a dificuldade, que foi diminuída um pouco. O próprio modo Proud, antes simbolizando o “difícil”, pode ser jogado sem grandes desafios (apesar de algumas lutas contra chefes serem difíceis).

O Kingdom Hearts mais ambicioso já feito

É realmente incrível como o pulo de duas gerações inteiras podem mudar as coisas. Apesar de termos jogos para portáteis, esse é o primeiro grande da série em um console de mesa desde a era PS2. A Square deu um salto gigantesco em termos de ambientação, tamanho e profundidade de cada mundo da Disney.

Com algumas poucas exceções, como o mundo de Frozen (que é bem simples e levemente monótono), cada mundo se parece mais com um “micro-jogo”, ditado de suas próprias mecânicas, ritmos e mini-games, do que uma “fase” de Kingdom Hearts 3. É algo muito ambicioso da parte da Square Enix e que justifica bastante a demora: cada mundo é muito, muito único.

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Em Piratas do Caribe, por exemplo, temos exploração naval, upgrade de navio, procura de colecionáveis e muito mais; já em Big Hero 6, a dinâmica é outra: você deve explorar a cidade de San Fransokyo pra avançar na trama, quase como um mundo aberto; o que é o oposto do mundo de Hércules, que segue uma dinâmica mais linear, apesar de ser muito maior que no passado.

Até a Gummi Ship, que antigamente era sinônimo de enrolação, ganhou um mundo aberto bem maior para jogar. Particularmente, continuo não gostando dos trechos dentro da nave, mas é bem claro que houve diversas melhorias. Há bastante exploração, controles repaginados para a modernidade e mais atividades para fazer.

Alguns elementos clássicos desfalcados

Particularmente, eu adorei a expansão de cada mundo, mas senti falta de alguns clássicos. Nesse ponto, é mais um gosto pessoal do que algo negativo. Mas há outros aspectos que incomodou um pouco: mundos icônicos, como Radiant Garden (ou Hollow Bastion para os fãs mais antigos), não estão presentes, e isso inclui os personagens de Final Fantasy também.

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Sim, a franquia que ficou famosa por unir Disney com Final Fantasy não incluiu nem um único personagem da série da Square, nem mesmo os antigos, como Cloud, Leon ou Yuffie. E sim, a clássica batalha contra Sephiroth, icônica nos jogos numerados, está de fora. Isso não quer dizer que não há desafios extras, mas não esse especificamente.

Bom fator replay, mas não é perfeito

No geral, os desafios extras e os colecionáveis são bem interessantes, mas não na mesma escala que no passado. Em outras palavras, há um fator replay presente, mas ele é menor que poderia ser. Não chega a ser ruim, mas aliado à falta de certas coisas, acaba ganhando um pouquinho de força.

O próprio mundo de Pooh é um pouco menor dessa vez e não requisita que você busque por páginas do livro em outros níveis, algo que garantia um pouco mais de visitas aos mundos pelos passamos. Além disso, a Square também optou por trazer jogatinas mais longas e únicas em cada fase, então nada de revisitas com novidades.

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O que sobra no final é vasculhar cada mundo atrás dos colecionáveis, que podem ser os Lucky Emblems (que liberam o final secreto), os jogos retrô de Mickey e alguns outros dependendo de cada fase. E pode ter certeza: vale a pena buscar cada uma dessas coisas, já que ganhamos páginas secretas que dão indícios do que os próximos jogos da série podem usar.

Um dos melhores gráficos da geração

Fechando com chave de ouro, Kingdom Hearts 3 traz também um dos gráficos mais incríveis de toda a geração. A Unreal Engine 4 foi explorada com esmero, com cuidado. Cada mundo tem seu próprio tom e tudo se parece muito crível dentro do próprio contexto, provavelmente por conta da proximidade com a Disney e a Pixar.

A atenção aos detalhes é algo impressionante. Donald no mundo de Piratas do Caribe ganha penas mais reais, as magias dão efeitos gráficos nas texturas do ambiente, as expressões faciais dos personagens humanos são ótimas, os cenários são extremamente bem-construídos e recheados de efeitos especiais.

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No PS4 Pro, plataforma que joguei, a resolução estava muito boa, com exceção de alguns elementos. A performance é que acaba sendo o ponto mais baixo, já que o objetivo é 60 fps, mas a variação é grande. Nada que distraia muito e ainda é melhor do que jogar com limitação a 30 fps, mas tenha em mente que não é algo fixo.

Dearly Beloved: ternura em forma de música

Completando a experiência audiovisual, a trilha sonora de Kingdom Hearts 3 é de chorar, possivelmente o ápice da franquia em músicas. Todos os mundos têm faixas incríveis, todas orquestradas e extremamente marcantes.

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Muitas das músicas do passado foram refeitas, todas com tons mais épicos e bem elaborados. Todas as faixas icônicas foram muito bem-posicionadas em cada momento tocante da aventura. Sem sombra de dúvidas, a escolha estratégica da trilha sonora ajudou bastante a construir o clima emocionante da aventura.

Vale a pena?

Kingdom Hearts 3 é tudo que eu queria. Assim como a música de Utada Hikaru, meus medos foram confrontados e me senti presenteado. Considerando o 2 como o game perfeito da franquia, o 3 tem pontos positivos maiores, mas também alguns desfalques bobos. Mas no coração, ele é supremo.

Agora, é a hora de absorver todas as emoções, refletir e se sentir extasiado. Com as pontas soltas para o futuro, só podemos pensar o que vem pela frente, pois Kingdom Hearts nunca foi sobre o fim, sempre foi sobre a jornada. E a aventura continua.

May your heart be your guiding key.

*Kingdom Hearts 3 foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • A história foi muito bem-amarrada e trouxe momentos épicos para a franquia
  • O fechamento, especificamente as cenas finais, é um dos mais lindos já feitos em um jogo
  • Todos os personagens foram extremamente bem-desenvolvidos, principalmente os vilões
  • O combate é o melhor da franquia, unindo o alicerce de Kingdom Hearts 2 com todas as mecânicas dos demais games
  • Cada mundo é bem maior do que no passado e com muitas mecânicas e sistemas exclusivos, criando "mini-jogos" distintos em cada fase
  • Gráficos espetaculares, mesmo com variação de frames, e um dos melhores de toda geração
  • Trilha sonora orquestrada de cair o queixo e perfeitamente encaixada para criar cenas tocantes
Pontos Negativos
  • Alguns mundos e personagens, principalmente de Final Fantasy, fazem falta
  • Fator replay é bom, mas não dos melhores