Simplesmente único [vídeo]
Avaliar Journey seguindo os mesmos critérios de grandes blockbusters da indústria do entretenimento parece um óbvio desserviço à criação da thatgamecompany. Quer dizer, quem são os inimigos aqui? Qual é a história? Com o que se poderiam comparar, em um caráter puramente técnico, as texturas e as perspectivas que constroem uma imensidão de areia que traz mais dúvidas do que respostas? Isso para não falar da jogabilidade e da porção multiplayer...
Não, Journey não é exatamente um jogo. Por falta de definição melhor, pode-se dizer que tudo aqui evoca uma experiência estética, emocional e incrivelmente subjetiva — algo que não deve surpreender quem conhece o histórico da relação comercial entre a softhouse de Jenova Chen e a Sony, cujos primeiros esforços trouxeram flOw e também Flower.
Na verdade, sequer existem menus ou um início formal aqui — pelo menos, nada além de um “Iniciar nova viagem”. Após um início sutil, você perceberá que há apenas uma enorme montanha emanando um facho de luz. O restante é apenas areia, sons do vento e, eventualmente, outro peregrino, provavelmente tão perdido e abismado quanto você. Sim, isso pode ser muito interessante.
De fato, ao deslizar por dunas brilhantes, voar, ativar mecanismos de natureza desconhecida e contemplar alguns dos cenários mais singulares e belos já produzidos para um jogo, você invariavelmente deve acabar com a sensação de que jamais encarou algo semelhante. E isso deve se tornar cada vez mais intenso. Vamos aos detalhes.
Journey escapa ardilosamente de qualquer tentativa estrita de classificação. Mesmo quando a surpreendente conclusão é alcançada, o que resta é mais deslumbramento do que informações concretas — e isso vale tanto para o estilo quanto para a “história” brilhante concebida pela thatgamecompany.
Não que algum tipo de comparação não seja possível. Qualquer bom apreciador da biblioteca do PlayStation 2 reconhecerá na solidão de Journey alguns genes do inesquecível Shadow of the Colossus, por exemplo. Entretanto, mesmo isso soa tremendamente vago — a não ser, talvez, que se acrescente uma viagem lisérgica e uma mística alienígena.
Enfim, a melhor coisa para entender Journey é jogar. Até porque, é bastante provável que as suas conclusões a respeito do significado da trajetória sensorial e da colocação de algo tão único na atual indústria sejam tão únicas quanto o próprio game. Portanto, faça uma boa viagem.
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Nota do Voxel