Imagem de Hyrule Warriors
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Hyrule Warriors

Nota do Voxel
60

Quando a fantasia de poder atrapalha a diversão

Videoanálise

Com exceção de pouquíssimos títulos, como Super Smash Bros. ou Link’s Crossbow Training, nunca tivemos os personagens do universo de The Legend of Zelda desviando da conhecida proposta tão vista em sua série principal. Por isso, não foi pouca a surpresa do público quando a Nintendo anunciou Hyrule Warriors.

O game propõe a união da jogabilidade da franquia Dinasty Warriors (também conhecida como Musou, no Japão) aos personagens, trama e elementos de toda a série Zelda. Ao mesmo tempo, ele oferece uma trama que se difere um pouco do que já vimos, com foco em novos vilões, por exemplo. E é claro que isso foi encarado desde o início com opiniões bastante divididas.

De um lado, muitos pensaram que essa era a chance de vermos Link, Zelda, Ganondorf e outros personagens famosos saindo dos moldes em que a série vinha presa. Do outro, fãs questionavam se colocar os elementos de TLoZ em outro molde – que, para alguns, é considerado ainda mais limitado – realmente viria a ser de grande ajuda.

Seja como for, o título chegou e, com ele, veio a hora de decidirmos qual lado tinha a razão. Infelizmente, parece que aqueles que duvidavam do resultado positivo de Hyrule Warriors tinham razão.

Todo o poder que você sempre quis

Para um game que prometia trazer novidades para a série, Hyrule Warriors vem com um início um tanto clichê: mais uma encarnação de Zelda, Link e Cia., e mais uma vez o mal aparece para ameaçar Hyrule. Mas, dessa vez, temos um número maior de monstros para atrapalhar sua vida – algo entre umas 50 ou 100 vezes mais do que vemos normalmente na série.

Tão rápido quanto começa, Hyrule Warriors arremessa o jogador no meio da enorme guerra. Isso, é claro, sem dar qualquer informação básica sobre comandos, o que fazer ou seus objetivos. Tudo é apresentado de uma vez, enquanto uma horda ridiculamente grande de monstros vem em sua direção; o que não dá quase tempo algum ao jogador para compreender as informações apresentadas no GamePad e, principalmente, no extremamente complexo HUD do game.

Por sorte, não é preciso entender muito do que está acontecendo para que seja possível desfrutar do melhor que há em Hyrule Warriors. Basta pressionar alguns botões – digamos, por exemplo, uma sequência simples, como Y, Y, Y, no controle – e Link (ou qualquer outro personagem que você estiver controlando) manda dezenas de inimigos pelos ares.

Então, com uma sequência um pouco mais complexa de botões, vemos tudo ficar ainda mais absurdo: nosso herói de túnica verde lança ondas de energia que derrotam dúzias e mais dúzias de Bokoblins desavisados, além de alguns Lizalfos que estavam nas proximidades. Só ajuda o fato de o game ter um dos mais belos gráficos do Wii U, de maneira que toda essa destruição fica ainda mais impressionante.

Em uma questão de poucos segundos, você já vai se sentir em completo domínio no campo de batalha, correndo pelos cenários e derrotando centenas de adversários em segundos. E é isso o que mais agrada em Hyrule Warriors: a sensação de ser poderoso a ponto de “virar” uma guerra sozinho.

“Legal. E o que mais?”

Não demora para que essa sensação acabe se esvaindo durante a jogatina, no entanto. Depois de cinco minutos devastando hordas; depois de hordas; depois de mais hordas, já com uma contagem de matanças suficiente para atingir quatro dígitos, a frase acima provavelmente vai aparecer em sua cabeça. Agora, pense em como é isso após cinco horas de jogatina.

É claro que Hyrule Warriors não se resume a apenas um campo enorme cheio de inimigos prontos para serem fatiados com seus golpes, mas chega bem perto disso. Na maior parte do tempo, você só vai seguir destruindo todos os exércitos inimigos que encontra pela frente. E, quando não está fazendo isso, está correndo pelo mapa para ajudar alguém, cumprir uma missão específica ou dominar uma área recheada de mais monstros – todas, inevitavelmente, envolvem destruir uma horda de adversários e não muito mais do que isso.

Como se não fosse suficiente, mesmo os adversários parecem não oferecer o menor desafio nas batalhas, por mais poderosos ou numerosos que sejam. Mesmo na dificuldade máxima, tudo o que os inimigos básicos se resumem a fazer é ficarem praticamente parados, observando a morte vir com seus golpes. Já para os mais fortes, como Lizalfos, Stalfos, Aeralfos e até mesmo Darknuts, não é nada que uma esquiva e uma ou duas sequências de ataques não resolvam. Raramente é mais complicado do que isso.

Um dos poucos momentos em que temos alguma diferença na aventura está nas lutas contra chefes. Estas seguem um sistema bem mais parecido com o que vemos em The Legend of Zelda, em que é preciso encontrar o ponto fraco do adversário e atacá-lo com o item correto, o que as torna bem interessantes. Infelizmente, elas são poucas e esses inimigos acabam mais parecendo enormes esponjas de dano, tornando as batalhas cansativas a longo prazo.

Nova cara, mesmo jogo

Em resposta à falta de mecânicas, Hyrule Warriors tenta compensar com uma enorme quantidade de cenários. Nesse aspecto ele se sai muito bem, com um número respeitável de fases tematizadas entre Ocarina of Time, Twilight Princess e Skyward Sword. Cada uma traz seu próprio objetivo e inimigos, bem como eventos que ajudam a dar um “ar fresco” para toda a experiência (mesmo que por apenas alguns minutos).

Além dos mapas, temos nada menos que 13 personagens jogáveis (16, se contarmos os que virão em um DLC futuro), que surpreendem por terem estilos completamente diferentes de luta. Isso sem falar no arsenal de armas extras, que altera ainda mais a maneira como cada herói age no campo de batalha. Ou ao menos é o que parece, de início.

O fato é que, depois de pouco tempo jogando com os diferentes personagens, fica claro que o sistema de combos é praticamente idêntico para todos eles. Tudo se resume a uma área de efeito diferente para os golpes: independente de quem você controla, seu golpe vai varrer uma boa parte dos inimigos na tela. Assim, você vai acabar na mesma repetição de tarefas, comandos e estratégias de batalha.

Na luta para se manter novo

Se dentro das missões Hyrule Warriors se mostra um game mediano, fora das batalhas temos várias mecânicas interessantes a serem introduzidas. Uma delas é o sistema de criação de armas, que permite a você melhorar equipamentos de seus personagens combinando peças que caem ao derrotar inimigos; outra é a compra de insígnias, que dá novas habilidades e combos para seu guerreiro.

Graças a elas, é possível ter uma constante melhoria em seus guerreiros, que vão se tornando um pouco mais fortes a cada nova fase liberada ou ao reexplorar um mapa. É uma pena que isso não ajuda a tirar toda a monotonia de matar os mesmos inimigos infindavelmente...

Vale notar também a existência de um Modo Aventura, que coloca o jogador para enfrentar uma série de missões com desafios específicos, como matar um número determinado de adversários ou dentro de um limite de tempo. A ideia também ajuda a mudar parte da experiência, mas, quando entramos no jogo, o resultado ainda volta a ser igual.

Nem mesmo a jogabilidade em multiplayer cooperativo local, uma das propostas mais interessantes de Hyrule Warriors, parece ser de grande ajuda. Isso porque jogar em duas pessoas é simplesmente demais para o hardware do Wii U – como resultado, temos uma perda de qualidade visual considerável, além de muitos slowdowns durante as partidas.

Vale a Pena?

Hyrule Warriors acaba se mostrando um caso dos mais curiosos. O fato é que ele cumpre muito bem exatamente aquilo que promete: ser um Dinasty Warriors com os personagens de Zelda. Em compensação, o game é apenas isso – destruir inimigos um após outro, para então correr até outra horda de inimigos e repetir o processo. E, por mais que traga alguns poucos elementos para renovar a experiência, nada impede o resultado monótono e repetitivo.

Não é como se o game fosse de todo o mal, no entanto. Na parte gráfica, nas trilhas sonoras e na variedade de personagens e cenários, tudo é uma grande homenagem para quem é um fã de carteirinha de Zelda. Da mesma maneira, quem adora a proposta de Dinasty Warriors vai se sentir em casa; que dirão então aqueles que gostam de ambos.

Assim, nossa recomendação sobre Hyrule Warriors é simples: se for um grande fã de qualquer uma das séries, espere se divertir jogando a aventura em doses pequenas. Do contrário, há pouco aqui capaz de compensar a falta de novidade oferecida pelo game depois de apenas alguns minutos.

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Pontos Positivos
  • Traz um dos melhores gráficos já vistos no Wii U
  • Derrotar hordas de monstros com poucos golpes nunca foi tão divertido
  • Apresenta personagens, inimigos, cenários e vários outros elementos da série Zelda
Pontos Negativos
  • Tutorial demora a explicar mecânicas importantes para o jogador
  • Jogabilidade extremamente repetitiva
  • Pouquíssimo desafiador, mesmo na dificuldade máxima
  • Excesso de informações na tela dificulta o aprendizado