The Frozen Wilds não é pretexto: é o motivo para voltar a Horizon Zero Dawn
Não é preciso ter uma desculpa ou um pretexto para voltar a jogar Horizon: Zero Dawn. Mas, se você já terminou a aventura (que tirou 90 na minha análise aqui do Voxel) e almejava um incentivo extra para revisitar Aloy, The Frozen Wilds é o seu lugar ao sol.
Primeira e única expansão da jornada, a narrativa adicional não apenas complementa o já rico enredo que a Guerrilla levou quase uma década para elaborar como também traz um montão de inimigos novos, equipamentos inéditos e quests intrigantes – tudo acobertado pela intimidante nevasca da região em que se passa a expansão, ao noroeste do mapa, conhecida como “The Cut”.
Como acessar a expansão?
Primeiramente, vamos ao básico: o acesso a The Frozen Wilds. Cabe ressaltar que você não precisa ter concluído a aventura principal para desfrutar do conteúdo adicional, mas é necessário obedecer a alguns requisitos. Vamos lá:
- O nível 30 é recomendado para explorar a área com segurança. Não é obrigatório, apenas recomendado. A ideia é que, nesse level, você tenha armas e equipamentos à altura do desafio proposto pela nova região;
- O novo território, “The Cut”, só se torna acessível após a missão “A Seeker at the Gates” ser completada. Se eu der mais informações que isso, corro o risco de soltar um spoiler gratuito aqui, portanto, se você estiver no nível 30, provavelmente já concluiu a referida quest;
- O próximo passo é encontrar um dos NPCs que oferecem as missões adicionais e te instruem a chegar a The Cut. Podem ser Rhavid, um Carja que encontrado fora de Meridian; Ohtur, dentro do forte na fronteira Carja, conhecido como Daytower; ou Yariki, uma Banuk ao norte de Grave Hoard;
- Agora é partir pro abraço.
Um abraço apertado, carinhoso e com novos dinossauros robóticos
Se o catálogo de criaturas do jogo-base já era generoso o suficiente, The Frozen Wilds, fazendo jus ao nome de “expansão”, não se resume a meramente “expandir” uma área propriamente dita: o DLC apresenta um respeitável elenco de cinco bichos novos, de estaturas que se variam em pequena, média e grande.
Você se lembra dos Pescoções, que ofereciam escaladas em torre à la Assassin’s Creed para exibir itens e ícones dos arredores, certo? Aqui, o desafio vai além: é possível acessar as torres de controle propriamente ditas, e a dose de dificuldade consegue ser suficientemente inteligente para não te prender na mesmice – do tipo, é preciso ter uma estratégia para se aproximar delas, uma vez que todas desativam suas montarias. Priorize essa tarefa, vale a pena.
O mesmo se aplica às novas criaturas robóticas: mescladas às antigas, elas não externalizam perigo à primeira vista, mas, na verdade, resguardam sua própria importância dentro do ecossistema nevado da gélida região.
Frieza que esquenta os olhos
Não é segredo para ninguém que Horizon Zero Dawn é um grande benchmark do PS4 Pro. Desenvolvido e pensado para a versão turbinada do atual console da Sony, o título, que usa e abusa do HDR no upscale ao 4K, conseguiu ficar ainda mais belo na gélida região de The Cut, ao noroeste do mapa, uma área recheada de flocos de neve que parecem saltar da tela diretamente ao redor de nossos olhos.
É uma delícia explorar terrenos arenosos que ficam banhados em neve e cobertos por camadas brancas, com árvores adornadas por flocos em seus galhos
Se você tiver um televisor de 55 polegadas ou mais, o deslumbre é ainda mais vistoso. É uma delícia explorar terrenos arenosos que ficam banhados em neve e cobertos por camadas brancas que exibem pegadas, respiros do frio, árvores adornadas por flocos em seus galhos, ora intercaladas por feixes de luz, ora na escuridão. O tempero visual é um colírio aos olhos aqui e consegue deixar o prato – que já era degustante – ainda mais saboroso.
Nova moeda, nova história, novas sidequests, novas habilidades
Sim, a árvore de habilidades de Aloy foi expandida, tal qual sugere o nome “expansão”. Eu sei que já falei sobre isso, mas cabe divagar um pouco mais: o grande acerto de The Frozen Wilds não é expandir somente um mapa e oferecer uma nova área de exploração.
A heroína da aventura – que já ganhou um lugar no pódio dos mascotes da família PlayStation – tem mais skills a serem desbloqueadas, e não é pouca coisa não: uma quarta coluna foi inaugurada para se juntar às três já existentes. Agora, há uma divisão especializada em viagens, focada em aprimorar as capacidades de montaria e gerenciar melhor os recursos envolvidos nisso (o que inclui cura, espaço de armazenamento etc).
Há uma nova moeda em The Frozen Wilds: Blue Gleam (e não precisa confundir com o Glimmer de Destiny 2 não). Trata-se de um recurso valioso, raro, utilizado para comprar armas e equipamentos poderosos de mercadores. A adição de um elemento que tem esse status de relíquia cria aquela tensão do looting, tão latente em MMOs.
Narrativa com recheio de 10 horas
O doce gostinho do chiclete é rápido e delicioso. Depois que o açúcar se vai, a gente até continua mascando, mas sem a mesma empolgação. Depois que você zera a história principal de Horizon: Zero Dawn, não há mais o que fazer. Você fica com essa câimbra muscular no maxilar de tanto mascar o chiclete gasto.
The Frozen Wilds é a expansão – primeira e única, infelizmente, de acordo com a Sony e a Guerrilla – que dá novo vigor à jornada, com duração generosa de 10 a 12 horas de uma das aventuras mais premiadas de 2017.
Ainda que algumas missões secundárias sejam razoavelmente sonolentas e que nem todos os NPCs sejam convincentes, a narrativa, focada nos Banuk, consegue ter a competência de se encaixar estrategicamente na história sem ser forçada. Eu já disse e ressalto: ela não exige que você tenha concluído a trama central. Mas, caso já o tenha feito, sinta-se convidado a retornar.
Acho números um saco para “notas”. O veredito será mantido nos 90 que originalmente atribuí a Horizon: Zero Dawn. O investimento em The Frozen Wilds é relativamente pequeno perto do que ele tem a oferecer – e a previsão para o futuro da franquia é um lindo alvorecer do horizonte mesmo.
Categorias
- Nova divisão na árvore de habilidades com foco em mobilidade, uma das carências da aventura principal
- Narrativa que consegue ter 10 horas de profundidade dentro ou fora da trama central
- Criaturas robóticas inéditas, cada qual com seus trejeitos
- Deslumbre visual pela gélida região de The Cut
- Assim como na trama principal, algumas missões secundárias não são tão imaginativas
- Expressões faciais de alguns NPCs são opacas e não transmitem a carga necessária de emoção
- A imprecisão no combate corpo a corpo, sem trava, continua
Nota do Voxel