O inimigo agora é outro
É uma sensação interessante a de ver o herói em quem você confia mudar de lado. Vimos isso em Star Wars, Watchmen e na saga Lords of Shadow. Mas será que esse é o caso de Master Chief?
A Microsoft tem provocado os fãs há meses com uma campanha de marketing que sugere que o Spartan 117 agora é um traidor, que ele se rebelou e causou muita morte e destruição. Bem, é possível adiantar que o novo Halo traz sim uma inesperada subversão quanto às intenções de alguns personagens, mas não é exatamente o que você espera.
Halo 5: Guardians assume a responsabilidade de continuar a "Saga Reclaimer", iniciada no jogo anterior, elevando o nível da série para a nova geração de consoles e explicando melhor quem foi a civilização antiga criadora dos Halos e quem é o homem por trás do título “Master Chief”. Existe muita expectativa depositada aí. Talvez até mais do que o grande salvador de capacete seja capaz de corresponder.
Um segundo ato
Assim, como Halo 2, esse novo segundo ato mostra duas perspectivas de uma mesma trama. De um lado, a Equipe Azul, do Master Chief, ignora as ordens de seus superiores e segue em uma missão renegada em busca de uma pista que pode levar até Cortana — que supostamente morreu no último jogo.
Enquanto isso, a Equipe Osiris, liderada pelo Spartan Jameson Locke, vai em busca da Equipe Azul para trazer todo mundo de volta em cana. E olha, não é spoiler, mas é bom se preparar, porque é com eles que você vai jogar durante 70% da história.
História essa que é menos confusa que a do jogo anterior, mas também mais rasa e impessoal. Alem de não explicar quase nada pra quem nunca jogou um game da serie. Na falta da encantadora relação de Cortana e Chief, a trama se segura em algumas surpresas que devem mudar o rumo da série pra sempre.
Halo 5 traz uma campanha sólida de 15 missões. O jogo age como uma boa sequência inserindo muitas novidades, mas também homenageando o passado da mitologia. Fan-services como como trazer personagens queridos de volta, fazer menções ao jogos e livros clássicos e tocar versões de alguns temas musicais que caracterizam Halo devem agradar os veteranos.
Veloz e furioso
Já o gameplay é mais drástico nas modificações. Estamos falando do game com jogabilidade mais veloz da série. As variadas habilidades de armadura de Halo: Reach e 4 foram reduzidas a propulsores que já estão ali por padrão. E antes que você reclame, fica a dica: isso trouxe a mobilidade que Halo precisava. Corra sem se cansar, deslize, use as mãos pra subir em superfíces.
Além disso, é possível desviar, pular de lugares altos sem sofrer dano e usar alguns golpes especiais corpo a corpo. E caso você estranhe o novo layout do comandos, é só ir até o menu de configurações e escolher o set “Halo 4”.
Todas as armas agora parecem oferecer mais precisão e quem ficou irritado com o arsenal promethean do jogo anterior, vai encontrar um upgrade de fluidez e praticidade nessa versão 2.0. Aliás, os próprios prometheans ficaram mais interessantes de se combater, com a chegada de um novo tipo chamado “Soldier” e com reajustes que reequilibraram das classes.
Halo 5 marca a chegada das campanhas jogadas integralmente com quatro personagens em cooperação. Naturalmente, isso diminui um pouco da dificuldade das coisas, não só pelo aumento do poder de fogo, mas também porque, assim como em Gears of War, você pode ser ressuscitado por um companheiro — a menos que você seja obliterado, explodido ou caia fora do mapa. E se você for jogar solo, a inteligência artificial faz um papel bem decente assumindo os outros três Spartans.
Em termos técnicos...
Mesmo quem não gosta da franquia precisa admitir que Halo 5 é uma conquista técnica para o Xbox. Manter os 60 fps em Full HD com um show de partículas e explosões e dezenas de NPCs na tela foi um triunfo da 343 Industries. Principalmente com uma física tão incrível e cada vez mais realista. Claro que isso vem a um custo, né: são quase 60 GB de armazenamento exigidos no console.
Mas pra não dizer que é tudo perfeito, uma vez ou outra as texturas nos cenários apresentaram problemas nos nossos testes, estourando ou demorando pra carregar, e a taxa de quadros eventualmente caía durante as cutscenes — mas nada em níveis preocupantes.
Em Halo 5, algumas batalhas dão a impressão de que você está jogando o antigo e já extinto modo Tiroteio (ou Firefight), de Halo 3: ODST e Reach. E por mais que todos nós gostássemos do modo Tiroteio... Isso não é bom.
Algumas mudanças no estilo de level design sacrificaram a deliciosa e já consolidada dinâmica de batalha da série em prol de algo que mais parece um combate arcade contra hordas. E sim, o novo gameplay fez o combate mais divertido, mas às vezes esse mata-mata de ondas em mapas mais fechados torna a coisa um pouco cansativa.
O velho problema da localização
Agora seria o momento de mencionar a dublagem com atores inexpressivos nos papeis principais (Chief, Locke, Halsey), quando inexplicavelmente temos excelentes atuações em papeis coadjuvantes (Cap. Laskey, Roland, Sarah Palmer).
Isso sem contar as das estranhas traduções de termos, que misturam inglês com português. "Arbiter" virou "Árbitro", mas todos os outros substantivos próprios, como "Warden Eternal", permance em inglês. E há ainda aqueles como "Mantle of Responsability" que ficaram meio a meio ("Mantle da Responsabilidade").
Mas evitando bater de novo na mesma tecla que batemos frequentemetne, vamos apenas dizer que é desrespeitoso a Microsoft não dar a opção de troca de áudio no menu jogo e de não oferecer legendas em português para aqueles tiveram o trabalho de trocar o idioma do console pra ouvir o som original. Não é algo que pesa na nota final do jogo, por não ser culpa da desenvolvedora, mas esses problemas de falta de opção na localização precisam parar.
Multiplayer multiplamente melhor
Mas pra muita gente, a única coisa que importa em Halo é o multiplayer. Desta vez, o multijogador é dividido em dois estilos: de um lado, o conhecido modo Arena, que conta com modalidades conhecidas como Assassino e SWAT; de outro, a grande novidade. o Zona de Guerra.
Com dois times de 12 jogadores, mais covenant e prometheans, esse é o maior modo multiplayer que a franquia já experimentou. A megalomania da Zona de Guerra se beneficia da nova velocidade de Halo e do poder da nova geração, pra oferecer mapas ainda maiores que os de costume. A mistura do mata-mata de equipes e inimigos de inteligência artificial não é só um deleite, como trouxe um ar de novidade pro multiplayer.
Vale a pena?
Halo 5 apaga alguns dos pecados do já ótimo Halo 4, adicionando uma jogabilidade ainda mais veloz e fluida. A campanha de marketing do #HuntTheTruth se revelou meio sensacionalista, quando no jogo a "briga" entre o Chief e o Locke se mostra algo bem menor. Porém, a história compensa com algumas viradas ousadas que acabaram mudando a face do inimigo.
O jogo continua a tradição da constante inovação de Halo e prepara a franquia para o cenário competitivo, além de refinar a estética do último game, que já era estadual, legal e bonita.
Se você está aqui pela campanha e nunca jogou nada das aventuras de Master Chief, antes invista seu tempo e dinheiro antes na coletânea Halo: The Master Collection, que traz os primeiros quatro games da série. Agora, se você é um fã de longa data, ou só quer seu excelente multiplayer, esta é uma compra obrigatória.
Categorias
- Arte e efeitos incríveis em Full HD e 60 quadros por segundo
- Excelentes novas mecânicas de movimentação e combate corpo a corpo
- Zona de Guerra é o PvP de Halo levado a um novo nível
- Melhor balanceamento nas classes dos Prometheans
- Virada ousada na trama
- Armas mais precisas e arsenal promethean reajustado
- Inteligência artificial dos companheiros de missão é bem funcional
- Novos veículos
- Problema na textura de alguns cenários
- Algumas missões seguem formato de modo horda/tiroteio, ficando repetitivas
- História talvez um pouco rasa demais
Nota do Voxel