Guilty Gear -Strive- é um verdadeiro convite ao prazer
Se você é apaixonado por animes e jogos de luta, saiba que existe desde a década de 1990 um título que mistura esses dois gêneros com maestria. A obra de arte criada por Daisuke Ishiwatari, chamada Guilty Gear, já recebeu diversas continuações no mercado.
Desde o ano passado, os fãs da série vivem a expectativa do lançamento de Strive. Inicialmente previsto para 2020, foi adiado para receber melhorias, principalmente no que se diz respeito ao seu modo online.
O segundo adiamento passou de abril para o dia 11 de junho deste ano, com uma sequência de betas privados para ajudar nos acertos finais. Depois de um bom aguardo, finalmente tivemos a possibilidade de colocar as mãos na versão final do jogo.
Desenvolvido pela Arc System Works, Guilty Gear -Strive- segue o encontrado nos outros jogos da franquia. Ele encanta logo de cara os apaixonados por jogos de luta, pelo seu visual excêntrico, muito colorido e com traços de anime.
Menos complexo, mais convidativo
Conforme anunciado por Daisuke, a empresa deixou de focar nos jogadores mais hardcores, e que buscam jogos de extrema dificuldade de execução, para atrair os mais casuais. Podemos dizer que a missão teve êxito.
Para que tudo saísse como combinado, foi necessário aumentar o dano geral dos personagens e implementar a mecânica conhecida por wall break. Quando você acerta o oponente no canto da tela, a ação volta para sua neutralidade com uma mudança de cenário.
Isso impede o chamado "loop de okizeme", que é a famosa sequência de golpes sem resposta do adversário. Sem a possibilidade de combos infinitos, a franquia aproxima novamente uma nova gama de jogadores, o que pode atrair muitos dos apaixonados por jogos de luta.
Independentemente dessa grande alteração, Guilty Gear -Strive- não perde sua essência, que permanece intacta para os fãs mais antigos. Agora, o gameplay está mais focado em duas características: nos footsies e no Roman Cancel, uma mecânica exclusiva da franquia.
A ferramenta é acionada quando 3 botões são pressionados simultaneamente. Existem 4 tipos diferentes: vermelho, azul, roxo e amarelo. Como o nome já diz, serve para cancelar a sua ação ou a do oponente, tanto no ataque quanto na defesa.
O Roman Cancel cria situações impossíveis sem ele, como prolongar combos, deixar sequências ou especiais seguros. Além disso, reduz e paralisa por um curto tempo a ação do oponente, ao custo de uma quantidade da sua barra de tensão (barra de poder) para "roubar" seu turno de ação.
Obra de arte
Guilty Gear -Strive- segue como seus antecessores: belíssimo! Minha única crítica nesse aspecto é o jogo não trazer o tradicional Instant Kill, em que é possível aniquilar o oponente com um único golpe no final da luta, exibindo uma animação fantástica.
Baseado na qualidade de detalhes e animações do Strive, os Instant Kills ficariam incríveis. Uma pena. Espero que eles cheguem a atualizações futuras. A análise foi feita na versão de PC com uma RTX 2080 Ti, em que temos uma gama imensa de configurações para alavancar os gráficos, como resoluções 2k e 4k com texturas de qualidade, antialiasing MSAA.
O único bug encontrado foi a impossibilidade de alterar a resolução para 4k por dentro do jogo, como se este não reconhecesse a TV. A modificação só foi possível dentro do arquivo de configuração, na pasta appdata.
No quesito música, o jogo é um exemplo a ser seguido, com muito rock e metal de qualidade, de fazer inveja para muita banda tradicional no segmento. Cada personagem tem um tema próprio. Ainda é possível jogar com as músicas antigas da franquia, basta utilizar a moeda virtual gratuita para adquirir a trilha dentro do game.
Basicamente toda a inspiração da série Guilty Gear, gráfica e sonora, veio de bandas tradicionais de rock e metal dos anos 1970,80 e 90. As similaridades e associações com nomes e passagens musicais seguem a todo o vapor em Strive.
Fator replay
Assim como nos outros jogos da franquia, Guilty Gear -Strive- segue com muitas formas de diversão. Dentre elas, os modos offline: História, Versus local, Tutorial, Missões, Treinamento e Galeria.
O modo história traz o desfecho do arco principal visto em Guilty Gear Xrd. A aventura é semelhante a um anime, com desenhos incríveis e bem feitos. O enredo de Guilty Gear é robusto, tendo conteúdo espalhado em mangás, CDs, jogos e até máquinas de moedas no Japão.
Para quem não conhece a história, segue um pequeno resumo. No ano de 1999 aconteceu um evento chamado Dawn of Revival, e uma forma de vida estranha chamada Divine Will começou a se manifestar por todo o planeta por meio de circuitos eletrônicos, como televisores e rádios.
Em resposta ao acontecimento, as Nações Unidas resolveram banir todos os dispositivos eletrônicos do planeta. Meios de produção e indústrias passariam por uma completa transformação. Como resultado a essa “tecnofobia”, a cultura começou a se deteriorar, e a sociedade entrou em colapso.
Guilty Gear -Strive- tem também o modo Missão, no qual o jogador aprende combos e mecânicas mais complexas. Para se ter uma ideia, Strive traz mais de 120 missões para serem realizadas.
Já o modo treinamento é totalmente customizável. Você pode desenvolver os próprios combos e testar mecânicas de luta. Além disso, consegue programar a inteligência artificial para realizar uma infinidade de ações, como forma de focar o seu treinamento.
É realmente muito completo e certamente agradará aqueles que buscam ficar cada vez mais afiados para detonar os adversários. O único ponto negativo é não ter a framedata dos lutadores. Para quem não sabe, são os valores relacionados aos golpes que determinam o quão seguros e rápidos eles podem ocorrer. Para acessar a framedata dependemos de sites de internet.
A cereja do bolo
Em relação ao online, Strive merece destaque, pois trouxe a melhor solução possível, chamada rollback netcode. Esse tipo de netplay permite que os jogadores se enfrentem a longas distâncias com zero ou ínfimo impacto na experiência.
Dessa forma, o jogo proporciona lutas entre jogadores de diferentes continentes sem atrasos ou delays. A ArcSys marcou um golaço aqui e que certamente será responsável direto pelo sucesso do Strive no decorrer dos próximos anos.
As torres rankeadas é um novo modo de jogo muito interessante, que bebe muito do que encontramos em Mortal Kombat. São 10 andares rumo ao paraíso, só que ao perder um número de partidas, você volta para o primeiro andar.
Ao chegar no céu, o jogador terá que se manter contra outros jogadores, em troca de premiações por temporada. Vale salientar que esse modo de torres só foi possível agora graças ao netcode implementado pela empresa.
Strive também apresenta um modo incomum em jogos de luta: treinamento online. Nele, você pode treinar com um amigo sem preocupação com tempo ou barra de vida para aperfeiçoar técnicas em conjunto.
Vale pontuar que a comunicação entre a ArcSys e os gamers atingiu um nível excelente. A desenvolvedora ouve e informa tudo o que vai acontecer ou mudar no jogo, algo incomum em empresas de franquias de luta.
Minha única crítica ao jogo online é não trazer crossplay entre PlayStation e PC no lançamento, mas fique tranquilo, pois a adição já foi confirmada pelos desenvolvedores em futuras atualizações.
Vale a pena?
Com visuais e animações incríveis, Guilty Gear -Strive- é um convite ao prazer. Com uma trilha sonora arrebatadora, já tradicional da série, uma jogabilidade refinada e um netcode rollback, o jogo tem tudo para conquistar os jogadores.
Guilty Gear -Strive- entrega um pacote completo para os novos e antigos amantes de jogos de luta e tem uma grande possibilidade de ser o game do ano no gênero.
Lute, divirta-se com a história e seja feliz
Nota Voxel: 95
Pontos positivos:
- Animações.
- Jogabilidade refinada e convidativa.
- Rollback netcode.
Pontos negativos:
- Sem framedata .
- Falta de crossplay .
- Cadê meus Instant Kills?
Guilty Gear -Strive- foi gentilmente cedido pela Arc System Works para a realização desta análise.
Categorias
- Animações
- Jogabilidade refinada e convidativa
- Rollback netcode
- Sem framedata
- Falta de crossplay
- Cadê meus Instant Kills?
Nota do Voxel