GranBlue Fantasy: Versus é mais um ótimo jogo de luta da Arc
Depois de adaptar com maestria a franquia Dragon Ball ao universo dos jogos de luta competitivos, eis a vez do estúdio japonês Arc System (Guilty Gear e Blazblue) apostar em outra série já consolidada em terras nipônicas: GranBlue Fantasy. Os fãs, é claro, ficaram ensandecidos, já que a experiente desenvolvedora é referência absoluta no gênero. Fonte: Voxel
Com uma estética que tem nítidas inspirações em Final Fantasy, GranBlue Fantasy — assinado pela Cygames — tornou-se um dos games mobile mais rentáveis desde que foi lançado no Japão, em 2014, para celulares e navegadores. O RPG por turnos também foi um dos principais responsáveis por popularizar o sistema conhecido como "gacha", que opera de forma semelhante a caixas de loot e oferece prêmios aleatoriamente ao jogador.
GranBlue Fantasy pode não ter tanta bagagem no currículo (jogo mobile e um anime com duas temporadas), mas é, sim, uma das franquias japonesas mais promissoras da atualidade. Quer saber como a série se saiu em sua primeira aparição em PlayStation 4 e PC? Confira a análise completa.
Fonte: voxel
Modo RPG fiel às origens
O grande chamariz do título para atrair fãs de longa data é o modo RPG, no qual o jogador se aventura por missões cuja estrutura é parecida com a do jogo mobile. É o espírito JRPG de GranBlue transposto para um jogo de luta. Em resumo, você deve juntar aliados e melhorar seus equipamentos para avançar pelos seis capítulos da história.
A história, aliás, cumpre o papel de contextualizar o jogador no universo da série e é contada por meio de diálogos bem localizados ao português brasileiro. Basicamente, há uma força maior tentando engolir o mundo. Como a essência maligna tem o poder de alterar a memória das pessoas, o Império passa a usá-la para se fortalecer e capturar as Bestas Primordiais, então cabe a você impedir a catástrofe.
Um aspecto interessante é que o gameplay do modo RPG está mais para um beat’em up raiz do que para um jogo de luta. O objetivo das fases é um só: descer a porrada em tudo e todos. Apesar de ter uma jogabilidade gostosa, a campanha de pouco menos de 8 horas sofre com missões curtas e repetidas (e colocar no modo automático vai limitá-lo a obter alguns troféus).
Fonte: voxel
O maior incômodo, porém, está relacionado à dificuldade. Você sequer precisa fazer melhorias nos equipamentos para progredir; basta selecionar a arma que tem vantagem sobre o elemento do inimigo e está tudo certo. Para ser sincero, os únicos desafios reais são as batalhas contra os chefes, já que é preciso gravar seus movimentos antes de atacar.
Você tem a opção de jogar ao lado de outro usuário no cooperativo local ou pedir a ajuda de alguém no modo online. Independente da escolha, competir com outra pessoa só vai deixar a experiência ainda mais fácil e entediante, portanto eu não recomendo.
Embora a maioria das missões peque pela repetição, o sistema de progressão baseado em níveis é um bom incentivo para insistir até o desfecho da narrativa — com direito a surpresa ao final. À medida que novos personagens são desbloqueados, você pode evoluí-los um a um e usar o sistema de personalização para equipá-los com novas armas e ações de suporte. O loop é tão prazeroso quanto o do jogo mobile.
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A Arc System procurou ser tão fiel às origens da franquia que cavou um jeito de implementar o modelo "gacha" — e deu certo. A principal diferença é que o game não exige dinheiro real, mas sim bilhetes de armas adquiridos nas lutas. É por meio do sistema de bilhetes que você pode destravar equipamentos de categorias superiores e visuais alternativos para armas que já possui, embora seu uso não seja obrigatório.
Combate refinadíssimo com o selo da Arc System
Elogiar o sistema de combate dos jogos de luta da Arc System é chover no molhado. Não há como não reconhecer a contribuição do estúdio ao gênero nos últimos anos, até por ter emplacado muitos de seus fighting games nos line-ups da EVO, a maior competição de títulos de combate. GranBlue Fantasy: Versus dá continuidade ao legado de ótimos jogos da Arc, mas apresenta diferenças consideráveis em relação às produções anteriores.
Diferentemente de outros games do estúdio, o grande diferencial de Versus é sua acessibilidade. Isso não quer dizer que o jogo seja fácil — na verdade, ele se torna jogável a outros grupos de jogadores que não são tão experientes. Além de combos básicos de socos, chutes e contra-ataques, os personagens têm poderes específicos que, assim como em um RPG, recarregam de acordo com o tempo de resfriamento.
Fonte: voxel
Todos os especiais (chamados de Artes Celestiais e Super Artes Celestiais) e poderes são executados ao se combinar os mesmos dois ou três botões, isto é, são os mesmos atalhos para todos os personagens, e não sequências específicas para cada um — o que é ótimo e agiliza a adaptação a outros heróis. Ainda que os comandos sejam iguais, o estilo de cada combatente é único.
Lancelot, por exemplo, utiliza a agilidade para desferir golpes rápidos — porém menos impactantes — com uma lâmina de curto alcance. Já Vaseraga é lento e se aproveita da força física para causar mais dano em sequências combinadas com agarrões. Minha personagem favorita, Metera, recorre ao combate de longa distância para aplicar pancadas certeiras com seu arco mágico.
Outro ponto marcante do sistema de combate de Versus é a cadência. Se você, assim como eu, experimentou GranBlue depois de investir dezenas de horas em Dragon Ball FighterZ, vai acabar estranhando a movimentação mais compassada. Isso porque Versus tem um combate em plano baixo (sem tantos combos aéreos), conduzido em um ritmo mais lento e estudado, o que garante uma dose adicional de estratégia.
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Assim como em FighterZ, o elenco inicial é bastante limitado e traz apenas 11 personagens — 13 se considerarmos Beelzebub e Narmaya, ambos já disponíveis via DLC. A essa altura, você já deve saber que havia 2 temporadas programadas de DLCs antes mesmo de o game chegar às lojas. Particularmente, eu abomino o modelo de negócios que incentiva a aquisição da outra metade do elenco depois do lançamento. E confesso que fiquei decepcionado com o número inicial.
O tradicional feijão com arroz já é suficiente
Além de um modo RPG bem fora da curva, Versus oferece cinco modos tradicionais e prefere não se arriscar muito, entrega ali o arroz com feijão — que, no caso, já é suficiente. A saber:
Um Modo VS para jogar offline com outros jogadores ou CPU.
O Arcade, no qual você luta contra a CPU em batalhas sequenciais até chegar ao final.
E dois modos de treino, tático e livre, destinados a ensinar técnicas de jogo.
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A cereja do bolo é o modo online, em que você pode interagir e enfrentar lutadores do mundo todo, seja nas ranqueadas ou em partidas casuais. Eu fiquei realmente surpreso com o desempenho dos servidores online; afinal, mesmo lutando contra jogadores de outros continentes, não houve qualquer tipo de lentidão ou demora exagerada na busca por outros usuários. O matchmaking passa bem.
O tempero é o visual 2.5D nos moldes do anime. O jogo é lindo e consegue ser ainda mais convidativo por causa do apelo visual, do uso exagerado de luzes e pirotecnias. Os cenários e personagens são recriações fiéis do desenho, mas com o traço mais firme, algo característico da desenvolvedora.
Veredito
Dadas as devidas proporções, GranBlue Fantasy: Versus é tão bom que consegue bater de frente com Dragon Ball FighterZ, o suprassumo da Arc System. Com combate em plano baixo e um modo RPG que faz jus às origens da franquia, Versus é simples, leve e consistente, capaz de agradar a entusiastas que estão fora do escopo dos jogos de luta.
Granblue Fantasy: Versus foi gentilmente cedido pela XSeed Games para a realização desta análise.
Categorias
- Combate mais cadenciado e convidativo a novatos
- Modo RPG é fiel ao jogo mobile e engrandece a experiência
- Sistema de progressão de personagens
- História contextualiza o jogador ao universo GranBlue
- Visual deslumbrante é uma extensão do anime
- Modos de jogo tradicionais
- Online consistente
- Poucos personagens iniciais
- Missões repetidas e que não desafiam o jogador
Nota do Voxel