Glitchpunk traz o mundo cyberpunk ao encontro dos primeiros GTAs
Eu nunca consegui me adaptar à era moderna de GTA. Quem é das antigas com certeza lembra do tempo em que o atual sucesso da Rockstar era um game de polícia e ladrão no estilo top-down.
Muitos deles tentaram evoluir o gênero, como Hotline Miami, Ape Out, Hades entre outros. Eu sentia a falta de algo que se aproximasse mais do que foi encontrado nas primeiras versões de GTA.
Bom, não demorou muito para que isto acontecesse. A desenvolvedora Dark Lord, com a Daedalic Entertainment como publicadora, resolveu produzir Glitchpunk, um jogo que junta o mundo cyberpunk com o retrato dos antigos Grand Theft Auto. Mas será que esta mistura deu certo? É o que iremos conferir nas próximas linhas.
Fiel ao antecessor
Quando coloquei as mãos em Glitchpunk, a primeira impressão que tive é de que estava jogando um mod de GTA 1. É impressionante como o título se assemelha aos jogos do passado, tanto na parte gráfica, como nos comandos.
Creio que a ideia da produtora era exatamente esta. Trazer um contexto diferente para um jogo que já tinha todas as perfeições necessárias para encantar os jogadores mais antigos e nostálgicos.
Esta foi uma bela forma de aproximar os gamers mais jovens do que acontecia no mercado de games daquela época, trazendo simplicidade e um mundo complexo por de trás dos pixels.
Mas confesso que o tratamento poderia ter sido melhor. Nada mais é do que uma chuva de gráficos antigos jogados na tela e que se sobrepõem de forma confusa, com pouca criatividade.
Por mais que o cenário tente retratar um período diferente, caótico, sombrio e escuro, ele mais confunde do que permite ao jogador contextualizar tudo o que acontece na trama. Seria interessante utilizar um trabalho melhor de sombras, luzes e cores para dar mais imersão ao game.
Por mais que seja um jogo leve, incomoda ainda a falta de otimização presente no título. Temos quedas de framerate que incomodam demais, principalmente em um jogo que tem como premissa trazer uma ação frenética.
Mundo distópico
Você é um android, podendo ser caracterizado por um homem ou uma mulher. Como um bom caçador de recompensas, seu objetivo será flutuar entre as principais gangues da cidade para fazer fama e dinheiro.
Já no início do jogo, você terá à disposição um bom dinheiro para comprar entorpecentes, armas e medicamentos. Basta ir ao telefone da gangue escolhida e aceitar a missão desejada.
Assim como no mundo de GTA, tome cuidado ao realizar as missões. Você poderá prejudicar sua relação com a gangue rival, sendo persona non grata mais rápido do que se pensa.
Em Glitchpunk temos um ingrediente diferente do encontrado em GTA. Por se tratar de um android, você pode evoluir seu personagem, colocando componentes no corpo que melhoram diversos aspectos.
Para isto, basta ir a uma loja especializada para comprar os itens necessários e transformar seu android em uma verdadeira máquina de guerra. Você pode ficar mais forte, ter uma mira melhor e assim por diante.
O mapa encanta pelas possibilidades, tornando tudo em um mundo muito vivo. Por mais que os gráficos confundam um pouco a topografia é possível ter uma diversão decente.
A mecânica de jogo é praticamente a mesma da encontrada nos primeiros jogos da série GTA. O ideal é utilizar o teclado, mas existe a possibilidade de comandar seu personagem com o joystick.
Talvez uma implementação futura possa facilitar ambos os jogadores. Confesso que jogar pelo controle é um pouco complicado, pois você precisa controlar a mira pelo analógico direito.
Do outro lado temos o teclado, mas aqui entra um grande dilema. Eu detesto controlar personagens e carros pelos famosos AWSD. Pessoal, estamos em 2021, vamos melhorar?
Seu personagem pode ter duas armas ao mesmo tempo e roubar todos os veículos possíveis do mapa. Inclusive pode pilotar uma moto. Mas cuidado, elas são muito velozes.
O medidor de perigo também está presente no jogo. Caso você cause um grande alvoroço, mate um civil ou toque o verdadeiro terror, prepare-se. Os policiais te perseguirão por toda a cidade e sem piedade.
Impressiona como a inteligência artificial consegue fazer um excelente trabalho de caça ao seu personagem. Mesmo dirigindo um veículo, sua vida não será fácil. Tome cuidado para não ser encurralado.
Colcha de retalhos
O jogo ainda não chama atenção por sua narrativa. Por mais que ela esteja ali presente, é possível se divertir sem ela. Aliás, uma das grandes graças dos antigos GTAs estava na possibilidade de fazer o que bem entendesse na cidade.
A história não surpreende e não faz com que você se apaixone pelos personagens e muito menos crie laços com ele. Isto tira muito a imersão do jogo.
A trilha sonora também deixa a desejar. As músicas tentam te colocar no trilho da aventura, mas sem chamar tanto a atenção. Em compensação, os sons de tiro e motor dos veículos são aceitáveis.
Vale a pena?
Glitchpunk é mais do mesmo do encontrado nos primeiros games da série GTA. Por mais que a intenção tenha sido criar um game com todos os ingredientes do seu principal antecessor, é fundamental dar o seu toque de customização.
Faltou criatividade e até mesmo um pouco de ousadia da produtora para ter sua marca no universo game. Como o jogo ainda se encontra em acesso antecipado, vamos torcer para que eles possam repensar algumas coisas para que possamos ter um jogo à altura do que os primeiros GTA foram.
Glitchpunk foi cedido gentilmente pela Daedalic Entertainment para a realização desta análise.
Categorias
- Fiel ao encontrado em GTA 1 e 2
- Mundo cyberpunk
- Faltou criatividade
- Desempenho
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Nota do Voxel