O Horizon 4 é a experiência definitiva em jogos de corrida desta geração
Há pouco menos de 6 anos, a Turn 10 lançava aquela que seria uma de suas jogadas mais ambiciosas: em parceria com (até então) desconhecida Playground Games, eles anunciaram o que seria o sonho de todos os fãs do gênero de corrida.
Basicamente, o projeto consistia em pegar os assets de seu semi-simulador Forza Motorsport 4 e colocariam tudo em um mundo aberto, com uma pegada mais despojada e arcade, mais amigável... Uma proposta que viria para rivalizar com títulos tradicionalíssimos, como Need for Speed, Test Drive Unlimited, Driver e outros.
Há 6 nascia Forza Horizon. Há 6 anos a Turn 10 e a Playground revolucionavam o gênero de corrida.
Eu lembro nitidamente e com um carinho enorme sobre o anúncio, o lançamento e a primeira vez que joguei Forza Horizon. Mesmo hoje, depois de tê-lo revisitado umas 5 vezes, a reação é a mesma: quando "Everyday", de Netsky, começa a tocar, Scott Tyler, o DJ da Bass Arena, começa a falar do festival e o Viper amarelo e preto aparece na tela acelerando nas estradas do Colorado, os pelos do braço levantam, os olhos se enchem de água e eu começo a rir. Eu rio porque sei que estou diante daquele que considero o melhor jogo de corrida da última década.
A inglesa Playground Games parece ter tido uma motivação extra para trabalhar com o Forza Horizon 4 acontecendo em seu quintal. Se esforçou para trazer novidades e fazer um game que sintetiza de forma coesa todo o trabalho feito nos jogos anteriores e busca tornar o novo Horizon o maior de todos.
Seis anos depois do primeiro jogo da série, o mesmo Scott Tyler está de volta e o festival Horizon saiu do Colorado para conquistar o mundo, chegando agora à Grã-Bretanha. Nesse meio tempo ele ficou maior, mais ambicioso e, graças às melhorias que temos nos hardwares disponíveis hoje, muito mais bonito. Seis anos depois, agora em uma McLaren Senna cruzando as Highlands britânicas, os pelos do braço voltaram a levantar, os olhos voltaram a se encher de água ao som de "Sunrise"...
... E se um Horizon te emociona, você já sabe que ele é um ótimo Horizon.
Hora de conferir a análise de Forza Horizon 4.
O festival mais diversificado até agora
"Bem-vindo ao outono, um novo começo pro festival que nunca acaba. Não sai daí! O Horizon chegou pra ficar!"
Sem medo de errar, o que torna a proposta de Forza Horizon 4 a mais ambiciosa até agora é o sistema de transição das, vejam só, quatro estações do ano. Logo de cara o jogo te coloca em uma experiência que dura pouco mais de 10 minutos e que te mostra as diferenças de cada estação.
Seja andando em altíssima velocidade pelas (nem tão) estreitas estradas do interior da Grã-Bretanha em meio ao alaranjado pálido das folhas secas das árvores e do clima seco de outono, ou saltando com um Trophy Truck de 800 cavalos de uma cachoeira congelada no inverno, ou espalhando lama para todos os lados em uma pedreira a bordo de um Fiesta de rally no colorido e frescor da primavera, ou voltando para sua McLaren Senna no calor escaldante e céus azuis do verão, Forza Horizon ainda é, mais do que nunca, um Forza Horizon.
A dinâmica traz muito do trabalho feito pela Playground Games em jogos anteriores: a neve da recente expansão "Blizzard Mountain" de Forza Horizon 3, o clima de outono do primeiro Horizon, o colorido da Costa Azul de Forza Horizon 2 e a relação bastante próxima dos desenvolvedores com jogos de rally são os ingredientes que se misturaram para chegar em Forza Horizon 4.
O trabalho, portanto, foi de como fazer esse sistema funcionar de forma fluida e coerente. Um prólogo, que dura entre 4 e 5 horas, permite que você tenha um contato mais prolongado com cada estação, com a variação acontecendo de acordo com o seu nível de influência (que funciona como um XP).
Cada estação é extremamente marcante visualmente e muda substancialmente o mundo ao seu redor, intensificando a impressão de que você pertence a um mundo orgânico, vivo e mutável
No entanto, depois de participar de algumas corridas e eventos, você então é transportado para a versão definitiva do festival, que vai variar as estações de semana em semana, com as trocas acontecendo todas as quintas-feiras para todos os jogadores.
A atenção aos detalhes por parte dos desenvolvedores foi tão grande quanto a ambição do sistema de estações: as folhas secas acumuladas na beira das estradas no outono, que voam e emitem estalos quando você passa com os pneus dos carros sobre elas, o trilho que seu veículo deixa na neve fofa e a presença dos limpa-neves nas ruas e estradas no inverno, as poças de água, o clima úmido e o festival de cores da primavera e, por fim, os céus azuis e a sensação de calor do verão.
Cada estação é extremamente marcante visualmente e muda substancialmente o mundo ao seu redor, intensificando a impressão de que você pertence a um mundo orgânico, vivo e mutável.
Mudanças além do visual
O principal ponto dessa nova dinâmica é que ela vai além da mudança visual: cada estação também teu seu impacto na jogabilidade e também na estrutura do game.
Como é de esperar, a neve muda a forma como seu carro se comporta e é necessário, portanto, recorrer a veículos que sejam equipados com pneus especiais para essa condição. Na primavera, o derretimento da neve e o clima chuvoso também mudam sutilmente a dirigibilidade e transformam caminhos que antes estavam cobertos de neve em percursos lamacentos, perfeitos para os amantes de rally.
O trabalho de som ambiente faz com que as estações não sejam apenas visuais, mas sensoriais – o que contribui muito para a imersão no game
Os sons também mudam: no outono as ovelhas que compartilham o mundo com você estão cobertas de lã, preparadas para o frio do inverno, é possível ouvir o som das árvores e o vento arrancando suas folhas secas. Durante o período de neve, pouco se ouve do mundo, enquanto na primavera é possível escutar o som dos pássaros e os encontros com cervos e outros animais no inverno não são incomuns
A equipe de desenvolvedores fez um trabalho imenso de captura de sons do ambiente nas diferentes estações e períodos do dia. Até mesmo os tratores que você cruza na estrada tiveram seus sons capturados na vida real pelo time da Playground. Isso faz com que as estações não sejam apenas visuais, mas sensoriais – o que contribui muito para a imersão no game.
Uma mudança grande também é que o mapa sofre mudanças profundas nos dois extremos das estações: enquanto no verão os lagos ficam mais profundos e não são uma boa alternativa de caminho, no inverno eles congelam e se tornam mais uma rota para exploração do mundo gigantesco que é um pouco maior do que a Austrália de Forza Horizon 3.
As estações também alteram a estrutura de eventos, uma vez que existem eventos sazonais que entram como um tempero adicional à sua experiência principal. Além dos Forzathons fazendo seu retorno e trazendo atividades específicas em cada período, outros eventos no mundo aberto tornam o Forza Horizon 4, de fato, em um festival que parece não ter fim.
Uma progressão um pouco mais organizada
Quem leu minha análise de Forza Horizon 3 sabe que eu peguei no pé do sistema de progressão um pouco bagunçado e, de certa forma, "desesperado". Forza Horizon 4 dá um passo para trás, respira fundo e, ainda bem, conduz o jogador de forma um pouco mais cadenciada.
É perceptível a dificuldade que a Playground está tendo para fazer isso com a quantidade massiva de corridas, eventos especiais, eventos de exibição, atividades do mapa, atividades pontuais (barn finds, por exemplo), eventos sazonais e por aí vai – mas, de alguma forma, eles conseguiram fazer a coisa funcionar em Forza Horizon 4.
A forma como os eventos estão organizados ajuda bastante a evitar a sensação de que você está sendo sufocado por conteúdo, como aconteceu no título anterior
As corridas principais são divididas em quatro categorias: de rua (majoritariamente de noite e com tráfego), de estrada (sem tráfego), fora de estrada (majoritariamente rallys) e cross country (a loucura de não ter um trajeto definido).
Elas vão sendo disponibilizadas para você em "rodadas", ou seja: à medida que você vai correndo, mais dessas corridas vão aparecendo no seu mapa. Isso ajuda bastante a evitar a sensação de que você está sendo sufocado por conteúdo, como aconteceu no título anterior.
É válido apontar que as corridas seguem a estação vigente e, na maior parte, se adaptam ao veículo que você está utilizando. No entanto, caso você não goste ou faça questão de correr em um clima ou classe de veículo específica, é possível customizar o evento utilizando o Horizon Blueprint, herdado de Forza Horizon 3. A função continua permitindo que você defina os carros, classe, estação, hora do dia e outras variáveis para a sua corrida.
Um dos únicos pequenos tropeços do Forza Horizon 4 está relacionado apenas ao comportamento da inteligência artifical, que está bastante irregular nos níveis mais altos, especialmente no Invicto, o mais difícil. Enquanto algumas corridas são fáceis demais nessa dificuldade, outras fazem com que a tarefa de caçar o drivatar em primeiro lugar simplesmente impossível.
Diminuir a dificuldade, por outro lado, faz com que você abra uma carreta de distância para o segundo colocado. Não existe um meio termo e isso é um pouco frustrante.
A lista de experiências dos jogos anteriores deu lugar à eventos especiais contextuais. Agora, em vez de encontrar carros largados pelo mapa e fazer um desafio com eles, você tem quatro pontos específicos no mapa que oferecem aventuras parecidas: o Clube de Drift, cujo nome é bastante revelador; A lista de LaRacer, uma influenciadora que está transmitindo ao vivo do festival e faz corridas baseadas no seu Top 10 de jogos de corrida; O Aluguel de Hipercarros, em Edimburgo, que também funciona como um negócio que rende uma graninha periodicamente; e o Piloto de Proezas, que te coloca no papel de um dublê na produção de um filme.
Um destaque é para os desafios da LaRacer: além de serem homenagens a títulos do passado, os diálogos da personagem trazem informações legais sobre os games e também encaixam muito bem com o desafio
A mudança foi muito bem-vinda porque, além de comunicar com o contexto do game, a forma como os personagens interagem com você durante os desafios faz com que tudo tenha um ar menos genérico. Um destaque é para os desafios da LaRacer: além de serem homenagens a títulos do passado, os diálogos da personagem trazem informações legais sobre os games e também encaixam muito bem com o desafio, como é o caso dos anúncios de "Time Extension!" no desafio de Daytona USA e das coordenadas dadas como uma navegadora de rally no desafio que remete ao Sega Rally Championship.
Os eventos de exibição permanecem grandiosos e colocam o jogador para correr contra os mais diferentes tipos de veículos: um hovercraft gigantesco, um jato inspirado no bombardeiro Vulcan (que você, logicamente, corre com um Aston Martin de mesmo nome), o lendário trem "Escocês Voador" e, para o delírio dos fãs de Halo, um evento especial totalmente estilizado e na temática do famoso shooter.
As atividades de mundo aberto continuam firmes e fortes, com zonas de drift, saltos, zonas de velocidades e radares de velocidade sendo entregues em doses homeopáticas, assim como as corridas normais. Quanto mais você completa, mais você libera.
Tudo isso rende a você três pontuações diferentes: a influência, que determina seu nível geral; a pontuação do tipo de atividade que você participou, que te permite evoluir e destravar novos eventos/atividades; e a pontuação de manobras que te rende pontos que podem ser gastos nas árvores de boosts de cada carro individualmente.
Completar atividades e passar de níveis ainda rende as rodadas da sorte, ou Wheelspins, que agora contam com uma variação de Super Wheelspin, rendendo 3 premiações ao mesmo tempo. Isso agiliza bastante o processo de ganhar veículos e acessórios cosméticos para seu personagem (mais sobre isso logo abaixo).
Por fim, como citado, as mudanças de estações também trazem eventos sazonais, com corridas e atividades específicas. Elas não travam seu progresso no game e entram como atividades adicionais, que rendem premiações muito bacanas e ajudam a dar um senso de continuidade depois que você completa os eventos principais, uma vez que novas corridas estarão disponíveis todas as semanas.
Isso, inclusive, faz parte de uma proposta nova para o Horizon de ter um ambiente online mais presente.
Um mundo de experiências compartilhadas
Uma outra grande novidade em Forza Horizon 4 é que, agora, há um foco maior na experiência online permanente. Isso significa que, aos moldes de Test Drive Unlimited, os drivatars dão lugar a jogadores de verdade que compartilham o mundo com você.
Os impactos disso na experiência singleplayer são mínimos, já que você ainda pode pausar, retroceder e usar todas as funções disponíveis nos modos offline dos games anteriores normalmente. A única grande diferença é que os carros dos outros players ficam transparentes ao se aproximar de você e não podem colidir com o seu carro – uma forma que a Playground encontrou para evitar que alguém tente estragar a jogatina dos demais.
A experiência online de mundo aberto é muito interessante porque comunica muito com o clima mais despojado do Horizon
Caso você realmente não faça questão de jogar online de jeito nenhum, há a opção de ir para o modo totalmente offline.
A experiência online de mundo aberto é muito interessante porque comunica muito com o clima mais despojado do Horizon. É fácil encontrar alguém na estrada e simplesmente sair correndo. A forma como o ambiente compartilhado é estimulado, no entanto, é através do Forzathon Ao Vivo, um evento que acontece periodicamente em pontos do mapa.
Você vai encontrar um imenso dirigível sobre uma área de concentração e, tão logo os 12 jogadores estejam prontos, desafios são colocados para que todos atinjam a meta conjunta. As atividades podem consistir em passar diversas vezes por um mesmo radar e acumular pontos de velocidade, ou passar por uma zona de drift na qual todos contribuem para fazer a pontuação subir.
Isso garante pontos e créditos que podem ser utilizados na loja do Forzathon para obter itens cosméticos exclusivos para o seu personagem.
Seu Horizon, sua(s) casa(s) e seu "eu" virtual
Uma evolução direta que Forza Horizon 4 trouxe em relação ao seu antecessor foi a possibilidade de customizar os eu avatar. Além de escolher a forma como você será chamado e a aparência inicial, agora também é possível mudar as roupas e acessórios de seu "eu" virtual.
Sendo uma figura presente em quase todas as telas de transição do game, é interessante poder ter um nível de customização um pouco mais profundo que o normal e poder escolher entre peças de roupa, óculos, luvas, tênis e chapéus – inclusive com roupas como o traje de galinha, que é sensacional. Não é possível, no entanto, mudar aspectos físicos dos modelos de avatar disponibilizados.
FRANGO FESTEIRO NA ÁREA, CARAI!
Também é possível escolher uma dancinha que seu personagem faz durante as telas de carregamento e após as corridas, algo na linha do que já é visto em outros games, como Fortnite. Todos esses itens são adquiridos, como já dito antes, através das Wheelspins e da progressão do jogo, além da loja do Forzathon para itens especiais.
Essa customização é feita nas casas, uma adição também inedita na série Horizon. Elas ficam espalhadas pelo mapa e também servem como pontos de viagem rápida e como um hub que permite que você também customize seu veículo.
Cada casa garante ao jogador algumas vantagens, que podem ser desde itens e boosts até mesmo habilidades como viagem rápida para qualquer ponto do mapa e o uso de drones.
É uma pena que essa interação ainda seja um tanto limitada e não permita que você possa, por exemplo, explorar seu cafofo, como acontece em Test Drive Unlimited e The Crew 2, mas a inclusão com certeza é bem-vinda.
Um evento de encher os olhos
Falar sobre a parte gráfica de Forza Horizon 4 é constatar o óbvio: não é necessário ir muito além da tela de abertura para saber que o jogo está ridiculamente bonito. Isso porque o game só deu continuidade ao trabalho feito em Forza Horizon 3 e as mudanças consistiram, basicamente, de uma mudança da Austrália para a Grã-Bretanha.
Os céus com aspecto bastante naturais, por exemplo, são uma herança direta de Forza Horizon 3. Foram mais de 1 TB de dados coletados para compor os céus da Grã-Bretanha de forma fiel. Ainda assim, a presença maior de elevações e as transições entre estações dão a sensação de que o mapa de Forza Horizon 4 é um mundo muito mais
preenchido, recheado e vivo.
Algo que com certeza vai chamar a atenção e que é uma novidade na parte visual são os efeitos de deformação de neve e lama, com os pneus deixando trilhos ou até mesmo o carro inteiro deixando seu rastro dependendo da forma como você transita. Isso é algo que pode contribuir significativamente até para o irmão mais velho, o Motorsport: com a anteção dada para as superfícies escorregadias, o sonho de ver categorias do automobilismo como RallyCross se torna cada vez mais próximo.
Outro grande destaque fica para a representação da cidade escocesa de Edimburgo, localizada na porção nordeste do mapa. O trabalho feito pela Playground foi minucioso, com a arquitetura e estrutura da cidade realmente passando o peso histórico que ela carrega, com seus castelos e monumentos medievais. Confesso que senti que a cidade poderia ser mais povoada e ter um fluxo maior de veículos, mas não é nada que prejudique muito a experiência.
Outras partes do mapa, como as Highlands, região conhecida por suas formações montanhosas, são simplesmente de tirar o fôlego. É claro que, representando o interior britânico, boa parte do mapa consiste em grandes campos e fazendas, com algumas cidadelas perdidas pelo caminho, mas, ainda assim, tudo parece muito vivo e dirigir pelo mapa sem um destino certo é algo muito, mas muito prazeroso.
Em termos de performance, o jogo roda a 1080p e 30 fps no Xbox One normal, enquanto o Xbox One X conta com dois modos de jogo: desempenho, que mantém a resolução de 1080p mas eleva a taxa de frames para 60 fps, o que é sensacional; e modo qualidade, que permite que você desfrute de toda a experiência do Horizon em 4K a 30 fps. No PC, a otimização está substancialmente melhor do que em Forza Horizon 3, com um desempenho muito mais fluido.
A chegada do Forza Motorsport 7 no ano passado também teve reflexo em algumas partes visuais dos veículos, que também apenas herdaram o excelente trabalho de modelagem visto nos games anteriores, só que agora contam com detalhes como escapes que chacoalham e asas traseiras que vibram com a turbulência do vento.
Sobre carros e o protagonismo sobre rodas
Já que estamos falando dos veículos, é bom pontuar que são mais de 450 disponíveis inicialmente, em uma seleção de carros esportivos, clássicos, hipercarros, picapes e até mesmo caminhões, que chegam pela primeira vez no Horizon e com modelos que não haviam sido vistos nem nada série Motorsport.
As mecânicas básicas de customização e acerto permanecem praticamente as mesmas, com as novidades ficando para a adição da suspensão de drift e também da customização de largura dos eixos dianteiro e traseiro.
Alguns veículos não estão disponíveis para compra e só podem ser obtidos através do progresso no jogo, como é o caso do Nissan Skyline GT-R R34. Os veículos abandonados em celeiro continuam firmes e fortes e trazem uma variedade interessante de veículos clássicos.
A ausência de marcas como Mitsubishi e Toyota são sentidas, mas não é como se isso dependesse exclusivamente da Playground Games, uma vez que as marcas já se posicionaram publicamente sobre sua aparição em games de corrida ser cada vez mais restrita.
Os carros agora também contam com uma árvore de habilidades próprias, que consistem em boosts de pontuação e outras regalias que não impactam na performance diretamente, mas podem te ajudar na evolução do jogo ao ganhar mais pontos por manobras, tendo wheelspins extras, aumentando o percentual de pontos em alguma ação específica com o carro e por aí vai.
Uma familiaridade confortável
Se a parte gráfica e os carros foram derivados diretamente do trabalho já visto em Forza Horizon 3, o impacto na parte de jogabilidade foi ainda menos sentido: Forza Horizon 4 é praticamente a mesma coisa de seu antecessor.
Não houve uma mudança significativa no comportamento dos veículos nem nada muito diferente do que já havia sido sentido antes: a jogabilidade continua sendo gostosa e amigável, um derivativo mais arcade do que se vê na série Motorsport.
Sonoridade (quase) impecável
Outro aspecto em que Forza Horizon sempre acerta em cheio é sua trilha sonora que, como sempre, está melhor do que nunca. O tema da introdução do jogo, "Sunrise" de Fred V & Grafix, parece cair como uma luva e faz com que você seja envolvido pela experiência do Horizon através das mãos, dos olhos e também dos ouvidos.
São seis rádios no total: as já tradicionais Horizon Pulse (chill beats e indies, Horizon Bass Arena (EDM), Horizon XS (rock) e Hospital Records (Drum-n-Bass), e também as que foram introduzidas recentemente, como é o caso da Block Party (rap e hip-hop) e da Timeless (música clássica) – que, vale apontar, há algo de estranhamente agradável em caçar um carro perdido em celeiro ouvindo "In The Hall of the Mountain King" de Grieg.
A seleção de músicas é sensacional e compõe muito bem o clima do festival Horizon, além de complementar toda a ação que é vista na tela.
Só que nem tudo são flores.
Embora na maioria do tempo a qualidade dos sons dos motores seja satisfatória, houve alguns casos em que eles simplesmente seguiram um padrão. Em diversos casos o que dita o som dos motores é o tipo de motor e não o carro em si.
Isso significa que, em alguns modelos, houve uma piora considerável do som em relação ao Forza Horizon 3: foi o caso do Audi Quattro S1, um dos meus favoritos, e alguns modelos da Lamborghini (!!). No entanto, em outros casos, como é o da McLaren Senna, é perceptível que o capricho na captura e desenvolvimento de sons e a busca pela fidelidade sonora foi bem maior.
Como o trabalho feito em Forza Horizon 3 foi bastante satisfatório, a perda de qualidade, por menor e mais pontual que seja, causou um pouquinho de estranheza.
Na parte de localização, especificamente, o trabalho de dublagem evoluiu de forma discreta em relação ao jogo anterior. Tirando umas eventuais escorregadinhas – como estranhíssimo Jay dando a largada de forma bizarra em uma corrida de rua logo no início do jogo e a falta de sincronia labial de Kira também em sua primeira interação com ela –, o trabalho é bom e tem alguns momentos de brilhantismo, com localizações bem pontuadas em algumas falas (como o "cê é loco, cachoeira" num dos saltos) e um destaque para a performance de dublagem nas atividades da LaRacer.
No geral, o saldo final é bastante positivo e Forza Horizon 4 continua sendo agradável aos olhos e aos ouvidos.
O melhor festival Horizon desta geração
Não há como constatar nada além do óbvio aqui: Forza Horizon continua reinando soberano no gênero de corrida arcade de mundo aberto e agora, com Forza Horizon 4, ele não só intensificou essa liderança como também tornou muito mais difícil a tarefa dos seus concorrentes em alcançá-lo.
Isso porque o jogo intensifica tudo o que já fazia de bom e, quando não sabíamos bem o que esperar da franquia para que ela inovasse, a Playground conseguiu surpreender e trouxe uma mecânica coesa que aproveitou todas as ferramentas que já haviam sido apresentadas em algum momento da série e trouxe novos elementos.
Não só isso: ela soube capitalizar também no excelente trabalho feito em Forza Horizon 3 e não quis reinventar a roda. Os gráficos continuam excelentes, o trabalho de áudio, apesar dos detalhes, ainda pode ser considerado primoroso. A jogabilidade continua uma referência no gênero e o game continua extremamente divertido.
As novidades complementram muito bem a experiência do game, que está mais dinâmica com o modo online e conversam muito bem com o contexto do jogo. Algumas delas, como as casas, poderiam ter sido melhor exploradas, claro, mas só o fato de tê-las já foi um grande passo.
Mais importante que tudo, no entanto, é que Forza Horizon 4 ainda é e passa a sensação de ser um Forza Horizon. Na humilde opinião deste que vos fala, não apenas é o melhor Horizon desta geração como, possivelmente, é a melhor experiência do gênero de corrida que você vai ter nela.
Categorias
- O sistema de estações do ano é uma inovação enorme e traz dinamismo ao game
- O mundo está mais vivo, orgânico e mutável
- Trabalho gráfico excelente tanto no mapa quanto nos carros
- Trilha sonora impecável complementa de forma perfeita a experência
- Progressão mais cadenciada e organizada não sufoca mais e é bastante variada
- Eventos especiais estão bastante interessantes e enriquecem bastante a jogatina
- Pequenos deslizes na parte de áudio causam estranheza
- Pico de dificuldade causado por comportamento irregular da IA pode frustrar um pouco
Nota do Voxel