O ponto de encontro entre a simulação, o arcade e o sandbox [vídeo]
O primeiro Forza Horizon trouxe consigo uma proposta “ecumênica” que, como deve ser, deixou dúvidas e sobrancelhas erguidas nas duas pontas daquele conhecido espectro. De um lado, a marca “Forza” deixava muito fã de Need For Speed desconfiado, acreditando que poderia acabar no cockpit de um carro de controle demasiadamente realista — dando a impressão de haver “sabão” sob os pneus e tal.
Em seguida, conforme o anúncio de que a Turn 10 abriria espaço para um esforço colaborativo com a Playgrond Games — a fim de deslocar as coisas mais para ponta do casual —, foi a vez do pessoal mais ligado em simulação torcer o nariz. No fim das contas, entretanto, o que Horizon fez foi fincar sua bandeira em um novo território, todo ele pontuado por um mundo de jogo aberto com desafios variados, itens escondidos e campeonatos em todos os cantos.
Bem, e quanto a Forza Horizon 2? A despeito do temor que normalmente acompanha continuações de franquias grandes, pode-se dizer que a Playground conseguiu se manter atenta ao que agradou a muita gente no primeiro game — sem, contudo, apresentar apenas mais do mesmo em um mundo de jogo consideravelmente mais amplo.
Dessa forma, há ainda uma enorme variedade de carros, cuja jogabilidade distinta traz consigo os genes de Forza Motorspot 5 — trata-se dos mesmos fundamentos, afinal —, e há também novos desafios, novos veículos curiosos escondidos em cada canto. De fato, pode valer a pena perambular pela Europa real/fictícia de FH2.
Espaço e conteúdo
Convenhamos que a memória dos computadores/consoles atuais torna relativamente mais fácil do que já foi um dia produzir enormes espaços virtuais de jogo. Dessa forma, o fato de haver em Forza Horizon 2 uma enorme porção semifictícia da Europa — sul da França e norte da Itália — não é exatamente a principal atração aqui.
O grande ponto é que, de fato, há o que fazer no mundo aberto construído pela Playground Games. Dessa forma, ecoando o que nós havíamos dito na análise do primeiro Forza Horizon, há aqui diversos desafios que se encarregam de transformar o que poderia ser apenas uma imensa “caixa de areia” em um ambiente orgânico.
Além de voar pelas pistas improvisadas dentro dos pequenos vilarejos, você também terá desafios de velocidade com carros específicos; também poderá encontrar relíquias esquecidas em velhos celeiros abandonados; também poderá desafiar os Drivatars de outros jogadores para um mano a mano; e também terá a oportunidade de fazer algo que provavelmente não faria no mundo real: passar por um radar o mais rápido possível.
São Pedro entra na corrida
Ao entrar no seu carro, olhe para o céu e perceba um dos pontos em que Forza Horizon é inegavelmente um pioneiro. Trata-se do primeiro título na história da franquia a apresentar condições meteorológicas dinâmicas. Uma dica? Experimente correr à noite com chuva. É uma experiência que não se esquece tão facilmente.
Sem pistas licenciadas, sem problemas
Assim como ocorria no primeiro Horizon, não há aqui quaisquer pistas reais licenciadas para se correr. De fato, todas as curvas, subidas e descidas foram construídas sobre a Europa fictícia da desenvolvedora.
É claro que se trata de algo esperado para este tipo de jogo. Afinal, boa parte dos circuitos improvisados aqui não exatamente faz frente às belas obras de engenharia transportadas do mundo real, porém este é o objetivo.
30 frames por segundo
Sim, a taxa de quadros por segundo se manteve a mesma do primeiro jogo. E, novamente, isso faz muito sentido. Afinal, conforme havia explicado a desenvolvedora logo que a primeira enxurrada de questões surgiu com Forza Horizon, a redução de 60 frames por segundo para 30 frames por segundo se faz necessária para que seja possível a construção de um enorme mundo aberto praticamente desprovido de telas de carregamento.
É claro que isso não evita certa “desacelerada” do ponto de vista mecânico. Afinal, a precisão dos controles acaba sutilmente prejudicada pelas atualizações da tela. Novamente, apenas o preço a se pagar.
Colecionáveis
De que vale um enorme mundo de jogo se não tranqueiras colecionáveis em cada canto? A lição foi dada pela Rockstar há muitos anos — lição que Forza Horizon 2 leva à risca. Na verdade, trata-se justamente de um dos elementos responsáveis pelo “organismo” que é o mundo de FH2. Há placas com pontos de experiência, diversos carros para comprar na grande feira central e várias surpresas escondidas mesmo nos cantos mais remotos.
Drivatar
Drivatar fez a sua estreia em Forza Motorsport 5, ocasião em que dividiu opiniões. Particularmente, lembro-me de ter colocado na balança o pioneirismo do sistema e também alguns reveses que surgem disso.
O ponto genial? Drivatar leva para as pistas virtuais de Forza substitutos que dirigem de forma muito semelhante aos seus amigos de carne e ossos, aos quais servem como avatar. O ponto um tanto caótico? “Driveatar leva para as pistas virtuais de forza substitutos...”.
Em outras palavras, embora o universo de Forza tanha ganhado mais vida com a sacada, correr contra sujeitos que dirigem como se estivessem em um carrinho de choque de parque de diversões tem um preço — o que você vai perceber assim que alguém jogá-lo para fora da curva como se estivesse em uma sessão do Demolition Derby.
Entretanto, vale notar que mesmo os Drivatars estão um tanto mais contidos do que em Forza Motorspot 5. Ainda fazem das suas e tal, é claro, mas ainda é possível ter a sensação de se estar em uma corrida razoavelmente realista.
Dificuldade dos avatares virtuais
Ocorre, entretanto, que a evolução dos Drivatars parece ter removido deles parte da audácia... E também dos colhões. De fato, a maior parte dos avatares que você possa encontrar pela pista, caso convidada para um “mano a mano”, dificilmente representaria aquele desafio em que você se vê obrigado a sentar, aflito, na ponta do sofá. Normalmente, é tudo um grande passeio no parque.
É verdade que o jogo sempre vai avisá-lo quando “um dos melhores pilotos de Horizon estiver por perto”. Entretanto, após algum tempo, mesmo esses Drivatars passam a não representar tanto assim.
Corridas Offroad
Eis aqui um dos maiores diferenciais de Forza Horizon 2, sem dúvida. Deslizar com veículos de tração nas quatro rodas por ruas de terra, varrendo espaços inóspitos, lama e vinhedos ao sol poente (poético, não?) pode ser algo realmente divertido.
E o melhor: diferentemente de outros jogos que abordam a modalidade, aqui a coisa toda é bastante visceral. Você é realmente encorajado a evitar as rodovias — caso não o faca, dificilmente conseguirá um resultado apreciável. Enfim, é o melhor daquela filosofia do “uma corrida não é apenas contra oponentes, mas também contra o próprio percurso”. De fato.
Ainda único em sua proposta
Forza Horizon 2 dificilmente poderia ser encarado estritamente como “simulação” ou “arcade”. Embora a jogabilidade certamente penda um pouco mais para o lado da diversão despreocupada, é no mundo aberto de jogo e nos diversos desafios que a proposta da Playground Games ganha cores e fôlego.
Mas há aqui também uma expansão bastante natural do primeiro título. Há aqui um belo modo offroad, há um mundo maior aberto à exploração, há inúmeros carros para competir em diversos campeonatos. De fato, há diversão aqui para todo o espectro — do casual à simulação, já que é difícil eliminar da cara aquele sorriso sádico ao rasgar uma rodovia com uma Lamborghini Veneno a mais de 300 quilômetros por hora.
Categorias
- Uma bela Europa semifictícia
- Condições meteorológicas dinâmicas
- Apesar dos pesares, o Drivatar ainda é um conceito genial
- Corridas offroad
- Desafios variados e carros escondidos pelo mapa
- Desafios mano a mano contra Drivatars não chegam a fazer suar
- A falta de pistas licenciadas pode fazer algumas pessoas torcerem o nariz
Nota do Voxel