Imagem de Five Nights at Freddy's 3
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Five Nights at Freddy's 3

Nota do Voxel
65

O silêncio dos inocentes

Um bom game de terror vai ter momentos em que você mesmo cria seus “pequenos sustos”. Sabe aquele medo de olhar para uma curva e encontrar um fantasma assassino, ou aquela palpitação forte no coração indicando que algo pode te surpreender a qualquer instante? Podemos entender isso como uma consequência da ambientação, do suspense ou da imersão, mas essa sensação é tão íntima de um fã masoquista de Survival Horror que se torna um motivacional para ele continuar imerso.

Toda a série Five Nights at Freddy’s se apropria dos seus sustos com simplicidade. Você não quer tirar os olhos das câmeras de segurança e encontrar um boneco mecânico pronto para engolir a sua alma. Há um apelo forte ao “jumpscare”, mas sua fórmula de sucesso nunca precisou de complexas estruturas de game design para criar fama e surpreender jogadores.

Apesar de tudo isso, algo em Five Nights at Freddy’s 3 não bateu bem. O desfecho da série inovou em muitos lados, mas sua adaptação a todo esse novo sistema apresenta algumas falhas que sacrificam uma experiência completa de terror. Algo deu errado e pode te perseguir por cinco noites nesse lugar macabro.

Um começo complicado

A primeira noite em Five Nights at Freddy’s 3 te dá a sensação de ser um puro estagiário em um lugar misterioso. Você descobre que está cuidando de um parque de terror que se baseava na lenda de 30 anos atrás, quando os famosos bonecos automatizados botaram medo nas crianças e nos outros vigilantes da pizzaria de Freddy.

Você também descobre que há um sistema de câmeras, ventilação e áudio dentro do lugar. Com as câmeras, você acompanha a movimentação do único boneco autômato, Springtrap. Com a ventilação, você tranca um dos caminhos até você. Com o áudio, você toca sons para mantê-lo bem longe. Mas as vezes eles irão parar de funcionar e você será obrigado a reiniciá-los.

Um dos primeiros problemas é que você passa pela primeira fase sem fazer absolutamente nada. Você é bombardeado de informações sobre esse novo sistema, e logo de cara você percebe que não está mais no simples “acompanhe e feche a porta” do primeiro jogo. Há uma dúzia de variáveis que você precisa dominar, e mais uma dúzia de elementos que irão te surpreender com o tempo.

A ação só começa a partir da segunda noite. Aos poucos, você vai acompanhando Springtrap e tenta distraí-lo, mas vai percebendo que as falhas nos três sistemas vão ser um problema constante para lidar.

Se o sistema de ventilação falhar, você ficará sem ar e será assustado pelos fantasmas dos outros autômatos. Eles podem te matar de medo, mas não farão você perder o jogo. Este é um ponto interessante, pois as aparições instantâneas anteriores significavam o “game over”. Não é o que acontece aqui, mantendo a experiência recheada de sustos.

O grande problema é que, depois de algum tempo, você começa a prever algumas aparições. Alguns fantasmas irão aparecer nas câmeras antes de você tirar a visão do vídeo. Nas primeiras vezes, isso será uma surpresa e você pode se assustar, mas depois de um tempo começa a ser um elemento rotineiro para indicar que o sistema de ventilação está falhando.

E, quando o assunto é reiniciar os sistemas, você pode se sentir angustiado em perder alguns segundos só esperando as máquinas para voltar a jogar. É claro que, nesse tempo, você pode ser surpreendido, mas isso te coloca em uma situação neutra e ansiosa quando anteriormente era totalmente atenta e defensiva — uma quebra de ritmo que pode incomodar os jogadores que sempre desejam estar na ação.

Segredos e desafios

Apesar de tudo, Five Nights at Freddy’s 3 mantém um alto nível de desafio. O ritmo de observação de câmeras é intenso, e vencer as últimas fases traz uma satisfação imensa ao jogador. Springtrap se torna cada vez mais veloz e você precisa de uma grande adaptação para não ser pego por ele, o que motiva muitos jogadores a persistirem e vencerem o jogo.

Há muitos segredos escondidos dentro do terceiro título, principalmente no que se refere aos mini-jogos entre as fases. Lá estão detalhes que irão guiar o jogador para encontrar detalhes bem sutis da história e que contarão a origem dos fantasmas e autômatos.

Identificar alguns elementos nas câmeras é essencial para essa descoberta, mas a grande estática nelas é o que dificulta esse objetivo. É até engraçado ver que, apesar desse jogo passar trinta anos depois do primeiro, o vídeo de lá era muito mais limpo que agora.

O som não é tão constante e serve para acompanhar alguns elementos do jogo — principalmente nos sustos. Ele acaba sendo uma peça adicional para auxiliar na imersão, ainda mais quando o maior destaque é o ambiente sombrio do terceiro título.

Uma delicada escolha

Five Nights at Freddy’s 3 se mantém com a essência da série. Você se assusta. Você se desafia. Você permanece tenso. Você paga pouco por isso. Mas um conjunto de detalhes negativos acabou se somando e tirou pontos valiosos que os jogos anteriores conquistaram.

Antes, você tomava uma posição extremamente defensiva. Seguia uma lógica simples de acompanhar as ameaças e se defender delas. Aqui há muito mais vulnerabilidade, mas, para equilibrar esse fator, o peso caiu nos meios que o jogador tem para se defender.

Seria uma troca justa se o jogo não apresentasse tudo isso de uma vez só. Você se perde muito mais fácil com os ataques e as mecânicas para neutralizá-los, e os sustos — algumas vezes anunciados — só contribuem para enfraquecer a experiência.

O terceiro jogo buscou se inovar, mas tomou um passo muito apressado pra isso. Ainda é uma escolha interessante para os fãs de terror, mas não garantimos que esses defeitos irão te manter jogando até saborear o emotivo final.

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Pontos Positivos
  • Constante sensação de vulnerabilidade
  • Ambiente muito mais sinistro
  • Leve, capaz de rodar em qualquer PC
  • Jumpscares sem “game over”
  • Segredos ligando a história dos primeiros jogos
  • Alta dificuldade incentiva o replay
Pontos Negativos
  • Estática nas câmeras prejudica a visão de elementos
  • Muitas mecânicas novas inseridas de uma só vez
  • Quebra de ritmo ao reinicializar as máquinas
  • Primeira fase sem ação nenhuma
  • Fantasmas podem ficar previsíveis