Imagem de Final Fantasy XII: The Zodiac Age
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Final Fantasy XII: The Zodiac Age

Nota do Voxel
95

Eis sua chance de conhecer o Final Fantasy mais ambicioso de toda franquia

Diferentemente de muitas pessoas que tiveram contato com Final Fantasy XII em 2006, eu fui com a cabeça muito aberta para essa nova experiência. Desde os primeiros minutos do game, amei absolutamente tudo que encontrei: desde a ambientação ao sistema de combate. Como todo jogo, ele tinha seus altos e baixos, mas acho que se tornou o meu Final Fantasy predileto ao longo dos anos.

O que você precisa saber logo de cara com a versão remasterizada, chamada de Final Fantasy XII: The Zodiac Age, é que ela é praticamente uma terceira versão do jogo de 2006. É seguro afirmar que se trata de uma edição com muitas melhorias e adições também, algo que a torna bem diferente do jogo original e até mesmo da edição International Zodiac Job System, lançada exclusivamente no Japão.

Portanto, se você gostava do título e gostaria de jogá-lo novamente, essa é a versão que você quer experimentar. Deixou passar o game? Essa é a versão que você deve tentar. Não curtiu muito na época e quer tentar de novo? Essa é a edição definitiva. Bom, acho que deu para entender.

Final Fantasy XII: um jogo que envelheceu muito bem

Como qualquer mudança em algo enraizado, Final Fantasy XII fez muitos fãs torcerem o nariz na época, já que era o primeiro (com exceção do XI, que era online) a sair do sistema emblemático de turnos que, para muitos, é o que define um Final Fantasy. O impacto da época pode ter chocado muita gente, mas hoje, com diversos títulos da franquia que saem do padrão (como Final Fantasy XIII e XV), você verá que Final Fantasy XII é uma gema preciosa que passou batida por muita gente.

Estamos falando de um jogo de PlayStation 2 e é perigoso cobrar caro em uma remasterização de algo mais datado. Kingdom Hearts resolveu esse problema ao compilar mais de um jogo no mesmo pacote, algo que suaviza a crítica sobre o conteúdo. Mesmo sendo apenas um único game, Final Fantasy XII: The Zodiac Age se sustenta ainda hoje: o título estava além de seu tempo e envelheceu muito bem.

Para quem não se lembra, o sistema de combate do jogo é aberto e não depende de turnos, apesar de ter a barra ATB (Active Time Battle). Os confrontos do game se assemelham muito mais às mecânicas de MMORPG e há novas mecânicas na série, como os Gambits, que são automatizações das lutas, e o quadro de licenças, que posteriormente foi reformulado para ser parecido com um sistema de classes.

Final Fantasy XII é muito aberto desde o começo da aventura, e esse é um dos méritos mais incríveis do jogo: a sensação de liberdade é bem grande, mesmo que você tenha que seguir algumas quests lineares nos primeiros minutos. Essa exploração em grandes cenários (que são muito orgânicos e até mudam com as estações) é um dos maiores destaques do título, e ela está ainda mais agradável desta vez.

Final Fantasy XII é uma gema escondida da era PS2 e esse remaster é ideal para revisitá-lo

Esse é o ponto de destaque aqui: apesar de ser uma remasterização, ele é muito moderno. Confesso: me diverti mais com esse remaster do que com o recém-lançado Final Fantasy XV. Claro, é uma opinião pessoal aqui, mas o que preciso ressaltar é que se trata de um título de centenas de horas de duração e que ainda vale muito a pena.

Jogo antigo, conteúdo inédito

Apesar de ser um game de 2006 para PlayStation 2, Final Fantasy XII: The Zodiac Age chega com conteúdo inédito no PlayStation 4. A não ser que você tenha adquirido uma cópia japonesa da versão International do game original, provavelmente não jogou a experiência diferenciada dos nipônicos.

Basicamente, a versão International mudou um alicerce do game original, alterando o sistema de licenças e trazendo uma dinâmica de classes, igual ao que acontecia nos primórdios da série. Portanto, é a primeira vez que o Ocidente pode experimentar Final Fantasy XII por uma perspectiva e de uma forma bem diferentes.

E por que isso muda tanto a experiência? Basicamente, essa alteração no sistema do jogo faz com que você varie mais cada personagem em tela. Como os heróis podiam assumir qualquer função no game original, você poderia simplesmente escolher os seus favoritos e nunca mais dar atenção aos demais. Mas isso não ocorre aqui: é simplesmente impossível deixar um White Mage de lado. Essa mudança traz um dinamismo maior e oferece mais opções de táticas na hora das batalhas.

Porém, The Zodiac Age mexe ainda mais na mistura e altera esse sistema inédito por aqui. Acontece o seguinte: a versão japonesa permitia que cada personagem assumisse um job entre 12, e isso ficaria fixo para sempre. Em outras palavras, todos os seis protagonistas teriam apenas seis jobs, o que significa que metade dos 12 nunca seriam utilizados. Entretanto, isso muda na versão remasterizada.

Todo o conteúdo da versão japonesa está presente, mas com ainda mais adições

Dessa vez, cada personagem pode ter até dois jobs distintos, mas somente um pode ser selecionado no começo da campanha. Essa é apenas uma das coisas novas que eram exclusivas do Japão, mas muitos outros refinamentos foram feitos para alterar ainda mais a jogabilidade. Final Fantasy XII The Zodiac Age é quase uma terceira versão do mesmo título.

Mais do que uma remasterização: uma versão definitiva

Como uma exploração pode ficar mais agradável? Final Fantasy XII tem mapas bem grandes e cenários extensos, algo que poderia complicar entre uma quest e outra (já que, para salvar o jogo, é preciso encontrar um cristal). Para ajudar nisso, a equipe implementou um sistema que aumenta a velocidade do game, como em um emulador, ideal para atravessar longas distâncias, para grindar ou simplesmente para matar repetidamente um mesmo inimigo e aumentar as chances de loot. Para ativá-lo, é só apertar o L1, que acelera quatro vezes a velocidade e não distorce as músicas.

O exemplo acima é bacana, mas é apenas um de muitos. A Square Enix realmente deu atenção ao jogo e não fez apenas um upscale de resolução. Há novos inimigos, 18 novas armas, balanceamento na aparição de baús (eles aparecem 1,5 vez mais e se respawnam com apenas um cenário de distância, diferente do modelo anterior, que requeria três) etc. Além disso, agora é possível controlar os personagens convidados na party e até mesmo os Espers, os summons do game, algo realmente inédito.

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Muitas das novidades refletem diretamente no gameplay também, tornando o que já era bom algo ainda melhor. Os Quickenings (os limit breaks do game) foram reformulados e não requerem mais MP, é possível ver o minimapa expandido na tela, recompensas diferenciadas para as caçadas e a adição do novo modo Trial, que traz uma série de desafios para prolongar a vida do game e desafiar os jogadores que já estão com um set de armas bom (você enfrenta tudo com os seus atributos atuais). Basicamente, os jogadores encaram ondas de inimigos em mais em 100 andares de desafios; ao passar cada um, os personagens ganham recompensas que podem ser levadas à campanha. Um complementa o outro.

A Square optou por trazer ainda mais elementos novos, como auto-saves (ideais para salvar aquele Game Over longe de um ponto de save), vozes em japonês e os dois novos modos de jogo para new game+: o Weak Mode, no qual nenhum dos seus personagens evolui, e o Strong mode, no qual os personagens começam no level 90, mas a dificuldade também aumenta.

Não há milagres audiovisuais, mas é uma remasterização bem acima da média

Uma coisa que vale a pena destacar desde o começo é a seguinte: Final Fantasy XII The Zodiac Age é uma remasterização e está longe do padrão remake que vimos em alguns casos. Contudo, isso também não quer dizer que ele é desagradável de olhar. Claro, a limitação do PlayStation 2 ainda fica evidente, mas acho o resultado digno de um remaster de qualidade.

O título segue o mesmo padrão de excelência apresentado em Final Fantasy X HD Remaster: alta resolução, melhorias em modelos 3D e refinamentos muito aparentes em texturas e outros efeitos, como motion blur, profundidade de campo, melhoria na qualidade de sombras, refinamento de texturas, CGs com resolução maior e anti-aliasing. Pode ter certeza: mesmo emulando em 1080p no PC, você não terá o suporte ao widescreen e todos os efeitos gráficos refeitos (sem contar todo o conteúdo extra, claro).

Entretanto, Final Fantasy X é um jogo muito mais datado que Final Fantasy XII, portanto fica mais evidente o trabalho em um do que no outro. O 12º jogo da franquia saiu no final da vida do PlayStation 2 e usufruiu de toda a potência técnica e expertise de desenvolvimento possível, entregando um produto muito belo no final.

Mas convenhamos: o que você deve estar se perguntando no momento é se vale a pena jogar emulado no PC ou a versão remasterizada. Sem a menor sombra de dúvidas, a edição do PlayStation 4 é melhor do que o upscale que um emulador oferece. Confesso: quando foi anunciado, pensei que se tratava de uma atualização com poucas melhorias gráficas, mas bastam algumas horas na frente da tela para perceber que houve um retrabalho bem maior do que o esperado (principalmente se você observar uma versão do lado da outra).

O jogo roda em 1080p e 30 fps, mas o trabalho da remasterização e a direção artística são tão bons que nem parece um jogo de PS2

Galeria 1

Final Fantasy XII: The Zodiac Age roda em apenas 30 fps tanto no PS4 quanto no PS4 Pro. Pode parecer um descaso, mas provavelmente o título deve funcionar restrito a essa taxa de atualização, e alterar isso pode quebrar o funcionamento da jogatina. No PS4, o game roda em 1080p, enquanto no PS4 Pro em 1440p (segundo o Digital Foundry), algo que pode ser decepcionante.

Outro aspecto fenomenal que foi produzido mais uma vez do zero é a trilha sonora. Veja bem, não são faixas regravadas ou remixadas, mas sim refeitas por uma orquestra. Sim, a Square pensou nos mínimos detalhes. A parte audiovisual é soberba e, muitas vezes, é fácil esquecer que se trata de um game da era PS2.

A direção de arte do jogo é fantástica, e isso é um dos elementos que sustentam o jogo até hoje. Há muita variedade de conteúdo gráfico na tela: mares de areia, wyverns místicos, vilas escondidas em florestas encantadas, dungeons dentro de tumbas, e por aí vai. Certamente, o universo de Ivalice (compartilhado por Final Fantasy Tactics) oferece muita riqueza artística.

Velhos problemas continuam

Uma coisa é certa: a remasterização é ótima em diversos sentidos, há conteúdo novo, alterações de mecânicas, novidades no sistema de classes e diversas novas adições, mas, se você detestou o jogo na época, não há milagre que faça com que ele se pareça atrativo em 2017, mais de dez anos depois.

Diversos elementos do título original que dividiram opiniões ou simplesmente careciam da qualidade soberba que todo o resto apresentava continuam. A história, por exemplo, segue magnífica no começo e ainda sofre com problemas narrativos da metade para frente (por conta da troca de diretor).

Os personagens continuam levemente genéricos, e alguns papéis permanecem sem destaques, como é o caso de Penelo. A barra de fuga ainda é demorada para funcionar, Gambits podem deixá-lo na mão ao funcionarem de maneira diferente do esperado (não são bugs, mas sim tentativa e erro para acertar o que você deseja), e por aí vai. Se você não gostava disso antes, não tem o que fazer: é, essencialmente, o mesmo jogo, apesar das mudanças mecânicas.

O que poderia ser melhorado, mas não foi?

Apesar de o trabalho geral ser excelente, alguns ruídos da era PlayStation 2 ainda ecoam na nova geração. Final Fantasy XII: The Zodiac Age tem alguns probleminhas pequenos e outros maiores que podem incomodar em alguns momentos. O primeiro deles e o mais “simples” de descrever é a carência de suporte ao nosso idioma: se quiser jogar, apenas em inglês. Mais uma vez: é algo ruim para o público brasileiro e vale a pena ser ressaltado, mas não é um ponto que será descontado na nota.

Outro problema recorrente é o sincronismo labial em algumas cutscenes, que ficam bem esquisitos. É difícil dizer se isso ocorre por conta das vozes japonesas ou se é algo um pouco trabalhoso e não ganhou atenção mais uma vez.

Se tem algo em que a equipe pecou ao remasterizar graficamente Final Fantasy XII foi não alterar a distância de visualização no cenário: frequentemente, você verá personagens e inimigos brotando na tela. Provavelmente, o jogo funcionava assim na era PlayStation 2 por conta do poder de processamento, mas isso poderia ser contornado na versão final. Claro, talvez por conta do código-fonte, alterar algo assim resultaria em mudar um alicerce do software e poderia trazer problemas estruturais graves ao game, mas não temos como saber.

Alguns elementos poderiam ter recebido mais atenção, mas eles não atrapalham a experiência geral

Por último, um elemento muito frequente da sexta geração também não foi corrigido: os problemas de câmera. É difícil dizer se algum aprimoramento foi realizado, mas, de uma forma ou de outra, frequentemente a tela ficará travada no rosto do personagem e sem mostrar o inimigo. Isso ocorre principalmente perto de paredes e quando há chefões grandes demais para caber na tela, dificultando a visualização dos status dos personagens ou do andamento da batalha.

Vale a pena?

Final Fantasy XII foi uma gema escondida da era PlayStation 2: além de muitos fãs torcerem o nariz, ele saiu no final da geração, quando o PlayStation 3 e o Xbox 360 já estavam no mercado, algo que pode ter tirado a devida atenção que o título merecia. Definitivamente, o game está além de sua época e sobreviveu muito bem até hoje.

Há um ponto ou outro que poderia ser melhor, mas o maior destaque é que a Square Enix acertou na mão ao balancear retrabalho gráfico e mecânico na medida certa, mas sem mexer na essência do jogo. Sem sombra de dúvidas, Final Fantasy XII: The Zodiac Age leva o selo de qualidade de uma boa remasterização. Não é a melhor que já vimos, mas certamente está em um nível de qualidade bem acima do esperado, com muito conteúdo novo e coisas inéditas no Ocidente.

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Pontos Positivos
  • É a melhor versão de Final Fantasy XII que existe e com muito material inédito
  • Ótimo retrabalho gráfico, perfeito para o PlayStation 4
  • Trilha sonora foi inteiramente refeita
  • Diversas novidades, como a possibilidade de múltiplas classes e opção de acelerar o tempo
  • É possível controlar Espers e personagens convidados
  • Muito conteúdo novo, como novas armas e alterações nas mecânicas do jogo
  • Novo sistema de classes força uma variedade de gameplay maior
  • Centenas de horas de conteúdo com um aspecto muito moderno
  • Trial Mode é ótimo para buscar recompensas e desafiar quem busca dificuldades maiores
Pontos Negativos
  • Alguns pontos negativos velhos continuam, como os problemas na câmera e lipsync
  • Apesar de compreensível, seria legal ver o jogo em 60 fps
  • Distância de visualização poderia ter sido alterada na versão remasterizada