Final Fantasy VII Remake Intergrade é a versão definitiva que merecemos
Desde que Final Fantasy VII Remake saiu para PS4, o game foi alvo de elogios e muitas indicações a prêmios. Apesar de agregar incontáveis qualidades, o jogo também tinha sua parcela de defeitos, incluindo alguns detalhes técnicos que não passaram despercebidos pela crítica e fãs.
Com a chegada de Final Fantasy VII Remake Intergrade no PS5, a impressão que tenho é que ela é a versão definitiva, corrigindo tropeços aqui e ali, incluindo alguns bem famosos, e adicionando ao pacote um DLC que empolga ainda mais para o futuro das demais partes. Confira o nosso review completo dessa nova edição!
Final Fantasy VII Remake parece ter sido pensado na nova geração
O PS4 (e sua geração ao lado do Xbox One) conseguiu produzir games impressionantes, mesmo no fim de seu ciclo de vida. Contudo, alguns jogos como Final Fantasy VII Remake mostram que a beleza visual nem sempre esconde todos os defeitos e limitações técnicas que um hardware antigo entrega.
Sim, o game mesmo no PS4 Fat ou até no PS4 Pro traz ambientes lindos e a tecnologia de ponta da Square Enix, mas também cenas como a da porta com baixíssima qualidade, cenários em imagens estáticas que parecem um .jpg e texturas que claramente mostram a limitação do hardware. Isso sem contar os pop-ins, os famosos carregamentos tardios de aspectos visuais.
PS4 vs. PS5:
Isso estragava a experiência? Certamente não, são detalhes no fim das contas. Mas com certeza não agregavam, não é mesmo? A versão de PS5 do game traz não só resoluções e performance melhores como também corrige todos (ou quase todos) os pontos citados acima, tornando a experiência muito mais agradável aos olhos.
Final Fantasy VII Remake Intergrade tem dois modos gráficos: qualidade, que deixa a jogatina em 4K e 30 fps, e performance, que traz 60 fps em uma resolução menor: 1584p, segundo nossos cálculos (o Digital Foundry contou 1620p, talvez com uma amostragem maior e mais precisa). Comparado com a resolução de 1620p dinâmica, que podia cair abaixo disso, do PS4 Pro, o ganho é considerável.
Em nossos testes, não vimos quedas de resolução em nenhum dos modos de Final Fantasy VII Remake Intergrade no PS5, mas não dá para descartar a possibilidade. Entretanto, o ganho de performance em 60 quadros praticamente constantes é um ganho muito bom para um game de RPG de ação como este. Se há quedas, elas são tão pequenas que mal podem ser percebidas.
O upgrade técnico é legal, mas o mais importante está nos demais efeitos aprimorados: névoa, iluminação, texturas, efeitos de bloom e mais. Se faz algum tempo que você jogou ou viu a versão de PS4, talvez passe batido essas melhorias, mas quando colocadas as versões lado a lado, é notável a diferença. Basta jogar um tempo a versão de PS5 e voltar ao PS4 para sentir a diferença abrupta de qualidade.
Há duas áreas em específico que se beneficiam bastante da nova versão: o Setor 7 e a Cidade Alta do Setor 7 antes de ir para Shinra. O Setor 7, por ser uma área maior e menos linear, era o ambiente com as piores texturas do jogo, o que inclui a famosa porta que parecia não carregar (e realmente era daquele jeito). Rochas, texturas do chão, pop-in: todos os elementos negativos corrigidos.
Na Cidade Alta, víamos o horizonte de Midgard e a paisagem não impressionava: como um remanescente da era 32 bits, o cenário era uma grande imagem 2D renderizada, tirando profundidade e parecendo um fundo de papelão na cidade. A versão de PS5 não corrige 100% o problema, mas engana bem! Há muitos elementos 3D à distância e a mistura de técnicas esconde qualquer defeito gritante.
PS4 vs. PS5:
Na prática, tudo é melhor, mais bonito e mais fluido. É legal que a opção de 4K em 30 fps exista, mas a diferença de performance é tão gritante e a de imagem tão pequena, que é simplesmente o modo a se escolher. Todas as melhorias somadas a loadings quase instantâneos, que no PS4 demoravam 40 segundos, criam uma versão definitiva da experiência.
Algumas texturas ainda são ruins no PS5:
E, a melhor parte, é que o upgrade técnico do PS4 para o PS5 é gratuito, contanto que não seja a versão oferecida na PS Plus de março de 2021. Claro, não é como se perfumaria visual transformasse uma experiência drasticamente (especialmente uma já muito boa neste quesito), mas ter a dose extra de gráficos refinados ajuda a criar a imersão em um RPG tão denso e imersivo como este.
Felizmente, a edição de nova geração não para por aí e há uma última e bem agradável novidade: um DLC com gostinho de quero mais.
Final Fantasy VII Intermission é um presente aos fãs (mas é curto)
Apesar de ser basicamente o mesmo jogo no PS5, Final Fantasy VII Remake Intergrade tem um conteúdo extra (é pago ou disponível na edição completa) que é jogatina obrigatória para qualquer um que jogou o game no PS4 e espera ansiosamente por mais detalhes de uma vindoura parte 2.
Final Fantasy VII Remake Episode INTERmission traz a agradável surpresa de nos colocar no papel de Yuffie, a carismática ninja de Wutai, em uma trama entre os acontecimentos da aventura principal. Não vamos dar spoilers da história, mas mesmo que seja uma trama de conteúdo paralelo, vale muito a pena se jogar de cabeça no DLC e ver mais detalhes da protagonista e suas origens.
Assim como o jogo base fez, o DLC novamente entra no conceito de “expandir o que já existe”. Qualquer fã ferrenho do título de PS1 conhece Yuffie, suas origens e motivações para estar no grupo, mas a Square Enix expandiu o universo com personagens inéditos e enredos cativantes que sustentam a nova versão do mundo de Final Fantasy VII.
A dupla Yuffie e Sonon é perfeita para balancear eventos sérios com bom-humor, trazendo uma dinâmica de um “irmãozão mais velho” que cuida da irmãzinha desastrada, que esbanja uma personalidade enérgica e fofa que encanta qualquer um. No decorrer dos eventos do DLC, há muitos personagens de outros títulos expandidos, como Nero, que dão as caras por aqui. É difícil comentar muito sem dar spoilers, mas é um capítulo essencial para àqueles que querem saciar a vontade de mais conteúdo.
E, fechando com chave de ouro, o retorno de Fort Condor é extremamente bem-vindo: há diversos tabuleiros para estratégias diferentes e muitas tropas que podem ser adquiridas ou conquistadas para aprimorar seu método de jogo. É uma pena haja poucas batalhas e o desafio não seja muito alto, mas continuarei empolgado para ver mais do mini game na parte 2.
Infelizmente, tudo que é bom parece durar pouco. Eu fiz absolutamente tudo que o INTERmission tinha a oferecer: explorei tudo, realizei todas as missões do Fort Condor, vasculhei cada pedacinho do mapa e fiz todos os desafios possíveis. Mesmo assim, a duração do DLC chegou nas 6 horas e 20 minutos.
É o tipo de material que, independentemente da duração, é qualidade pura. É a sensação de querer progredir para conhecer mais desta nova repaginada na série e desdobrar cada evento que transcorre durante a aventura. O famoso "melhor curto e excelente do que longo e repetitivo". Poderia ser maior, claro, mas é um excelente material para se deliciar durante sua duração.
Yuffie será fixa no meu grupo na Parte 2
A equipe de desenvolvimento já comentou que alguns elementos de INTERmission estarão presentes na Parte 2 de Final Fantasy VII Remake – e não é ao acaso. Apesar de usar o que veio como base, há algumas adições que farão falta caso fiquem de lado no futuro, como mecânicas novas, minigames e melhorias no combate.
Yuffie se tornou, para mim, a melhor personagem em termos de gameplay. Forte, ágil e com muita versatilidade em ataques corpo a corpo e à longa distância. A flexibilidade de atacar com a shuriken e atirá-la em grandes distâncias me vendeu a ideia de que a ninja de Wutai estará constantemente na minha party na Parte 2. Ah, e eu mencionei os ninjutsus?
A mecânica mais incrível e divertida é trocar de forma quase instantânea os golpes cortantes para as técnicas ninjas, que são uma espécie de magia que podem ter atributos elementais com uma das habilidades de armas. A defesa rápida combinada com a matéria de aparo criam situações perfeitas para parries, que transformam o combate em algo parecido em um jogo da Platinum.
O ritmo de combate é tão intenso que, ao voltar ao game base, é quase como jogar em câmera lenta. Isso sem contar as matérias que oferecem habilidades únicas com atalhos do controle e a mecânica de sinergia. Sonon é um aliado muito mais útil no DLC do que os companheiros de Final Fantasy VII Remake, mas ativar o modo sinergia é pedir por um espetáculo visual e uma satisfação de batalha bem-feita.
Ataques combinados de Yuffie e Sonon são muito mais eficientes e as habilidades são bem poderosas. A dinâmica da dupla é tão boa que é até difícil lembrar que a party é constituída por três personagens no título original em vez de uma dupla. Certamente, as adições e melhorias são bem-vindas aqui e não vão passar despercebidas pelo que quer que venha pela frente.
As lutas que vimos anteriormente estavam longe de serem ruins, mas o nível é elevado bastante por aqui. Passa a ser algo prazeroso de se jogar e buscar ainda mais qualquer desafio extra, como o simulador da Shinra, pelo simples prazer de ser recompensado pelo uso e timing correto das habilidades do jogador. Mesmo com pouco tempo entre lançamentos, é palpável como a evolução do combate ajuda a divertir ainda mais.
Vale a pena?
Final Fantasy VII Remake Intergrade é um combo muito interessante para jogadores que não tiveram a chance de jogar o conteúdo original no PS4 e, de quebra, ainda recebe um DLC muito bom no pacote. Sem dúvidas, para novatos na experiência há um prato cheio para se deliciar em um dos games mais incríveis da geração passada, agora remasterizado com o louvor que merecia desde o começo.
Sim, o preço é salgado para a compra inicial e já começamos a ver preços mais elevados na nova geração. Contudo, como upgrade gráfico do título base ainda é gratuito, é praticamente impossível não ser um ótimo negócio. Caso queira só o DLC à parte, o preço é muito honesto: US$ 20 na PSN americana e R$ 104 na brasileira. Sim, é caro no Brasil, mas tirando o contexto do dólar alto, o conteúdo é mais barato que muitos DLCs de outros games. E, vale lembrar, que é um conteúdo tão bom ou até melhor que o título base.
Há poucas coisas a serem criticadas aqui. Se há defeitos, eles são inerentes do game original em termos de ritmo, mecânicas ou história. Procurando pelo em ovo, talvez ter algumas texturas melhor trabalhadas seria bem-vindo, mas longe do que vimos inicialmente. Para fãs e curiosos, Final Fantasy VII Remake Intergrade é o pacote completo feito do jeito certo.
Nota Voxel: 95
Final Fantasy VII Remake Intergrade foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.
Categorias
- Remasterização gráfica de excelente qualidade
- Opção de jogar em alta resolução e em 60 fps
- DLC INTERmission traz uma nova dose espetacular à trama expandida do remake
- Diversas mecânicas novas que enriquecem o combate
- Mini game de Fort Condor é divertidíssimo
- Upgrade gráfico do jogo base no PS5 é gratuito
- Algumas poucas texturas ainda deixam a desejar
- DLC INTERmission é excelente, mas curto
Nota do Voxel