Com visual aprimorado, FIFA 17 poderia ser melhor dentro dos gramados
Com a chegada do mês de setembro, os fãs do futebol virtual já sabem o que esperar por parte da EA Sports: uma nova edição de FIFA. Em 2017 a história não é diferente, e o game chega acompanhado por uma série de promessas que vão além do que estamos acostumados — entre elas, a implementação da engine gráfica Frostbite, velha conhecida dos fãs da série Battlefield.
FIFA 17 também marca a estreia de um modo história, algo inédito para um título do gênero. Embora anteriormente você já pudesse entrar no papel de um jogador que busca a fama, agora essa figura tem um nome bem definido (Alex Hunter), um arco dramático bem traçado e uma série de coadjuvantes que ajudam a contar uma história que se encaixaria bem em um filme ou uma série de TV.
A EA Sports mantém inalterados alguns pontos fortes da franquia, como menus acessíveis e organizados e uma quantidade de licenças oficiais que surpreendente, mesmo falhando ao deixar de fora algumas equipes brasileiras. Infelizmente, o cuidado não é o mesmo com a experiência dentro de campo que, se continua divertida, está aos poucos sendo superada pelo que é oferecido pelo rival Pro Evolution Soccer.
Apresentação digna da geração
A Frostbite permitiu à EA Sports criar aquele que, sem dúvidas, é o FIFA mais bonito de toda a história da franquia. Os modelos de jogadores ganharam ainda mais detalhes, sendo que a engine ajudou a acabar com a aparência “parruda” que alguns deles apresentavam em versões anteriores.
A atenção não se restringe somente aos atletas: pequenos detalhes do gramado, câmeras ao redor do campo e as redes do gol, entre outros, também refletem um maior cuidado gráfico. Infelizmente, a torcida ainda parece uma reunião de personagens saídos diretamente da geração PlayStation 1, mesmo quando você roda o game em um PC poderoso.
Infelizmente, parece que a implementação da nova engine não veio acompanhada por uma reformulação nas animações utilizadas. Certos passes ou viradas de corpo parecem tão mecânicos quanto no passado, dando uma sensação de artificialidade ao que é mostrado na tela — em compensação, não há mais o efeito bizarro que surgia toda vez que um jogador tentava puxar a camisa do outro em FIFA 16.
Finalmente uma história
Um dos principais atrativos de FIFA 17 é sem dúvida seu modo história, que nos apresenta ao jovem Alex Hunter desde o momento em que ele sai das categorias de base inglesas. Contratado por um grande time da Premier League, o personagem tem que lidar com a rivalidade de companheiros que lutam pela mesma posição, pequenos dramas pessoais e com as exigências de dirigentes.
Através de uma roda de conversas que lembra bastante a utilizada na série Mass Effect você molda a personalidade de Hunter fora de campo: uma atitude convencida por trazer mais fãs, mas afastar você dos gramados. Da mesma forma, ser mais humilde e dar o crédito a companheiros de equipe garante que o jogador não vai ficar esquentando o banco durante muito tempo.
Infelizmente, esses aspectos parecem não ter sido totalmente trabalhados pela EA Sports. O dinheiro adquirido pelo jogador, por exemplo, não tem qualquer propósito prático. Da mesma forma, sentimos que não vale tanto a pena lutar para conquistar um patrocínio, visto que isso só rende uma pequena cena de animação sem grandes impactos.
Em compensação, o modo história é uma ótima alternativa tanto para quem está iniciando agora na série quanto para quem deseja aprimorar suas habilidades nos gramados. Os pequenos desafios que servem como treinamento (que também podem ser acessados em um menu dedicado à parte) ganham complexidade de maneira natural e oferecem uma ótima opção de tutorial.
O roteiro não é exatamente uma maravilha, seguindo muitos dos clichês de superação vistos em filmes esportivos, mas é bom o suficiente para que você se sinta compelido a ir até o final dele. Ao mesmo tempo em que a história tem um final gratificante, ela deixa brechas suficientes para uma sequência — algo em que definitivamente a EA Sports deve investir em FIFAs futuros.
Jogo truncado
Enquanto na parte gráfica FIFA 17 evoluiu bastante, não podemos dizer o mesmo no que diz respeito à sua jogabilidade. Não me entendam errado: a base estabelecida lá em FIFA 12 continua funcionando bem, tendo recebido uma série de ajustes que a ajudaram a funcionar cada vez melhor com o passar dos anos.
No entanto, algumas decisões feitas pela EA Sports ajudaram a tornar o jogo um pouco mais “truncado” do que gostaríamos. O maior problema nesse sentido surge do fato de que o jogo dá uma prioridade muito grande às suas animações, forçando o jogador a esperar pelo fim delas antes que um novo passo seja realizado.
Enquanto isso torna a experiência esteticamente mais atraente, a decisão traz como consequência um jogo que demora certo tempo até responder aos comandos do jogador. Incomoda muito perder jogadas importantes porque FIFA demorou alguns milésimos de segundo acima do esperado para responder a seus comandos — sensação que permanece tanto durante os momentos de ataque quanto quando você está na defesa.
A EA Sports também parece ter “errado a mão” um pouco na hora de implementar as novas mecânicas de defesa. FIFA 17 é muito mais físico que seus antecessores, permitindo que atletas usem seu corpo e os cotovelos para proteger a bola de investidas adversárias: algo que ajuda bastante nos ataques, principalmente quando lidamos com atletas como Giroud, do Arsenal.
Infelizmente, parece que a empresa deu força demais à nova mecânica e tornou muito mais difícil roubar a bola de seus adversários — especialmente aqueles controlados pelo computador. Se antes ganhar o domínio era mera questão de apertar um botão (algo que também não é muito bom), agora é fácil se frustrar pela dificuldade em retomar o controle da bola.
De resto, a EA Sports fez as mudanças que os fãs de FIFA já estão bastante acostumados a lidar. Mais uma vez, jogadores velozes como Messi e Aubameyang se tornaram armas praticamente impossíveis de parar na mão de jogadores habilidosos, o que pode decepcionar quem esperava por uma experiência mais cadenciada.
Também houve pequenos ajustes na inteligência artificial, que agora é mais eficiente em acompanhar jogadas de ataque e em cortar longos lançamentos feitos em direção à sua área de defesa. Essas diferenças vão ser notadas principalmente por quem já está acostumado com a série há alguns anos, passando despercebidas por aqueles que continuam a insistir que jogos de esporte são “todo ano a mesma coisa”.
Para completar, a EA Sports introduziu novas maneiras de bater pênaltis, faltas e escanteios com grau variado de sucesso. Enquanto as faltas parecem ganhar um maior nível de controle da bola, o mesmo não parece acontecer com outros tipos de cobrança, dando a impressão de que a sorte tem mais influência no resultado obtido do que em iterações passadas.
A experiência mais autêntica para os fãs
Dentro de campo FIFA 17 pode ter algumas arestas para aparar, mas a série continua sendo a experiência mais autêntica para quem realmente gosta de futebol. A EA Sports entrega um universo recheado de times licenciados que vão desde as conhecidas Premier League, La Liga e Liga A Tim até o campeonato alemão e times chilenos, suecos e portugueses, entre outros.
Já no que diz respeito ao Brasil, dessa vez a franquia novamente chega perdendo para Pro Evolution Soccer. O jogo até tenta se esforçar, trazendo os uniformes da maioria dos times nacionais, mas isso não ajuda muito quando vemos modelos e nomes genéricos vestindo as camisas dos times que conhecemos — para completar, pesa bastante a ausência de nomes icônicos como o Flamengo e o Corinthians.
Em compensação, temos em FIFA 17 a apresentação geral mais coesa já vista em qualquer título de futebol. Os menus são muito bem organizados, sendo que a tela inicial do jogo se adapta automaticamente às áreas que você mais costuma acessar. Para completar, o game reproduz em detalhes cada ângulo de câmera de uma transmissão televisiva e finalmente passa a mostrar técnicos andando pela beira do campo, embora isso surja de maneira limitada.
Entre erros e acertos, um bom FIFA
Outros pontos que ajudam a complementar a experiência oferecida pelo jogo está o retorno do modo Ultimate Team, que continua tão viciante quanto no passado. Agora você não somente tem um maior uso para cartas fracas — cuja combinação pode render pacotes e jogadores valiosos — como um novo sistema de campeonatos semanais (com direito a prêmios no mundo real) torna ainda mais estimulante construir uma com bom entrosamento e jogadores habilidosos.
De resto, FIFA 17 traz tudo aquilo que já se espera da franquia: partidas locais com suporte a múltiplos jogadores, níveis de dificuldade ajustáveis, temporadas online e um sistema de compras de itens que vão de uniformes clássicos até novas comemorações. Também estão inclusas as equipes de futebol femininas que estrearam em 2016, que ainda surgem exclusivamente na forma de seleções.
No entanto, nem todas as qualidades vistas no game impedem que ele passe a sensação de estar um pouco estagnado em alguns sentidos — principalmente na experiência dentro de campo. Entre os elementos que mais decepcionam está o ritmo “truncado”, marcado por animações com muita prioridade e um tempo de resposta aos comandos que está longe de ser ideal.
Isso é suficiente para fazer com que os fãs mais dedicados mudem para Pro Evolution Soccer este ano? A resposta, no momento, é um sonoro não. No entanto, é bom a EA Sports ficar de olho no que a Konami tem oferecido em tempos recentes para não chegar ao ponto em que a série adversária tome o trono da melhor experiência futebolística disponível no mundo dos video games.
- Grande número de licenças
- A Frostbite deixa o jogo ainda mais bonito
- A introdução do modo história foi bem sucedida
- Menus organizados ajudam a acessar os diferentes modos
- Reutilizadas, algumas animações antigas prejudicam a ação nos gramados
- Jogabilidade truncada
Nota do Voxel