Mais dinâmico, FIFA 15 mantém a tradição de qualidade da série [vídeo]
A cada mês de setembro, é praticamente garantido o lançamento de uma nova versão de FIFA — o que não é exatamente inesperado, visto o sucesso obtido pela franquia da EA Sports. Quem acompanha os lançamentos sabe o que aguardar a cada ano: promessas de gráficos aprimorados, listas de jogadores atualizadas e retoques de jogabilidade que prometem trazer “a melhor experiência de futebol virtual de todos os tempos”.
FIFA 15 segue essa tradição, apresentando a primeira evolução da Engine Ignite — que estreou em 2013 junto ao PlayStation 4 e ao Xbox One. Agora também presente no PC, o motor gráfico do jogo sofreu uma série de mudanças de forma a criar uma experiência que não somente é mais bonita, como também oferece um sistema de jogabilidade mais ágil do que o visto em um passado recente.
Apesar de sua qualidade inegável e das melhorias visíveis, o game não é exatamente revolucionário e já mostra alguns sinais de estagnação. Tivemos a oportunidade de passar um tempo considerável com o título e, nesta análise, apresentamos as principais qualidades (e problemas) do que a EA Sports preparou para os jogadores em 2014.
Experiência mais dinâmica
Comparado a FIFA 14, o novo capítulo da série oferece um ritmo de jogo muito mais rápido e que deixa um pouco de lado táticas mais complexas. Ainda longe de simular perfeitamente o ritmo de uma partida real, o game é bastante focado em contra-ataques rápidos — muitas vezes se assemelhando mais ao basquete do que ao futebol nesse sentido.
FIFA 15 prioriza a troca de passes rápidos entre os jogadores e dá claras vantagens aquém atua no ataque. Muito disso se deve ao sistema de controle da bola, que foi aprimorado e agora permite realizar dribles complexos de maneira ainda mais simples.
Embora essa mudança torne mais fácil realizar ataques, o que resulta em partidas que dificilmente terminam sem qualquer gol, ela fez com que sua defesa tenha que trabalhar de forma mais árdua. Os carrinhos, por exemplo, perderam muito de sua efetividade e agora são facilmente telegrafados por jogadores atentos aos movimentos de seus adversários.
Grande parte da mudança do ritmo de jogo se deve à presença de uma inteligência artificial aprimorada, que agora parece ler melhor as intenções do jogador. Destaque especial deve ser dado aos goleiros, que, apesar de ainda se comportarem de maneira estranha em alguns momentos, agora agem mais naturalmente e melhoraram em muito seu posicionamento dentro de campo.
Infelizmente, a EA Sports parece ter adicionado certa dose de aleatoriedade à maneira como os chutes dos jogadores se comportam como forma de compensar a facilidade de chegar ao ataque. Não raras vezes você vai fazer uma jogada bastante bonita simplesmente para ela resultar em uma bola na trave ou em um cruzamento sem nenhuma direção definida — mesmo que o atleta controlado dificilmente erre uma ação do tipo na vida real.
Foco no jogo
Fora dos gramados virtuais, FIFA 15 também recebeu algumas melhorias que tornam a experiência oferecida bastante prazerosa. O jogo apresenta um menu reformulado que se prova mais organizado e fácil de navegar do que no passado — o que deixa bastante rápidos processos como alterar opções ou ir direto ao modo de jogo de sua preferência.
Essas melhorias também se aplicam a áreas específicas, como o Ultimate Team. Um dos principais modos oferecidos pelo jogo agora permite realizar o empréstimo de jogadores, o que possibilita melhorar temporariamente partes fracas de seu time sem necessariamente ter que gastar muito dinheiro nessa empreitada.
Já aqueles que se dedicam mais aos modos competitivos online, a EA Sports decidiu descomplicar o processo de buscas de adversários. Assim que você termina uma partida — seja um amistoso ou parte de uma temporada —, é possível começar a pesquisar por novos oponentes usando o time selecionado anteriormente, o que evita ter que perder tempo navegando pelos menus vistos anteriormente.
O FIFA mais bonito da história
Com FIFA 15, novamente a EA Sports dá um passo importante na simulação de uma transmissão verdadeira do esporte bretão. Muito disso se deve ao uso de modelos que retratam de forma bastante fiel atletas reais (com algumas exceções), que podem ser identificados facilmente por quem acompanha as diferentes ligas presentes no jogo — o que, infelizmente, exclui os times do Campeonato Brasileiro.
A maior quantidade de mudanças foi reservada a pequenos detalhes que, sem uma observação cuidadosa, podem passar em branco pelo olhar do jogador. Além de os uniformes não ficarem mais tão presos ao corpo dos jogadores, eles se sujam de terra e suor conforme as partidas progridem. Da mesma forma, o campo de jogo também sofre modificações e exibe a marca de carrinhos e passes dos jogadores.
Apesar de surpreendente no geral, o trabalho realizado pela empresa ainda deixa a desejar em alguns momentos. Mesmo aprimoradas, as animações dos jogadores podem parecer estranhas em alguns contextos — especialmente no que diz respeito a suas expressões faciais — e as texturas que emulam o tecido das camisetas se comportam de maneira simplesmente bizarra quando observadas de perto.
Outro problema do jogo é sua mania de tentar reproduzir todos os detalhes de transmissões esportivas. Embora seja legal ver o replay de um ou outro lance interessante, isso logo se torna cansativo, especialmente quando uma cena de corte toca quase toda vez que a bola sai de campo — naturalmente acompanhada pelo trecho de narração que você já escutou 10 vezes nos últimos minutos.
E vale a pena investir no jogo?
Devo ser sincero: apesar de visivelmente melhor do que FIFA 14 (especialmente no PC, que ano passado ficou relegado a uma versão “Legacy”), FIFA 15 não é exatamente inovador ou revolucionário. Ou seja, quem já conhece a série vai ter em mãos um jogo bastante familiar, cuja maior diferença em relação ao passado se deve pela opção de um esquema de jogabilidade mais dinâmico — que dá indícios de que FIFA 16 deve apostar novamente em um esquema mais tático e desacelerado (alternância que já se tornou uma tradição).
A EA Sports novamente acertou a mão ao criar uma experiência de jogo prazerosa, mesmo que ela se assemelhe mais ao ideal que a empresa tem do futebol do que à maneira como uma partida real se comporta — o que, convenhamos, teria grandes chances de ser bastante chato.
Caso você seja um aficionado pela série, nem sequer é preciso ler esta análise para decidir investir na compra do game (algo que provavelmente você já fez). No entanto, quem joga de forma casual e tem FIFA 14 nos consoles da nova geração deve pensar um pouco antes de investir na atualização — mesmo diferente em vários sentidos, FIFA 15 ainda é semelhante demais ao jogo de 2013 para quem não se dedica realmente à franquia.
Em resumo, FIFA 15 mantém o bom rumo das versões anteriores, embora a aposta em melhorias pontuais mostre que a série pode estar próxima da estagnação em jogabilidade (que nem por isso é ruim). Resta esperar pela resposta da Konami com sua versão totalmente reformulada da franquia Pro Evolution Soccer para descobrir quem vai ser o verdadeiro rei do futebol virtual em 2014.
- Modelos de jogadores mais detalhados e fieis à realidade
- A adição de pequenos detalhes gráficos torna a experiência ainda mais envolvente
- Jogabilidade mais rápida e dinâmica
- Apesar de aprimoradas, animações ainda parecem estranhas em alguns momentos
- Excesso de replays pode irritar
- Narração bastante repetitiva e limitada
Nota do Voxel