Rápido, cruel e impiedoso! Pronto pra quem gosta de sofrer!
Você viu os trailers, viu os vídeos de gameplay e pode ter pensado duas coisas:
1 – Caramba, esse é o novo F-Zero?
Ou, se for um pouco mais novo…
2 – Que diabos de jogo é esse F-Zero que todo mundo tá falando?
Fast Racing Neo é como se a série X da franquia F-Zero, que começou em 1998 com F-Zero X para o Nintendo 64, cruzasse com os jogos da franquia Wipeout. Coloque um pouco de Ikaruga nessa festa e a dificuldade exigida para treinar um time da SWAT visando enfrentar ninjas e já dá para se ter uma ideia onde você pode estar se metendo.
A história começa
Criado pela alemã Shin’en Multimedia, Fast Racing Neo levou 3 anos para ser desenvolvido e é um game distribuído apenas digitalmente, custando 15 dólares. Ele é exclusivo para o Wii U e deve continuar assim se levarmos em consideração o histórico da Shin’en.
O futuro é rápido!
No pacote, você vai encontrar 16 pistas e 10 naves que podem ser jogadas em 3 níveis de dificuldade divididos em copas, além de um modo especial feito só para pessoas que realmente quiserem levar o jogo a sério. Estou falando do Hero Mode, que combina as velocidades mais absurdas com um elemento novo de dificuldade: a barra de boost não funciona apenas como turbo, mas também como um escudo de proteção. É preciso ter boost para colidir com outros elementos da pista, caso contrário, sua destruição é certa.
Dá pra chamar os amigos pra jogar, mas espere pela choradeira
Além disso, multiplayer local split screen para até 4 jogadores e online com 8 correndo simultaneamente também faz parte da brincadeira.
Infelizmente, e isso já era esperado por aqui, a qualidade gráfica cai bastante ao jogar em multiplayer. Com dois jogadores a tela é dividida ao meio, no sentido vertical. Nesse momento já é possível observar perda gráfica e queda da taxa de quadros. Adicionar mais jogadores divide a tela em até 4 partes e, obviamente, quanto maior o número de players simultâneos, mais o desempenho sofre.
Já no modo online, as coisas funcionam muito bem. Você escolhe seu veículo e é encaminhado para uma tela muitíssimo parecida com a de Mario Kart 8. É possível escolher qual pista você deseja correr em uma lista de 3. Cada jogador conectado faz isso e, ao final, o game começa um sorteio entre todas as pistas escolhidas. Entrar e sair do modo é bem rápido e a qualidade do netcode para gerenciar conexões ruins também é muito boa. Os únicos momentos em que foi possível perceber um lag mais direto foi quando eu e outros jogadores começamos a colidir em alta velocidade uns com os outros, aí em muitos momentos eles apareciam do nada mas, ainda assim, isso foi raro.
Acho que já vi isso antes
A influência da série X de F-Zero é clara, já que eles contrataram até o mesmo narrador que trabalhou em GX. Jogadores do título da Nintendo, desenvolvido pela SEGA, também vão perceber uma inspiração nas pistas. O game é extremamente rápido e, à medida que a dificuldade sobe, a velocidade atinge o limite que separa os humanos dos deuses, pois a sua reação vai ter que ser divina.
O clássico, desenvolvido em parceria com a SEGA, contrariou as expectativas ao conquistar os fãs justamente por ser excruciante.
Mecanicamente a direção é feita de 3 maneiras: só com o analógico, você controla a direção; com o L e R, pode puxar a nave levemente para cada um dos lados; combinar a direção com o botão faz você se movimentar ainda mais radicalmente na direção que escolher.
Os veículos contam apenas com os atributos de Velocidade Máxima e Aceleração, mas, logo abaixo, podemos conferir também o peso de cada um deles, e esse valor influencia muito a jogabilidade. Quanto mais rápido for o carro, mais ágeis são as curvas feitas com o L e R, o que pode ser de extrema ajuda para coletar itens e desviar de colisões certeiras.
Falando em colisões, a curva de aprendizado desse jogo chega a ser cruel. A maioria dos jogadores já vai enfrentar problemas no nível mais fácil e, já a partir do médio, sair da pista ou rodar torna a vitória em primeiro lugar quase impossível. Duas explosões, então, é praticamente garantia de deixá-lo, no máximo, em quinto lugar.
Fast Racing Neo não quer que você brinque, ele quer tirar o seu coro, e ter sucesso exige conseguir se manter na velocidade máxima o tempo todo. Para isso, duas mecânicas são extremamente importantes e criam um desenho quase que obrigatório por onde você deve seguir pilotando.
Mecânicas simples para um jogo extremo
Primeiro, as bolinhas de turbo. Em diferentes pontos do trajeto, linhas dessas bolinhas determinam que é ali que você quer estar para continuar enchendo sua barra e cravar o dedo no boost da velocidade máxima.
A segunda mecânica, ainda mais importante, está no sistema de fases. Com o aperto de um botão, você altera a cor dos boosters da sua nave entre Laranja e Azul, e ao longo da corrida existem espaços com essas cores mudando rapidamente. Assim como no clássico shmup da Treasure, Ikaruga, o jogador precisa ficar ligeiro para trocar a cor do carro. Combinar cores significa um aumento insano de velocidade, mas vacilar e entrar com a cor errada acaba com seu desempenho em segundos.
Laranja ou Azul? Se pensou pra responder, já perdeu velocidade ;(
Ou seja, jogar perfeitamente significa decorar exatamente onde cada trecho colorido está e já conseguir combar isso indo direto para o trecho do turbo.
Mas não vá pensando que vai ser fácil: as 16 fases oferecem ameaças que vão evoluindo pouco a pouco. Em Avalanche Valley é preciso desviar das pedras ou então ativar o turbo para passar destruindo tudo. Achou pouco? Em Daitoshi Station, as pedras são asteroides enquanto você voa de uma plataforma a outra, e, no deserto de Sunahara, os guard rails são removidos. Boa sorte para não sair completamente da pista.
Lembrança de outros tempos
Fast Racing Neo é o mais puro arcade na veia. Não há explicação nenhuma da história, os menus são simples, a mecânica é direta e do jogador só é exigido que ele o masterize. Felizmente, isso é perfeitamente implementado, pois os loadings são rápidos e você encontra poucos segundos de espera entre a tela inicial e o começo da ação.
No gameplay, a parte de maior destaque está nas perseguições: quando você começa jogar no mesmo nível dos oponentes, disputar posições lado a lado é sensacional.
Quanto aos gráficos, eles chamaram a atenção desde o primeiro trailer, mas, ao ver o jogo final, rola um pouco de decepção. Não que o universo criado pela Shin’en decepcione com seu futurismo, mas é possível ver serrilhados com frequência. Como ponto positivo, a velocidade exigida por um game como esse é atendida pelos 60 frames cravados o tempo todo no single player, mas que infelizmente caem consideravelmente ao dividir a tela com mais amigos.
Quanto mais gente entra na brincadeira, mais Fast Racing Neo sofre para manter a taxa de quadros e a qualidade gráfica.
Enquanto fazia a análise, pelo menos umas dez pessoas que vieram dar uma espiada no jogo fizeram o mesmo comentário: a resolução parece baixa. E é realmente essa a impressão que temos graças aos serrilhados. Como quem procura games como esse normalmente está mais focado em gameplay, acaba por relevar essa questão, já que o visual não é ruim. Mas é inegável que, em um hardware mais poderoso, melhorias poderiam ter sido feitas na modelagem 3D. È mais ou menos por isso que temos que parabenizar a Shin’en. Em diversas entrevistas eles comentaram sobre o desenvolvimento de FRN e como nas primeiras versões, com gráficos melhores, o título chegava a ser injogável devido à queda de framerates nas velocidades mais altas. Eles mesmos acreditam que esse resultado final é o máximo de otimização possível com o Wii U após 3 anos de trabalho com a plataforma.
Já a trilha sonora com certeza agrada, mas não chega a ser memorável. A função do gamepad de facilmente oferecer a entrada de fones no controle é recomendada, já que isolar-se nesse mundo com drum’n’bass e trance com certeza enriquece a experiência. Ainda assim, não dá pra imaginar ninguém querendo comprar um disco da OST de Fast Racing Neo. Funciona, mas não conquista.
Um tributo a um gênero esquecido
Jogos de corrida com velocidades supersônicas são raros, assim como projetos que transpiram paixão. Felizmente, Fast Racing Neo chegou para preencher esses dois vazios, mas é bom estar avisado de que há uma montanha de dificuldade a ser escalada caso você queira realmente aproveitar a vista. Cada salto de dificuldade é também um avanço absurdo na velocidade a ponto até de bater aquela tristeza. Quando você acreditar ter realmente ficado bom, tem que avançar para a próxima copa para amargar décimos lugares até ficar ainda melhor no conhecimento de cada pista. Mas fale aí: era justamente esse nível de desafio que os fãs desse tipo de jogo queriam, não é mesmo?
Aliás, já que falamos de paixão, não podemos esquecer: esse é um jogo de 15 dólares desenvolvido por uma equipe pequena, bem pequena. Na prática, os principais elementos de Fast Racing Neo, incluindo design, programação e até som, foram feitos por duas pessoas.
É impossível não recomendar Fast Racing Neo para os viciados em dominar mecânicas exigentes. Apesar de não ser o F-Zero que muitos ainda sonham, ele consegue matar um pouco da saudade.
Categorias
- Velocidade extrema aliada a gameplay sólido.
- Aposta em gênero esquecido mas ainda amado.
- Dificuldade alta mas recompensadora.
- Online de qualidade.
- Multiplayer local com split-screen.
- Execução perfeita no que se propõe.
- Agilidade nos menus complementa a experiência arcade.
- Curva de aprendizado não balanceada.
- Trilha sonora um pouco genérica.
- Muitos serrilhados nos gráficos e resolução que engana.
- Falta de personalidade por não apresentar personagens.
Nota do Voxel