Uma nova viagem no tempo e pela evolução do mundo dos jogos
Viajar no tempo é algo comum no mundo dos jogos. Talvez o mais lembrado por muitos quando falamos nesse tema seja Chrono Trigger, mas há outros por aí que também trabalham com essa ideia – e, entre estes, está Evoland.
Diferente do que muitos imaginam, o propósito no jogo supracitado não está em levá-lo para a Pré-História, Idade Média ou mesmo para o futuro. Na verdade, Evoland se propõe a pegá-lo pela mão para fazer um passeio pela história do games, começando em aventuras com estilo 8 bits e evoluindo até algo que poderíamos ver em gerações de console mais próximas da atual.
Entretanto, era de se esperar que um game só não fosse capaz de abraçar todas as ideias que a Shiro Games teve para o primeiro jogo, o que explica o lançamento de Evoland 2: A Slight Case of Spacetime Continuum Disorder.
Admirável mundo novo
A primeira coisa que muitos vão notar é que, diferente do game original, Evoland 2: A Slight Case of Spacetime Continuum Disorder possui um enredo mais sólido. Dessa vez, somos convidados a seguir a história de Kuro, que acorda em uma floresta e é resgatado por um habitante local. Após praticamente hibernar, ele acorda ao lado de Fina, que virá a se tornar a sua primeira aliada.
Em busca de respostas, ele decide seguir para a floresta próxima à cidade e, após algumas batalhas, encontra um trio de demônios que aparentemente são os últimos sobreviventes de uma guerra que aconteceu alguns anos antes. Após iniciarem um ritual, eles invocam uma criatura que, ao ser derrotada, permite acesso ao pilar que está no local – e é ao ser ativado que ele manda a dupla em uma viagem no tempo.
A partir de então, somos convidados a passar pelo passado e pelo futuro enquanto guiamos o protagonista e seus parceiros numa viagem que envolve evoluções gráficas, revelações, batalhas e tudo mais que se pode esperar de um bom RPG.
Adicionando ingredientes à mistura
Aqueles que tiveram a oportunidade de conferir o primeiro Evoland devem se lembrar que as evoluções vistas no jogo envolviam games de RPG, fossem eles de ação, combate por turno ou até mesmo algo nos moldes de Diablo. Entretanto, para dar uma ideia de que essa viagem pode ser ainda mais longa, novos estilos foram adicionados nessa continuação.
Em seu cerne, Evoland 2 é apresentado como um game de RPG de ação, mas ao longo da jornada você vai se pegar passando por estágios estilo plataforma (com claras referências aos títulos protagonizados por Mario, como cogumelos espalhados pela fase e blocos que dão moedas), combinando peças coloridas e até mesmo participando de lutas que remetem a títulos como Street Fighter.
A melhor parte de tudo isso é que tais elementos ampliam o fator diversão e adicionam variedade ao título. Caso precise de mais um exemplo, num determinado momento do jogo o grupo precisa juntar dinheiro para escapar de uma cidade, e a única forma de fazer isso é arranjando alguns bicos. Um deles fará com que Fina seja uma garçonete no WokDonalds, onde rola um mini game estilo Diner Dash (anote os pedidos e sirva as pessoas certas).
Humor e brincadeiras
Se a essa altura do campeonato o nome WokDonalds (uma alusão à rede de fast-food presente em vários países) causou alguma estranheza, não se espante: Evoland 2 esconde diversas referências em seus diálogos, dando mais uma prova de como o jogo evoluiu se comparado ao seu antecessor.
Dificilmente você passará por uma vila sem ter algo digno de nota no que diz respeito a diálogos, e em determinados lugares isso pode acontecer mais de uma vez. Na segunda cidade, será difícil controlar a risada ao ver que terá que enfrentar os Esquilos Ninjas (homenagem ao quarteto de Tartarugas Ninjas, com direito a faixas coloridas no rosto) ou ao ouvir um morador falar de um certo rapaz de roupas verdes que atacou suas galinhas e as usou para voar por aí (Link, é você?).
Esse tom de humor ajuda a quebrar um pouco a seriedade do game, além de deixar o pacote de Evoland 2 ainda mais especial para aqueles que curtem um roteiro bem escrito e capaz de manter a sua atenção no que está acontecendo na tela, seja por conta de uma piada, de uma referência ou do enredo propriamente dito.
Distorcendo o que é bom
Para nossa sorte, Evoland 2 possui diversos pontos positivos, mas está longe de ser um game perfeito. Um detalhe que pode deixar algumas pessoas um pouco frustradas é o fato de que é preciso estar exatamente de frente para um personagem quando quer interagir com ele, o que pode resultar em vários toques rápidos nos botões de movimento unicamente para ajustar o posicionamento do protagonista.
Outro ponto que vale ser mencionado é que, apesar de apresentar diversos estilos diferentes, alguns deles parecem ter sido colocados no ponto escolhido pelo time de desenvolvimento simplesmente para preencher uma lacuna, uma vez que não há uma explicação lógica para aquilo acontecer.
Vale a pena?
No fim das contas, Evoland 2: A Slight Case of Spacetime Continuum Disorder faz uma excelente homenagem a tudo que já vimos até aqui no mundo dos games, o que certamente vai agradar não apenas os fãs do primeiro game, mas também aqueles que curtem jogos de uma maneira geral.
A presença de uma história ajuda a guiar o jogador por todas as andanças pelo mundo do jogo, algo que faz desta continuação bem mais longa se comparada ao título original. Além disso, há diversas referências para procurar, o que por si só já serve para aumentar o tempo que você vai passar na frente do computador.
Some a isso a presença de diversas piadas no enredo e você terá um jogo que, ainda que conte com algumas falhas pequenas, certamente apresenta elementos para diverti-lo e justificar o preço que é cobrado, além de ser uma ótima adição para a sua biblioteca de jogos.
- O jogo evoluiu bastante se comparado ao anterior
- Várias piadas e referências escondidas nos diálogos
- Possibilidade de se divertir em mais de um gênero durante a jornada
- Diversão garantida
- É preciso parar exatamente na frente de um personagem para falar com ele
- Alguns gêneros parecem colocados na mistura apenas para preencher lacuna
Nota do Voxel