Matt Hazard não salva um game estranhamente ruim para PlayStation 3 e Xbox 360.
"It's Hazard time!" é a frase do jogo. Apresentando uma ideia extremamente distinta e várias cenas que parodiam outros videogames, Eat Lead: The Return of Matt Hazard foi exibido inicialmente aos jogadores e críticos como um título único, capaz de envolver os gamers em horas e horas de muita diversão e entretenimento de qualidade.
Bem, a realidade chegou. O Baixaki Jogos, com os testes realizados com o game, mostra que uma proposta de roteiro originalmente boa não é o suficiente para o desenvolvimento de um jogo respeitável. A Vicious Cycle simplesmente errou o alvo e não conseguiu criar um game envolvente, muito menos cativante.
Sólido? Não. Divertido? Também não
Mas, com certeza, simples. O jogo distribuído pela equipe da D3 Publisher coloca o jogador imediatamente a par da ideia interessante inicialmente divulgada com tanto afinco: o fato de o gamer controlar um protagonista cujo trabalho é nada mais nada menos que ser o herói de muitos videogames de peso, como A Fistful of Hazard (1987), Conflict of the Deities (1990) e o clássico You Only Live 1.317 Times (1995).
Enfim, Matt Hazard teve problemas com a empresa na qual trabalhava, e se retirou temporariamente de suas funções como herói de jogos virtuais. Porém, com a chegada de um novo chefe executivo na empresa de Hazard, o personagem teve a oportunidade de ser novamente a estrela em um videogame de ação. Mas é claro que nada ocorreu como o esperado.
É aí que o jogador entra em cena... Infelizmente. Logo de início, pode-se perceber que a jogabilidade de The Return of Matt Hazard contrasta fortemente com a proposta original da história. Há poucos comandos, o que torna a jogabilidade simples, mas nem um pouco eficiente. Nem mesmo o sistema de cobertura (um dos poucos aspectos sólidos do game) escapa de falhas irritantes.
O forte humor que o jogo apresenta é exibido amplamente logo no começo. Matt Hazard desponta como uma figura irônica, engraçada e cheia de si. O personagem debocha de vários chefes, trazendo um tom de descontração aos tiroteios e explosões que tomam conta das telas. Isso, para o desprazer dos jogadores, não salva o game de ser uma produção — como um todo — muito fraca.
Outro discípulo de Gears of War
A jogabilidade de Eat Lead, por ser embasada fundamentalmente no sistema de cobertura do protagonista principal, é bastante parecida com os comandos de Gears of War, a famosa franquia de ação da Epic Games. No entanto, há certas diferenças (algumas boas, outras muito ruins) entre os dois títulos que não podem ser deixadas de lado.
Primeiramente, os cenários The Return of Matt Hazard são baseados em ambientes puramente virtuais, sendo que tudo, inclusive os inimigos, podem ser transformados em pedaços de códigos de programação, se destruídos. Os objetos dos ambientes, como caixas e paredes, são destruídos apenas para dificultar a cobertura dos oponentes, mas os próprios inimigos, se exterminados, são transformados em algoritmos que partem diretamente para Matt, alimentando-o de "energia virtual".
Outra "pequena" diferença entre a jogabilidade dos dois títulos é que, em Gears of War, os comandos são curiosamente instintivos e precisos, levando os gamers a perderem horas e horas no controle de Marcus Fenix. Em Eat Lead, não é bem assim.
O esquema de controles do game criado pela Vicious Cycle é um transtorno só. Para começar, Matt Hazard não é capaz de pular simples obstáculos, sendo que o jogador, nessas ocasiões, deve primeiro adquirir cobertura no objeto a ser transposto para então pressionar um outro botão e saltar o obstáculo. Confuso? Não tanto. Mas intensamente entediante.
Tendo em vista esses e alguns outros quesitos, fica realmente complicado de equiparar Eat Lead a Gears of War. A sanguinolência do título da Epic Games não tem nada a ver com a destruição causada por Matt Hazard, que aparece constantemente em cenários bizarros e facilmente mutáveis, levando em consideração que há alguém "hackeando" o game no qual Hazard se encontra.
Uma fórmula que fica rapidamente repetitiva
Corra, atire, exploda alguns objetos, extermine muitos inimigos, apanhe certas armas bizarras (como uma pistola d'água) e participe de pequenos minigames envolvendo aperto de botões na hora correta. Um conjunto atraente? Definitivamente não, já que, após vários minutos de ação, o gamer é capaz de constatar que a linearidade da jogabilidade pode se tornar simplesmente irritante.
Certos aspectos realçam espetacularmente essas fraquezas. A inteligência artificial, por exemplo, é decepcionante, mas pode dificultar bastante se o jogador não compreender os objetivos com clareza. Vale ressaltar que Matt Hazard pode causar alguns risos irônicos quando ele mesmo contesta certas fraquezas do jogo. A questão é: se os próprios desenvolvedores encontraram essas fraquezas, porque não melhoraram a jogabilidade?
Certamente que nem tudo é ruim. Muitos inimigos são simplesmente hilários — como Master Chef e sua tropa de soldados espaciais — e certos chefes também. Mas os combates são realizados sempre do mesmo jeito, com poucas inovações nas armas e bônus que o personagem adquire (como poderes especiais).
É possível afirmar que, se houvesse um polimento intenso nos recursos técnicos de Eat Lead, um grande jogo seria lembrado pelos jogadores. Pois Matt Hazard e os outros protagonistas do game (ou melhor, dos games dentro do game) tentam salvar o produto da D3 Publisher com diálogos muitas vezes divertidos, bem-humorados e descontraídos.
Deplorável em vários sentidos
Será que "deplorável" é uma palavra forte demais para um game como Eat Lead? Realmente não, se compararmos o jogo a outros títulos desenvolvidos para PlayStation 3 e Xbox 360. The Return of Matt Hazard seria muito mais aceitável — tecnicamente afirmando — se fosse criado, por exemplo, para o PlayStation 2.
Comecemos pelos gráficos. Sim, Eat Lead tenta parodiar vários games com visuais toscos e impactantes, mas em um baixíssimo patamar de qualidade. O incrível é que, mesmo sabendo que tanto o PS3 quanto o Xbox 360 são capazes de fazer muito melhor que isso, há momentos em que a taxa de quadros por segundo (em inglês, FPS) cai drasticamente, tornando o game lento por alguns segundos.
Se avaliarmos que já o menu inicial apresenta serrilhados brutalmente feios, não há como esperar grandes feitios dos desenvolvedores do game. As texturas, os deploráveis "pop-ins" de sombras, os terríveis efeitos de iluminação e a falta de um polimento geral contribuem para a pobreza gráfica do jogo. Sem contar que a física dos objetos não convence direito.
Quanto à ambientação sonora, há alguns destaques. A trilha musical é original e envolve os jogadores em diversos momentos com acordes dinâmicos e cativantes que se encaixam perfeitamente ao contexto frenético da ação. No entanto, há momentos em que a trilha sonora simplesmente desaparece, deixando um vazio incompreensível na ambientação dessas cenas.
Com a falta de um modo multiplayer, de um modo cooperativo, de quaisquer recursos online (a não ser os Troféus, no PS3, e as Conquistas, no Xbox 360) e de outros tipos de bônus, Eat Lead: The Return of Matt Hazard é um game cômico, mas terrivelmente mal produzido. As 8 a 10 horas empregadas no único modo de jogo não são o suficiente para o entretenimento dos jogadores fanáticos por ação.
Bem, a realidade chegou. O Baixaki Jogos, com os testes realizados com o game, mostra que uma proposta de roteiro originalmente boa não é o suficiente para o desenvolvimento de um jogo respeitável. A Vicious Cycle simplesmente errou o alvo e não conseguiu criar um game envolvente, muito menos cativante.
Sólido? Não. Divertido? Também não
Mas, com certeza, simples. O jogo distribuído pela equipe da D3 Publisher coloca o jogador imediatamente a par da ideia interessante inicialmente divulgada com tanto afinco: o fato de o gamer controlar um protagonista cujo trabalho é nada mais nada menos que ser o herói de muitos videogames de peso, como A Fistful of Hazard (1987), Conflict of the Deities (1990) e o clássico You Only Live 1.317 Times (1995).
Enfim, Matt Hazard teve problemas com a empresa na qual trabalhava, e se retirou temporariamente de suas funções como herói de jogos virtuais. Porém, com a chegada de um novo chefe executivo na empresa de Hazard, o personagem teve a oportunidade de ser novamente a estrela em um videogame de ação. Mas é claro que nada ocorreu como o esperado.
É aí que o jogador entra em cena... Infelizmente. Logo de início, pode-se perceber que a jogabilidade de The Return of Matt Hazard contrasta fortemente com a proposta original da história. Há poucos comandos, o que torna a jogabilidade simples, mas nem um pouco eficiente. Nem mesmo o sistema de cobertura (um dos poucos aspectos sólidos do game) escapa de falhas irritantes.
O forte humor que o jogo apresenta é exibido amplamente logo no começo. Matt Hazard desponta como uma figura irônica, engraçada e cheia de si. O personagem debocha de vários chefes, trazendo um tom de descontração aos tiroteios e explosões que tomam conta das telas. Isso, para o desprazer dos jogadores, não salva o game de ser uma produção — como um todo — muito fraca.
Outro discípulo de Gears of War
A jogabilidade de Eat Lead, por ser embasada fundamentalmente no sistema de cobertura do protagonista principal, é bastante parecida com os comandos de Gears of War, a famosa franquia de ação da Epic Games. No entanto, há certas diferenças (algumas boas, outras muito ruins) entre os dois títulos que não podem ser deixadas de lado.
Primeiramente, os cenários The Return of Matt Hazard são baseados em ambientes puramente virtuais, sendo que tudo, inclusive os inimigos, podem ser transformados em pedaços de códigos de programação, se destruídos. Os objetos dos ambientes, como caixas e paredes, são destruídos apenas para dificultar a cobertura dos oponentes, mas os próprios inimigos, se exterminados, são transformados em algoritmos que partem diretamente para Matt, alimentando-o de "energia virtual".
Outra "pequena" diferença entre a jogabilidade dos dois títulos é que, em Gears of War, os comandos são curiosamente instintivos e precisos, levando os gamers a perderem horas e horas no controle de Marcus Fenix. Em Eat Lead, não é bem assim.
O esquema de controles do game criado pela Vicious Cycle é um transtorno só. Para começar, Matt Hazard não é capaz de pular simples obstáculos, sendo que o jogador, nessas ocasiões, deve primeiro adquirir cobertura no objeto a ser transposto para então pressionar um outro botão e saltar o obstáculo. Confuso? Não tanto. Mas intensamente entediante.
Tendo em vista esses e alguns outros quesitos, fica realmente complicado de equiparar Eat Lead a Gears of War. A sanguinolência do título da Epic Games não tem nada a ver com a destruição causada por Matt Hazard, que aparece constantemente em cenários bizarros e facilmente mutáveis, levando em consideração que há alguém "hackeando" o game no qual Hazard se encontra.
Uma fórmula que fica rapidamente repetitiva
Corra, atire, exploda alguns objetos, extermine muitos inimigos, apanhe certas armas bizarras (como uma pistola d'água) e participe de pequenos minigames envolvendo aperto de botões na hora correta. Um conjunto atraente? Definitivamente não, já que, após vários minutos de ação, o gamer é capaz de constatar que a linearidade da jogabilidade pode se tornar simplesmente irritante.
Certos aspectos realçam espetacularmente essas fraquezas. A inteligência artificial, por exemplo, é decepcionante, mas pode dificultar bastante se o jogador não compreender os objetivos com clareza. Vale ressaltar que Matt Hazard pode causar alguns risos irônicos quando ele mesmo contesta certas fraquezas do jogo. A questão é: se os próprios desenvolvedores encontraram essas fraquezas, porque não melhoraram a jogabilidade?
Certamente que nem tudo é ruim. Muitos inimigos são simplesmente hilários — como Master Chef e sua tropa de soldados espaciais — e certos chefes também. Mas os combates são realizados sempre do mesmo jeito, com poucas inovações nas armas e bônus que o personagem adquire (como poderes especiais).
É possível afirmar que, se houvesse um polimento intenso nos recursos técnicos de Eat Lead, um grande jogo seria lembrado pelos jogadores. Pois Matt Hazard e os outros protagonistas do game (ou melhor, dos games dentro do game) tentam salvar o produto da D3 Publisher com diálogos muitas vezes divertidos, bem-humorados e descontraídos.
Deplorável em vários sentidos
Será que "deplorável" é uma palavra forte demais para um game como Eat Lead? Realmente não, se compararmos o jogo a outros títulos desenvolvidos para PlayStation 3 e Xbox 360. The Return of Matt Hazard seria muito mais aceitável — tecnicamente afirmando — se fosse criado, por exemplo, para o PlayStation 2.
Comecemos pelos gráficos. Sim, Eat Lead tenta parodiar vários games com visuais toscos e impactantes, mas em um baixíssimo patamar de qualidade. O incrível é que, mesmo sabendo que tanto o PS3 quanto o Xbox 360 são capazes de fazer muito melhor que isso, há momentos em que a taxa de quadros por segundo (em inglês, FPS) cai drasticamente, tornando o game lento por alguns segundos.
Se avaliarmos que já o menu inicial apresenta serrilhados brutalmente feios, não há como esperar grandes feitios dos desenvolvedores do game. As texturas, os deploráveis "pop-ins" de sombras, os terríveis efeitos de iluminação e a falta de um polimento geral contribuem para a pobreza gráfica do jogo. Sem contar que a física dos objetos não convence direito.
Quanto à ambientação sonora, há alguns destaques. A trilha musical é original e envolve os jogadores em diversos momentos com acordes dinâmicos e cativantes que se encaixam perfeitamente ao contexto frenético da ação. No entanto, há momentos em que a trilha sonora simplesmente desaparece, deixando um vazio incompreensível na ambientação dessas cenas.
Com a falta de um modo multiplayer, de um modo cooperativo, de quaisquer recursos online (a não ser os Troféus, no PS3, e as Conquistas, no Xbox 360) e de outros tipos de bônus, Eat Lead: The Return of Matt Hazard é um game cômico, mas terrivelmente mal produzido. As 8 a 10 horas empregadas no único modo de jogo não são o suficiente para o entretenimento dos jogadores fanáticos por ação.
Categorias
Nota do Voxel