Bons efeitos de luz e uma campanha grande e repetitiva marcam a continuação da série Dungeon Siege
Para aqueles que jogaram a primeira versão, certamente Dungeon Siege 2 é visto com bons olhos, pois adiciona um sistema totalmente novo de habilidades, gráficos melhorados, as músicas remasterizadas da primeira versão, novas missões ainda mais interativas. Com certeza, um belo trabalho da Gas Powered Games e da Microsoft.
Finalmente o nome da série condiz com o jogo
Como o nome sugere, e ficaria estranho se não fosse assim, Dungeon Siege 2 é uma constante batalha através de cavernas e lugares similares. Por um lado, isso é muito bom, pois torna o jogo longo e oferece muitas variações de ambiente e lugares, contudo, conforme o tempo passa, isso se torna cansativo e repetitivo pelo fato do ambiente em si não ser alterado em nada. Por exemplo, se alguém concluir o primeiro ato, não verá nada de novo fora alguns monstros e mapas, pois o ambiente não muda em nada. No entanto, isto não é necessariamente ruim, pois o objetivo do jogo é se passar em enormes dungeons.
Um monstro demoníaco para derrotar e um mundo inteiro a salvar!
Provavelmente esse enredo já é bem batido para a maioria, certo? Aqui a coisa também não muda. A história toda é situada 100 anos depois do Legends of Aranna e se passa continente de Aranna. Segundo a lenda, durante a Grande Catástrofe, a espada Zaramoth partiu em pedaços o sagrado escudo de Azunai, causando grandes mudanças no mundo todo. Valdis, então, guiado por suas visões, sai a procura dessa espada e com a ajuda dos magos negros consegue achá-la, tornando-se o homem mais poderoso de Aranna. Parece que o escudo pode ser refeito, e, se for perfeitamente reconstruído, pode-se obter a defesa absoluta com ele. Obviamente, o objetivo é tentar alcançar Valdis, obter o escudo e impedir que tudo piore e se sujeite às ordens do grande vilão.
A grande campanha frustrante
A campanha realmente ficou grande, chegando a ser cansativa após algum tempo de jogo, e como a dificuldade é baixa, isto pode se tornar um motivo para desistir de continuar a jogar. O tempo estimado para terminá-la é cerca de 50 horas, e ao passar pelas três cidades, uma em cada ato, o jogador não encontrará grandes desafios, onde os conhecedores da série Diablo, se sentirão desanimados e frustrados com a falta de desafios.
Uma coisa não muito agradável é que os personagens da equipe tendem a falar algo conforme se avança no jogo, mas isto em si não é ruim, contudo, algumas vezes quando se entra em algum lugar cheio de monstros, um dos companheiros começa a falar e isso te impede de jogar, cortando a ação no momento errado comdiálogos muito mal posicionados, o que pode se tornar irritantes em certas partes.
Cenários detalhados e músicas repetitivas
No geral, os gráficos ficaram bons, mas nada que surpreenda o suficiente para destacar o jogo entre seus pares. Mesmo assim, os cenários em si e seus detalhes característicos impressionam, como em pântanos, onde os efeitos de luz possuem um tom esverdeado e na neve, onde tudo é bem iluminado.
Outro ponto positivo é a animação dos golpes mais fortes, onde os fortes o suficiente farão com que o inimigo se despedace, voando sangue para todo lado, e com direito até a um tremor na tela para demonstrar a força do impacto. Os efeitos de magia também ficaram atraentes, por exemplo, um buff que da ataque de gelo extra para a equipe, deixa todos com uma aura gélida, que fica soltando pedaços de gelo e vapores brancos, demonstrando claramente qual a magia que foi aplicada.
Em relação aos sons e músicas, o que mais se percebe são as ótimas músicas durante o jogo, principalmente nas horas mais dramáticas. O jogo é longo e dá para perceber que os produtores realmente gostaram da nova música remasterizada (ok, ela é bem legal mesmo), mas, por algum motivo, essa música aparece quase o tempo todo, o que faz o jogador se cansar bem rápido dela.
Jogabilidade: vantagens, desvantagens e comparações
Melhoraram muito a jogabilidade, sendo que é fácil e intuitiva, e praticamente nem precisa de um tutorial para se aprender o básico. Existe um novo sistema de habilidades, que agora conta com uma árvore de possibilidades e restrições divididas em 4 classes diferentes, sendo possível fazer multi-classe a qualquer momento, desde que se tenha os pontos necessários. As habilidades disponíveis se dividem em: melee; habilidades de combate à curta distancia, ranged; habilidades à longa distância, nature magic; magias de cura, buffs , summons e combat magic; magias agressivas e elementais
As habilidades são bem variadas e em bom número (12 para cada tipo), sendo que a maioria pode se tornar bem apelativa se bem desenvolvida, e algumas, obviamente, precisam de certos requisitos antes de se poder aprender. Além de tudo, conforme se adquire novos níves em determinadas habilidades é possível aprender ou evoluir um dos ataques especiais (Powers), que carregam conforme os inimigos batem ou quando você ataca.
Esse sistema de nível das habilidades apresenta um ponto falho. Talvez não uma falha do jogo, mas é algo que não foi pensado direito e deixou o esquema todo um pouco injusto. Por exemplo, o nível máximo de cada uma é 20, então, se seus bônus de equipamentos somados derem 10 pontos extras em uma habilidade, o jogador só precisaria investir 10 pontos nela para alcançar o nível máximo, sendo que, se por acaso já tivesse aplicado mais do que 10 pontos nela, eles seriam totalmente anulados, ficando no nível 20. Isso é realmente chato, porque faz com que se tenha medo de investir demais em uma habilidade por ter sempre a esperança de que algum item melhor irá aparecer para completar o limite.
Mesmo com os limites impostos nas habilidades, o jogo já é fácil e, se considerarmos esses ataques especiais, ele se torna mais fácil ainda, pois alguns podem matar até mini-chefes com uma porrada só. Mesmo nos outros níveis de dificuldade, o jogo não fica tão desafiador assim, salvo algumas raríssimas partes ou uma quest especial no final que só pode ser acessada com determinados itens.
Como exemplo, um dos primeiros ataques especias permite aumentar o dano da próxima porrada, sendo que esse especial pode variar, no mínimo, de 1500% (não evoluída) até uns 8000% (nível máximo) do seu ataque normal. Agora imagine, sendo que você já é um personagem nível alto que tem ataques normais bem fortes e o jogo permite soltar um ataque com 8000% de dano, e que, ainda por cima, recarrega rápido. Detalhe que esse é só um dos especiais. Essa idéia toda dos especiais é ótima, mas poderiam ter deixado o sistema todo mais justo e equilibrado.
Os personagens são fáceis de controlar e permitem uma rápida mudança entre eles. Possuem um campo para habilidades automáticas, o que facilita programar seus outros personagens que serão controlados pela AI. Em matéria de comandos automáticos, é possível mudar entre o modo “siga o mestre” para “faça o que quiser” com apenas uma tecla. Esses comandos são bem úteis em certas partes do jogo.
Inteligência artificial razoável
A movimentação dos personagens, em geral, é muito boa e a AI consegue dar bem conta do recado, controlando todo o pessoal da equipe. Só, às vezes que ela se perde e alguém fica pra trás, mas isso é facilmente resolvido pondo uma magia de teleporte no inventário de cada um, para garantir. Na campanha single-player, é possível ter até 6 membros na equipe (somente no 3º modo de dificuldade) e há a opção de se usar os pets (animais de estimação) em vez de outros personagens.
Os pets, por sua vez, podem ter vários tipos e utilidades, como a mula; que carrega muitos itens, um escorpião; que ataca à distância, um fogo elemental; que solta bolas de fogo e uma fada branca; que fica curando constantemente a equipe, e assim por diante. Sem falar que eles vão evoluindo de diversas formas, conforme o tipo de item que recebem como alimento (isso mesmo, eles se alimentam de itens).
Falando nos itens, eles estão bem variados e há uma porção deles, como itens normais, normais com slots, mágicos, raros, únicos e os itens de sets (equipamentos que unidos dão grandes bônus). Os sets itens (itens que fazem parte de um conjunto específico) estão idênticos aos de Diablo 2, sendo que é necessário encontrar as partes de um equipamento todo para poder usufruir dos bônus (ao menos os bônus são diferentes). Ainda comparando com Diablo 2, o sistema de Atos é bem similar também, com um chefe ao final de cada um deles, e o número limite das habilidades é idêntico, sendo 20 o nível máximo.
A morte é algo relativo, igual no antecessor. Se seu personagem morrer, ele irá ficar inconsciente por um tempo, e levantará se não sofrer nenhum dano forte enquanto se recupera. Porém, se os inimigos atacarem bastante, o personagem morre e só pode ser recuperado na cidade, com algumas penalidades.
Mantiveram a experiência que se adquire com os itens que mais se usa, mantendo o mesmo sistema. Quanto mais se usar uma espada, mais especializado em combate à curta distância seu personagem será, e assim por diante. Além desse tipo de experiência, tem a experiência do nível do personagem, que é a que permite ganhar pontos para distribuir nas habilidades a cada novo nível.
Multiplayer divertido e durador
O jogo ainda oferece um bom multiplayer, sendo possível jogar com até 4 jogadores ou, com menos jogadores, podendo optar por formas como 2 ou 3 jogadores, mas com a possibilidade de pôr membros controlados pela AI, como se fosse no modo single-player. Inclusive há a opção de importar algum personagem ou equipe do single-player. Sem dúvida, é uma opção para aumentar o tempo de vida do jogo.
Ultimamente. a Microsoft tem feito alguns jogos bons, mas sempre com alguma coisa que faz desanimar um pouco, normalmente na dificuldade do jogo. Dungeon Siege 2 se encaixa perfeitamente nesse esquema.
É um jogo mediano e com muitas melhorias em relação ao seu antecessor, mas não chega a ser uma obra-prima indispensável. Recomendado para aqueles que são mais fãs do gênero ou para aqueles que estão sem fazer nada, esperando um bom jogo sair. Só não espere grande desafios e momentos de suar a camisa aqui, mas ao menos, esse jogo ajuda a passar algumas horas mantendo um bom nível de diversão.
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