Imagem de Dragon Quest Treasures
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Dragon Quest Treasures

Nota do Voxel
80

Dragon Quest Treasures é o jogo do “quente ou frio” em forma de RPG

Não é preciso ser PhD em JRPGs para saber que Dragon Quest é, ao lado de Final Fantasy, uma das franquias mais importantes do gênero, quer você goste ou não. Com o décimo segundo título já em desenvolvimento pela Square Enix, revelado como Dragon Quest XII: The Flames of Fate, a série também deixou sua marca na indústria por presentear seus fãs com excelentes spin-offs, isso por mais de duas décadas.

Dentre os muitos games de Yuuji Horii lançados por aí, Dragon Quest Monsters é, sem dúvidas, um dos que mais deixou saudade — particularmente falando, Dragon Quest Monsters: Joker de Nintendo DS ainda permanece numa posição privilegiada na minha lista de jogos favoritos de todos os tempos.

Para contextualizar os jogadores mais novos, Dragon Quest Monsters oferece uma aventura fascinante em que é possível recrutar e evoluir monstros — qualquer semelhança com Pokémon não é mera coincidência, uma vez que o game chegou ao Game Boy Color poucos anos depois de Pokémon Red & Blue, surfando na mesma onda.

Ainda que não pertença à saga Monsters, Dragon Quest Treasures, título exclusivo do Nintendo Switch, resgata muito do que se viu nos spin-offs de colecionar monstros dos anos 2000. Com grande foco em exploração, Treasures reaproveita uma fórmula conhecida, mas consegue incrementá-la com uma dinâmica de caçar tesouros incrivelmente divertida e viciante. Confira a análise:

Fonte:  Voxel 

Erik & Mia Pocket Edition

Se você pôde desfrutar da incrível jornada do herói de Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age, há um incentivo ainda maior para investir tempo e dinheiro em Treasures. Não que o novo game não seja convidativo a novatos — pelo contrário —, a questão é que ele se aprofunda na infância dos órfãos Erik e Mia, personagens-chave de Echoes of an Elusive Age.

Em Treasures, a história se inicia quando os irmãos, ainda crianças, decidem escapar de um grupo de vikings, de sua, digamos, “nova família”, para explorar o mundo em busca de seus próprios tesouros. A dupla, então, acaba sendo transportada a um lugar misterioso conhecido como Draconia, lar de riquezas e criaturas mágicas, com ilhas alocadas nos corpos sucumbidos de dragões gigantes.

Sem dar muitos spoilers, o que eu posso dizer é que os jovens descobrem a existência dos Dragon Stones, sete artefatos lendários que, quando reunidos, abrem caminho à La Isla Dorada, uma ilha distante, mística, que resguarda fortunas inimagináveis. Como era de se esperar, piratas, vikings e outros bandos também estão atrás dessas relíquias e dificultam a vida dos nossos protagonistas ao longo da aventura.

Fonte:  Voxel 

A narrativa em si, embora tenha bons momentos, não é a “alma” de Treasures, o que pode causar certa estranheza a quem espera a mesma profundidade de um jogo da série principal. No entanto, se você, assim como eu, depositou centenas de horas em Dragon Quest XI, é bem provável que se sinta satisfeito só de reencontrar Erick e Mia em mais uma longa viagem.

Uma aventura leve e relaxante

Resumidamente, Dragon Quest Treasures é um jogo de ação com elementos de RPG, uma aventura condensada, mais “light” e livre de sistemas complexos, projetada para atrair públicos de todas as idades. Você pode explorar as cinco áreas do jogo à sua maneira, logo que o arrastado tutorial termina, em um esquema que me lembrou Scarlet & Violet e Legends: Arceus, os títulos recentes de Pokémon.

Apesar de haver um objetivo principal a ser seguido, a magia da experiência reside na liberdade que o jogador tem de explorar e concluir missões sem pressão alguma. Pode não parecer muito, mas as cinco ilhas de Draconia, cada qual com uma identidade visual única, funcionam como mundos abertos, bancando generosas distrações.

Fonte:  Voxel 

Dos desertos e florestas às áreas pantanosas, há missões secundárias, matérias-primas e tesouros valiosos a serem coletados. Numa dinâmica parecida com as montarias de Legends: Arceus, você pode contar com diferentes criaturas para desbravar os mapas, seja para planar entre uma montanha e outra ou para se deslocar com mais rapidez pela planície ártica congelante de The Hinterquarters, por exemplo.

Além das cinco áreas que mencionei acima, Erik e Mia têm uma base de operações à disposição, que é onde recrutam novos monstrinhos para o time, comercializam itens e aceitam contratos. Inclusive, há objetivos que se renovam todos os dias, justamente para que o jogador se sinta motivado a continuar caçando tesouros.

As tarefas mais básicas, porém, que dão “volume” ao game, remetem às cansativas fetch quests (aquelas missões de leva e traz) de Dragon Quest Builders, então não necessariamente representam um ponto positivo — e não, apesar de ter citado Builders aqui, Treasures não tem elementos de construção à la Minecraft.

Fonte:  Voxel 

Tá quente ou frio?

Em Treasures, o ciclo de missões é o que realmente faz o jogador ficar imerso nas ilhas de Draconia sem a menor vontade de sair. Basicamente, você deve caçar baús de tesouro e retornar à base em segurança para que seus pertences sejam avaliados e adicionados às fortunas de sua gangue de caçadores. À medida que o jogador amplia seu saldo na conta e sobe de nível, numa espécie de ranking de riqueza, novas atividades são desbloqueadas, inclusive da história.

A ressalva que eu tenho com esse loop proposto pelo game, contudo, é justamente a necessidade de voltar ao assentamento para depositar os itens preciosos. Além de quebrar o ritmo da exploração, as viagens à base são interrompidas por telas de carregamento demoradas, que acabam dando uma boa cansada depois de algumas horas de gameplay.

Falando assim pode até parecer fácil, mas caçar tesouros requer atenção e um faro apurado dos monstros que andam com você. Conforme os nossos amigos percorrem os ambientes, eles sempre nos avisam quando há uma joia a ser coletada nas redondezas, como na tradicional brincadeira “quente ou frio”. Cabe a você, portanto, analisar as dicas das criaturinhas a partir de uma bússola e de fotos de locais próximos ao baú.

Fonte:  Voxel 

Um ponto bacana de ser mencionado é que praticamente todos os espólios recriam personagens e equipamentos icônicos de Dragon Quest. Portanto, a lista de tesouros serve como uma  verdadeira enciclopédia, uma ótima forma de apresentar o quão rico é o universo da franquia, em especial a quem está chegando agora.

Para você ter uma ideia, existem milhares de artefatos a serem descobertos — todos com modelos 3D caprichados, vale ressaltar, e descrições detalhadas —, então incentivo é o que não falta para que o jogador permaneça, por muitas e muitas horas, caçando relíquias baseadas na história completa da série. Eu, como admirador de longa data de Dragon Quest, me senti presenteado com tanto fanservice.

Combate pautado na ação e “Pokédex” limitada

Indo na contramão do sistema tático e baseado em turnos da série principal, Treasures oferece um combate descomplicado, até mais simples do que eu gostaria, puramente pautado na ação. Os comandos são autoexplicativos: ataques ao alcance de um único botão, com a esquiva configurada no X — sem firulas mesmo, bem “arroz com feijão”.

Fonte:  Voxel 

O estilingue, aliás, é o que traz variedade às batalhas, já que nos permite atacar inimigos a uma distância confortável, sem tanta exposição. No mesmo esquema das armas de longa distância de Monster Hunter, Erik e Mia podem confeccionar diferentes tipos de munição a fim de impulsionar o ritmo dos encontros com danos elementais. A mira não é lá aquelas coisas, convenhamos, porém funciona.

Eu diria que Treasures é a mistura do combate mais direto ao ponto de Dragon Quest Builders com a parte de gerenciamento ao estilo Pokémon de Dragon Quest Monsters: Joker. Digo que ele traz elementos de Monsters por herdar um sistema semelhante de recrutar criaturas, ainda que aqui esse não seja o foco.

Capturar monstros é bom e todo mundo gosta, certo? Uma pena que essa parte seja bastante limitada. Em resumo, você convoca monstros para lutar ao lado de Erik e Mia, mas não tem tanto controle sobre eles. O que dá para fazer aqui é treiná-los (leia-se subir de nível) e equipá-los com medalhas de poder.

Fonte:  Voxel 

Para ser sincero, fiquei desapontado com a quantidade de bichinhos disponíveis, pouco menos de 80 — e muitos deles são só variações de cores de personagens já descobertos —, talvez por ter esperado algo à altura dos demais spin-offs que joguei no passado.

Para efeito de comparação, a “Pokédex” de Dragon Quest Monsters: Joker 2, por exemplo, um jogo de 2010, contemplava mais de 300 monstros. Se você estava com a expectativa de que Dragon Quest Treasures seria um ambicioso título de capturar monstros, é melhor repensar a aquisição.

Redondinho, redondinho — tá vendo só, Pokémon Scarlet & Violet?

Se por um lado Treasures preza pela simplicidade nas mecânicas, por outro temos um dos jogos do Nintendo Switch mais agradáveis visualmente, que não tem nada de simples. O game não é nenhum primor técnico, é verdade, mas entrega cenários vastos, densos e vibrantes, além de personagens memoráveis no estilo artístico de Akira Toriyama, criador de Dragon Ball.

Fonte:  Voxel 

Durante os nossos testes, não identificamos problemas escancarados de desempenho, somente uma ou outra queda leve de fps. A trilha sonora, por sua vez, também merece destaque e nos remete às canções dos títulos clássicos, com melodias marcantes, dignas de uma extensa e envolvente jornada. Para variar, nota 10 nesse quesito, como sempre foi.

Veredito

Tirando lasquinhas dos principais spin-offs da franquia, Dragon Quest Treasures se sustenta com uma excelente e viciante dinâmica de caçar tesouros. Divertido, compacto e relaxante, trata-se de um RPG de ação charmoso, com a “cara” do Switch, pronto para ser guardado na mochila e retomado de qualquer lugar.

Dragon Quest Treasures é a brincadeira do “quente ou frio” num RPG de ação compacto e relaxante

Muito embora seja generosa em termos de conteúdo, a aventura poderia ter um escopo maior, com mais monstros e um sistema de combate robusto, isto é, que não ficasse tão limitado a dois ou três comandos. De todo modo, fica fácil de recomendar Treasures a quem busca uma experiência despretensiosa: é como brincar de “quente ou frio”, sem pressa e sem hora para acabar, numa skin de Dragon Quest.

Dragon Quest Treasures foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • O esquema de caçar tesouros é relaxante e divertido;
  • A possibilidade de conhecer o passado de Erik e Mia, dois personagens importantes de Dragon Quest XI, torna a história mais intrigante;
  • Funciona bem como uma mistura de Dragon Quest Builders com Dragon Quest Monsters;
  • Os mapas instigam o jogador a vasculhar tudo, sem pressa e com total liberdade desde o início;
  • Apesar das ressalvas, a mecânica de recrutar monstros é um bom complemento ao loop de gameplay;
  • Os tesouros não estão ali à toa e representam fragmentos dos 35 anos de história da franquia.
Pontos Negativos
  • Não há a variedade de monstros que se espera de um jogo assim;
  • Combate um tanto limitado por se tratar de um RPG de ação em que há encontros frequentes com inimigos;
  • Algumas missões desinteressantes;
  • A necessidade de retornar à base acaba atravancando o ritmo.