Dragon Ball FighterZ é Shenlong realizando um sonho dos fãs
Anunciado oficialmente na E3 de 2017, Dragon Ball FighterZ foi um jogo que me despertou automaticamente uma grande ansiedade. Não somente estávamos falando de um novo game baseado na obra de Akira Toriyama, mas de um projeto que estava sendo conduzido pela Arc System Works — que tem em seu currículo nomes de peso como Guilty Gear e BlazBlue.
Felizmente, a demonstração que tive o prazer de testar no evento e a versão final que chegou às lojas no dia 26 de janeiro mostraram que eu tinha motivos de sobra para ficar animado. Não somente o título é a melhor adaptação que a série já teve no mundo dos games, como ele é capaz de bater de frente com qualquer nome consagrado da FGC.
A Arc System apresenta um dos jogos de luta mais bonitos e divertidos dos últimos tempos, oferecendo atrativos tanto para quem é mais casual quanto para quem leva competições a sério. Elevando o estúdio a um novo patamar de conhecimento público, Dragon Ball FighterZ vai além do material fonte para entregar uma experiência realmente divertida.
Trama digna de um OVA
Em Dragon Ball FighterZ, os Guerreiros Z são vitimados por uma estranha névoa que está fazendo com que seus poderes sejam diminuídos e eles não consigam lutar. Como se isso não fosse suficiente, um exército de clones passou a rondar o mundo causando destruição e o Androide 16 parece ter retornado dos mortos com intuitos malignos.
A única esperança do mundo é o jogador, que assume o papel de um espírito que consegue se unir aos lutadores e retornar a eles uma fração de sua força. A trama, que não é exatamente envolvente, também marca a volta dos exércitos da Red Ribbon e a estreia da Androide 21, que usa poderes malignos para provocar o caos.
Tudo isso serve como uma desculpa para você navegar por diferentes mapas enfrentando inimigos clássicos da série e reunindo um grupo de heróis que fica mais forte a cada luta. A história em geral é dividida em três arcos, sendo que cada um deles mostra um ponto de vista ligeiramente diferente sobre eventos que, em essência, permanecem os mesmos.
você vai se ver dedicado a terminar o modo história não pela trama em geral, mas pelas pequenas vinhetas que surgem quando alguns personagens são combinados
No fim das contas, você vai se ver dedicado a terminar o modo história não pela trama em geral, mas pelas pequenas vinhetas que surgem quando alguns personagens são combinados. Ver Piccolo justificando a troca de Yamcha por Vegeta ou Kuririn explicando porque voltou a raspar a cabeça acaba sendo mais interessante do que acompanhar o enredo arrastado que foi criado pela Arc System Works.
Sistemas acessíveis, mas complexos
Se a desenvolvedora não acerta 100% no quesito história, ela fez um trabalho excelente com o sistema de combate do título. Baseado em quatro botões (três de ataque com diferentes intensidades e um voltado a magias), Dragon Ball FighterZ consegue o que muitos jogos prometem, mas poucos entregam: ser acessível para novatos ao mesmo tempo que traz uma boa dose de profundidade para quem deseja algo a mais.
Quem está começando no mundo de jogos de luta vai se divertir com os combos automáticos e com as magias espalhafatosas que tomam a tela, que garantem uma experiência satisfatória para quem só foi atrás do jogo por ser fã da série. Já quem busca mais profundidade vai passar um bom tempo aprendendo combinações no modo treino e formando o trio ideal para prolongar sequências e causar danos devastadores aos inimigos.
Dragon Ball FighterZ consegue o que muitos jogos prometem, mas poucos entregam: ser acessível para novatos ao mesmo tempo que traz uma boa dose de profundidade
Algumas decisões ajudam bastante nesse sentido: a execução de ataques especiais, por exemplo, é feita quase em sua totalidade com variações do comando clássico do Hadouken de Street FIghter. O mapeamento dos botões também é uma mão na roda para quem não joga nos controles arcade, deixando por conta dos gatilhos a troca de personagens e o acionamento de algumas mecânicas que fazem a ligação de combos.
Particularmente, senti falta de mais opções defensivas no jogo, que em muitos momentos lembra Marvel vs. Capcom 2 e 3: basta que um jogador habilidoso inicie um combo para você ter a certeza de que já perdeu um de seus “bonecos”. Em compensação, essa decisão garante que seja divertido ver outras pessoas jogando Dragon Ball FighterZ, já que as lutas dificilmente se aproximam do limite de tempo de 300 segundos.
Em geral, há tantos elementos passando pela tela e tantas explosões acontecendo que mesmo que não joga bem vai ter a sensação de que algo está acontecendo. Para completar, detalhes como reproduções de cenas tiradas diretamente do anime e os “Finais Dramáticos” que surgem em condições específicas fazem com que você volta e meia se pegue surpreso pelo que está acontecendo durante as batalhas.
Conteúdos variados
Ao entrar em Dragon Ball FighterZ, você vai encontrar tudo o que se espera de um jogo de luta atual. Além do modo história, há uma opção Arcade com diferentes níveis de duração e dificuldade, que são destravadas conforme o jogador cumpre os objetivos iniciais — sendo que os mais difíceis podem garantir o destravamento de alguns personagens se você for bom o suficiente.
Também há batalhas locais e online (ranqueadas ou casuais), um modo tutorial completo — com direito a desafios que ensinam combos — e a possibilidade de assistir replays e partidas de outras pessoas. O game também tem um vendedor de itens cosméticos que, felizmente, não depende de microtransações: tudo é obtido com zennis, que são obtidos de forma generosa conforme você joga os diferentes modos disponíveis.
O principal ponto de discórdia deve ser mesmo a quantidade de lutadores: geralmente, o game começa com 21 personagens disponíveis e 3 desbloqueáveis, resultando em uma seleção de 24 lutadores (alguns deles versões diferentes do mesmo herói). O número não é exatamente pequeno para um game de luta, mas decepciona quem está acostumado com os jogos de Dragon Ball que traziam dezenas de guerreiros.
Pessoalmente, acredito que a Arc System Works acertou ao apostar em um número mais contido de lutadores. Embora muitos compartilhem características como combos básicos, todos têm uma personalidade própria e oferecem diferentes opções de jogatina: até mesmo as versões Super Saiyajin Azul de Goku e Vegeta, que trazem golpes bem distintos de suas contrapartes “normais”.
Em compensação, não hã como não ficar triste com a falta de uma dublagem em português: após anos se acostumando com as vozes nacionais dos Guerreiros Z, é difícil se acostumar a acompanhá-los somente por textos em nosso idioma. Felizmente, é possível jogar a qualquer momento com as vozes originais em japonês, já que a dublagem norte-americana chega a ser um pouco ofensiva em alguns sentidos.
Um jogo para fãs e também para quem gosta do gênero
Em toda a sua história, Dragon Ball sempre foi dividido entre os “jogos para os fãs” e aqueles que eram realmente bons e não dependiam da licença para se sustentar. Felizmente, Dragon Ball FighterZ se encaixa no segundo caso e, ouso dizer, conseguir chamar a atenção mesmo que não trouxesse as figuras criadas por Akira Toriyama como seus protagonistas.
A história podia ser mais interessante e a lista de personagens um pouco maior, mas o resultado final é simplesmente excelente. Com sistemas simples de aprender, mas difíceis de dominar, esse é um ótimo ponto de entrada para o universo complexo e difícil dos jogos de luta.
E você, o que pensa sobre o game? Acredita que ele valeu toda a espera ou não é dessa vez que jogos como Budoukai 2 vão ser destronados? Compartilhe sua opinião sobre o game em nossa seção de comentários.
Categorias
- Sistema de combate divertido
- Simples de aprender, mas complexo de dominar
- Apresentação excelente
- Trata muito bem o material original
- Sistemas online funcionam muito bem
- A história poderia ser mais interessante
- Seleção de personagens um tanto limitada
- Faltou uma dublagem em português
Nota do Voxel