Sólida e complexa, esta parceria entre FPS e RPG rouba o tempo de muitos usuários do PS2.

Em 2000, Deus Ex fez um sucesso considerável quando foi lançado para os computadores. Para a felicidade dos usuários do PlayStation 2, foi lançada uma versão do game com o nome de Deus Ex: The Conspiracy. Promissor, o jogo começou a causar estrago alguns meses antes de seu lançamento no console da Sony.

Com isso, o Baixaki Jogos teve que conferir o resultado. E, após os testes realizados, é possível afirmar que o game é satisfatório. Só que há uma advertência a ser feita: se você puder, jogue Deus Ex, mas apenas com muito tempo de sobra. Pois o jogo é extremamente amplo, visto que integra fortes elementos do gênero RPG à sua base FPS.

Inimigos de peso

Do princípio ao fim (e até mesmo no modo de treinamento), o jogador tem a chance de perceber que a superação dos obstáculos não é feita apenas com o uso das diferentes armas. Há quem diga que Deus Ex pode ser finalizado sem a utilização de quaisquer armas de fogo. Discrição, tranquilizantes e atenção concentrada são tudo o que o gamer precisa para cumprir as missões.

A serviço das Nações Unidas

Logo no início, o jogador percebe que a ambientação central de Deus Ex nada mais é que "uma América do Norte do futuro". A maioria da população foi afetada pela pobreza e, consequentemente, por uma infinidade de doenças. Obviamente, uma minoria prevalece com riqueza, vacinas e tudo o mais.

O personagem principal do game é J.C. Denton, um agente iniciante da UNATCO (Coalizão Antiterrorista das Nações Unidas). Recentemente, você foi designado para cumprir missões antiterroristas através da NSF (National Secessionist Force, ou Força Separatista Nacional). Desde o princípio da trama, é interessante que o gamer tente ler todos os documentos e diálogos que aparecem.


Para gerar um maior impacto na ambientação do game, os desenvolvedores resolveram deixar os cenários bastante reais através de uma série de itens, como revistas, jornais, placas e terminais eletrônicos. É claro que sempre é possível "passar reto" e ignorar tudo isso, mas, tendo em vista que a experiência com Deus Ex é longa e intensa, por que não gastar um pouco de tempo com essas informações adicionais?

Como de praxe, há missões primárias e secundárias. O pessoal da Ion Storm tentou fazer com que os gamers ficassem intimamente relacionados com a história, tanto que, dependendo das decisões tomadas pelo jogador, caminhos diferentes poderão ser percorridos durante a trama. Códigos secretos e informações sigilosas — através de objetos ou pessoas — formam um bom atrativo.

Único no gêneroVocê é bom em eletrônica?

Longe de ser um FPS tradicional, Deus Ex exige bastante atenção e discrição dos gamers. Ao invés de empunhar uma arma principal, uma pistola e algumas granadas, Denton é capaz de carregar um vasto conjunto de itens. Exemplos? Rifle de franco-atirador, pistola, besta com flechas normais ou tranquilizantes, cigarros, bebidas, "lockpicks" (pequenos instrumentos para arrombar fechaduras), comida a base de soja...

É praticamente um RPG em perspectiva de primeira pessoa, tamanha a quantidade de ações. Há a possibilidade de revistar corpos de inimigos mortos, utilizar kits médicos para regenerar energia, nocautear oponentes com uma série de armas brancas (pé-de-cabra, faca e bastão policial são algumas delas), dentre outras opções.

Além disso, o jogador tem a possibilidade de melhorar as habilidades de Denton assim que avança na trama de Deus Ex. As armas também recebem avanços tecnológicos e até mesmo Denton é aprimorado com as chamadas Augmentations.

É claro que tais melhorias dependem exclusivamente do perfil que o jogador quer assumir ao longo da ação. Há quem goste de se transformar em um expert em arrombar portas e "hackear" computadores, enquanto outros podem preferir a melhoria nas habilidades com armas de fogo. Isso é um dos pontos divertidos em Deus Ex: flexibilidade.

Um pacote completo

Felizmente, o game conta com uma boa interface geral. Tanto o menu principal quanto as telas de opções relativas a itens são satisfatórias. De forma prática (e um tanto complexa, diga-se de passagem), as diferentes armas são trocadas, os itens são utilizados e o personagem se movimenta pelos cenários. Não há muita dificuldade em aprender os comandos do jogo, por mais que eles fujam um pouco do conjunto tradicional de controles.

Em qualquer um dos vendedores ambulantes, o gamer tem a chance de adquirir novos itens. Além disso, os recipientes mais frágeis, como caixas de madeira, podem ser quebrados para a coleta de acessórios escondidos. Nada melhor que vasculhar os cenários e eliminar os inimigos para ampliar o inventário.

Para inimigos grandes, armas grandes Agora, não há muito o que elogiar no combate em si. Atirar é algo que exige a perseverança dos jogadores, pois o esquema de mira não é nada prático no momento em que Denton precisa rapidamente executar inimigos que detectaram o personagem. É melhor investir na discrição e tentar evitar os tiroteios do que mergulhar diretamente na pancadaria e arriscar morrer por qualquer devaneio.

A inteligência artificial também não é um quesito que conta a favor de Deus Ex. Em qualquer um dos níveis de dificuldade, a movimentação e a reação dos mais diferentes oponentes não são muito realistas. Os inimigos realizam patrulhas previsíveis, agem precipitadamente na hora do perigo e, algumas vezes, ignoram completamente a ameaça propiciada pelo agente da UNATCO.

Sem destaques nos recursos técnicos

Deus Ex: The Conspiracy possui uma ambientação interessante, só que os gráficos não foram polidos devidamente. Muitas texturas são simplesmente deploráveis e as modelagens apresentam sérios problemas visuais. Apesar de conter certas animações interessantes, o FPS distribuído pela Eidos Interactive deixa a desejar nesse ponto.

E, embora o jogo rode perfeitamente bem na maior parte do tempo, há fortes quedas na taxa de quadros por segundo ("frames per second") quando há muita ação na tela. Se os desenvolvedores tivessem gasto um pouco mais de tempo para refinar o visual do game, Deus Ex poderia ser um dos melhores games para PlayStation 2.

Uma boa interface

Sonoramente, o título é razoável. Embora deixe de apresentar trilhas sonoras magníficas, é difícil reclamar da qualidade sonora em geral. Os sons são convincentes e a ambientação musical é satisfatória. Um dos destaques dos recursos sonoros é a troca de diálogos. Ao invés de ficar lendo grandes quantidades de palavras (como ocorre em muitos RPGs), é possível escutar conversas de boa qualidade em inglês.

Embora não conte com um modo multiplayer, Deus Ex: The Conspiracy é um ótimo jogo para quem tem muito tempo sobrando e gosta de ficção científica, ainda mais com base em cenários da vida real. No quesito FPS, o game não preenche todas as necessidades dos jogadores, mas conta com uma série de detalhes que podem facilmente esconder as falhas do jogo.


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