Imagem de Desperados 3
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Desperados 3

Nota do Voxel
90

Desperados 3 é o jogo tático que todo órfão dos anos 1990 gostaria de ter

A videoanálise de Desperados 3 está em produção e será postada em breve.

O ano é 2001 e me deparo com um jogo curioso na prateleira da loja: Desperados, um game de cowboy de um gênero desconhecido para mim até então. Quem viveu o auge dos anos 1990 e 2000 no computador, provavelmente conheceu essa série e Commandos, o ápice do estilo RTT, estratégia em tempo real da época.

O tempo não fez bem à franquia Desperados, que recebeu títulos bem medianos e em pouco tempo caiu no esquecimento. Contudo, a brilhante Mimimi Productions decidiu reviver o gênero em 2016 com o magnífico Shadow Tactics: Blades of the Shogun e agora se tornou responsável por trazer Desperados de volta à vida. Mas será que a genialidade se manteve? Confira a nossa análise completa.

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Um prequel, um reboot e uma história bacaninha

Desperados 3 não tem uma história mirabolante, tocante e recheada de carga emocional, mas certamente tem o seu charme de Velho Oeste para que as coisas tenham um pano de fundo muito gostoso para aproveitar a campanha. Na trama, seguimos John Cooper e seus quatro companheiros em uma jornada de vingança pessoal.

Se você já conhecia a série, não estranhe ver John encontrando McCoy ou Kate pela primeira vez, pois esse é um prequel da franquia. Bem, mais ou menos. Apesar de parecer se passar na mesma linha temporal, o jogo também é um reboot. Sim, é esquisito manter o número no título e refazer todo o enredo, mas creio que foi para melhor.

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O jogo abandona toda a história levemente pastelona dos primeiros títulos e aposta em uma nova abordagem, que liga o passado do protagonista aos eventos que apreciamos na campanha. Apesar de ser mais bem construída do que anteriormente, a nova narrativa não tem grande apelo para continuar a aventura, porém serve muito bem para nos deixar intrigados. Infelizmente, o game não tem legendas em português.

A parte ruim é que antigos personagens, como Sam e Pablo Sanchez, não dão as caras por aqui e certas personalidades são alteradas drasticamente, como a de McCoy. Entretanto, com eventos-chave que deixam a trama bem cativante, o ritmo é legal o suficiente para que o título seja muito divertido do começo ao fim. O brilho do jogo reside em outro ponto: seu sensacional estilo de gameplay.

Mais que um jogo tático, um quebra-cabeça em tempo real

Se você gosta de desafios, prepare-se para fritar os miolos e passar mais de 1 hora para concluir uma única missão. Desperados 3 certamente não é para todos, mas os fãs de um bom jogo tático em tempo real se deleitarão com 15 missões brilhantes bem variadas e muitas mecânicas únicas.

No geral, cada personagem tem mecânicas e estratégias distintas que podem, e devem, ser combinadas para limpar o mapa dos inimigos e atingir o objetivo. John é o mais versátil, que pode distrair inimigos e matá-los de forma mais silenciosa a distância.

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Hector é o brutamontes que consegue criar armadilhas, derrotar os Long Coats, os inimigos pesadões, e correr enquanto carrega corpos de inimigos. McCoy é mestre em atrair inimigos para perto ou eliminá-los em grandes distâncias com a sua sniper. Já Kate é a femme fatale que pode se disfarçar, atrair e distrair oponentes, mas não consegue amarrá-los ou matá-los sem usar uma arma. Por fim, Isabelle é capaz de manipular os adversários com suas habilidades de vudu.

A diferença entre eles é como dia e noite, e isso pode ser observado até nos menores detalhes, como a maneira que carregam corpos, correm, caminham, andam agachados e por aí vai. Alguns conseguem abrir trancas, outros conseguem nadar: há muitas disparidades. Os protagonistas são extremamente diferentes e cumprem papéis distintos no grande quebra-cabeça que deve ser resolvido.

Cada nível também tem suas próprias particularidades, e é sempre muito legal encontrar mecânicas diferentes com o progresso, como telas escuras, missões no meio de cidades, mapas com lama que geram pegadas a serem seguidas ou locais com água rasa que faz barulho ao passar por ela.

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Além disso, existem regras globais que se aplicam a todos e são muito interessantes: inimigos pesados só podem ser derrotados por Hector ou dois personagens em conjunto; adversários têm um campo de visão em dois níveis e, no segundo e mais fraco, é possível passar agachado sem ser visto; alguns deles não caem na sedução de Kate, como as mulheres; e muito mais.

Matar inimigos furtivamente é mais silencioso, mas demora mais, e oponentes podem reparar nos assassinatos de longe, mas usar armas faz muito barulho. Para concatenar tudo isso, você pode usar o modo Showdown, um recurso que pausa o tempo e permite que você planeje melhor as suas ações. Mas vale lembrar que na última dificuldade o jogo não para.

A forma como todas essas mecânicas se combinam em um gameplay extremamente desafiador é muito genial e, sem dúvidas, é o maior charme de Desperados 3. A jogabilidade consiste em analisar muito bem cada parte do cenário e a visão dos inimigos e usar muito, mas muito Quick Save e Quick Load para testar cada estratégia.

Um game longo, recompensador e com altíssimo fator replay

Sem dúvidas, uma das melhores qualidades do game é recompensar o jogador por pensar bastante antes de agir e ter o melhor resultado possível. Claro, você pode partir para o tiroteio desenfreado e esperar as habilidades recarregarem, mas a munição é escassa e há pouca retribuição nesse método.

Há muitos desafios extras, e cada cenário traz um parque de diversões recheado de pontos de interesse para matar os inimigos. Caso você elimine adversários de forma que pareça um acidente, os guardas não soam os alarmes para trazer reforços, algo que é de grande incentivo para explorar cada pedacinho do mapa e descobrir todas as opções disponíveis.

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Essa quantia de variáveis cria verdadeiros puzzles em tempo real, e cabe ao jogador encontrar onde encaixar cada peça do enigma para ser bem-sucedido. A graça é que existe mais de uma peça para toda situação, e você tem muitas escolhas para decidir como fará seu progresso.

Cada missão levou em média de 1 hora a 1 hora e 20 para completar, sem contar cutscenes, rendendo uma campanha farta de 25 horas a 35 horas. Depois de terminar, você ainda pode revisitar as missões para cumprir desafios opcionais bem difíceis ou testar suas habilidades nos Desafios Extras liberados, que são versões em que os personagens não têm armas e devem realizar objetivos diferentes. Certamente, um jogo bem longo e recheado de conteúdo.

Poderia ser mais Desperados e um pouco menos Shadow Tactics

Desperados 3 sem dúvidas é um game tático brilhante e com muitas qualidades, mas também tem seus problemas. Se você, assim como eu, é muito fã de Desperados, notará que o novo game da Mimimi é, em grande parte, uma skin diferente para Shadow Tactics: diversas figuras são praticamente idênticas aos ninjas e samurais desse título.

A personagem mais diferente do grupo é Isabelle, a que mais traz novidades. Certas mecânicas de Desperados original e muitos dos ambientes internos, característico do primeiro game, foram deixados de lado. Algumas habilidades e até mesmo a mira, que poderia errar no original, não existem aqui.

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Além disso, várias missões podem ser excessivamente complexas e longas demais para seu próprio bem. A IA não está livre de bugs: alguns guardas têm rotinas extremamente limitadas e podem ser imprevisíveis pelos motivos errados. Os personagens frequentemente se esbarram na movimentação e podem atrapalhar muito tempo de planejamento por besteira.

Por fim, para um game tão intuitivo e gostoso de jogar, certas mecânicas não são bem explicadas. Por tentativa e erro, você descobrirá características de alguns protagonistas, como a incapacidade de Hector de nadar ou a possibilidade de carregar dois corpos ao mesmo tempo e até mesmo jogá-los em inimigos para nocauteá-los.

Experiência audiovisual muito bem-feita para entrar no clima

Para fechar o pacote, Desperados 3 traz gráficos muito charmosos que são floreados com uma trilha sonora muito gostosa de ouvir e que capta a essência western que amamos em um faroeste. Não espere nada muito elaborado, mas é uma ótima forma de entrar no clima.

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Joguei no PC com uma GeForce RTX 2080 Super e foi tranquilo rodar o game a 60 fps, 4K e tudo no Ultra com muita margem, pois nem 50% do poder de fogo da GPU foram utilizados.

Vale a pena?

Desperados 3 traz um combo de ideias, execução e jogabilidade tática invejável. Seguindo a fórmula Commandos e Desperados, é um prato cheio para os fãs de tática em tempo real e resgata um gênero que está há muito tempo esquecido na indústria. Esbanjando genialidade, pode esperar um game longo, com muito replay e missões bacanas.

Apesar de o título não ser perfeito e ter sua pequena dose de problemas, eles estão longe de ofuscar a experiência, e o saldo é extremamente positivo. Agora só nos resta esperar um próximo grande jogo da Mimimi para apaziguar a ânsia por games táticos.

Desperados 3 foi gentilmente cedido pela THQ para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • História bacana como plano de fundo
  • Gameplay tático extremamente denso e cheio de mecânicas
  • Grande variedade de opções em cada missão para atingir o objetivo
  • Desafio na dose certa na maioria das vezes, recompensando o jogador pela estratégia e exploração
  • Campanha longa e recheadas de desafios extras, contribuindo ao fator replay
  • Diversidade de personagens e habilidades sensacional
  • Experiência audiovisual bem-feita para florear a experiência
Pontos Negativos
  • Parecido até demais com Shadow Tactics
  • Algumas missões são desnecessariamente longas e complexas
  • Pequenos bugs e falta de informações podem atrapalhar de leve alguns planejamentos
  • Sem legendas em PT-BR