Golpes e batidas se misturam em uma experiência única e inovadora.
Apesar de a cultura Hip-Hop ter suas raízes nos anos 70, quando DJs começaram a utilizar técnicas diferentes como o “scratch” em discos, foi somente nos anos 90 que o movimento ganhou espaço na grande mídia. Desde então, ícones do Rap norte-americano vêm fazendo tanto sucesso na mídia quanto artistas de gêneros tradicionalmente populares, como a música Pop.
Não demorou até que o Hip-Hop fosse introduzido também ao universo dos videogames. Começou com pequenas participações em trilhas sonoras e logo foi ganhando aos poucos espaço em jogos, como Grand Theft Auto: San Andreas, por exemplo.
Mas foi só em 2003 que o tema foi especificamente abordado em um jogo, com Def Jam: Vendetta, um título baseado na famosa gravadora de Rap Def Jam lançado para o Playstation 2 e GameCube. O título trazia uma série de artistas famosos do selo e os colocava em arenas de rua para lutar entre si pelo respeito. O game foi bem sucedido e teve uma seqüência chamada Def Jam: Fight for NYC, lançada em 2004.
Mas foi em 2007 que toda a fórmula da série foi reformulada e os gráficos adaptados às exigências da nova geração de videogames, com Def Jam: Icon. Inserindo a música de forma muito mais profunda na jogabilidade e criando um estilo incomparável, o terceiro game da franquia Def Jam rompeu barreiras e criou um modelo completamente novo de jogo de luta.
Lutando por respeito
Assim como na maior parte dos jogos de luta, Def Jam: Icon oferece uma modalidade para lutas descompromissadas (contra o computador ou outro jogador) e uma espécie de modo carreira chamado Build a Label, no qual você assume o papel de um figurão desconhecido que, graças às suas habilidades de luta, ganha a confiança e respeito de um grande produtor de Rap e passa a cuidar cada vez mais de seus negócios.
Ao longo da sua carreira como administrador da gravadora, você deve contratar novos artistas, investir dinheiro em seus discos e cuidar de seus interesses, seja dando certa quantia em dinheiro para satisfazê-los ou dando uma lição em paparazzi inconvenientes ou fãs doentios. Tudo em Def Jam: Icon se resume a ganhar respeito através do dinheiro e de lutas de rua contra qualquer um que se opuser a você.
O interessante, no entanto, é a quantidade de possibilidades do jogo e o estilo com que todas as peças do game são colocadas no lugar. Logo no começo já é possível construir seu personagem escolhendo desde as características faciais até o tipo físico. À medida que você ganha dinheiro, é possível também adquirir novas roupas, jóias e tatuagens, escolhendo entre inúmeras opções de peças.
Tudo é apresentado através de um sistema muito interessante; você pode andar livremente pelo seu quarto, onde tem acesso ao armário (no qual são guardadas as roupas e jóias que você possui), ao seu computador (bastante útil para conferir as mensagens deixadas por seus amigos, inimigos e eventualmente até pela sua namorada, além de visualizar os extratos de sua conta bancária e ver quem está no topo das paradas do Rap) e à porta de saída, que oferece diversas rotas de interesse, como lojas e locais de objetivos.
À medida que o jogador evolui na carreira de produtor, sua conta bancária é engordada mais rapidamente e tudo, desde a sua casa até os negócios efetuados, crescem consideravelmente. Entretanto, os problemas também aumentam de tamanho; policiais corruptos passam a importuná-lo e suas namoradas passam a ser cada vez mais escandalosas e exigentes.
Golpes potentes na batida certa
Embora o modo Build a Label traga um caminhão de opções, o foco de Def Jam: Icon ainda está nas lutas e nas mecânicas inovadoras que as envolvem. Diferente de seus antecessores, o título traz uma série de estilos de luta diferentes, com mais foco em golpes de contato e menos em quedas de wrestling. Ao todo são seis estilos de luta inspirados em artes marciais de verdade: Ghetto Blaster (uma espécie de luta de rua), Street Kwon Do (baseado no Taekwondo), Black Panther (uma modalidade de Kung Fu), Muay Fly (derivado do Muay Thai), Beatboxer (inspirado no boxe) e Jah Breaka (variação da capoeira).
Mas as novidades não param por aí. Em Def Jam: Icon a música cumpre um papel fundamental na jogabilidade também, dando verdadeiro sentido a um jogo de luta baseado em uma grande gravadora de Rap. A música afeta diretamente o cenário, que se move com as batidas da música e tem suas áreas de perigo (como tanques de gasolinas prestes a explodir ou caixas de som que emitem sons extremamente fortes) ativadas.
As áreas de perigo, no entanto, podem ser utilizadas a favor do jogador mais esperto. Basta atirar seu oponente em tais áreas quando a música está prestes a ativá-las e observá-lo voar pelo cenário. É possível ainda controlar o ritmo da música a fim de ativar este recurso; basta segurar o gatilho esquerdo e girar o analógico (simulando os movimentos de um DJ) para realizar um scratch.
Outro exemplo claro da música influenciando a jogabilidade é o fato de um jogador poder ter seus golpes reforçados ou enfraquecidos de acordo com a batida que toca no momento. Você escolhe uma música antes de colocar seu personagem em combate; enquanto a faixa estiver tocando, a vantagem é sua. No entanto, o oponente pode utilizar um recurso parecido com o scratch para trocar a música e trazer para si a vantagem.
Os controles em Def Jam: Icon são básicos e só exigem um pouco de prática para serem amplamente explorados. Os botões A, X, B e Y realizam golpes rápidos altos e baixos; quando utilizados em conjunto, podem render boas combinações. O analógico direito, por sua vez, é usado para os golpes mais potentes, como chutes giratórios, agarrões e joelhadas aéreas. O mesmo analógico pode ser utilizado para defender e realizar scratches, basta segurar os modificadores RT e LT respectivamente.
O estilo das ruas
Um dos pontos mais fortes de Def Jam: Icon são os gráficos, que não somente são de uma qualidade incrível como trazem conceitos muito interessantes e introduzem uma série de efeitos gráficos ao realismo proporcionado pelos efeitos de luz e modelagens impecáveis. Elementos dos cenários como edifícios bidimensionais coloridos e dançantes podem tornar o jogo menos realista como um todo, mas com certeza adiciona um conceito gráfico diferenciado bastante coerente com a temática do game.
As modelagens e efeitos de luz do game são quase impecáveis (algumas falhas como colares flutuantes e correntes que atravessam o corpo do personagem, por exemplo, acabam influenciando negativamente neste aspecto). Além disso, a movimentação dos personagens beira a perfeição e fazem as animações quase parecerem filmagens de verdadeiras. Os cenários também são muito bem feitos e recheados de detalhes; além disso, quase todos os seus elementos são destrutíveis.
É interessante ver como o cenário e os próprios lutadores têm suas aparências drasticamente alteradas à medida que a luta acontece. Peças do cenário quebram, roupas dos personagens rasgam e sujam e o sangue se espalha pelos corpos dos lutadores. Vale lembrar que o dano evidente nos lutadores não é simplesmente um complemento — através dele, é possível se constatar quem ganha e quem perde a batalha, afinal, não há HUD (indicadores de tela, barras de energia ou medidores) algum durante as lutas em Def Jam: Icon.
Ao mesmo tempo em que todos estes aspectos tornam o jogo bastante realista, alguns recursos gráficos e sonoros adicionam um conceito diferente ao jogo, distanciando-o da realidade. Ao longo das lutas, por exemplo, o balanço de cores é alterado consideravelmente, aumentando o contraste quando um dos lutadores está perto da vitória, por exemplo, o dando um tom azulado ao cenário quando a música que toca é a do adversário.
A trilha sonora, a sonoplastia e a forma como tudo é inserido na jogabilidade é outro aspecto que merece grande destaque em Def Jam: Icon. A trilha sonora conta com artistas como Ghostface Killah, The Game, Paul Wall, Redman, Method Man, Ludacris e Lil John — a maioria deles também empresta a voz para seu respectivo personagem no game. Os efeitos sonoros, em sua maioria provenientes de quebras na música e condizentes com as batidas da trilha sonora, também são bastante satisfatórios.
Para o topo das paradas
Não há dúvidas de que Def Jam: Icon é o título mais inovador e bem produzido da série, contando com gráficos de ponta e uma série de mecânicas inovadoras que efetivamente colocam a música como um elemento fundamental da jogabilidade. Além disso, todo o elenco do jogo e a trilha sonora tornam o produto final ainda melhor.
No entanto, nem tudo em Def Jam: Icon é perfeito. Os comandos nem sempre respondem precisamente e a jogabilidade pode ser um pouco lenta para jogadores acostumados com jogos com maior dinamismo, como Tekken. Ainda assim, o título é altamente recomendado para fãs de jogos de luta, afinal, adiciona uma série de características bastante inovadoras ao gênero. Já aos fãs de Hip-Hop, Def Jam: Icon com certeza é uma peça indispensável!
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