Death's Door traz reflexão sobre a morte e batalhas na medida certa
Se eu contasse que um corvo ceifador de almas é o personagem principal de um jogo de video game, você acreditaria? Provavelmente sim. E se eu dissesse que ele tem tudo para ser um dos grandes jogos indies do ano?
Ainda vivemos um momento em que o mercado de games sente os efeitos da pandemia. Só que uma publisher está se destacando: a Devolver. Seu mais novo lançamento é Death's Door e tem tudo para agradar os gamers.
O jogo foi produzido pelo estúdio Acid Nerve, o mesmo que trouxe às telinhas o excelente e divertido Titan Souls. Saiba que Death’s Door foi desenvolvido por apenas duas pessoas: Mark Foster e David Fenn.
Nada faz sentido
Imagine um game que une uma história simples e curiosa, com muita ação e uma pitada de Souls-like? Death’s Door é um verdadeiro colírio, com uma história aparentemente simples. Porém, com o tempo, a situação foge do controle do jogador e é necessário ter muita calma e paciência.
Quando comecei a jogar o game fiquei surpreso pela história ser criativa e bem contada ou, como disse meu filho, nada faz sentido nesse jogo, mas é muito legal. Ele praticamente resumiu todo o sentimento que nos cerca na aventura.
O pano de fundo é um corvo caçador de almas. Ele é o funcionário de uma empresa que coleta esses espíritos. O jogador vive em uma dimensão utópica e, para realizar o seu trabalho, utiliza uma porta que o leva ao mundo dos vivos. No entanto, o enredo não é apenas isso, só que não irei entrar muito mais nos detalhes para evitar spoilers que podem estragar a diversão dos jogadores.
Death’s Door ajuda o gamer a refletir sobre a maior dúvida que existe na humanidade e que provavelmente você já se perguntou: para onde eu vou depois da morte?
O título cria uma excelente reflexão sobre a nossa vida, mostrando uma visão diferente do que é apresentado normalmente. Todo esse quebra-cabeça será montado ao longo da aventura. Cada peça se encontra ao analisar cada um dos personagens do game.
Souls-Like
Entre os diversos ingredientes presentes no jogo, o combate é o carro-chefe, com batalhas sensacionais contra adversários muito bem feitos. Em certos momentos, senti-me dentro de Bayonetta, com inimigos muito criativos, podendo ser um castelo no estilo gótico, uma bruxa com uma cristaleira na cabeça ou até mesmo um polvo em formato de bailarina.
No início da aventura, o gamer conta com poucos instrumentos de batalha, como uma espada e um arco e flecha. Por ser um corvo, o jogador se sentirá pequeno frente a alguns inimigos. Parece complexo e é difícil imaginar que é possível se dar bem nos confrontos. É necessário muito estudo e principalmente domínio total do seu corvo caçador para ser bem-sucedido, pois a energia é limitada. Cada ponto de vida é fundamental para dar tudo certo ao longo da aventura.
O game ainda tem alguns puzzles para serem resolvidos, sendo que a maioria deles acabam sendo feitos de forma muito simples. Alguns são mais complexos, necessitando de um desenvolvimento maior do seu personagem.
Sincronismo
Grande parte do sucesso de Death’s Door se deve ao balanceamento preciso entre inimigos e seu corvo. A dificuldade do jogo está na medida certa, fazendo o gamer não sair frustrado como em praticamente todos os souls-like.
Talvez o ponto que deixe um pouco a desejar é que o jogador pode se perder no mapa após morrer em combate. Terá que ter uma boa memória para chegar ao ponto em que tudo se perdeu.
Seria legal se o game tivesse um mapa para guiar aqueles, que como eu, têm dificuldade em se achar dentro de um grande cenário. Apesar de o jogador ser um corvo, não é possível voar, o que trará certa limitação nos movimentos, mas isso não impede que sua agilidade seja utilizada para criar situações eminentes de dano para o adversário.
Tudo isso só foi possível também pelo excelente sincronismo existente com o joystick, que dá controle absoluto de tudo o que acontece em cena, independentemente da enxurrada de inimigos. As armas disponíveis são simples e, se utilizadas de forma correta, podem produzir combos interessantes. Vale lembrar que, ao coletar energias, o gamer pode melhorar o seu combate, tornando a aventura menos complexa.
Uma pena que a variedade de armas é pequena, deixando os combates pouco diversificados. Isso faz o jogador não perceber um desenvolvimento linear do seu personagem.
Simples e na medida certa
Death’s Door não utiliza gráficos espetaculares e sim uma câmera isométrica, muito parecida com a encontrada em Titan Souls. Então, os gráficos foram muito bem polidos, faltando alguns detalhes para o cenário, que poderiam incrementar ainda mais na jogatina.
O jogo roda liso, mesmo estando em 4 K e 60 FPS. Assim, percebe-se claramente que a empresa fez um excelente trabalho de otimização sem comprometer parte da aventura. Além disso, a trilha sonora é agradável e dá o tom certo em cada ambiente, fazendo cada cenário ser ainda mais diferente do outro. Os chefes têm músicas únicas e uma horda de inimigos que faz o tom subir ainda mais.
Vale a pena?
Por mais que Death’s Door trata de um tema complexo, mas é leve e divertido, conseguindo cativar até mesmo aqueles que não curtem jogos muito violentos. O corvo é simpático e seus amigos também. O título tem tudo para ser uma das grandes surpresas do ano, com uma história curiosa, um gameplay sensacional e um combate que fará você treinar bastante antes de enfrentar aquele grande chefão.
Death’s Doors foi cedido gentilmente pela Devolver para a realização desta análise.
Categorias
- História
- Reflexão sobre a morte
- Combate afinado
- Falta de um mapa
- Prepare-se para morrer muito
- Poucas armas
Nota do Voxel