Chamar algo como Dear Esther de “jogo” não seria exatamente uma ofensa — como poderia colocar qualquer um que tenha atravessado toda a experiência interativa do título. Trata-se, antes, de um erro categórico: não se trata aqui de um jogo, pelo menos não segundo a definição clássica.
É verdade que não se trata de nada realmente novo aqui. Na verdade, Dear Esther foi lançado originalmente em 2008, em um mod produzido a partir da engine Source. Dessa forma, a versão recentemente empacotada pela desenvolvedora thechineseroom representa, antes, uma releitura mais “comercial” do “game” — com texturas e áudio reelaborados. Entretanto, do ponto de vista da trama, a coisa toda permanece igualmente sem uma explicação clara.
Nada aqui envolve vidas, barras de energia, pontos de respawn, fases ou quaisquer outras categorias forjadas ao longo dos anos pela faceta mais popularesca da indústria de jogos. À sua frente, há apenas uma enorme ilha de vegetação rasteira quase virgem, constantemente perturbada pelo som do mar e por ventos cortantes.
Você é um náufrago? Um explorador? Ou, quem sabe, o clamor contínuo por alguém de nome “Esther” em epístolas largadas pela praia dê indícios de algum estado alterado de consciência. Difícil saber ao certo. Mas isso não o impede de colher alguns bons momentos de pura contemplação, sem qualquer necessidade de saltos em plataforma, puzzles ou headshots.