Uma mistura de God of War com Zelda que diverte, mas ainda assim é limitada
O estilo hack ‘n slash vem acompanhando os games desde a era do Nintendo 8-bits, console que deu vida à clássica trilogia Ninja Gaiden, a qual, mais tarde, seria revivida pela Microsoft. Com a chegada da era tridimensional, o estilo teve de se adaptar, desprendendo-se da clássica fórmula side-scrolling. Isto amedrontou muitos fãs. Felizmente, a pancadaria continuou firme e forte — pelo menos para alguns jogos.
Com o passar do tempo, a fórmula foi incorporando elementos de outros gêneros, o que a deixou ainda mais robusta. Depois de anos se moldando, os jogadores finalmente receberam jogos de peso, como a franquia Devil May Cry, a já mencionada Ninja Gaiden e, é claro, a épica brutalidade de God of War. Pode-se dizer que estas três franquias conseguiram estabelecer uma espécie de padrão para os jogos do gênero, o qual foi utilizado em diversos games seguintes.
Logo, fãs destas três escolas notaram que diversos títulos não contribuíam em nada com a Academia do Hack ‘n Slash. Muitos jogos eram meras cópias dos grandes clássicos, comprovando que, infelizmente, a fórmula estava se tornando desgastada. Estaria o mundo da pancadaria e da brutalidade perdido?
Atualmente, uma das maiores esperanças é, indiscutivelmente, God of War III. Mas será que teremos algo tão bom quanto a aventura de Kratos nas outras plataformas? Certamente, muitas desenvolvedoras estão tentando. Uma delas é a Vigil Games que decidiu tentar quebrar os padrões do gênero — algo sempre bem-vindo.
Sua criação é Darksiders, game que já vem sido comentado há um bom tempo aqui no TecMundo Games. Com um estilo de arte digno do mundo dos quadrinhos, à cargo do artista Joe Madureira — conhecido pelas suas obras relacionadas aos X-Men durante a década de 1990 — o jogo faz uma bela mistura entre vários gêneros e consegue cumprir o essencial objetivo de um game: divertir.
Mas será esta aventura pode ser considerada inovadora? Ou a mistura acabou virando pizza? A resposta você confere em nossa análise.
Vivendo o apocalipse
Ao contrário de muitos games disponíveis nesta geração, Darksiders se passa durante — e não após — o apocalipse. Basicamente, você controla um personagem conhecido como War (Guerra) que também é um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Seu objetivo é relativamente simples: ajudar a manter o equilíbrio entre as forças do bem e do mal.
Mas tudo vai por água abaixo quando War é misteriosamente invocado na Terra. O personagem se depara com um planeta em destruição, habitado por criaturas que, definitivamente, não deveriam estar onde estão. Além disso, a humanidade está à beira da extinção. O equilíbrio se foi. Isto significa que você falhou em seu trabalho, e isto nunca é legal.
A partir deste momento, War começa uma busca para encontrar o responsável por todo o caos. Entretanto, simultaneamente, todos acreditam que você tenha sido o causador de toda esta bagunça. É aí que as coisas esquentam. War se torna perseguido por ambos os lados desta gangorra, tendo de enfrentar anjos e demônios. Que comece a pancadaria.
O jogo conta com uma fórmula curiosa, que consegue misturar a brutalidade de God of War com os quebra-cabeças típicos dos games 3D da série Zelda. Nos momentos de batalha, o game traz uma jogabilidade que flui bem, permitindo ao jogador desferir combos e as famosas finalizações — as quais se comportam da maneira quase idêntica à aventura de Kratos.
Além disso, existe a possibilidade de adquirir novas habilidades durante sua jornada. Para isso, basta obter as almas e trocá-las por algo útil com o comerciante de fatalidades do game. War também recebe novas armas, como uma foice, permitindo combinações ainda mais brutais. Em suma, o combate conta com um ritmo agradável, sendo simples e adequado até mesmo para os jogadores casuais.
Fora os momentos mais intensos, o jogo também traz um belo contraste ao introduzir áreas em que você tem de pensar para poder progredir. Em muitas dungeons, você encontrará quebra-cabeças que parecem ter sido retirados diretamente do universo de The Legend of Zelda: Ocarina of Time — incluindo até mesmo objetos semelhantes. Isto impede que o jogo se torne algo repetitivo.
Muitos dos puzzles só podem ser resolvidos com os itens que você obteve no mesmo local em que se encontra. Logo no início, por exemplo, o jogador tem de acertar diversos cristais para acionar elevadores. Entretanto, isto só é possível com a ajuda de uma lâmina giratória, que é encontra nesta dungeon. Eventos semelhantes ocorrem posteriormente, mas desta vez o jogador usará ganchos retrateis e luvas de armaduras. Qualquer semelhança com a primeira aventura de Link no N64 é mera coincidência.
Durante o jogo, você terá de cumprir diversos objetivos distintos, os quais, muitas vezes, estão conectados com a aniquilação das forças inimigos. Além disso, o jogo também fornece momentos de combate que colocam o jogador pilotando cavalos ou criaturas voadoras, algo que alimenta a diversidade da experiência.
Em suma, pode-se dizer que Darksiders é uma bela mistura de vários títulos diferentes. Infelizmente, alguns problemas impedem que o título decole. Um deles é o fato de o jogo realmente se parecer com tudo o que já vimos antes, trazendo apenas pouquíssimas novidades. Além disso, os jogadores mais dedicados notarão que a história acaba se desvirtuando após a primeira hora. Mas tudo isto não impede Darksiders de ser um game divertido.
Se você procura um jogo divertido ao estilo de God of War e com alguns puzzles que relembram Zelda, não deixe de conferir Darksiders. Mesmo com alguns pequenos problemas, que incomodarão mais aos jogadores hardcore, o game consegue divertir, trazendo uma boa diversidade na jogabilidade e combates ideais para aqueles que desejam muita brutalidade barata.
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