O sol há de brilhar mais uma vez!

Videoanálise

Em meados de 2009, o mundo foi apresentado ao despretensioso Demon’s Souls, que chegou ao conhecimento dos gamers ostentando o título de “um dos RPGs mais difíceis do mundo”. E, com o sucesso da empreitada, a From Software, que é a companhia por trás dessa obra, resolveu continuar investindo nessa metodologia de trabalho e alguns anos mais tarde lançou o primeiro Dark Souls.

A então novidade evoluiu o conceito do irmão precursor, agregando qualidades e apresentando algumas modificações bastante significativas nos termos de evolução dentro do jogo. Todas essas alterações foram de suma importância para o sucesso dessa segunda empreitada da desenvolvedora, que agora já havia adquirido um nível diferenciado de respeito no mundo dos games.

No começo de março de 2014, a família Souls recebe o que deve se firmar como o terceiro e último membro do clã dos RPGs de ação mais exigentes da sétima geração dos consoles: Dark Souls 2. O lançamento pretende continuar o bom trabalho feito por seu antecessor e ainda por cima combater (leia-se “fazer jus”) a ansiedade gerada nos gamers desde o anúncio de sua produção, no ano passado.

Vale lembrarmos que, durante o processo de desenvolvimento da obra, soubemos que houve uma troca entre os responsáveis pela produção, entrando Tomohiro Shibuya e Yui Tanimura onde antes estava apenas o mestre Hidetaka Miyazaki. E é claro que isso gerou uma inevitável desconfiança dos fãs mais tradicionalistas da série (“é possível virar tradicionalista de algo com cinco anos de existência?”).

Mas agora é a hora da verdade. Será que Dark Souls 2 segue a crescente evolução que vem sendo construída com a franquia Souls?

O jogo confia em você

Dark Souls 2 não lhe pega pela mão absolutamente em nenhum momento para direcionar seus passos pelo caminho de mais glória ou para mostrar por onde você deveria ir em determinado momento ou outro. As descobertas sobre o enredo, de jogabilidade, de como explorar territórios, como enfrentar criaturas, chefes e afins são feitas “no peito e na raça”. Mesmo assim, há quem dirá que o terceiro membro da família Souls está um tanto mais fácil do que seus irmãos mais velhos.

Até aí podemos compartilhar de uma mesma opinião — no entanto, é fato que a aventura não está um milésimo de segundo sequer menos desafiadora. Sua coragem será colocada à prova em um mundo muito maior do que os anteriores, com bem mais chefes e repleto de questões que precisam ser resolvidas para que revelações possam iluminar sua mente com segredos e outras informações essenciais. E é assim que você mesmo elucida suas inquietações sobre as motivações que movem seu personagem nessa empreitada.

Com isso, a FromSoftware está provando cada vez mais que atingiu um nível invejável de construção de enredo, uma vez que a desenvolvedora aposta piamente na própria capacidade intelectual de seus jogadores. Em vez que colocar os gamers frente a diálogos e longas explicações em cenas animadas, é preciso estar atento a detalhes como a variação dos ambientes pelos quais você passa, as faces de seus inimigos e ao contexto dos locais em que você entra.

Todas essas minúcias entregam conteúdo suficiente para formular teorias muito relevantes sobre o que de fato aconteceu em Drangleic. Pensando nisso, você já reparou que seu personagem (o possível protagonista da trama) sequer é munido de voz ou fala? Pois é...

Assumindo que você já sabe (ou não sabe) jogar

O início da aventura de Dark Souls 2 leva os gamers a seguirem por uma trilha que termina em uma pequena cabana habitada por algumas senhoras decrépitas, que introduzem alguns assuntos importantes à sua jogatina. Para começar, é justamente ali onde você selecionará a qual classe seu guerreiro vai pertencer, bem como suas características físicas e tudo mais.

Ao sair da instalação, você novamente é conduzido por um caminho que atravessa cavernas bloqueadas por névoa (as temidas fogs), nas quais os recém-chegados poderão ter seu primeiro contato com a mecânica de jogabilidade. Felizmente, esse tutorial é totalmente desnecessário para os gamers mais experientes, sendo que é possível caminhar diretamente até o outro extremo do terreno, onde se encontra a passagem para o que você brevemente reconhecerá como sendo seu porto-seguro: Majula.

Curva de aprendizado menos intimidadora

Como de costume, o maior apelo do título ainda fica por conta da relação entre a dantesca dificuldade entregue pela aventura com o sentimento reconfortante de êxito após o cumprimento de uma tarefa (que quase chega a produzir no organismo uma quantidade equivalente de endorfina à que é liberada ao comermos um delicioso chocolate depois de semanas sem contato com doces). Sério, não é exagero...

Em outros termos, essa sequência quase infindável de tentativa e erro, que seria absolutamente massante em outro RPG qualquer, é o que cria essa relação tão intrínseca entre o jogador e o jogo, e o que mantém acesa a chama da curiosidade, fazendo com que o medo de morrer não seja suficiente para impedir que você se mantenha sempre avançando.

Cortando gorduras para prolongar a vida

Uma das alterações mais evidentes presentes nesta terceira aventura da família Souls em relação ao título anterior da franquia é a existência de um número limitado de respawns para alguns inimigos. Isso por um lado impede que os gamers fiquem “farmando” em uma mesma área e por outro obriga que eles explorem o território ao redor.

Além disso, alguns atributos de evolução dos personagens foram divididos, fazendo com que suas escolhas garantam um caráter mais especializado de seu guerreiro. A estamina e a capacidade de carga, por exemplo, foram divididas em dois quesitos separados, enquanto uma nova categoria (chamada Adaptability) surgiu.

Outra informação interessante de se relevar é que alguns perigos não parecem tão absurdamente extraordinários assim porque nós já estávamos preparados para o inesperado — o que reafirma o bom trabalho feito pelo primeiro Dark Souls.

O modo online na primavera de sua juventude!

Os recursos online de Dark Souls 2 foram retrabalhados bem em cima da características que atrapalhavam a vida dos gamers no passado. Agora, sempre que você tenta summonar um colega, a ação é prontamente qualificada com sucesso ou não. E, para o caso de negativa, geralmente a mensagem do revés traz a justificativa da falha. Portanto, chega de esperar vários e vários minutos para ver uma invocação dessas falhar.

Além disso, as famigeradas (e anteriormente confusas) Convenants agora fazem mais sentido de existirem. O uso delas está muito mais claro, sendo que a grande maioria está vinculada diretamente às funções online da jogatina. Em determinada facção, por exemplo, é possível escolher diretamente o servidor no qual você quer jogar, o que facilita imensamente a forma de proceder para quando você deseja habitar uma partida com um ou dois participantes conhecidos.

Além disso, agora também é possível se comunicar com seus colegas por meio de chat de voz. Mesmo assim você ainda pode ficar usando linguagens corporais (de seus personagens, lógico) enquanto tenta indicar qual rumo você deseja que seus companheiros sigam. Fora isso, há itens para fazer os monstros atacarem invasores, há áreas destinadas para confrontos entre gamers online (da mesma convenant ou não) e muitas outras usabilidades da modalidade multiplayer.

Maneiras artísticas de morrer

Mesmo com tantas evoluções, é claro que Dark Souls 2 tem um probleminha de andamento aqui e outro ali. Por exemplo, há determinados lugares nos quais você simplesmente não pode passar devido a uma proibição nativa do game (sendo que é possível adentrar outras locações de acesso muito mais difícil).

Claro que, se levarmos em conta um dos “mandamentos” mais interessantes do jogo, podemos ter certeza de que “se houvesse algo de valor dentro de tal local, certamente haveria uma maneira de chegar até lá”. Fora isso, incomoda um pouco o fato de alguns inimigos atingirem mais de 360 graus de abrangência em seus ataques, além de o visual final da obra nos consoles estar um pouco aquém daquele mostrado em vídeos de divulgação.

Claro que nenhum desses aspectos chega nem perto de atrapalhar sua jogatina — ainda mais se você lembrar que o jogo permite que seu char fique muito (mas muito) forte, a ponto de retornar ao encontro de seu odiado inimigo e dizimar gerações inteiras de seus descendentes.

O veredito?

Com a evolução dos conceitos sobre o que é e o que não é arte, podemos afirmar com segurança que a FromSoftware já conseguiu deixar seu nome marcado no hall de empresas que fazem a diferença no mundo dos games. A família Souls definitivamente conseguiu definir uma nova modalidade de jogatina, na qual os gamers atuam ativamente na construção do enredo e na totalidade da produção.

Em termos de comparação, Dark Souls 2 fez ao seu irmão mais novo a mesma proporção de evolução que o primeiro Dark Souls conseguiu atingir ao ser lançado alguns anos após Demon's Souls. E encontramos durante as três experiências o mesmo sentimento de extremo desafio, que deve resultar em um tal regozijo que acaba fazendo valer a pena todo o esforço empregado para sobrepujar cada monstruoso chefe.

Ainda há tanto mais para se falar sobre Dark Souls 2 que seria preciso atualizar essa análise após cada dois ou três dias decorridos de mais jogatina. Mas, em resumo, pode-se dizer que o jogo é absolutamente sensacional.

*Nota do autor: Para quem quiser (ou precisar de) ajuda para parar de morrer (muito) em Dark Souls 2, basta clicar aqui e conferir um artigo especial sobre isso!

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Pontos Positivos
  • Modo online revigorado
  • A grande dificuldade magicamente resulta em um inigualável sentimento de vitória
  • O terceiro game é melhor do que os dois primeiros
Pontos Negativos
  • Cadê a tradução em português?
  • O visual melhorou em relação ao primeiro, mas ainda não está como foi mostrado nos videos...