Phantom Liberty: nova DLC tem gostinho de 'quero mais' - Review
Não é um grande segredo que Cyberpunk 2077 teve um lançamento turbulento, ainda mais para quem adquiriu o game em consoles da geração passada, mas felizmente esse não foi o fim do legado da obra da CD Projekt Red.
Nos últimos dois anos e meio, vimos muitas atualizações, correções e aprimoramentos chegando à Night City, mas a verdadeira mudança chega agora com a versão 2.0 do game e com a expansão Phantom Liberty.
Eu tive a oportunidade de jogar esse conteúdo adicional nas últimas semanas e já posso te dizer se vale a pena ou não. Confira tudo em detalhes na análise para o Voxel a seguir!
Night City renovada
Antes de falar qualquer coisa sobre a expansão, temos que comentar sobre a atualização 2.0 de Cyberpunk, já que ela tem o objetivo de mudar algumas mecânicas do game e de adicionar novidades interessantes na jogabilidade.
Felizmente, esse update é totalmente gratuito e qualquer um com uma cópia do jogo poderá aproveitá-lo. Dito isso, a nova versão de Cyberpunk conta com o seguinte:
- Combate em veículos, sendo possível atirar dentro de carros ou motos;
- Inteligência artificial da polícia aprimorada e funcionando de acordo com as suas ações ilegais;
- Árvore de vantagens reformulada para ter mais impacto na jogabilidade;
- Armadura vinculada com suas peças cibernéticas em vez de suas roupas;
- Vigor agora é consumido com uso de armas em vez de correr;
- Animações e interface dos Medicânicos alteradas para melhorar a experiência do jogador.
Ainda há algumas mudanças menores, como novas estações de rádio, maior estabilidade, visuais aprimorados, novos easter eggs, alterações no sistema de criação e melhorias gerais na interface do game.
Eu estou falando disso porque essas alterações de gameplay se misturam diretamente com o conteúdo de Phantom Liberty de uma maneira ou outra, mas essa análise focará apenas na expansão e o que ela pode oferecer aos jogadores. Afinal, é ela que realmente custa dinheiro e que pode gerar dúvidas sobre valer a pena ou não.
Cyberpunk: Episódio 1 - A Liberdade Fantasma
Partindo para a expansão, também vamos ser bem diretos sobre o que Phantom Liberty disponibiliza logo de cara. No caso, você pode esperar o seguinte:
- novo distrito de Dogtown;
- uma linha de missões inédita para a trama principal do DLC;
- um novo final para o jogo;
- muitas missões secundárias de diversos tipos;
- uma nova árvore de vantagens do Relic;
- 100 itens novos (incluindo armas, cibernéticas, carros e mais);
- novos chefes para combater;
- lançadores de mísseis para veículos;
- aumento do nível máximo para 60.
Novos personagens também significam novas missões e problemas para V.Fonte: CD Projekt Red/Reprodução
Phantom Liberty chega ao PC, PS5 e Xbox Series no dia 26 de setembro, e custará entre R$99 e R$150 reais dependendo da sua plataforma de escolha — sendo a PS Store do PS5 o local mais caro para adquiri-la.
Considerando apenas a quantidade de conteúdo e horas que você passará passeando por Dogtown, conversando com os novos NPCs e resolvendo suas diversas missões, acredito que esse acaba sendo um preço justo, mas eu tenho certeza que você se importa mais com a qualidade dessa expansão do que qualquer outra coisa. Felizmente, a resposta para isso também é bem positiva.
Chegando em Dogtown
Os eventos de Phantom Liberty podem ser desenrolados a qualquer momento do jogo, desde que você tenha completado o Ato 1 de Cyberpunk, que é quando você realiza suas primeiras missões e conhece nosso querido Johnny Silverhand.
Como eu já tinha zerado o jogo ainda em 2020, preferi usar os dados salvos do momento anterior à última missão, mas eu realmente acredito que é ainda mais proveitoso iniciar uma partida totalmente nova para que você se habitue às novas mecânicas da atualização 2.0. E além disso, para que tenha todo o contexto e história do jogo mais frescos na memória.
Assim que estiver apto para iniciar a expansão, um personagem te mandará uma mensagem oferecendo um serviço na entrada de Dogtown, um novo distrito perigoso, com muitos prédios destruídos, pessoas morando nas ruas e um cenário geral que parece ter saído direto de uma versão moderna de Fallout. O visual do novo local é realmente bem interessante, ainda mais por não ser tão parecido com tudo o que já vimos em Night City antes, apesar de obviamente fazer parte da mesma cidade.
Idris Elba é a nossa estrela de Cyberpunk 2077 e rouba o holofote o tempo todo.Fonte: CD Projekt Red/Reprodução
O que me surpreendeu um pouco foi o tamanho de Dogtown, que é menor do que eu estava esperando. Por ser apenas um distrito, isso faz sentido, mas o sentimento é que eu estava revisitando as mesmas ruas toda hora depois de algum tempo. É claro que isso não é um grande problema, já que você pode simplesmente andar livremente por qualquer distrito de Night City enquanto faz as missões de Phantom Liberty.
Claramente, é um incômodo muito maior para quem já zerou o game ou já viu a maior parte do que Cyberpunk 2077 oferece. Jogadores novos ou mesmo aqueles que só iniciarem uma partida nova podem ter uma impressão totalmente diferente disso.
Interações vazias
O meu real maior incômodo continua sendo algo que já me irritava no jogo base: a falta de interação com prédios e NPCs. O que quero dizer com isso é que você sempre encontra NPCs conversando entre si ou em lugares estratégicos parecendo que podem te contar algo e prédios visualmente interessantes com placas ou sinais indicando do que o estabelecimento se trata e se está aberto.
Tudo é muito convidativo o tempo todo e atiça naturalmente a curiosidade do jogador em saber o que aquele NPC tem a dizer ou o que tem dentro daquele prédio, mas a resposta é quase sempre um grande nada. Por ser algo estrutural do game, era esperado que isso se repetisse em Phantom Liberty, mas ainda foi uma pequena decepção.
Interação urbana de Phantom Liberty é limitada a alguns prédios e NPCs, como a versão base de Cyberpunk 2077.Fonte: CD Projekt RED
O esquema de tudo estar sempre fechado, com exceção de locais onde quests acontecem, não é algo que eu aprecio muito. Afinal, seria mais fácil só não tornar o cenário inacessível em algo tão chamativo e com placas que literalmente dizem que o prédio está aberto. É claro que se isso é uma coisa que não te incomodava antes, o que sei que é o caso para muita gente, tenho certeza que nem vai passar pela sua cabeça desta vez também.
Ainda assim, acho que é um ponto importante de frisar, já que é algo que poderia deixar Cyberpunk mais interessante e fazer Night City parecer mais viva no geral.
Um gostinho de quero mais
A boa notícia é que se algo que era incômodo no jogo base contínua incômodo na expansão, o mesmo pode se dizer para os pontos positivos. O auge da qualidade do game, na minha opinião, sempre foram as missões (tanto principais como secundárias), seus personagens e as escolhas que podíamos fazer ao longo do caminho.
Nesses quesitos, não tenho do que reclamar de Phantom Liberty. Eu adorei a trama e, apesar dela começar meio clichê com a história de salvar a presidente, não demora para que certas viradas e revelações comecem a aparecer. A parte secundária também continua divertida e pode ser mesclada perfeitamente com os objetivos principais ou com as missões do jogo base.
Logo de cara, a história do DLC já começa com um estrondo e te joga diretamente na ação, não te deixando parar por pelo menos duas horas. Eu digo isso como algo muito positivo, porque realmente não queria largar o jogo até descobrir um pouco mais da trama estranha na qual eu estava me envolvendo.
Depois desse início turbulento, há uma pequena pausa natural para que você possa explorar as coisas e se habituar ao novo cenário. Mas logo depois, a trama volta com tudo e com novos mistérios. Eu obviamente não vou revelar nada, mas posso garantir que essas missões já valem o DLC se você for fã do jogo base.
É claro que nosso querido Johnny Silverhand continua fazendo seus comentários sarcásticos em Phantom Liberty.Fonte: CD Projekt Red/Reprodução
Apesar de eu não considerar isso diretamente como um ponto positivo nesta análise, tenho que dizer que as melhorias do update 2.0 também adicionam bastante na experiência, particularmente nas missões que envolvem brigas em carros ou na violência causada espontaneamente pelos moradores de Night City.
Como disse, esse é um ponto à parte, mas vale ser mencionado porque a CD Projekt Red já havia comentado que muitas das mudanças dessa atualização foram criadas por causa do desenvolvimento de Phantom Liberty.
Um outro ponto que vale a menção é a nova árvore de vantagens do Relic, que vai te oferecer algumas habilidades novas. Essa árvore não é tão complexa e cheia de possibilidades como as do jogo base, mas é o suficiente para trazer um elemento diferenciado para o seu jogo. O interessante é que ela só pode ser aprimorada com pontos especiais que você adquire em Dogtown, algo que achei um bom incentivo para aproveitar o máximo dessa expansão e também para não ter que gastar os pontos adquiridos antes.
Conforme já mencionamos, você também encontrará muitas novas armas, carros, tecnologia e itens consumíveis em sua aventura, então não ficará com aquela sensação de só ver mais do mesmo.
Cyberbugs
Algo que provavelmente vai gerar muitas dúvidas é a quantidade de bugs encontrados em Phantom Liberty e a sua performance. Eu joguei a expansão no mesmo PC que joguei o jogo base em 2020, com um placa GTX 1660 e 16 GB de RAM. Na época do lançamento, eu fui umas das afortunadas que não teve problemas de desempenho e que só viu bugs óbvios, como aquele em que os moradores de Night City desapareciam e policiais brotavam do céu para te matar.
Enquanto eu jogava Phantom Liberty, a experiência foi bem parecida, já que só encontrei alguns problemas visuais e, com as configurações no Alto, o jogo rodou sempre entre 40 e 50 FPS.
Obviamente, essa não vai ser necessariamente a experiência de todo mundo. Então, o que eu recomendo se você estiver mais preocupado com isso é: espere até alguns dias após o lançamento da expansão e veja alguns testes de outras pessoas que estão jogando em diferentes plataformas, ou com outras configurações de PC.
Vale a pena?
De muitas maneiras, eu sinto que Phantom Liberty realmente funciona bem como extensão do que já conhecemos de Cyberpunk 2077, quase como algo que faria sentido se existisse lá desde o começo. Só é difícil de não pensar nos DLCs de The Witcher 3, também da CD Projekt Red, e fazer comparações.
Afinal, a qualidade e conteúdo oferecido nesse caso foi algo muito acima do que poderia ser esperado naquela época, o que não sinto necessariamente que se repetiu aqui. Talvez eu só esteja refletindo nisso porque os desenvolvedores já declararam que essa será a única expansão paga de Cyberpunk e imagino todas as possibilidades do que mais poderia ter sido realizado.
Querendo ou não, isso é um pouco mitigado pela chegada da atualização 2.0, que por si só já muda bastante alguns elementos de Cyberpunk 2077 e entrega algo muito mais próximo do que a CD Projekt Red havia prometido há alguns anos. Eu mantenho a opinião que alguns fatores que não me agradavam antes continuam aqui, mas os pontos positivos continuam muito bons e abundantes nesse pacote — e só são elevados por tudo o que mudou desde 2020.
Acredito que, de certa forma, Cyberpunk sempre terá aquele gostinho de que poderia ter sido muito mais do que foi, mas isso não significa que ele não entregue uma experiência extremamente divertida, memorável e emocionante. Similarmente, como deu pra perceber, isso também se aplica perfeitamente à Phantom Liberty.
Nota do Voxel: 90
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