Imagem de Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion
Imagem de Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion

Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion

Nota do Voxel
93

Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion: é uma aula sobre remasters

Final Fantasy VII é um dos fenômenos mais aclamados do universo de games desde seu lançamento em 1997, recebendo diversos jogos e histórias complementares desde então e, recentemente, um remake fantástico que agitou um pouco do que conhecemos da trama. Contudo, de todos os títulos estreados até hoje, Crisis Core é uma gema quase perdida, já que ficou preso no PSP desde 2007 e sem nenhum relançamento. Até hoje.

Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion se provou um ótimo pontapé para dar uma verdadeira aula de como se fazer um remaster durante nosso preview, mas, incrivelmente, as coisas só melhoraram quanto mais avancei e joguei. Um capítulo essencial no universo do game e ainda mais importante com os acontecimentos do remake de 2020, Crisis Core chega em uma boa hora e com um tratamento extremamente premium.

Após dezenas de horas, fui sequencialmente surpreendido com gráficos incríveis e novas mecânicas de gameplay, mesmo após passar metade da campanha. No fim, o que eu tive foi uma experiência bastante divertida e recompensadora, apesar de a carcaça ainda ser um jogo de PSP. Veja a nossa análise completa!

Gráficos quase modernos (mas espetaculares mesmo assim)

A sua memória pode falhar e pensar que pouca coisa mudou neste remaster, mas muito se engana. Apesar de a versão de PSP de Crisis Core ainda ser bonita, ela vem de outra era: uma época de visuais no estilo anime, compartilhando similaridades entre Kingdom Hearts e Final Fantasy. Crisis Core Reunion eleva o patamar aqui, oferecendo apresentações visuais quase idênticas às de Final Fantasy VII Remake. Quase.

No fim, o remaster ainda é um relançamento com orçamento menor e não chega à igualdade exata de um jogo feito do zero. Entretanto, o resultado é muito bom. Na verdade, mais que isso: é excelente. Sem um olhar atento, há poucos momentos que o alicerce de PSP, como animações simples, ou elementos menos refinados dão as caras. Na maior parte da experiência, a sensação é quase de um remake, brigando forte com Crash N’ Sane Trilogy entre os melhores relançamentos que vimos até hoje. Sem contar das melhorias de jogabilidade, que vou comentar depois.

Vamos começar pelo mais básico, mas já ótimo: as cutscenes em CG foram remasterizadas e, em alguns casos como as de summons, foram completamente refeitas e modernizadas. Loadings são mais rápidos e alguns até inexistentes, mudando um pouco a estrutura do gameplay original do PSP. Por fim, uma adição espetacular: a trilha sonora foi retrabalhada e todos os diálogos foram dublados. Sim, todos. No PSP, a grande maioria da trama era contada apenas por texto, mas aqui todos têm vozes, que são, inclusive, dos atores do FF 7 Remake e não do original.

Na parte gráfica, é só alegria. A Square optou por retrabalhar toda a apresentação visual, o que inclui texturas, iluminação, modelos 3D, efeitos de partículas, sombras, filtragem de texturas e absolutamente tudo. Como citei, por ter um orçamento menor, nem tudo está à par de Final Fantasy VII Remake e é possível ver o esqueleto de PSP por trás em algumas animações. É quase como pegar um chassi de Celta e colocar uma Lamborghini por cima, sabe? Mas não é ruim, só extremamente bem maquiado e convincente. No PS5, ele ainda roda em 4K e em 60 fps, sem nenhum tipo de queda ou problema técnico. Tá aqui uma obra muito bem polida.

Sei que muitos vão dizer que o jogo é um remake completo, mas a própria Square Enix o chama de remaster. E não é pra menos, pois vários elementos mostram que esse ainda é o jogo original de PSP. Ele é apenas um remaster impressionantemente bem-feito, algo raríssimo de se ver, e por um valor menor que de um lançamento atual, custando R$ 250 ou US$ 50, versus os R$ 350 ou US$ 70.

Se fosse apenas o retrabalho visual neste jogo escondido da saga, já seria algo excepcional pros fãs (ou obrigatório para amantes e novatos do conglomerado de Final Fantasy VII, já que ele é um prequel importantíssimo e tem um papel grande nos eventos do jogo principal ou do remake). Mas eu tenho boas novas: a Square foi além. Muito além.

O combate é tão modernizado que é quase outro jogo (e melhor)

Antes de começarmos, uma leve refrescada na memória. Crisis Core Final Fantasy 7 era um RPG inspirado bastante no jogo original, com uso de matérias, tanto de magias quanto de habilidades, mas com lutas em “tempo real”, mas não exatamente ação como o que vimos em Final Fantasy VII Remake, já que você precisava passar com os botões L e R pra atacar e usar as ferramentas e ainda havia uma certa demora. O sistema parece mais com um estilo de Dragon Age, mas muito mais acelerado e bem mais ação, algo que, pra época, funcionava bem, mas hoje está um pouco datado.

Além disso, há o sistema DMW, uma roleta ao estilo de cassino que aleatoriamente traz status extras, como retirar o custo de magias e habilidades, invencibilidade etc. Além disso, esta mecânica é quem era responsável por ativar invocações de summons e Limit Breaks variados, dependendo do personagem que aparecia na roleta. Guarde essa informação.

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Já na versão Reunion, muita coisa foi mudada de uma maneira que transforma o game. Começando com o arroz com feijão, há um botão de ataque dedicado agora, além de atalhos para usar cada uma das seis Materias equipadas (inicialmente são quatro, mas há upgrades). Essa simples mudança o torna extremamente parecido com Final Fantasy VII Remake, com lutas mais rápidas e responsivas.

Pode parecer pouco, mas essa alteração sozinha transforma a experiência. Mas pra mudar algo tão drástico que o deixa em praticamente um action RPG de peso, a Square modificou alguns parâmetros, como tempo de ataque e agressividade dos inimigos pra tornar a experiência mais coesa, além de inserir outras melhorias de vida. Por exemplo, alguns loadings foram eliminados, outros ficaram bem mais curtos, animações podem ser puladas, etc. Até na exploração existe um botão pra correr mais rápido, uma mão na roda.

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Lembra que falei do DMW? No game original, toda ativação parava a batalha para mostrar o resultado, enquanto agora é tudo dinâmico e com informações na tela. Já os Limit Breakers, Summons e golpes especiais têm um botão para ativação, ou seja: no título de PSP, assim que a roleta caía em um Limit Break ou similar, o especial era executado na hora. Agora, você aperta o botão triângulo para usar quando quiser, evitando interrupções e quebra de combos.

Inclusive, sim! Combos! Conforme você usa ataques corpo a corpo comuns e em seguida usa alguma habilidade das Materias amarelas, que são golpes físicos requintados, o dano escala. Essa dinâmica evita uma estratégia do game original de spammar habilidades e ainda cria um dinamismo maior.

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Falando no combate, golpes especiais dos inimigos podem ser cancelados! Agora, em vez de esperar para receber um ataque devastador, você vê uma barra de AP adversária: bater no oponente vulnerável pode cancelar o seu ataque ou reduzir o seu dano, dependendo de quanto você esgota a barra.

E, quando cheguei para mais da metade da campanha, novas mecânicas ainda foram inseridas. Depois de ter a Buster Sword, é possível assumir a postura defensiva que Cloud tem no Remake, evitando cancelamento de ataques, por exemplo. Após determinado momento da campanha, também surge um sistema de “avaliação SOLDIER”, que recompensa defesas, execuções mágicas e terminar sem tomar dano para presentear recuperação de HP, MP e AP. E, caso ainda queira mais, também há um modo difícil, que só existia na versão japonesa originalmente.

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Os menus também foram completamente retrabalhados, a navegação ficou mais intuitiva no mapa, há sinalizadores de objetivos em cores mais destacadas, podemos movimentar a câmera, retirando diversos cenários de câmera fixa e muito, muito mais. Vale lembrar que o PSP não tinha um segundo analógico, lembra?

E, pra fechar com chave de ouro, todas as mecânicas e novidades estão bem melhores explicadas, sem espaço para dúvidas ou achismos.

História espetacular e conteúdo secundário gostoso de aproveitar

Um dos charmes de Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion ou do jogo original é a sua trama. O enredo do game funciona tanto para fãs de longa data que querem entender a relação de Zack e Cloud, a origem da Buster Sword, uma compreensão maior de Sephiroth e sua jornada para se tornar um vilão, tanto para novatos, já que, apesar de perder algumas referências e consumir a história de uma forma invertida, ainda podem aproveitar muito bem a sequência de eventos sem se sentirem perdidos.

Certamente, a história deste prequel não é tão robusta, longa ou complexa quanto do game de 1997, que traz uma gama muito maior de acontecimentos, personagens e locais para se aventurar, mas ela é muito bem amarrada, com ótimo ritmo e eventos espetaculares pra sentar e consumir com um sorriso no rosto (ou, de vez em quando, uma lágrima sofrida).

O título é realmente um pacote muito bem-amarrado e compacto de se aproveitar, com uma progressão bem satisfatória e recheado de coisas legais, como mais detalhes da Shinra e seus complôs, informações preciosas sobre os Turks e os membros do SOLDIER, nuances de Sephiroth e Zack que não conhecemos e muito mais. Tudo isso durante uma jornada de cerca de 30 horas para quem misturar história principal com atividades secundárias.

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Há minigames e sidequests mais interativas, como achar os espiões de Wutai em Midgard ou melhorar o carrinho de flores de Aeris, mas o grosso fica nas missões da Shinra, que podem ser acessadas em um save point. São elas que rendem 90% do conteúdo secundário, trazendo chefões, Materias novas, habilidades únicas, summons novos e equipamento melhores – além de ser o sistema que mais vai favorecer você aumentar de nível, já que é bem mais extenso que a campanha principal.

Honestamente, eles são um pouco datados, já que repetem bastante os mesmos cenários e podem se tornar uma rotina repetitiva. Contudo, também vou ser franco: eu adorei passar horas matando monstros e me divertindo com o combate fantástico, algo que o próprio Final Fantasy VII Remake carece um pouco: dar espaço pra usufruir do sistema de luta. Foi sempre bastante proveitoso coletar novos recursos, subir o nível de Materias e gastar um tempo de qualidade realizando fusões de Materias para ter magias e habilidades cada vez melhores.

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Entretanto, é inegável: Crisis Core tem um escopo bem menor, até porque era de PSP, e o remaster não muda isso. As missões secundárias são sim repetitivas e podem cair na monotonia, há poucos locais pra explorar, não temos muitas sidequests dinâmicas e o universo não é tão ricamente explorado quanto no game principal. Não espere um RPG de peso aqui.

Infelizmente, sem dublagem ou legendas PT-BR

Se tudo pareceu tão promissor quanto comentei (e realmente é), infelizmente tenho uma péssima notícia para quem não domina a língua inglesa: a Square Enix não incluiu dublagem nem legendas em PT-BR, diferente de Final Fantasy VII Remake. Portanto, caso não entenda inglês, será penoso aproveitar um dos pontos principais desse relançamento, que é a sua história.

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Por se tratar de um relançamento-chave para entender os eventos que precedem o jogo original e como as mudanças do remake, e do vindouro Rebirth, afetam a jornada de Zack, é realmente uma pena que muitas pessoas ficarão na mão dessa vez.

Vale a pena?

Não há dúvidas que Crisis Core já era um excelente jogo no PSP. Se a Square só tivesse remasterizado, com aumento de resolução e taxa de quadros por um preço menor, seria ok, mas ainda legal, já que o game ficou 15 anos preso no PSP. Se ela tivesse feito isso e também adicionado vozes, seria ótimo. Mas a empresa foi bem além, trazendo gráficos bem parecidos com Final Fantasy VII Remake, mudanças significativas no combate, exploração e menus, dublagem e modernização à obra, tudo por um preço menor do que um lançamento atual.

Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion dá uma aula de como relançar um jogo como remaster, mas, mesmo que ele fosse ok, ainda seria um jogo extremamente divertido e peça fundamental da mitologia Final Fantasy 7 para aproveitar. É um pacote realmente bem completo e que recomendo de olhos fechados para qualquer fã ou entusiasta.

Os maiores pontos negativos ficam na passagem do tempo, que revela um game de escopo menor pro PSP, e de uma carência de legendas em PT-BR: afinal, a história é espetacular e muito importante pro universo do game.

Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion foi gentilmente cedido pela Square Enix para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • História extremamente cativante e obrigatória para fãs da mitologia de Final Fantasy VII
  • Excelente ritmo de progressão
  • Sidequests e missões secundárias bastante divertidas
  • Visuais completamente repaginados do zero e com bastante fidelidade aos gráficos modernos de Final Fantasy VII Remake
  • Game roda em 4K e 60 fps no PS5 e Series X, sem qualquer tipo de problema técnico ou bugs
  • O combate já excelente do original foi completamente retrabalhado para deixar tudo mais moderno
  • Diversas adições mecânicas inéditas à estrutura de gameplay, deixando as lutas mais dinâmicas e inserindo qualidades de vida ótimas
  • Cutscenes remasterizadas (e algumas refeitas do zero)
  • Dublagem em 100% dos diálogos do jogo, removendo blocos enormes de textos sem vozes que tínhamos no original
Pontos Negativos
  • Sem dublagem ou legendas PT-BR
  • O escopo do game ainda é menor que o padrão atual, com poucos locais para visitar e variedades de atividades
  • Apesar de ser um excelente remaster, alguns elementos visuais não são tão rebuscados