O melhor modo de viver no seu mundo
Lançado no dia 10 de março, o mais novo simulador de cidades da Colossal Order, Cities: Skylines, limpou o chão com o famoso SimCity em relação à recepção. O game agradou muito os jogadores e a mídia especializada e em apenas uma semana vendeu mais de 500 mil cópias.
Em relação aos antecessores de Skylines, essa nova versão está melhor em quase tudo. Contudo, a verdadeira comparação aqui é entre ele e o simulador da Maxis — é praticamente impossível fugir dessa briga.
O game
Cities: Skylines é bem receptivo com os novatos. Ele tem um tutorial explicativo e sem mecânicas muito complicadas, basta você saber que não deve gastar mais do que tem nem sair por aí construindo coisas indiscriminadamente, afinal todos os edifícios têm um valor de manutenção semanal.
Na verdade, para evitar que os jogadores com menos intimidade com esse tipo de game saiam por aí fazendo prédios desnecessários, o jogo tem um sistema que imita jogos de RPG — alguns edifícios especiais só podem ser construídos após um certo número de habitantes na cidade, que funcionam como uma barra de experiência.
Esse sistema pode parecer um tanto falho, pois tira a liberdade inicial do game. Muitos podem querer colocar uma grande estação de energia, mas apenas uma está disponível logo no começo. Contudo, isso ajuda muito a saber a hora certa de adicionar esses serviços e evoluir a cidade.
Resumindo, em vez de nos dar tudo na mão logo no início, Cities: Skylines vai desbloqueando o conteúdo, permitindo a administração dos recursos muito mais facilmente. No entanto, não pense que só por ser um veterano em simuladores de cidades você pode simplesmente pular o tutorial.
Apesar das enormes semelhanças com SimCity, existem coisas novas também. Uma dessas novidades é o sistema de bairros e políticas, que permite criar um sistema de "normas" para cada região da sua cidade. Por exemplo: você pode proibir a entrada de animais em certos bairros e permitir em outros ou estabelecer a lei do silêncio em alguns locais.
O importante é: o tutorial explica tudo de um modo não cansativo (sem aqueles enormes blocos de texto que dão preguiça só de olhar) nem de forma rasa demais. Assim, você não terá que se especializar em administração para poder entender como gerir sua cidade, basta acompanhar as dicas. Lembrando que o game tem a opção de idioma em português do Brasil, então nem traduzir você vai precisar.
O nascer de uma cidade
Quem já é macaco velho em simuladores de cidades sabe que o começo de todos eles são exatamente iguais. Você tem um belo e enorme "nada", e cabe à sua criatividade e a uma boa administração transformar esse espaço vazio em uma imponente e produtiva metrópole.
Para começar, temos que suprir as necessidades básicas de toda cidade oferecendo eletricidade e água. Colocar uma estação de energia e uma caixa d'água é o suficiente para começar. Depois disso é só estabelecer as zonas, que são divididas em três categorias: residencial, para casas e prédios onde as pessoas moram (verdes); comercial, para lojas e estabelecimentos (azuis); e industrial, para fábricas e escritórios de tecnologia (amarelas).
Basta ligar tudo isso com a rede elétrica e os canos de água e assistir a tudo evoluir. Se você pensa que é só isso, pode tirar o cavalinho da chuva. Aqui você tem que agir como um verdadeiro administrador, ou seja, nada de construir de tudo sem pensar. Planejamento é a alma da cidade — sempre imagine o futuro, como você quer que sua cidade seja lá na frente.
Não se preocupe caso você tenha esquecido de alguma coisa. Basta ficar ligado no "Twitter" do jogo, lá os cidadãos vão expressar o que estão achando da sua cidade e alguns até dão dicas do que fazer para melhorá-la.
A boa briga — round 1
Existem três pontos principais (não são os únicos) em que Cities: Skylines vence por nocaute a versão mais nova de SimCity:
Online para sempre: uma das maiores reclamações dos jogadores de SimCity é a obrigatoriedade de uma conexão com a internet o tempo todo. Em Skylines isso não é necessário. O jogador pode se conectar à própria conta no Steam, entrar no game e, mesmo se a rede mundial de computadores de repente parar de funcionar, ainda é possível jogar.
Uma cidade enorme: o limitadíssimo tamanho das metrópoles era outro fator que incomodava muito. Enquanto em SimCity só construíamos a cidade em um "quadrado", que não era lá muito grande, em Skylines podemos fazer uma verdadeira megalópole que pode ser até nove vezes maior (com Mods, essa área pode aumentar para 25 vezes). Essa gigantesca área permite uma personalização sensacional.
Suporte para a criação de Mods: o Steam Workshop permite que os usuários criem conteúdos sensacionais para o game oferecendo enorme liberdade para os modders, o que nos deixa alterar o jogo de maneiras nunca antes imaginadas, surpreendendo muita gente pela internet. Já teve gente que criou Los Santos, a cidade de GTA V, com o Skylines.
Outra questão que incomoda é a evolução de estradas. Apesar de SimCity ter um ótimo sistema de construção de ruas, evoluí-las é um tormento, pois quando sua cidade já está grande, melhorar rua por rua irrita até o mais calmo e paciente dos jogadores. Em Skylines, basta construir uma estrada com mais capacidade por cima e pronto.
A boa briga — round 2
Toda boa briga tem dois lados. Não seria justo dizer que Cities é melhor que SimCity em tudo, pois isso não é verdade. Por exemplo, Skylines obriga o jogador a construir tudo ao lado de estradas, não dando sequer a possibilidade de fazer o primeiro edifício antes de elas estarem prontas. É obvio que isso faz sentido, mas ter que planejar onde a estrada vai ser colocada levando em conta o tamanho do edifício que ainda não construímos, para depois ele não caber e nos obrigar a repetir tudo, é bem frustrante.
Cities: Skylines também leva a pior no quesito recursos individuais. Mas o que é isso? Bem, vamos explicar com algo que aconteceu conosco na durante a análise. Em um determinado momento, nossa cidade estava produzindo muito lixo, e a coleta não estava indo a todos os lugares. O que tivemos que fazer? Adicionar outro aterro, o que deixa os cidadãos tristes, afinal ninguém quer morar ao lado de um lixão.
No caso de SimCity, nós poderíamos simplesmente clicar no aterro já existente e comprar um segundo caminhão para ajudar na coleta. Dessa forma, teríamos evitado a construção de outra dessas instalações que fazem muito mal à cidade. Em Skylines, essa interação tão necessária não existe.
Vale a pena?
Em conteúdo in game, tanto Cities quanto SimCity estão no mesmo patamar, isso levando em consideração quanto tempo você vai passar na frente do seu PC construindo sua cidade e se envolvendo com ela. Na questão visual, a mesma coisa. Tanto um quanto o outro tem momentos de encher os olhos, principamente quando selecionamos algum carro para seguir com a câmera.
As metrópoles de Cities parecem estar sempre vivas, e existe uma enorme variedade de modelos de fábricas, casas, centros comercias, pessoas passeando, trânsito, barcos no porto, aviões voando no aeroporto, além de termos a possibilidade de clicar em cada um desses elementos para saber como se sentem em relação à cidade ou, como já foi dito, se ligar no "Twitter" do game.
Contudo, sentimos falta de um ciclo de noite e dia. Seria sensacional ver como a vida noturna da cidade se comportaria — quem sabe em um futuro DLC, que a Colossal Order já prometeu que vem por aí. Agora nos resta aguardar ansiosamente, afinal Cities: Skylines é o melhor SimCity dos últimos anos.
Categorias
- Um espaço colossal para fazer sua cidade
- Fácil de aprender, desafiador de dominar
- Suporte do Steam Workshop
- Não é inovador
- Pouca personalização individual dos prédios
- Não há ciclo de noite e dia
Nota do Voxel