Castlevania Requiem é uma ode a eras de ouro, mas podia oferecer mais
A Konami anda meio apagada depois da mudança de investimento para máquinas de pachinko e games mobile para o Japão. Mas a empresa surpreendeu ao anunciar que traria de volta uma de suas principais franquias com o game Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood. Bom, não é exatamente reviver, mas ei: é um jogo para PlayStation 4!
O jogo, lançado recentemente, é uma coletânea com dois dos melhores títulos da série: Castlevania Rondo of Blood, um dos principais games da fórmula clássica, e Castlevania Symphony of the Night, talvez o melhor título de toda franquia e o criador da fórmula metroidvania. Em contexto, ambos são relacionados e faz sentido estarem juntos.
Sem dúvidas, o material aqui compilado é puro ouro, é qualidade acima de muitos outros remasters que você pode imaginar. Na teoria, essa coletânea tinha tudo para ser uma das melhores da atualidade. Na prática, ela ainda é muito boa, mas sem dúvidas poderia ser mais do que meros ports. Confira a nossa análise completa!
-
Material de ouro com tratamento ok
Castlevania: Symphony of the Night é possivelmente um dos meus jogos prediletos de todos os tempos. Ainda em 2018, o game é simplesmente espetacular, atemporal e uma obra muito além do seu tempo. Por ser o percussor de um gênero que é seguido à risca hoje, ele é quase uma cartilha de sucesso. Suas mecânicas de ação, magia e RPG são perfeitas e cada segredo do castelo de Drácula é uma recompensa muito satisfatória. Portanto, é tão bom jogar de novo quanto foi jogar há mais de 20 anos.
Já Castlevania: Rondo of Blood também tem sua reputação a manter. Possivelmente um dos melhores títulos da fórmula clássica (junto com Bloodlines e Super Castlevania IV/Castlevania Chronicles), o sentimento de desafio e recompensa é exímio e precede games como Dark Souls em décadas. O fator replay altíssimo do game e a dificuldade alta garantem um bom tempo de jogatina.
Galeria 2
Então qual é o problema? Bom, há alguns a serem apontados. Vamos começar por um panorama geral: ambos os jogos são ports diretos de Castlevania Dracula X Chronicles, remake de Rondo of Blood para PSP que tinha como extra ambos os games de Castlevania Requiem. Por conta disso, há pouquíssimas melhorias no que diz respeito aos gráficos.
Você tem, basicamente, quatro opções: tela expandida, tela reduzida, efeito CRT e suavização de pixels. O máximo de tratamento visual que realmente fica bom aos olhos são os elementos 3D de Symphony of the Night, que ficam sem qualquer tipo de serrilhado. Os efeitos gráficos são mais extras do que realmente algo que transforme a experiência.
E, para completar, os áudios utilizados aqui são os mesmos da versão de PSP. O maior problema disso é que o clima original é perdido e não há opções de alterar. Esqueça a icônica frase (“What is a man?”) de Symphony of the Night ou a abertura diferente de Rondo of Blood (o game usa os materiais do remake, já que a edição original nunca veio ao Ocidente). O áudio é uma grande salada mista que não é ruim, mas perde a essência do original. Por mais que doa falar isso, o resumo é esse: Castlevania Requiem não passa de uma coletânea dos ports de PSP.
Galeria 1
Entretanto, nem tudo são pedras: houve algumas pequenas adições que são bacanas. O DualShock 4 é o maior destaque aqui: não só o input lag beira a zero, como a Konami aproveitou os recursos do acessório, principalmente com a vibração e os alto-falantes. Os efeitos sonoros, como espadadas, chicotadas e gritos de morte são todos reproduzidos no controle, além de ter feedback tátil com vibração (algo que nem o PS1, nem o PSP nem o Vita possuem).
Cadê os extras e materiais já lançados?
Por se tratar de uma coletânea, é esperado que existam extras para os fãs, certo? Bom, você não os encontrará por aqui. Mesmo que seja um port dos games de PSP, o remake Dracula X Chronicles (que supera a definição de excelente, de tão bom) não está incluso nem os materiais de bônus que vinham com ele, como faixas para escutar, artes e muito mais.
No menu de Castlevania Requiem, você tem duas opções: jogar Symphony of the Night ou Rondo of Blood. É isso. Para quem quer apenas reviver os momentos extremamente marcantes e quase poéticos de cada um desses jogos, isso basta. Entretanto, não seria nada ruim ter as artes maravilhosas de Ayami Kojima como uma galeria extra ou a lista de músicas dos dois para ouvir.
E, especialmente em Symphony of the Night, há uma certa decepção: a versão de Sega Saturn, lançada somente no Japão e com muitos e muitos extras, aparentemente jamais sairá do console da quinta geração. Essa era a chance perfeita de entregar a performance e tradução em inglês que os fãs mereciam, mas parece que a ideia ficará somente no campo astral da imaginação.
Castlevania Requiem não é sinfonia, mas é uma boa composição
Considerando que a única forma moderna de jogar tanto Castlevania: Rondo of Blood quanto Castlevania Symphony of the Night é através do PS Vita (Symphony está no Xbox 360, mas é um pouco difícil comprá-lo no Brasil), a coletânea Castlevania Requiem é realmente excelente. Talvez até mais do que isso. O conteúdo é de extrema relevância e com dois títulos que perduram por gerações. Considerando o valor bem baixo, trata-se de uma boa coletânea, apesar dos pesares.
Entretanto (sempre existe um “mas”), é uma pena que tantos extras riquíssimos que a franquia detém estejam de fora, inclusive alguns que são derivados do próprio material que gerou a coletânea. Se você é fã, a compra é obrigatória; se quer conhecer a franquia, melhor seleção por preço baixo não há.
Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood foi gentilmente cedido pela Konami para a realização dessa análise.
- A coletânea traz dois dos melhores jogos da série Castlevania de todos os tempos
- Casltevania: Symphony of the Night traz horas de diversão extrema
- Castlevania: Rondo of Blood é o melhor da série clássica e traz ótimas horas de desafio
- Ambos os jogos têm um fator replay bem alto
- Apesar de ser um port, ambos os jogos têm um tratamento gráfico que beneficia alguns aspectos visuais
- Ambos os jogos têm suporte a funções do DualShock 4, como vibração e efeitos sonoros no alto-falante
- A falta de extras realmente é algo ruim, já que o material original tinha de sobra
- Há poucas opções gráficas e os games são ports, não remasterizações
- Não há opção para trocar o áudio para a versão original
Nota do Voxel