O caos e a diversão dominam... Quando a conexão funciona!
Por muitos anos a franquia Castlevania vem recebendo continuações clássicas, sem modificações drásticas na fórmula consagrada, de exploração e plataforma em 2D. Tamanho conservadorismo é justificado pelo desempenho ínfimo da maioria dos projetos que tentaram inovar.
Mas os tempos estão mudando e novas ideias estão surgindo no horizonte. A equipe da Mercury Steam, por exemplo, ficou encarregada pela releitura em três dimensões, que narra o conto de Gabriel em alta definição.
Igarashi, o criador do estilo “Metroidvania”, também parece querer tentar coisas novas. Como resultado, ele e sua equipe desenvolveram Harmony of Despair, que insere elementos multiplayer no estilo tradicional, abrindo espaço para novas técnicas na tela. Mais importante ainda é a transição de plataformas, já que o jogo foi lançado para Xbox 360 e não para portáteis.
Sem tempo para apresentações
Harmony of Despair tem apenas um objetivo: colocar os maiores ícones da franquia em um único cenário, enquanto eles disputam entre si (em modos de sobrevivência), ou combatem as forças do mal em conjunto, com o ideal de conquistar novos poderes e livrar o mundo das garras de Drácula.
O deslocamento temporal dos guerreiros é justificado pela natureza dos acontecimentos: o Grimoire — um livro demoníaco — tem registrado em suas páginas toda a história da cidadela de Castlevania. Agora ele quer reviver os episódios antigos e “cospe” um emaranhado de lembranças e locais.
Obviamente, o mais importante não é a justificativa, mas sim o confronto. A base do projeto é sólida, mas como você verá a seguir, muitos problemas impedem que ele alcance o mesmo patamar dos antigos títulos da franquia.
De ponta a ponta, fica evidente que Harmony of Despair é um projeto de baixo orçamento, ou quem sabe um teste para um lançamento futuro, no mesmo estilo, com base em seu desempenho comercial. O próprio desenvolvedor já deixou claro que há a possibilidade de lançamento para PlayStation 3, de acordo com as vendas.
O problema é que tudo parece ter sido remendado às pressas, dos cenários grotescos à explicação da trama, que — assim como o manual — é de péssima qualidade, deixando o jogador sem entender nem mesmo os sistemas mais primordiais. A falta de informações também dificulta a superação das etapas inicias do jogo, que se mostra truncado e acaba caindo na repetição, sem o apoio da conquista por poder.
Entretanto, a maior falha de Castlevania é não servir ao seu propósito: permitir que jogadores se unam através da internet. O sistema de gerenciamento e busca de conexões é horrível, sem oferecer opções avançadas e filtragem de conteúdo. Como resultado, você passará a maior parte do seu tempo olhando para a tela enquanto as páginas do Grimoire circulam, em vez de curtir as partidas.
É preciso ter muita paciência e amor à série. Os fãs ficarão pela conquista de equipamentos e magias, mas os novatos sairão com uma péssima percepção “do que é Castlevania”. Uma pena, já que a proposta tinha um potencial enorme. Que venham as atualizações, correções e novos conteúdos, mas a primeira batalha já foi perdida.
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Nota do Voxel