Castlevania Anniversary Collection não é perfeito, mas é um ótimo combo
Recentemente, a Konami pegou os fãs de surpresa com um anúncio bem interessante: a revelação de Castlevania Anniversary Collection, uma coletânea que compila oito dos principais games do começo da série e mostra os primórdios das obras de Drácula nos games. Em outras palavras: os clássicos da geração NES, Super Nintendo, Mega Drive e até Game Boy estão todos aqui.
Sem dúvidas, é um pacote interessante tanto para quem é veterano da série e quer reviver de forma nostálgica a base do sucesso quanto para novatos que querem conhecer o início de tudo. Contudo, será que o pacote entrega uma boa qualidade por um custo-benefício interessante? Vem ver a análise do Voxel!
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Não é datado: é envelhecido em barril de carvalho
Particularmente, creio que jogos da geração 8 bits podem ser um bem intragáveis na era atual, já que tanto gráficos quanto jogabilidade podem ser extremamente engessados para os padrões contemporâneos. Entretanto, acredito que Castlevania é um dos games que fogem à regra – talvez junto com Mega Man e outros clássicos. Sou fã de carteirinha da série, mas os oito jogos são completamente digestíveis e bem gostosos de aproveitar. No pacote, temos:
- Castlevania (NES)
- Castlevania II: Simon’s Quest (NES)
- Castlevania III: Dracula’s Curse (NES)
- Super Castlevania IV (SNES)
- Castlevania: The Adventure (Game Boy)
- Castlevania II: Belmont’s Revenge (Game Boy)
- Castlevania Bloodlines (Mega Drive)
- Kid Dracula (NES)
Coletânea de Castlevania Anniversary Collection
Com exceção de Castlevania II: Simon’s Quest e Castlevania II: Belmont’s Revenge, que não são tão bem cotados pelos fãs, todos os títulos são incrivelmente divertidos e consideravelmente modernos em suas fórmulas. Certamente, Bloodlines e Super Castlevania IV são os mais avançados e garantem mais qualidade, mas os demais não ficam para trás.
Vale lembrar que toda a série Castlevania não é necessariamente famosa por ter duração longa, especialmente os primeiros, mas a dificuldade alta e desafios extremamente bem-feitos compilam uma experiência muito agradável e marcante. Apesar de todos seguirem fórmulas bem parecidas, cada um tem suas nuances e estilos distintos, garantindo boas horas de diversão em um pacote recheado de níveis sensacionais e trilha sonora de primeira.
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Dois grandes destaques da coleção vão para Castlevania: Bloodlines, de Mega Drive, que nunca foi relançado, e Kid Dracula, um spin-off de plataforma surpreendentemente bem-feito que nunca havia sido lançado no Ocidente. Ambos os jogos são muito agradáveis, especialmente Bloodlines com seu gameplay bem diferente e dois personagens jogáveis. Certamente, Castlevania envelheceu bem.
Emulação não é perfeita, mas é muito boa
Por se tratar de um pacote de jogos antigos, todo o conteúdo é emulado. E, como bem sabemos, emulação costuma ser 8 ou 80 em plataformas modernas. Entretanto, a qualidade aqui é surpreendentemente boa e traz opções variadas aos jogadores, apesar de não oferecer um cenário perfeito.
A cópia que recebi foi a japonesa, mas os menus são em inglês
Há um menu de emulação em cada jogo e, dentro dele, você tem algumas alternativas e ferramentas, como a chance de gravar um replay da sua jogatina, realizar salvamentos manuais (savestate, para os mais chegados à emulação), opções gráficas, alternativas de bordas para a tela, visualização dos comandos e resetar o jogo.
A opção mais importante aqui é certamente a que contempla os visuais. Realizando testes lado a lado do game rodando no Xbox One X e em emuladores no PC, a qualidade é realmente embasbacante. Por padrão, o estilo “pixel perfect” é o escolhido, que amplia de forma harmoniosa cada pixel do game em displays maiores. A imagem é extremamente nítida, livre de borrados e entrega gráficos bem legais. As cores poderiam ser levemente mais vívidas nos jogos 16 bits, mas nada muito destoante.
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Além disso, o jogador pode optar por filtros de scanlines ou esticar a imagem. Entretanto, aí é onde as coisas deixam de ser perfeitas. Há poucas variações: ou você joga de forma perfeita ou de uma maneira extremamente agressiva de scanlines que borra bastante a imagem. O ideal seria oferecer alguns níveis que suavizassem o efeito ou criassem formas diferentes de scanlines, como os frames interpolados que dão mais a sensação de monitores RGB do que TVs de tubo CRT.
Nos jogos de Game Boy, que são preto e branco, há algumas opções diferentes. A solução de scanlines ainda existe, mas as nuances gráficas são basicamente três: preto e branco, sépia ou tom esverdeado com malha de pixels que simula o visor de um Game Boy original.
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Opção em verde do Game Boy
A parte sonora também é algo a se levar em conta. As músicas e efeitos são fielmente reproduzidos, mas há contrapontos: o áudio é levemente mais abafado do que deveria e existem problemas técnicos. Na emulação dos jogos de NES, há sons e trilhas distorcidas (nada muito grave, vale ressaltar) e um bug que causa um bipe sonoro estranho em alguns níveis, provavelmente algo relacionado ao ciclo das músicas que são tocadas nestas fases.
Há alguns pontos adicionais: não é possível remapear botões e isso pode ser especialmente esquisito nos games de NES. Além disso, não há mais de um save slot, o que pode ser ruim para jogos como Castlevania III: Dracula’s Curse, em que podemos jogar com quatro personagens.
Por fim, há relatos de que o primeiro Castlevania roda a emulação da ROM PRG0, que é foi a primeira a ser lançada no Ocidente e sofre crashes quando há muitos sprites na tela (a ideal seria a PRG1). Contudo, jogando em um dos pontos problemáticos (luta contra a Morte com a arma Holy Cross) não tive nenhum problema, mas vale avisar que há chances de empecilhos técnicos.
Bônus bacanas para os fãs
Além dos oito games da coletânea, Castlevania Anniversary Collection traz um livro de 80 páginas que tem, entre muitas outras coisas, parte dos manuais originais, encartes dos jogos, curiosidades de desenvolvimento, entrevistas com produtores e muitos textos que ampliam o universo de Castlevania.
Há mais um extra bem grande chegando pela Konami também: as versões japonesas dos jogos, que modificam alguns itens visuais, removem censuras das versões ocidentais e trazem uma perspectiva diferente de cada game. Por enquanto, essas edições não estão disponíveis, mas a Konami prometeu trazer em breve uma atualização gratuita com esses bônus.
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Vale a pena?
Castlevania Anniversary Collection não é perfeito. Em um mundo ideal, os jogadores teriam mais opções de emulação gráfica e não sofreriam com alguns probleminhas sonoros, além de ter mecânicas de save slot melhores e a chance de configurar os controles da maneira desejada. Entretanto, o pacote é bem generoso e é visível que existe um carinho na produção.
Há conteúdo exclusivo no Ocidente, games de altíssima qualidade e até uns bônus legais para os fãs de carteirinha. No geral, a qualidade é boa e atende os dois públicos-alvo do game, oferecendo a chance de revisitar uma franquia clássica aos veteranos e introduzir um novo mundo de possibilidade aos novatos.
O preço pode ser salgado nas versões de Xbox One e PC, saindo por R$ 120, mas as versões de Switch e PS4 trazem um pacote bem generoso, variando entre R$ 60 e R$ 80, um preço bem justo para oito games. De qualquer forma, é uma coletânea imperdível.
*Castlevania Anniversary Collection foi gentilmente cedido pela Konami para a realização desta análise.
- Uma coletânea sensacional com 8 jogos extremamente icônicos
- Textos que resumem e contam a história de cada jogo
- Lançamento inédito no Ocidente de Kid Dracula
- Gráficos funcionam muito bem em displays modernos e têm qualidade pixel perfect invejável
- Jogos extremamente divertidos mesmo depois de 30 anos de lançamento
- Há bônus legais para os fãs de carteirinha
- A possibilidade de salvar o jogo a qualquer momento ajuda na dificuldade alta
- Poderia haver mais opções gráficas na emulação e menos problemas técnicos
- Há pequenos problemas sonoros e bugs
- Seria melhor ter alternativas de saveslots e possibilidade de trocar comandos no controle
Nota do Voxel