A linha tênue entre o certo e errado acompanha os irmãos McCall nesta incrível sequência de Call of Juarez.
Bang Bang! E um dos adversários do confronto mano a mano conhece o terrível e amargo sabor da morte. Sob o sol escaldante do deserto, resta aos abutres a missão final. Ser rápido no gatilho não é apenas uma questão de reputação e arrogância, mas de sobrevivência. Em uma terra “sem lei”, os homens outrora soldados transformam-se em assassinos e saqueadores, desconhecendo os limites do bom senso por acreditarem que podem fazer tudo.
O faroeste já foi muito explorado nos livros e no cinema, principalmente na primeira metade do século XX, em que filmes como Os Bandeirantes, de James Cruze, e o famoso The Iron Horse, de John Ford, tornaram-se épicos e deslancharam o gênero nos cinemas norte-americanos. No mundo dos video games, tivemos o inesquecível Outlaws da Lucas Arts para PC em 1997, explorando a história como se fosse um filme.
Esta, aliás, parece ser uma característica intrínseca dos jogos de faroeste, que em sua grande maioria tentam ser cinematográficos. Em Call of Juarez: Bound in Blood não é diferente, uma produção de valores altos que consegue convencer na trama e chamar atenção dos fãs de jogos de tiro em primeira pessoa. Além do mais, é inspirado nos grandes filmes italianos da década de 70 e 80.
Embora seja o segundo título da série na nova geração, o jogo é uma prequel (prólogo) ao irmão mais velho, Call of Juarez, de 2007. Contudo, Bound in Blood abandona a mescla de jogabilidade stealth do primeiro e apresenta uma ação incessante e completamente selvagem no Velho Oeste. E isso é bom, muito bom!
Parceiro, escolha seu favorito.
A Techland acertou na construção do enredo nesta sequência, contando como o Reverendo Ray McCall se tornou um padre. A história é completamente centrada entre os três irmãos McCall: Thomas, Ray e William. Este último é o irmão mais novo, e diferentemente dos dois irmãos mais velhos, fez seminário para se transformar em padre e servir a Deus. Ele também é o narrador da história em muitas das animações e intros.
Já Thomas e Ray, protagonistas jogáveis em Bound in Blood, não têm nada a temer ao Todo Poderoso, tocando o horror por onde quer que passem. Cada um deles tem habilidades diferentes, sendo assim, ao iniciar uma fase, você deve optar por um dos personagens.
Ray é mais selvagem e forte, com uma precisão calculista e fria nos combates a curta distância, explorando como ninguém as pistolas. Também pode utilizar dinamites e carregar armas mais pesadas, devido ao seu porte físico. Por outro lado, Thomas é mais ágil, pode usufruir de cordas para alcançar lugares mais altos, é bom com as espingardas e também tem formas de ataque mais silenciosas, lançando facas e usando um arco e flecha.
Uma família da pesada
Assim como em games como Gears of War e Resident Evil 5, os dois personagens interagem durante as missões. Portanto, dependendo de qual você escolher, algumas tarefas nas fases serão diferentes. Mas o conceito não foi tão bem empreendido, deixando um gostinho de quero mais, pois é mais explorado nas últimas fases. Outra falta notável também é um modo cooperativo, que cairia perfeitamente bem neste jogo.
A trama é bem construída: dividida em cinco atos, explora bastante os três irmãos, envolvendo reflexões sobre união familiar, arrogância pelo poder, brigas, bem como a densidade dos anseios de cada um dos personagens. Prova disso é que, ao longo da campanha single player, o jogador conhece um pouco mais sobre eles. Entretanto, o clima tenso da aventura é marcado pela presença de uma mulher, Marisa, disputada ferozmente pelos dois.
Desde o sul dos Estados Unidos até as ruínas astecas do México, Ray, Thomas e William vão passar por desertos, cidades semi-abandonadas, campos, florestas e ruínas. Eles buscam um medalhão capaz de encontrar um tesouro asteca amaldiçoado.
Durante o percurso, os protagonistas vão se xingar muito, dialogando em cada tiroteio e brigando pela mulher, exigindo que o jogador preste atenção na mão dos adversários, na mira e também nas fanfarronices de cada um dos irmãos. Ponto negativo apenas para algumas falas que são repetitivas.
O estereótipo dos vilões e personagens coadjuvantes também foi bem trabalhado, a dublagem é interpretada com louvor para um jogo de vídeo game, sendo um dos aspectos mais fortes de Bound in Blood.
A crítica mais dura vai, como sempre nos jogos de tiro, à linearidade da história e da construção dos personagens. Vemos hoje muitos jogos que permitem ao jogador escolher como agir em algumas situações, como Fable II, Fallout 3 e InFAMOUS. Certamente este toque seria muito bem-vindo, uma vez que o jogo presenteia diversos momentos de tensão entre os protagonistas.
Onde o Velho Oeste me levar
A linearidade também é algo que prejudica na jogabilidade e comumente está presente em jogos do mesmo gênero. As missões adquiridas mostram uma legenda para a tarefa a ser executada e uma estrela indicando o caminho correto, que nunca pode ser efetuado por uma rota alternativa.
Isso é extremamente frustrante, principalmente com o personagem Thomas, visto que em algumas cidades há casas que poderiam ser exploradas ou saqueadas. O personagem poderia também escalar alguns lugares, pular algumas certas, mas nada disso...
As missões são recheadas de checkpoints, alguns rápidos e outros demorados. Infelizmente, existem vários momentos em que se você se afastar alguns metros dos aliados ou do seu irmão, é Game Over na certa — o que é terrivelmente chato. Falando em Game Over, o sistema de danos não é baseado em pontos de vida, mas sim como em Gears of War, em que é levada em conta a quantidade de tiros e pancadas que você recebe durante um determinado momento.
O sistema funciona muito bem. Quando você está para morrer, a câmera chacoalha e as extremidades enchem-se de vermelho sangue, o som fica mais grave e você escuta o coração do protagonista acelerado, como se estivesse saindo pela boca! Novamente, você pode utilizar cavalos e carroças como montarias (estas que não tem animação de transição, o personagem simplesmente aparece lá dentro!). O divertido é que a câmera balança com o galope dos equinos e dificulta nos tiroteios.
Muita bala no tambor
A adição mais interessante é modo Concentration Time, em que você acumula energia em um tambor de revólver na tela. Uma vez preenchido, são sessenta segundos nos quais você pode disparar este modo, onde tudo fica em câmera lenta e você é possível aniquilar vários inimigos.
Com Ray, é preciso apenas mirar em todos os personagens, já com Thomas você deve apertar o gatilho e sacudir a arma (com o mouse no PC e com os analógicos no PS3 e X360). De forma análoga, em certos momentos, sobretudo em invasões em casas, os personagens chutam portas e atiram em slowmotion.
Outro sistema copiado e extremamente útil é o auto-cover. Basta se esgueirar em qualquer parede, caixa ou objeto que o personagem se encosta e pode mandar bala nos adversários sem se expor. Já o uso de objetos do cenário é bem limitado, atendo-se a lampiões para tocar fogo e baldes d’água para extingui-los.
As batalhas com chefes — uns 10 no total — são confrontos mano a mano, em que o mais rápido no gatilho vence. Neste momento, você deve acompanhar os passos do inimigo, deixar a mão direita próxima da arma e ao som do sino da igreja... Bang Bang! Contudo, com o passar do tempo fica repetitivo, a dificuldade só muda porque se demora mais para dar o disparo fatal. Por outro lado, tais confrontos são tensos e exigem agilidade do jogador.
Ninguém deveria mexer com os McCall
Ao término de cada capítulo da história, você recebe estatísticas com o nome do personagem, tempo de jogo, dinheiro conquistado (sim, você saqueia seus inimigos!), segredos (itens escondidos no cenário), número de headshots e inimigos abatidos.
Sendo assim, antes de começar uma nova fase, você pode passar em um vendedor de armas e adquirir pistolas, espingardas, dinamites e arcos. As armas são classificadas em três estrelas, que representam o equilíbrio diferenciado de poder de fogo, velocidade de recarregamento e precisão. O preço é alto, dificultando a aquisição de novos brinquedinhos.
Como não poderia faltar em um jogo de faroeste, você pode utilizar as duas mãos com Ray. Ele é capaz de usar duas pistolas (iguais ou diferentes) ou ainda combinar dinamite com pistola. No PC, cada um dos botões do mouse é responsável por uma das mãos, já nos consoles são os gatilhos que fazem este trabalho. Quando se utiliza uma arma, o botão/gatilho direito pode ser usado como mira, que funciona no modelo de Call of Duty.
Algumas armas no cenário também podem ser utilizadas, como metralhadoras e canhões. Este último exige do jogador a percepção do movimento parabólico, mirando mais acima dos seus oponentes. No entanto, tais armas são bem escassas e vemos com pouca frequência pelos cenários. Uma pena.
Uma atmosfera espetacular
Graficamente, Call of Juarez: Bound in Blood se sai muito bem em todas as plataformas. O uso de HDR, técnica de iluminação que busca semelhança com o olho humano, está presente em todos ambientes, principalmente quando olhamos para o sol. O sombreamento e iluminação são ótimos, você consegue ver até os adversários escondidos recarregando as armas.
A câmera é a que mais se destaca: a chuva a deixa desfocada e com refração em alguns pontos e treme com as explosões. Efeitos de fumaça, grama balançando com o vento, fogo, estilhaços e objetos que são destroçados nas batalhas dificultam a visibilidade do personagem, atordoando o jogador que deve segurar a ansiedade para não levar chumbo grosso.
Talvez esse seja o sentimento que mais descreve Bound in Blood: você se sente literalmente em uma selvageria no Velho Oeste. Destaque principalmente para os filtros que deixam o visual bem empoeirado, retratando os ambientes com propriedade. A modelagem dos personagens, apesar de alguns desfoques, exibem detalhes como a barba, cicatrizes e olhares intrigantes.
A trilha sonora varia desde marchas militares no começo do jogo a músicas instrumentais de faroeste e termina com um ar de jogos de aventura, como Tomb Raider. Sempre pulsante, o clima de tensão, suspense e ritmo são elevados e contagiam o jogador. O som também é destaque, você pode perceber até a profundidade e distância dos outros pela intensidade da voz.
Nada é perfeito
O jogo sofre de determinados problemas que não passam despercebidos por olhos mais atentos. A inteligência artificial é básica, os oponentes não partem para cima de você nunca. O nível de dificuldade médio é o mais balanceado, sendo que o difícil aumenta o número de danos que você deve auferir nos adversários. Ao terminar o game, o modo muito difícil é liberado.
Vários inimigos têm problema de pathfinding, ou seja, ficam presos em obstáculos de rotas pré-programadas. Os corpos, embora caiam de forma realista no chão, vez ou outras somem (com a munição e dinheiro) e não permitem que você os mova ao atirar novamente. O mais feio mesmo é que em muitas caixas e paredes o braço/arma atravessa o cenário, dando uma sensação que no polimento nas texturas (que são boas) faltou trabalho nas colisões.
Nas animações e em campos abertos é visível problemas de popin, quando pedaços da construção do ambiente são carregados na medida em que você caminha, perdendo o encanto no qual a atmosfera do jogo prende sua atenção.
Assassinatos, saques e tiroteios online
O modo multiplayer conta com cinco tipos diferente de jogos: partida entre times (team deathmatch), cada um por todos (free for all), objetivos e duas variações do modo de proteger o VIP. São oito mapas e treze classes diferentes que possuem atributos ímpares. Muitas delas você deve abrir conforme joga (estilo Call of Duty), adquirindo dinheiro, que também pode ser utilizado para aperfeiçoar as habilidades do seu personagem, aumentando a vida, velocidade etc.
As fases são semelhantes às do modo single player e permitem até doze participantes online. Este é um aspecto que poderia ter melhorado, o jogo merecia pelo menos uns dezesseis participantes, levando em conta o gasto da produção, ótima estabilidade de quadros por segundo, cenários e jogabilidade.
Há ainda um ranking online com estatísticas dos jogadores, medindo o percentual de headshots, dinheiro conquistado, precisão, morte/hora, número de partidas jogadas, objetivos conquistados e outros. Em suma, o modo multiplayer fica devendo na quantidade de suporte, mas esbanja diversão e estende a vida do título.
Convincente
Call of Juarez: Bounds in Blood é um jogo de ação incessante que não fica repetitivo até a metade da campanha individual. Para a tristeza dos jogadores, este modo é tão curto quando os últimos títulos de Call of Duty (a campanha tem entre 5 a 6 horas de jogo).
Mesmo com uma inteligência artificial simples e diversos errinhos gráficos espalhados aqui e ali, o jogo compensa pela dramaticidade, tensão e fidelidade aos épicos de faroeste, com diálogos que misturam pitadas de humor e uma dublagem que daria inveja a muitos outros títulos.
A falta de uma campanha cooperativa e o apego a missões lineares podem frustrar os mais entusiastas, mas um modo multiplayer sólido e viciante somado a uma história contada de forma cinematográfica acabam balanceando. Se você apenas estiver curioso, é recomendado alugar o jogo. Entretanto, se é fã de faroeste e de jogos de tiro, Bound in Blood é daqueles que vale a pena comprar.
O faroeste já foi muito explorado nos livros e no cinema, principalmente na primeira metade do século XX, em que filmes como Os Bandeirantes, de James Cruze, e o famoso The Iron Horse, de John Ford, tornaram-se épicos e deslancharam o gênero nos cinemas norte-americanos. No mundo dos video games, tivemos o inesquecível Outlaws da Lucas Arts para PC em 1997, explorando a história como se fosse um filme.
Esta, aliás, parece ser uma característica intrínseca dos jogos de faroeste, que em sua grande maioria tentam ser cinematográficos. Em Call of Juarez: Bound in Blood não é diferente, uma produção de valores altos que consegue convencer na trama e chamar atenção dos fãs de jogos de tiro em primeira pessoa. Além do mais, é inspirado nos grandes filmes italianos da década de 70 e 80.
Embora seja o segundo título da série na nova geração, o jogo é uma prequel (prólogo) ao irmão mais velho, Call of Juarez, de 2007. Contudo, Bound in Blood abandona a mescla de jogabilidade stealth do primeiro e apresenta uma ação incessante e completamente selvagem no Velho Oeste. E isso é bom, muito bom!
Parceiro, escolha seu favorito.
A Techland acertou na construção do enredo nesta sequência, contando como o Reverendo Ray McCall se tornou um padre. A história é completamente centrada entre os três irmãos McCall: Thomas, Ray e William. Este último é o irmão mais novo, e diferentemente dos dois irmãos mais velhos, fez seminário para se transformar em padre e servir a Deus. Ele também é o narrador da história em muitas das animações e intros.
Já Thomas e Ray, protagonistas jogáveis em Bound in Blood, não têm nada a temer ao Todo Poderoso, tocando o horror por onde quer que passem. Cada um deles tem habilidades diferentes, sendo assim, ao iniciar uma fase, você deve optar por um dos personagens.
Ray é mais selvagem e forte, com uma precisão calculista e fria nos combates a curta distância, explorando como ninguém as pistolas. Também pode utilizar dinamites e carregar armas mais pesadas, devido ao seu porte físico. Por outro lado, Thomas é mais ágil, pode usufruir de cordas para alcançar lugares mais altos, é bom com as espingardas e também tem formas de ataque mais silenciosas, lançando facas e usando um arco e flecha.
Uma família da pesada
Assim como em games como Gears of War e Resident Evil 5, os dois personagens interagem durante as missões. Portanto, dependendo de qual você escolher, algumas tarefas nas fases serão diferentes. Mas o conceito não foi tão bem empreendido, deixando um gostinho de quero mais, pois é mais explorado nas últimas fases. Outra falta notável também é um modo cooperativo, que cairia perfeitamente bem neste jogo.
A trama é bem construída: dividida em cinco atos, explora bastante os três irmãos, envolvendo reflexões sobre união familiar, arrogância pelo poder, brigas, bem como a densidade dos anseios de cada um dos personagens. Prova disso é que, ao longo da campanha single player, o jogador conhece um pouco mais sobre eles. Entretanto, o clima tenso da aventura é marcado pela presença de uma mulher, Marisa, disputada ferozmente pelos dois.
Desde o sul dos Estados Unidos até as ruínas astecas do México, Ray, Thomas e William vão passar por desertos, cidades semi-abandonadas, campos, florestas e ruínas. Eles buscam um medalhão capaz de encontrar um tesouro asteca amaldiçoado.
Durante o percurso, os protagonistas vão se xingar muito, dialogando em cada tiroteio e brigando pela mulher, exigindo que o jogador preste atenção na mão dos adversários, na mira e também nas fanfarronices de cada um dos irmãos. Ponto negativo apenas para algumas falas que são repetitivas.
O estereótipo dos vilões e personagens coadjuvantes também foi bem trabalhado, a dublagem é interpretada com louvor para um jogo de vídeo game, sendo um dos aspectos mais fortes de Bound in Blood.
A crítica mais dura vai, como sempre nos jogos de tiro, à linearidade da história e da construção dos personagens. Vemos hoje muitos jogos que permitem ao jogador escolher como agir em algumas situações, como Fable II, Fallout 3 e InFAMOUS. Certamente este toque seria muito bem-vindo, uma vez que o jogo presenteia diversos momentos de tensão entre os protagonistas.
Onde o Velho Oeste me levar
A linearidade também é algo que prejudica na jogabilidade e comumente está presente em jogos do mesmo gênero. As missões adquiridas mostram uma legenda para a tarefa a ser executada e uma estrela indicando o caminho correto, que nunca pode ser efetuado por uma rota alternativa.
Isso é extremamente frustrante, principalmente com o personagem Thomas, visto que em algumas cidades há casas que poderiam ser exploradas ou saqueadas. O personagem poderia também escalar alguns lugares, pular algumas certas, mas nada disso...
As missões são recheadas de checkpoints, alguns rápidos e outros demorados. Infelizmente, existem vários momentos em que se você se afastar alguns metros dos aliados ou do seu irmão, é Game Over na certa — o que é terrivelmente chato. Falando em Game Over, o sistema de danos não é baseado em pontos de vida, mas sim como em Gears of War, em que é levada em conta a quantidade de tiros e pancadas que você recebe durante um determinado momento.
O sistema funciona muito bem. Quando você está para morrer, a câmera chacoalha e as extremidades enchem-se de vermelho sangue, o som fica mais grave e você escuta o coração do protagonista acelerado, como se estivesse saindo pela boca! Novamente, você pode utilizar cavalos e carroças como montarias (estas que não tem animação de transição, o personagem simplesmente aparece lá dentro!). O divertido é que a câmera balança com o galope dos equinos e dificulta nos tiroteios.
Muita bala no tambor
A adição mais interessante é modo Concentration Time, em que você acumula energia em um tambor de revólver na tela. Uma vez preenchido, são sessenta segundos nos quais você pode disparar este modo, onde tudo fica em câmera lenta e você é possível aniquilar vários inimigos.
Com Ray, é preciso apenas mirar em todos os personagens, já com Thomas você deve apertar o gatilho e sacudir a arma (com o mouse no PC e com os analógicos no PS3 e X360). De forma análoga, em certos momentos, sobretudo em invasões em casas, os personagens chutam portas e atiram em slowmotion.
Outro sistema copiado e extremamente útil é o auto-cover. Basta se esgueirar em qualquer parede, caixa ou objeto que o personagem se encosta e pode mandar bala nos adversários sem se expor. Já o uso de objetos do cenário é bem limitado, atendo-se a lampiões para tocar fogo e baldes d’água para extingui-los.
As batalhas com chefes — uns 10 no total — são confrontos mano a mano, em que o mais rápido no gatilho vence. Neste momento, você deve acompanhar os passos do inimigo, deixar a mão direita próxima da arma e ao som do sino da igreja... Bang Bang! Contudo, com o passar do tempo fica repetitivo, a dificuldade só muda porque se demora mais para dar o disparo fatal. Por outro lado, tais confrontos são tensos e exigem agilidade do jogador.
Ninguém deveria mexer com os McCall
Ao término de cada capítulo da história, você recebe estatísticas com o nome do personagem, tempo de jogo, dinheiro conquistado (sim, você saqueia seus inimigos!), segredos (itens escondidos no cenário), número de headshots e inimigos abatidos.
Sendo assim, antes de começar uma nova fase, você pode passar em um vendedor de armas e adquirir pistolas, espingardas, dinamites e arcos. As armas são classificadas em três estrelas, que representam o equilíbrio diferenciado de poder de fogo, velocidade de recarregamento e precisão. O preço é alto, dificultando a aquisição de novos brinquedinhos.
Como não poderia faltar em um jogo de faroeste, você pode utilizar as duas mãos com Ray. Ele é capaz de usar duas pistolas (iguais ou diferentes) ou ainda combinar dinamite com pistola. No PC, cada um dos botões do mouse é responsável por uma das mãos, já nos consoles são os gatilhos que fazem este trabalho. Quando se utiliza uma arma, o botão/gatilho direito pode ser usado como mira, que funciona no modelo de Call of Duty.
Algumas armas no cenário também podem ser utilizadas, como metralhadoras e canhões. Este último exige do jogador a percepção do movimento parabólico, mirando mais acima dos seus oponentes. No entanto, tais armas são bem escassas e vemos com pouca frequência pelos cenários. Uma pena.
Uma atmosfera espetacular
Graficamente, Call of Juarez: Bound in Blood se sai muito bem em todas as plataformas. O uso de HDR, técnica de iluminação que busca semelhança com o olho humano, está presente em todos ambientes, principalmente quando olhamos para o sol. O sombreamento e iluminação são ótimos, você consegue ver até os adversários escondidos recarregando as armas.
A câmera é a que mais se destaca: a chuva a deixa desfocada e com refração em alguns pontos e treme com as explosões. Efeitos de fumaça, grama balançando com o vento, fogo, estilhaços e objetos que são destroçados nas batalhas dificultam a visibilidade do personagem, atordoando o jogador que deve segurar a ansiedade para não levar chumbo grosso.
Talvez esse seja o sentimento que mais descreve Bound in Blood: você se sente literalmente em uma selvageria no Velho Oeste. Destaque principalmente para os filtros que deixam o visual bem empoeirado, retratando os ambientes com propriedade. A modelagem dos personagens, apesar de alguns desfoques, exibem detalhes como a barba, cicatrizes e olhares intrigantes.
A trilha sonora varia desde marchas militares no começo do jogo a músicas instrumentais de faroeste e termina com um ar de jogos de aventura, como Tomb Raider. Sempre pulsante, o clima de tensão, suspense e ritmo são elevados e contagiam o jogador. O som também é destaque, você pode perceber até a profundidade e distância dos outros pela intensidade da voz.
Nada é perfeito
O jogo sofre de determinados problemas que não passam despercebidos por olhos mais atentos. A inteligência artificial é básica, os oponentes não partem para cima de você nunca. O nível de dificuldade médio é o mais balanceado, sendo que o difícil aumenta o número de danos que você deve auferir nos adversários. Ao terminar o game, o modo muito difícil é liberado.
Vários inimigos têm problema de pathfinding, ou seja, ficam presos em obstáculos de rotas pré-programadas. Os corpos, embora caiam de forma realista no chão, vez ou outras somem (com a munição e dinheiro) e não permitem que você os mova ao atirar novamente. O mais feio mesmo é que em muitas caixas e paredes o braço/arma atravessa o cenário, dando uma sensação que no polimento nas texturas (que são boas) faltou trabalho nas colisões.
Nas animações e em campos abertos é visível problemas de popin, quando pedaços da construção do ambiente são carregados na medida em que você caminha, perdendo o encanto no qual a atmosfera do jogo prende sua atenção.
Assassinatos, saques e tiroteios online
O modo multiplayer conta com cinco tipos diferente de jogos: partida entre times (team deathmatch), cada um por todos (free for all), objetivos e duas variações do modo de proteger o VIP. São oito mapas e treze classes diferentes que possuem atributos ímpares. Muitas delas você deve abrir conforme joga (estilo Call of Duty), adquirindo dinheiro, que também pode ser utilizado para aperfeiçoar as habilidades do seu personagem, aumentando a vida, velocidade etc.
As fases são semelhantes às do modo single player e permitem até doze participantes online. Este é um aspecto que poderia ter melhorado, o jogo merecia pelo menos uns dezesseis participantes, levando em conta o gasto da produção, ótima estabilidade de quadros por segundo, cenários e jogabilidade.
Há ainda um ranking online com estatísticas dos jogadores, medindo o percentual de headshots, dinheiro conquistado, precisão, morte/hora, número de partidas jogadas, objetivos conquistados e outros. Em suma, o modo multiplayer fica devendo na quantidade de suporte, mas esbanja diversão e estende a vida do título.
Convincente
Call of Juarez: Bounds in Blood é um jogo de ação incessante que não fica repetitivo até a metade da campanha individual. Para a tristeza dos jogadores, este modo é tão curto quando os últimos títulos de Call of Duty (a campanha tem entre 5 a 6 horas de jogo).
Mesmo com uma inteligência artificial simples e diversos errinhos gráficos espalhados aqui e ali, o jogo compensa pela dramaticidade, tensão e fidelidade aos épicos de faroeste, com diálogos que misturam pitadas de humor e uma dublagem que daria inveja a muitos outros títulos.
A falta de uma campanha cooperativa e o apego a missões lineares podem frustrar os mais entusiastas, mas um modo multiplayer sólido e viciante somado a uma história contada de forma cinematográfica acabam balanceando. Se você apenas estiver curioso, é recomendado alugar o jogo. Entretanto, se é fã de faroeste e de jogos de tiro, Bound in Blood é daqueles que vale a pena comprar.
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