Imagem de Call of Duty: WWII
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Call of Duty: WWII

Nota do Voxel
90

Call of Duty: WWII não é o melhor da franquia, mas é o melhor da geração

Call of Duty ficou mais de meia geração na era moderna. Nada contra, claro, mas os fãs já estavam saturados e, convenhamos: a franquia definitivamente não estava melhorando a cada ano. Voltar à Segunda Guerra em Call of Duty: WWII não era apenas regressar para um período marcante, e sim um retorno completo às raízes da franquia. Sinceramente? A Sledgehammer acertou bem a mão.

O novo game da série conseguiu criar ótimos momentos de adrenalina, missões marcantes, multiplayer bem divertido e um modo zumbi levemente renovado, trazendo um bom combo de conteúdo que é ideal para jogadores que querem apenas ligar o console/PC e jogar algo bem rápido e simples.

Retorno triunfal de uma ótima campanha

Vamos começar falando da campanha do game. É muito satisfatório voltar à Segunda Guerra Mundial mais uma vez. O período histórico mais querido pelos fãs esteve saturado por um bom tempo, mas é bom revisitar a praia da Normandia, as cidades da França, avançar pela Alemanha e matar muito nazista pelo caminho. A variedade de localidades é bem grande e temos, no geral, um modo single player muito bom.

O ritmo de campanha eletrizante e recheado de momentos memoráveis está de volta com peso. O começo pode ser meio lento, mas quando as coisas esquentam, temos diversas missões que podem ser colocadas no patamar de mais marcantes de toda a franquia. Minha única reclamação da campanha é justamente o começo: a praia da Normandia, talvez o trecho mais esperado pelos jogadores, é curto e simples demais.

Call of Duty: WWII

A equipe da Sledgehammer soube dosar com maestria a ação frenética com níveis que requerem furtividade, oferecendo momentos de tensão de outras formas criativas. Em uma hora, temos que parar um trem em movimento dentro de um jipe, enquanto na outra estamos infiltrados no quartel-general nazista no coração de Paris.

A história do jogo retrata todo o pelotão da Primeira Divisão e nos coloca no papel de Daniels, um rapaz do interior que deve lidar com o legado das conquistas da tropa e ganhar a aprovação de seus superiores, como o sargento Pierson, que prioriza a missão acima de tudo, e o tenente Turner, que valoriza a equipe e a vida humana sempre.

Call of Duty: WWII

Essa relação conflitante traz uma boa dose de profundidade ao enredo, que é bem construído e prende do começo ao fim. Claro, há momentos bem previsíveis e a carência de uma figura que funcione como vilão podem dar uma caída na qualidade, mas nada que estrague a experiência. A história resgata muito do clima dos primeiros CoDs, focando mais a guerra do que os personagens que participam dela.

Há uma grande variedade de locais, as missões são bem marcantes e a história é, no geral, bem satisfatória

A desenvolvedora não poupou esforços e pegou as referências que os fãs mais esperavam, com muito clima de filmes como “O Resgate do Soldado Ryan” durante a invasão da Normandia ou “Bastardos Inglórios” em uma missão de infiltração e espionagem. A ambientação é realmente muito boa e é perceptível o quanto de trabalho foi empenhado para criar cenários críveis dessa época.

Galeria 1

Um shooter old-school e com pouco impacto emocional

A parte legal é que a desenvolvedora não resolveu apenas voltar às raízes na janela de tempo histórica. Além de retornar à Segunda Guerra, o game também trouxe uma mecânica bem das antigas, que vimos apenas nos primeiros Call of Duty: a barra de vida. Tomou tiro? Só dá para recuperar com kits médicos espalhados pelo cenário ou entregue pelos amigos do pelotão. Isso incentiva o progresso estratégico, já que a vida não vai se regenerar sozinha.

Sabe esse amigo que entrega kit médico? Isso faz parte de uma outra mecânica nova, que é a de Ato Heróico. Ao salvar um soldado em batalha, você ganha a companhia dele no seu grupo e ele fornece suprimentos. Você deve correr para resgatar um aliado em um curto período de tempo em situações bem perigosas. Após serem salvos, essas pessoas poderão dar munição, chamar suporte aéreo e muito mais.

A volta da barra de vidas é ótima e os Ato Heróicos são interessantes, mas poderiam ter sido melhores aproveitados

Infelizmente, a desenvolvedora perdeu a chance de criar vínculos emocionais mais fortes com os personagens ou compor cenas realmente impactantes que explorassem as perdas ou horrores da guerra. Falhar em realizar um ato heroico não comove, apenas deixa a sua jogatina menos facilitada. A Sledgehammer poderia ter usado esse clima pesado para realmente chocar e nos fazer sentir a perda de cada membro do grupo. Contudo, isso não acontece. Além disso, a violência é moderada e predeterminada: cenas brutais ocorrem apenas em cutscenes, mas não durante o gameplay, como Call of Duty: World At War fazia com desmembramentos de inimigos.

Call of Duty: WWII

A campanha não é muito longa e segue o padrão de Call of Duty, com cerca de 7 horas de duração no máximo. Mas não se preocupe: quando a campanha acabar, há muito conteúdo pela frente, começando pelo multiplayer online clássico. Assim como no modo single player, temos uma experiência bem mais pé no chão, sem muitos exageros e com a sensação de Call of Duty clássico.

Multiplayer mais robusto e com pouca perfumaria

Aqui temos a essência da série com a temática de Segunda Guerra, mas com o ritmo rápido que a franquia sempre teve. No geral, por termos uma jogabilidade com menos parkour e sem grandes acrobacias, as partidas acabam ficando mais divertidas e táticas. Portanto, há mais opções de granadas, armadilhas e elementos das antigas, que substituem as miras térmicas e a chance de olhar pelas paredes – algo que vimos nos últimos títulos.

Parte dessa jogatina divertida é por conta do novo sistema de classes, que oferecem vantagens com alguns armamentos. A classe Expedicionária, por exemplo, é mais focada em espingardas calibre 12, enquanto a Infantaria mistura rifles e submetralhadoras. É legal testar cada uma delas e evoluir os rankings. No total, existem cinco delas e há muitas armas, equipamentos, "perks" (que não são bem perks" e outros elementos para liberar e customizar.

Call of Duty: WWII

Cada mapa é pensado para armas específicas, como a shotgun nas trincheiras, a metralhadora em ambientes fechados e com corredores ou a sniper em mapas mais abertos e descampados. Certamente, existem alguns níveis que misturam um level design para que todos os tipos de arma funcionarem. Por que ressaltar isso? Basicamente, o level design dos mapas é muito bem-feito e fácil de decorar, ajudando a criar uma experiência bem balanceada de modo geral.

Estava na hora de Call of Duty voltar a ser pé no chão, com mais proximidade e perigo a cada canto do multiplayer

Há duas notícias boas também. Primeiramente, as caixas de recompensas pouco impactam na jogatina, já que são apenas voltadas para a seção cosmética dos personagens, como novos capacetes, vestimentas e skins para as armas. A segunda é que a desenvolvedora realmente coletou feedback do período Beta e fez diversas mudanças (pra melhor) com as classes e dinâmica das partidas.

Galeria 2

Novidades muito bem-vindas

Apesar de ser estruturalmente um Call of Duty como qualquer outro, WWII rende algumas surpresas. Entre as novidades temos o modo Guerra, que traz uma espécie de minicampanha online no qual uma equipe deve atacar um objetivo enquanto a outra o defende. Entretanto, tudo é contextualizado como uma verdadeira missão de Segunda Guerra, com objetivos que variam conforme a partida avança. Ao fim do round, os papéis se invertem e a dinâmica muda. Sem dúvidas, é uma das melhores adições do multiplayer nos últimos tempos e traz uma boa dose de diversão que foge um pouco do tradicional mata-mata.

Por fim, há o lobby online, chamado de Quartel-general, no qual podemos explorar em terceira pessoa, pegar missões diárias, abrir caixas de recompensa, testar os tipos de killstreaks e até mesmo jogar partidas 1 contra 1 enquanto outros jogadores assistem de camarote. Certamente, é uma boa adição.

Call of Duty: WWII

Com exceção de alguns problemas de balanceamento, que colocava um time inimigo bem mais experiente (e às vezes até em grupo fechado de amigos) ou começava a partida com um dos lados bem mais desfalcado, e alguns problemas de conexão ocasionais, o multiplayer de Call of Duty: WWII é tudo o que você pode esperar da franquia, mas com um clima de ideias frescas.

Matar zumbis nazistas é gratificante

Para finalizar, não podemos deixar de falar do modo zumbi, não é mesmo? Dessa vez, temos uma espécie de campanha que é mais focada em avançar em objetivos do que se defender de hordas infinitas. Apesar de deixar as coisas mais interessantes, é um pouco complicado no começo, pois muitos jogadores podem se confundir. Como é de praxe, jogar com mais três pessoas na equipe torna a jogatina bem divertida e diferente do multiplayer online convencional – e isso está ainda melhor dessa vez.

É interessante que temos classes até mesmo para o modo Zumbi, em que podemos assumir papeis de controle de grupo, com habilidades ofensivas e até mesmo suporte. Balancear essa composição é bem importante e ajuda bastante para alcançar a vitória. Além disso, as caixas de recompensas têm um papel muito mais prático, pois há chances de vir itens utilizáveis que podem fazer toda a diferença durante a jogatina, e não só itens cosméticos.

Call of Duty: WWII

A jogatina pode ser um pouco caótica no começo, mas assim que a equipe entender os objetivos e decorar onde estão os power-ups, as partidas ficam muito divertidas e exercem o que há de melhor em um modo completamente cooperativo. A prática leva à perfeição que, eventualmente, nos recompensa com uma boa dose de entretenimento.

Um dos melhores visuais da série

Apesar de não ser o tipo de jogo reconhecido pela maestria gráfica, Call of Duty: WWII se sai muito bem na parte técnica e em direção artística. O game realmente está bem bonito e traz uma riqueza de detalhes bem grande. Todos os níveis são muito caprichados, com bastante variedade entre eles. Seções externas e internas são belissimamente construídas e criam um grau de imersão bem grande.

Para completar a cereja do bolo, a experiência roda constantemente em 60 fps (pelo menos no PlayStation 4 Pro, plataforma que joguei) e sem nenhum tipo de engasgo. Os títulos anteriores lidavam de forma diferente com essa questão, priorizando qualidade de imagem e outros efeitos à taxa de quadros, que constantemente tinham algumas quedas. Há alguns pequenos deslizes, como texturas de baixa qualidade em alguns momentos, mas eles são raros (você pode ver na última imagem da galeria).

Galeria 3

Na parte sonora, o jogo também brilha: seja na campanha, com os sons de tiroteios (que ainda são inferiores aos da série Battlefield), chuva e até mesmo a respiração do personagem, ou no multiplayer ao ouvir os passos dos adversários. A TV é bem competente em passar essa sonoplastia bem-feita, mas um bom fone de ouvido é ótimo para contemplar o que Call of Duty: WWII tem a oferecer.

Infelizmente, a nossa cópia de review foi a americana e não há nenhuma forma de trocar o idioma. Tive um contato breve com a dublagem em português brasileiro e ela estava entre no padrão aceitável, com alguns pontos fracos.

Conclusão

Talvez, um dos maiores pontos fracos também é um dos maiores pontos fortes: o game é, essencialmente e estruturalmente, um jogo da série do começo ao fim. As melhoras são ótimas, novidades são bem-vindas e a diversão é garantida, mas uma campanha que aproveitasse mais o impacto emocional da Segunda Guerra, um multiplayer que tivesse ainda mais novidades e um modo single player mais extenso não seriam de nada mal. Sem dúvidas, voltar às raízes foi uma ótima decisão, mas a Sledgehammer poderia ter ido além e capturado boa parte do clima e tensão dos primeiros games da série.

Call of Duty: WWII não é o CoD perfeito ou um dos melhores shooters de todos os tempos, mas ele é, sem dúvidas, o melhor dos últimos games da franquia, de longe. O modo zumbi é muito bom, o multiplayer, que está mais pé no chão, é extremamente divertido, e a campanha é marcante. Pode não ser um jogo feito com alma ou com paixão, mas ele é certamente extremamente bem caprichado.

Este jogo foi gentilmente cedido pela Activision para a realização dessa análise.

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Pontos Positivos
  • A campanha voltou com tudo e, apesar de ser curta não ser perfeita, é excelente
  • O retorno à Segunda Guerra era o ar fresco que a franquia precisava para voltar firme e forte
  • Missões memoráveis e com cenas cinematográficas muito bem-feitas
  • Multiplayer mais pé no chão era algo que a franquia estava precisando
  • A adição de classes e modo Guerra foi muito boa
  • Modo Zumbi ainda mais divertido e focado em cooperativo
  • Visuais excelentes, tudo rodando em 60 fps
Pontos Negativos
  • História carece de impacto emocional e a violência é predeterminada e moderada
  • Pequenos deslizes na parte visual
  • Há alguns problemas nos servidores e balanceamento do multiplayer