Nostálgico. Criativo. Envolvente.
A Xbox Live Arcade é uma fonte de jogos simples e/ou antigos, onde se pode relembrar o passado dos vídeo games com um clima nostálgico inerente ou pelo menos garantir algumas horas de diversão sem compromisso, certo? Bem, não totalmente.
Braid hoje é um sucesso absoluto de crítica além de ser um líder isolado dentro da Xbox Live Arcade. Foram mais de 28 mil downloads durante os três primeiros do jogo na rede. E o que é mais interessante? É inegável que Braid se apóia em muitos elementos consagrados... e até meio desgastados dos jogos eletrônicos.
Porém, o grande diferencial está em como as coisas foram colocadas. Em primeiro lugar, o jogo é assumidamente uma espécie de ode satírica aos jogos antigos, especialmente aos títulos do ícone maior da Nintendo.
Títulos mais recentes, decerto? De forma alguma. Quem teve a possibilidade de jogar a primeira incursão de Mario nos video games — aquela do saudoso Atari 2600 que trazia como coadjuvante o ainda embrionário (e bastante quadrado) Donkey Kong — vai encontrar uma fase particularmente nostálgica.
Outros pontos ainda evocam elementos de aventuras mais recentes do bombeiro da Nintendo, como os famosos canos com plantas carnívoras ou ainda a bandeira encontrada ao final de cada fase.
Nostálgico e inovador
Complementando essa muito bem vinda ligação com o passado dos jogos, está um clima, um ambiente, uma mecânica e, de forma geral, um funcionamento absolutamente original. Trata-se de uma forma de colcha nova feita com retalhos velhos... além de alguns acréscimos bem interessantes e praticamente sem precedentes.
Porém, antes de citar a mecânica básica de funcionamento do jogo, vale a pena dar uma conferida no improvável herói da história, Tim. Isso porque, de certa forma, existe uma ligação evidente — e de muito bom gosto — entre as duas coisas.
Basicamente, Braid enxerga a clássica história do herói que salva a princesa do castelo sob uma ótica alternativa, poética e introspectiva. Quais seriam os anseios e os pensamentos do valente cavaleiro que parte em uma aventura quase suicida para salvar a princesa do terrível algoz? Ou alguma coisa assim.
Ou, por outro lado, o que pensaria a princesa enclausurada a respeito da sua situação e sobre as suas possibilidades? Ou ainda, estaria ela realmente interessada em ser salva por um sujeito com vários erros no seu passado?
Uma das primeiras questões colocadas pelo jogos é, mais ou menos: que tal se pudéssemos errar, aprender com os nossos erros, e em seguida retroceder para, assim, anular todos os efeitos ruins? Assim começa a melancólica e rica história de Tim: um sujeito que errou e tenta agora consertar as coisas e, de quebra, salvar a sua amada princesa de um terrível monstro.
Uma forma prática de corrigir os erros: manipular o tempo
E qual seria, portanto, a melhor forma de aprender sem ter que acumular uma coleção de erros? Que tal voltar no tempo? Pois é, é exatamente isso que o protagonista faz a todo o tempo. Vai cair em algum buraco? Basta voltar no temp. Um pulo mal calculado e... é só voltar novamente.
Basicamente, toda a estrutura do jogo gira em torno da capacidade de Tim de voltar no tempo para tentar se sair bem em uma determinada ação. E, ao contrário do que se poderia pensar, isso não faz de Braid um jogo simples. Tudo bem que você não verá estampada na tela um “Game Over” por conta de todas as tentativas terem sido esgotadas. O desafio do jogo é bem outro.
De fato, qualquer jogador com um mínimo de treinamento nos clássicos de plataforma vai conseguir atravessar Braid de ponta a ponta em alguns poucos minutos; sem problema algum. Entretanto, muito do jogo será perdido nisso. A maior parte dele, pra falar a verdade.
O real desafio de Braid consiste em recolher várias peças de quebra-cabeças espalhadas ao longo de todas as fases (que sequer são lineares). Aí sim é que a capacidade de raciocínio do jogador é realmente testada. Como alcançar uma determinada peça sendo que está é trancada por uma imensa parede de concreto antes que eu chegue até o local?
A chave dos desafios está sempre na manipulação inteligente do tempo. Cada um dos seis diferentes mundos de Braid traz uma forma distinta de se manipular o andamento do tempo. Isso vai desde um simples “rebobinar” até a criação de um alter-ego para se realizar mais de uma ação por vez.
Assim sendo, cada novo puzzle apresentado pelo jogo traz sempre um desafio diferente, sem que as coisas se tornem mecânicas após a primeira fase. A bem da verdade, as estruturas das fases e as ferramentas para manipulação temporal à disposição de Tim vão aumentando progressivamente em complexidade.
Um exemplo: o primeiro mundo de Braid dá ao protagonista apenas a capacidade de voltar no tempo quando necessário. Isso vai salvá-lo de algumas enrascadas e também ajudar a resolver enigmas. Já no segundo nível, entram em cena estruturas que não são afetadas pela manipulação do tempo. Um simples retroceder não será mais suficiente para resolver os desafios das fases.
E o que é mais interessante. Cada nova ferramenta acrescentada ao jogo vem acompanhada de mais uma parte da complexa história do protagonista, parte essa que tem tudo a ver com a forma com que Tim manipulará o tempo em um determinado mundo de jogo.
Encontrando todas as peças
Conforme já foi dito, o desafio principal de Braid não consiste em simplesmente atravessar todas as fases no menor tempo possível. Para realmente tirar o maior proveito do jogo, deve-se completar todos os quebra cabeças, e para isso é necessário, obviamente, recolher todas as peças espalhadas pelos mundos do jogo.
Cada mundo de jogo apresenta várias fases, cada uma com uma ou mais peças que devem ser recolhidas para que, ao final, seja possível formar um quadro completo que, além de ser uma bela obra de arte, ainda tem muita ligação com o curso do jogo — podendo, inclusive, auxiliar diretamente em algumas fases.
Todos os quadros, ao final, vão ajudar a compor a confusa história do protagonista, o que acontecem em um final no mínimo ambíguo.
O conjunto da obra
O que mais impressiona em Braid, na realidade, não são seus elementos isolados. É claro que é ótimo poder resolver puzzles com o tempero da manipulação temporal. E relembrar velhos títulos de plataforma também pode ser bastante agradável.
Entretanto, o que mais chama a atenção é como todos os elementos se combinam para proporcionar uma experiência de jogo única. A começar pelos gráficos. Cada mundo de jogo traz o seu próprio estilo de ambiente, sendo que as cores e os traçados lembram verdadeiras obras de arte, sendo todos baseados em desenhos feitos à mão.
Trata-se do trabalho do desenhista David Hellman, o mesmo responsável pela arte da série de quadrinhos “A Lesson Is Learned But The Damage Is Irreversible” ou “A lição é aprendida mas o dano é irreversível” — alguma ligação com a temática do jogo? Quem sabe.
A jornada do melancólico Tim ainda vem embalada por uma série de músicas que criam um ambiente de calma e serenidade, algumas belas obras de autoria do selo indepentende Magnatune. É interessante perceber também que, conforme se volta no tempo, as músicas também são tocadas ao contrário, o que produz um efeito muito mais incisivo.
Por fim, um clima singular e envolvente, uma homenagem muito bem vinda, uma mecânica inovadora e alguns desafios de quebrar a cabeça fazem de Braid uma das melhores opções disponíveis hoje na Xbox Live Arcade. Talvez a única ressalva vá para o preço um tanto elevado em relação aos demais títulos disponíveis; são 1.200 MS Points, equivalente a quantia de 15 dólares.
Não que Braid não valha a pena, é claro. Um ser humano normal com alguma experiência em puzzles não deve demorar menos do que 6 horas para completar todos os desafios do jogo, tendo durante esse tempo algumas das mais belas paisagens já produzidas para um jogo de video game. Sem dúvida vale a pena conferir.
Braid hoje é um sucesso absoluto de crítica além de ser um líder isolado dentro da Xbox Live Arcade. Foram mais de 28 mil downloads durante os três primeiros do jogo na rede. E o que é mais interessante? É inegável que Braid se apóia em muitos elementos consagrados... e até meio desgastados dos jogos eletrônicos.
Porém, o grande diferencial está em como as coisas foram colocadas. Em primeiro lugar, o jogo é assumidamente uma espécie de ode satírica aos jogos antigos, especialmente aos títulos do ícone maior da Nintendo.
Títulos mais recentes, decerto? De forma alguma. Quem teve a possibilidade de jogar a primeira incursão de Mario nos video games — aquela do saudoso Atari 2600 que trazia como coadjuvante o ainda embrionário (e bastante quadrado) Donkey Kong — vai encontrar uma fase particularmente nostálgica.
Outros pontos ainda evocam elementos de aventuras mais recentes do bombeiro da Nintendo, como os famosos canos com plantas carnívoras ou ainda a bandeira encontrada ao final de cada fase.
Nostálgico e inovador
Complementando essa muito bem vinda ligação com o passado dos jogos, está um clima, um ambiente, uma mecânica e, de forma geral, um funcionamento absolutamente original. Trata-se de uma forma de colcha nova feita com retalhos velhos... além de alguns acréscimos bem interessantes e praticamente sem precedentes.
Porém, antes de citar a mecânica básica de funcionamento do jogo, vale a pena dar uma conferida no improvável herói da história, Tim. Isso porque, de certa forma, existe uma ligação evidente — e de muito bom gosto — entre as duas coisas.
Basicamente, Braid enxerga a clássica história do herói que salva a princesa do castelo sob uma ótica alternativa, poética e introspectiva. Quais seriam os anseios e os pensamentos do valente cavaleiro que parte em uma aventura quase suicida para salvar a princesa do terrível algoz? Ou alguma coisa assim.
Ou, por outro lado, o que pensaria a princesa enclausurada a respeito da sua situação e sobre as suas possibilidades? Ou ainda, estaria ela realmente interessada em ser salva por um sujeito com vários erros no seu passado?
Uma das primeiras questões colocadas pelo jogos é, mais ou menos: que tal se pudéssemos errar, aprender com os nossos erros, e em seguida retroceder para, assim, anular todos os efeitos ruins? Assim começa a melancólica e rica história de Tim: um sujeito que errou e tenta agora consertar as coisas e, de quebra, salvar a sua amada princesa de um terrível monstro.
Uma forma prática de corrigir os erros: manipular o tempo
E qual seria, portanto, a melhor forma de aprender sem ter que acumular uma coleção de erros? Que tal voltar no tempo? Pois é, é exatamente isso que o protagonista faz a todo o tempo. Vai cair em algum buraco? Basta voltar no temp. Um pulo mal calculado e... é só voltar novamente.
Basicamente, toda a estrutura do jogo gira em torno da capacidade de Tim de voltar no tempo para tentar se sair bem em uma determinada ação. E, ao contrário do que se poderia pensar, isso não faz de Braid um jogo simples. Tudo bem que você não verá estampada na tela um “Game Over” por conta de todas as tentativas terem sido esgotadas. O desafio do jogo é bem outro.
De fato, qualquer jogador com um mínimo de treinamento nos clássicos de plataforma vai conseguir atravessar Braid de ponta a ponta em alguns poucos minutos; sem problema algum. Entretanto, muito do jogo será perdido nisso. A maior parte dele, pra falar a verdade.
O real desafio de Braid consiste em recolher várias peças de quebra-cabeças espalhadas ao longo de todas as fases (que sequer são lineares). Aí sim é que a capacidade de raciocínio do jogador é realmente testada. Como alcançar uma determinada peça sendo que está é trancada por uma imensa parede de concreto antes que eu chegue até o local?
A chave dos desafios está sempre na manipulação inteligente do tempo. Cada um dos seis diferentes mundos de Braid traz uma forma distinta de se manipular o andamento do tempo. Isso vai desde um simples “rebobinar” até a criação de um alter-ego para se realizar mais de uma ação por vez.
Assim sendo, cada novo puzzle apresentado pelo jogo traz sempre um desafio diferente, sem que as coisas se tornem mecânicas após a primeira fase. A bem da verdade, as estruturas das fases e as ferramentas para manipulação temporal à disposição de Tim vão aumentando progressivamente em complexidade.
Um exemplo: o primeiro mundo de Braid dá ao protagonista apenas a capacidade de voltar no tempo quando necessário. Isso vai salvá-lo de algumas enrascadas e também ajudar a resolver enigmas. Já no segundo nível, entram em cena estruturas que não são afetadas pela manipulação do tempo. Um simples retroceder não será mais suficiente para resolver os desafios das fases.
E o que é mais interessante. Cada nova ferramenta acrescentada ao jogo vem acompanhada de mais uma parte da complexa história do protagonista, parte essa que tem tudo a ver com a forma com que Tim manipulará o tempo em um determinado mundo de jogo.
Encontrando todas as peças
Conforme já foi dito, o desafio principal de Braid não consiste em simplesmente atravessar todas as fases no menor tempo possível. Para realmente tirar o maior proveito do jogo, deve-se completar todos os quebra cabeças, e para isso é necessário, obviamente, recolher todas as peças espalhadas pelos mundos do jogo.
Cada mundo de jogo apresenta várias fases, cada uma com uma ou mais peças que devem ser recolhidas para que, ao final, seja possível formar um quadro completo que, além de ser uma bela obra de arte, ainda tem muita ligação com o curso do jogo — podendo, inclusive, auxiliar diretamente em algumas fases.
Todos os quadros, ao final, vão ajudar a compor a confusa história do protagonista, o que acontecem em um final no mínimo ambíguo.
O conjunto da obra
O que mais impressiona em Braid, na realidade, não são seus elementos isolados. É claro que é ótimo poder resolver puzzles com o tempero da manipulação temporal. E relembrar velhos títulos de plataforma também pode ser bastante agradável.
Entretanto, o que mais chama a atenção é como todos os elementos se combinam para proporcionar uma experiência de jogo única. A começar pelos gráficos. Cada mundo de jogo traz o seu próprio estilo de ambiente, sendo que as cores e os traçados lembram verdadeiras obras de arte, sendo todos baseados em desenhos feitos à mão.
Trata-se do trabalho do desenhista David Hellman, o mesmo responsável pela arte da série de quadrinhos “A Lesson Is Learned But The Damage Is Irreversible” ou “A lição é aprendida mas o dano é irreversível” — alguma ligação com a temática do jogo? Quem sabe.
A jornada do melancólico Tim ainda vem embalada por uma série de músicas que criam um ambiente de calma e serenidade, algumas belas obras de autoria do selo indepentende Magnatune. É interessante perceber também que, conforme se volta no tempo, as músicas também são tocadas ao contrário, o que produz um efeito muito mais incisivo.
Por fim, um clima singular e envolvente, uma homenagem muito bem vinda, uma mecânica inovadora e alguns desafios de quebrar a cabeça fazem de Braid uma das melhores opções disponíveis hoje na Xbox Live Arcade. Talvez a única ressalva vá para o preço um tanto elevado em relação aos demais títulos disponíveis; são 1.200 MS Points, equivalente a quantia de 15 dólares.
Não que Braid não valha a pena, é claro. Um ser humano normal com alguma experiência em puzzles não deve demorar menos do que 6 horas para completar todos os desafios do jogo, tendo durante esse tempo algumas das mais belas paisagens já produzidas para um jogo de video game. Sem dúvida vale a pena conferir.
Nota do Voxel