Um jogo de corrida moldado para divertir
Antes de mais nada, vamos tirar os elefantes da sala — metaforicamente falando. Blur é, sim, uma mistura de Project Gotham Racing e Mario Kart, como já mencionamos anteriormente em prévias. Ele também é o sucessor espiritual dos games de corrida produzidos pela Bizarre Creations. E, para completar, aproveita o estilo visual colorido e rico em luminosidade de Geometry Wars. Agora que já dissemos isso, vamos ignorar as analogias para não ficar repetindo a mesma coisa todo parágrafo.
Isso significa que não se pode afirmar que o título seja particularmente original, embora o fato de reunir vários elementos bem-sucedidos em um só game constitua uma premissa interessante. Os jogadores gostam de correr de carro? Sim. Gostam de combate? Sim. Gostam de competição? Obviamente. Então a única preocupação de Blur é executar a proposta adequadamente, já que a receita para o sucesso existe.
E Blur o faz. Não perfeitamente (pouquíssimos jogos conseguem isso), mas de forma boa o suficiente para prender o usuário por inúmeras horas em frente à tela. Quem nunca desejou poder armar toda a bagunça causada por cascos de tartaruga e cascas de banana em um jogo que representasse de forma mais “realista” (as aspas são bastante necessárias) os carros e pistas?
Assim, o game pega carros de marcas reais (como Volkswagen, Audi, Dodge) e os coloca em pistas baseadas em locais de verdade (como Tóquio, Los Angeles, San Francisco); tudo regado a muitos power-ups que só não arrebentam o cenário inteiro porque apenas algumas partes dele são destrutíveis. Os carros, em compensação...
Vale lembrar que o título possui uma jogabilidade estritamente arcade; em nenhum momento ele se propõe a competir com simuladores de pilotagem, mesmo quando dentro de modos de jogo que focam na corrida. Assim, é preciso ter em mente que os objetivos principais aqui são a diversão e a emoção, como é típico em jogos deste estilo.
É impossível, também, evitar as comparações com o recém-lançado Split/Second. Afinal de contas, ambos são jogos de corrida com um foco especial na destruição dos oponentes — mesmo que a forma de execução seja diferente. Enquanto em Split/Second você destrói o ambiente, que por sua vez acerta os carros, em Blur a coisa é mais direta: os power-ups utilizados vão diretamente ao encontro dos oponentes.
Mas, no fundo, eles são fundamentalmente diferentes. Split/Second é mais explosivo e com um foco no espetáculo, frequentemente expondo catástrofes envolvendo inúmeros competidores. Já Blur é um pouco mais pessoal e evolutivo, já que os golpes geralmente atingem um ou dois competidores, com raras exceções, e o veículo pode ser gradualmente destruído.
Blur é um excelente jogo de corrida arcade para quem gosta de ganhar através da pancadaria e da destruição de oponentes, sobre isso não existe dúvida. O jogo vale a compra, seu custo-benefício é muito bom e é quase impossível se arrepender da aquisição. No entanto, ele é muito mais sério do que, por exemplo, Mario Kart, então aqueles que gostavam bastante do humor daquela série podem pensar em alugar primeiro.
Seja como for, o produto é muito bom por si só, e quando comparado a outros títulos do gênero possui como concorrência maior apenas o Split/Second, ao qual se assemelha em termos de visuais (descontando as luzes e cores, levando em consideração os modelos de carros e pistas). A experiência multiplayer é mais sólida e longeva, mas menos espetacular.
A consideração final é de que Blur é um excelente título de corrida arcade, que expande conceitos que já bem conhecidos — e, mais importante, com os quais estamos bem familiarizados. Quem tem uma boa conexão com a internet ou possui vários amigos com os quais jogar em tela dividida para quatro pessoas certamente se divertirá à beça. Mas se o objetivo é jogar sozinho e sem estar online, existem opções melhores, já que a maior parte do título será desperdiçada.
Nota do Voxel