Imagem de Bloodstained: Ritual of the Night
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Bloodstained: Ritual of the Night

Nota do Voxel
86

Bloodstained: Ritual of the Night é o nosso Castlevania merecido – com bugs

A Konami parou a produção de Castlevania há um tempo, e mesmo antes já havia largado a fórmula metroidvania que consagrou o mercado. Justamente por isso, Koji Igarashi, a mente por trás da genialidade na quinta geração da série saiu da empresa em 2014 e anunciou sua nova desenvolvedora, a Artplay, que teve como primeiro game Bloodstained: Ritual of the Night, um sucessor espiritual de Castlevania: Symphony of the Night.

Cinco anos depois, após diversos problemas de desenvolvimento, cancelamento de versões e feedbacks pesados sobre muitos aspectos da jogabilidade e da arte do jogo, Bloodstained chegou com uma das campanhas mais bem-sucedidas de todos os tempos no Kickstarter. Mas será que ele cumpre a promessa? Vem ver a nossa análise completa.

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Um dos melhores metroidvanias já feitos

Querendo ou não, o nome de Igarashi sozinho não seria suficiente para segurar a qualidade de Bloodstained. Depois de outros jogos que prometiam ser sucessores espirituais terem falhado, como o Mighty No. 9 de Inafune, o fantasma do financiamento coletivo pairava sobre o projeto. Contudo, o título de exploração e aventura deu a volta por cima.

De fato, ter o diretor de Castlevania: Symphony of the Night ajudou muito a criar o aspecto metroidvania que o título inventou e no qual é o melhor até hoje. Em muitos pontos, Bloodstained é um Symphony of the Night 2, principalmente no que envolve a exploração, o ritmo e a possibilidade de o jogador se perder entre os cenários — sem pegar na mão e explicar o que é preciso fazer.

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A aventura é realmente para os órfãos de um Castlevania nos moldes antigos, e não deixa a desejar. Há alguns temperos para apimentar a jogabilidade e elementos que surgiram pós-Symphony of the Night, bebendo da fonte de jogos posteriores da franquia, como Dawn of Sorrow e outros títulos portáteis.

O ritmo é algo muito bom em Bloodstained. Sempre há quests secundárias, locais do mapa ainda não explorados e recheados de itens especiais, upgrades de vida e magia, armas novas, chefões secretos e até mesmo shards inéditos que podem conceder novas habilidades para o progresso da campanha, que tem cerca de 15 horas de duração. Ainda assim, fazer tudo que há de opcional garante mais umas boas horas, e há modos extras e dificuldades novas desbloqueáveis no fim da campanha.

Nesse sentido, o novo jogo de Igarashi é um verdadeiro presente aos fãs. A sensação de revisitar Symphony of the Night de uma forma diferente era a maior promessa, e ela foi cumprida com maestria. Mais uma vez, a aventura acontece na sinfonia da noite em um castelo cheio de demônios e criaturas da escuridão, bem do jeitinho que lembramos: backtracking no modo puro e divertido que todo mundo queria ter.

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O gênero metroidvania vai muito bem, e cada game desde 1997 vem oferecendo sua própria contribuição à modalidade. Vimos Hollow Knight, Ori, Gato Roboto, Shadow Complex e muitos outros, mas Bloodstained deu um novo sopro de vida à categoria, celebrando passo a passo a gênese do estilo.

Jogabilidade ótima que honra o legado

Bloodstained não é um hack and slash, um jogo sobre combos e grandes extravagâncias de ação. O título se mantém na fórmula Castlevania até nisso, mas também traz sua dose de variedade com pesos e velocidades diferentes para cada arma. E há bastante delas, cada uma com peculiaridades que atendem aos diferentes estilos de jogabilidade.

Os jogadores estão constantemente entretidos com monstros em um level design muito bem-feito, com desafios legais de plataforma, diversos trechos que requerem habilidades especiais e por aí vai. Mais para o fim da aventura, a capacidade de inverter o castelo é adquirida e tempera ainda mais as coisas. Bloodstained é genuinamente divertido.

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O grande destaque do jogo é o sistema de shards (fragmentos, em português). Cada monstro pode oferecer um estilhaço a Miriam, a protagonista do game, que recebe uma habilidade especial. Há diversos tipos de shards que são atribuídos a botões diferentes: alguns são para ataque, outros são para resolver puzzles e há até mesmo alguns passivos, como o pulo duplo.

A ideia é muito legal e possibilita variedade para os golpes especiais ao lidar com chefes e inimigos. Há alguns oponentes que são fracos a fogo, outros que têm fraqueza contra golpes perfurantes e muito mais. Entretanto, é fácil reconhecer as melhores habilidades e se manter com elas do começo ao fim.

Como é possível aprimorar os fragmentos, há algumas figurinhas batidas que dispensam as outras em termos de facilidade e poder. Além disso, as magias que requerem comandos especiais são restringidas a armas específicas. Na teoria, pode ser para incentivar o jogador a testar novos equipamentos, mas na prática a mecânica restringe o uso, algo bem diferente de Symphony of the Night (quem nunca usou Dark Metamorphosis?). O que era para ajudar acaba passando batido.

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Existe também um sistema de crafting de armas e comidas que permite que você aumente seus status e compre armas novas. Todavia, os materiais deixados por monstros são bem escassos e nem sempre a receita é clara. É uma mecânica legal, mas deixa um pouco a desejar. Ter uma loja seria uma solução mais simples e funcional.

Bloodstained é, sim, um sucessor espiritual de Castlevania: Symphony of the Night em muitos aspectos e até aprimora algumas coisas, mas a execução não é perfeita como no jogo da era PlayStation. Em alguns momentos, fica evidente que se trata de um jogo independente que teve mais verba, pois nem tudo é tão polido quanto a fonte original ou em um game de alto orçamento.

Trama simples e bacana, mas com problemas no português

Preenchendo as lacunas entre a exploração a cada canto do castelo há uma história simples, mas boa de curtir sem grandes expectativas. Seguimos Miriam, que é capaz de absorver o poder de demônios e deve parar um antigo amigo que pode estar sob o controle das forças do mal. Entre algumas cenas, vemos muitas referências a Castlevanias antigos e que são boas surpresas aos fãs.

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Contudo, talvez seja melhor aproveitar a aventura em inglês se puder, pois assim você terá a experiência sem obstáculos. Há muitos erros de tradução, problemas na formatação e diagramação, além de lacunas que apresentam bugs com outras línguas. E por falar em bugs…

O que é um bug? Uma pilha miserável de crashes

Eu amei Bloodstained e nunca experimentei um metroidvania tão bom quanto Symphony of the Night, que é um dos meus jogos favoritos. E ele poderia se equiparar se não fossem os problemas técnicos que estão presentes do começo ao fim, literalmente. Os bugs encontrados foram na versão de PS4.

Do início da aventura até a última batalha, o jogo esteve cheio de glitches. Alguns eram simples e podem ser desconsiderados, como áudios que não paravam de tocar. Outros quase me fizeram desistir de jogar. Na reta final, em que os objetivos são quase escondidos, a exploração e o backtracking são constantes.

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Como nem sempre há uma sala de save no caminho, às vezes passava quase 1 hora sem salvar e então o jogo sofria crash, fechando o aplicativo. Durante uma noite com 4 horas de jogatina, experienciei três crashes que me fizerem repetir todo o processo. Abrir livros podia quebrar o jogo, acertar certos inimigos podia encerrar a aplicação; os empecilhos técnicos são aleatórios.

O medo não era de morrer e não salvar, algo que pode ser contornado com habilidades do jogador e muita precaução, mas sim de sofrer problemas mais sérios. Comecei a jogar no patch 1.0, que tinha um bug que podia impedir o progresso da campanha. O patch 1.02 resolveu isso, mas ele não era compatível com saves da versão 1.0. Em outras palavras, ou eu continuava e tentava a sorte ou recomeçava a aventura, perdendo horas de trabalho.

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Esses são os problemas mais sérios, mas realmente Bloodstained tem muito mais bugs que o normal. Aparentemente, a versão de Switch é ainda pior e traz mais problemas. Até o momento, a versão 1.03 não resolveu a maioria deles e não há garantias de que serão consertados.

Um jogo 2.5D bonito e com músicas excelentes

Sem dúvidas, Bloodstained: Ritual of the Night é um jogo bem bonito para os fãs de um bom metroidvania. A equipe evoluiu muito em relação ao Beta para os apoiadores do Kickstarter e há uma ambientação muito bem-feita, com muitas luzes, objetos e características que dão vida ao castelo.

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Particularmente, gostei muito do capricho de poder alterar os equipamentos e acessórios e ver tudo isso refletido na aparência do personagem. Inclusive, há uma área exclusiva para trocar as cores das roupas, o tom dos olhos e até os cortes de cabelo de Miriam. Um detalhe muito legal.

O jogo não é nenhum primor técnico, vale ressaltar, já que tem problemas de performance em todas as plataformas. No PS4 Pro (no qual joguei), a resolução era somente 1080p. No Xbox One X, que roda em 4K, há quedas de frames um pouco mais frequentes, saindo da casa dos 60 fps. No Switch, a performance é capada em 30. Além disso, há texturas bem ruins de vez em quando e certos detalhes não tão polidos. Não é perfeito, mas está longe de ser ruim.

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Na sonoplastia há bons resultados também. As dublagens passam de ano e David Hayter, dublador original de Snake, é a estrela do elenco e dá profundidade a Zengetsu, o anti-herói da trama. Mas o que brilha mesmo é a trilha sonora, de Michiru Yamane, a mesma compositora de Symphony of the Night. As músicas são realmente boas e foram gravadas com instrumentos reais, algo que ganha destaque durante o gameplay.

Vale a pena?

Bloodstained: Ritual of the Night é um sucessor à altura de Castlevania: Symphony of the Night e traz de volta a fórmula quase idêntica à original. As ideias são boas, as músicas são ótimas, a atmosfera é bem legal e, acima de tudo, o game é bem divertido e tem um ritmo excepcional que prende os amantes do gênero.

Contudo, a teoria é melhor que a execução. Pode parecer que o game é ruim falando assim, mas longe disso: ele só não é perfeito e tão refinado quanto a fonte de inspiração. Se não fossem os bugs, certamente a experiência seria muito mais agradável e faria dele um jogo extremamente marcante na geração.

Bloodstained: Ritual of the Night foi gentilmente cedido pela 505 Games para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Exploração metroidvania de primeira, possivelmente uma das melhores do gênero
  • Diversas armas, golpes, ataques especiais, feitiços e fragmentos que diversificam o game para cada estilo de jogo
  • História simples, mas bacana
  • Diversas referências a série Castlevania legais para os fãs mais hardcore
  • Ritmo praticamente impecável e progressão que não guia o jogador pela mão
  • Muitos e muitos segredos, easter eggs e atividades opcionais para fazer
  • Gráficos 2.5D muito bonitos em grande parte
  • Equipamentos são variados e mudam a aparência da protagonista
  • Modos extras para aproveitar após o término da aventura
Pontos Negativos
  • Diversos bugs sérios que comprometem a experiência, como crashs constantes e possíveis saves corrompidos
  • O sistema de crafting é legal, mas deixa a desejar
  • Os shards e magias especiais são legais, mas são pouco aproveitados na campanha
  • Alguns problemas de performance e texturas ruins
  • Problemas na localização para PT-BR