Imagem de Battlefield 1
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Battlefield 1

Nota do Voxel
95

Nessa guerra, vale tudo – até mesmo suar pelos olhos

 

Confesse: você também ficou surpreso quando a Electronic Arts revelou que, em vez de manter os confrontos de Battlefield nos dias atuais, voltaria no tempo e nos levaria a vivenciar os combates que aconteceram durante a Primeira Guerra Mundial, trocando retículas com miras de alta precisão, laser e outras coisas por armas ensurdecedoras e sem tantos recursos.

Há pouco mais de um ano, tive a oportunidade de analisar Battlefield Hardline, e lembro-me de ter mencionado à época que mudanças de ares são bem-vindas. É verdade, neste game a empresa não deu tanta sorte (o que não significa que o jogo tenha ficado ruim, muito pelo contrário), pois faltava algo mais para que o público pudesse abraçar a ideia e até mesmo lembrar dele como algo memorável, elementos que, por sorte, estão Battlefield 1.

Uma guerra para acabar com todas as guerras

A primeira coisa que muitos vão perceber é que, diferente de Battlefield 3 ou 4, a Electronic   Arts não seguiu o seu padrão habitual de apresentar primeiro o multiplayer no menu, adicionando em seguida a campanha. Dessa vez, a equipe de desenvolvimento decidiu apostar um pouco mais nesse quesito para criar uma campanha capaz de trazer diversos momentos de adrenalina e, sobretudo, aquilo que um bom fã de Battlefield espera.

E, de fato, ela conseguiu. Já no prólogo (que funciona como uma espécie de pequeno tutorial) fica difícil sustentar a ideia de que iremos jogar apenas “mais um game de guerra”, pois o título usa uma abordagem que foge um pouco do padrão: você vai passar por trechos nos quais obrigatoriamente deve morrer, e em cada um deles estará no comando de um ou mais soldados que deixaram suas vidas no campo de batalha.

Caso morra muito, vai ver uma lista com diversos nomes de prováveis soldados que não voltaram para casa após esse confronto, além de aparecer em pontos diferentes do mapa com equipamentos variados e uma nova chance de se manter vivo. Como milhões de pessoas morreram nessas batalhas, é exatamente essa noção que o título oferece nesse trecho.

Uma vez superado esse estágio, é chegado o momento de viajar por alguns lugares que abrigaram batalhas da Primeira Guerra Mundial. Em cada um deles você vai controlar um personagem diferente, uma dinâmica que, ao meu ver, ajuda a ver a determinação de diferentes povos em tentar defender a sua casa, mostrar o seu valor ou simplesmente fazer o que estiver ao alcance para se manter vivo.

Da sua forma, do seu jeito

Assim que o prólogo é finalizado, você tem a oportunidade de seguir pelas demais fases do game da maneira que achar melhor. Há cinco “capítulos” para explorar, e eles contam com personagens que agem de formas diferentes: há um piloto de tanque, um mensageiro, um soldado italiano, uma guerrilheira do Oriente Médio e até mesmo um piloto de avião.

Observando essa estrutura, é difícil não lembrar daquilo que foi visto na série “Band of Brothers”. Lá, cada episódio é focado em um personagem diferente, mais ou menos como acontece aqui. Claro, algumas dessas divisões são apenas “ok” (como a da guerrilheira do Oriente Médio, que conta com o lendário Lawrence da Arábia), enquanto outras podem estremecer as barreiras dos jogadores mais durões (como a do mensageiro). Evidentemente, vamos livrá-lo de spoilers da história para não estragar a experiência.

Curiosamente, essa experiência tem momentos bem variados e chegam a trazer mecânicas vistas no multiplayer e em outros títulos da série. Em algumas fases, por exemplo, você vai precisar capturar e manter pontos específicos do mapa para pode avançar, enquanto em outros é de vital importância seguir na surdina para não se lascar (como em um determinado momento do trecho do aviador).

Nessas partes à la Metal Gear, você tem um recurso importante para não atrair a atenção de todos os inimigos. Caso queira, é possível jogar balas no chão para fazer barulho e separar um oponente de todo o seu grupo, facilitando a sua eliminação de uma forma furtiva. Porém, diferente do que acontecia em Battlefield Hardline (onde depois de um determinado momento não havia motivos para continuar usando tais mecânicas), aqui esse é um apoio muito bem-vindo – vai por mim, você não vai querer enfrentar um pelotão inteiro caso tudo dê errado e sem esforço.

Aliás, outra novidade é que aqui há alguns momentos nos quais a jornada deixa de ser em primeira pessoa para se tornar uma aventura em terceira pessoa. Isso só acontece quando você pega o cavalo, “veículo” que muda um pouco a dinâmica de jogo e traz um arsenal próprio para as batalhas. E por falar em veículos novos, também temos aqui o trem blindado, o encouraçado e o dirigível, inimigos que podem ser controlados no multiplayer e mudar um pouco o rumo das batalhas.

Ambientação que merece prêmio

Não costumo me atentar muito a detalhes gráficos e sonoros em minhas análises, mas Battlefield 1 me forçou a destacar um tópico apenas para isso. E não vou me prender muito à parte gráfica (que continua tão bela quanto nos títulos anteriores da série), já que é o quesito sonoro quem acaba brilhando mais por aqui.

Falando especificamente da dublagem brasileira, dessa vez a equipe de localização conseguiu acertar e entregar ao jogador uma campanha com vozes profissionais (de verdade!) para cada um dos personagens, e estes conseguem transmitir a emoção certa para cada um deles. É verdade, há um errinho de sincronia aqui e outro ali, mas nada de grave.

A trilha sonora também merece destaque, pois ajuda a criar o clima certo dentro de cada um dos capítulos. Talvez o maior deles seja para as fases ambientadas no Oriente Médio, mas todos os outros momentos contam com pelo menos uma composição um pouco mais emocionante (lembre-se disso enquanto estiver jogando o trecho do pombo, talvez um dos mais significativos de toda a campanha).

Além disso, as armas também são capazes de reproduzir sons bem característicos da época. Na campanha, por exemplo, atirar com uma shotgun em uma área com alguns inimigos é o bastante para dizer “oi, estou aqui, venham me pegar”, e há vários outros exemplos de metralhadoras e pistolas que seguem pelo mesmo caminho.

A campanha perfeita?

Fechando esse trecho, é válido mencionar que, ainda que a campanha de Battlefield 1 tenha enfim encontrado o tom certo para levar o jogador a curtir tudo do começo ao fim e ficar curioso para saber o que acontece com cada um dos personagens, faltou um pouco de carisma para alguns deles (o italiano e a que luta ao lado de Lawrence da Arábia são alguns exemplos), e isso acaba influenciando um pouco a experiência geral.

Outro aspecto é o fato de que a inteligência artificial muitas vezes se esquece que tem esse nome e adota a postura de burrice artificial. Isso fica evidente em alguns trechos nos quais você deve passar sem ser percebido – afinal, que soldado deixaria de notar alguém com bem mais de um metro agachado e com uma arma na mão e continuar seguindo em frente sem fazer nada?

Entretanto, é válido mencionar que esses são pontos pequenos e servem apenas como um alerta de que, apesar de divertida e tocante, a campanha vai fazer você se deparar com alguns elementos que talvez não agradem muito.

A matança nossa de cada dia

E enfim chegamos ao bom e velho multiplayer, uma das principais características de Battlefield e que, para a nossa sorte, a DICE (empresa que trabalhou na produção de Battlefield 1) conseguiu manter dinâmico e atraente, ainda que com armas e veículos de quase um século atrás.

Tudo que você espera do multiplayer de Battlefield está aqui: mapas grandes, veículos, classes variadas, modos clássicos (Conquista, Dominação e Cada Equipe por Si integram o pacote do game) e a mesma diversão vista em títulos anteriores marcam presença em Battlefield 1, com direito a algumas novidades que certamente vão cair no gosto do público.

Começando pelos modos de jogo, temos a adição de três opções inéditas aqui: Investida, Pombos de Guerra e Operações. A primeira é aquela que você certamente teve a chance de ver no Beta do game e exige que as equipes briguem para defender ou destruir mensageiros capazes de solicitar suporte aéreo, enquanto a segunda é praticamente um Capture a Bandeira, com o diferencial de que não é preciso levar o pombo para um ponto específico, apenas escrever a mensagem (isso é mais rápido quando o personagem está parado) para pontuar.

Porém, é no Operações que o jogo brilha e mostra que a DICE sabe o que está fazendo. Diferente das outras modalidades, aqui há quatro estágios nos quais os jogadores se dividem em dois times distintos: um que ataca e possui um limite de vidas e outro que defende. O número de pontos que devem ser defendidos varia de acordo com o mapa, bem como os recursos disponíveis para os times.

E, como muitos já imaginaram, o poder de destruição é muito maior para quem ataca do que para quem defende. Todos os times contam com o recurso de mostrar a posição de um inimigo no mapa para o restante do grupo (algo que ajuda bastante neste e em outros modos), mas o dirigível, o trem blindado e alguns outros aparecem apenas para os que atacam, forçando os defensores a trabalhar em conjunto para sobreviver e, de quebra, manter suas marcas. Arrisco dizer que, assim como eu, talvez esse seja o modo no qual você vai investir boa parte do seu tempo.

Por falar nisso, os veículos inéditos inclusos aqui são capazes de oferecer boas vantagens para aqueles que estão em seu comando, mas não os torna invencíveis. O trem blindado, por exemplo, possui uma boa defesa e diversos equipamentos, mas pode ser derrotado com ataques de algumas granadas específicas – e o mesmo vale para o dirigível, mas esse só é atingido mais facilmente por armas de aviões.

Deixando o seu multiplayer ainda melhor

Algo que muitos vão perceber assim que acessarem essa modalidade é o fato de que Battlefield abandonou de vez os navegadores para procurar por partidas, utilizando um sistema que lembra bastante o presente em Star Wars Battlefront. Aliás, do jogo baseado na saga de George Lucas também temos algumas classes especiais que não são acessadas normalmente (como a que permite usar o lança-chamas) e que oferecem um pouco de estratégia para os combates.

Nessa mesma área, também encontramos conteúdo gerados por alguns usuários do YouTube dando dicas gerais como “o que fazer para morrer menos no campo de batalha” e algumas outras que são voltadas para iniciantes, mas que vez ou outra também podem servir para os veteranos e provam que a Electronic Arts está preocupada em tentar trazer o maior número possível de jogadores para a sua série. Ponto para ela.

Outro detalhe que vale ser mencionado é que neste Battlefield também temos caixas parecidas com as vistas em Counter-Strike: Globall Offensive para obter alguns itens, e estes podem ser mantidos em seu inventário ou convertidos em moeda de troca para comprar outras, gerando um sistema de microtransação para o jogo. Apesar de não ser o tipo de jogador que gasta dinheiro com coisas do gênero, não tenho nada contra desde que isso passe longe de modificar a experiência durante as partidas.

Por fim, donos de computadores certamente vão ficar contentes ao saber que essa versão conta com suporte a monitores ultrawide, o que certamente melhora a experiência de jogo. Além disso, há algumas medalhas que você pode selecionar par tentar cumprir objetivos específicos e ganhar uma experiência extra para evoluir – tudo isso enquanto se diverte em servidores que, diferente do que aconteceu em Battlefield 4, estavam funcionando normalmente e sem lag durante os nossos testes.

Vale a pena?

A essa altura, talvez a pergunta acima não esteja mais em sua cabeça, pois a resposta é sim. Diferente de Battlefield Hardline, Battlefield 1 consegue se mostrar competente em todos os sentidos, e certamente pode ditar novos rumos para os jogos de tiro em primeira pessoa e fazer com que séries consagradas e até mesmo novas franquias apostem em confrontos passados.

É verdade, faltou um pouco de carisma para alguns personagens (um dos pontos que talvez não contribua muito para formar um elo com eles é o fato de passarmos por poucos estágios ao lado de cada um) e até mesmo mais cuidado com a inteligência artificial, mas isso não muda o fato que a equipe de desenvolvimento conseguiu entregar uma campanha consistente e com momentos nos quais você realmente vai tentar agir com um pouco mais de cautela para preservar a sua vida.

O multiplayer, por sua vez, continua brilhando, seja nas modalidades já conhecidas por muitos jogadores ou naquelas que fazem sua estreia em Battlefield 1. Aliás, a ambientação também ajuda a tornar os confrontos vistos aqui ainda mais belos, bem como recursos como a possibilidade de obter algumas dicas em vídeos, caixas de brinde e muitos outros adicionais.

Talvez seja presunção da minha parte dizer que Battlefield 1 seja o melhor Battlefield já feito (até porque joguei apenas Battlefield 3, Battlefield 4 e Battlefield Hardline), mas, ao menos para mim, o novo game está um nível acima de qualquer um dos três citados – e periga até mesmo faturar o primeiro lugar em algumas categorias nas famosas votações de fim de ano. É esperar para ver.

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Pontos Positivos
  • Battlefield 1 traz uma campanha capaz de manter o interesse do jogador do começo ao fim
  • O multiplayer continua tão bom quanto antigamente, com direito a algumas novidades
  • A ambientação do game, especialmente a parte sonora, é algo de tirar o chapéu
  • Trazer elementos do multiplayer para dentro da campanha
  • Alguns recursos extras para o multiplayer, como a central de dicas e as caixas de itens
  • A dublagem realmente ficou muito boa
Pontos Negativos
  • Alguns problemas com a inteligência artificial
  • Faltou um pouco de carisma em alguns personagens