O caminho da Índia fez bem para os assassinos
Por mais que os boatos mais recentes a respeito da franquia Assassin’s Creed indiquem que a Ubisoft pode ter decidido não lançar um jogo AAA da série ainda em 2016, isso não significa que os fãs vão ficar carentes de novos títulos dos assassinos neste ano. Dando continuidade à trilogia iniciada em Assassin’s Creed Chronicles: China, a desenvolvedora lançou em janeiro o segundo título da família de spin-offs em plataforma, dessa vez situado na Índia.
Com o novo game, a Ubisoft buscou observar os pontos fortes e fracos do seu jogo de plataforma com visão 2,5D e aproveitou para aprofundar a história de outro dos personagens que foram introduzidos em produtos do universo expandido da franquia. Em ACC: India, acompanhamos as aventuras de Arbaaz Mir, o assassino indiano que lutou contra os templários ingleses durante o século 19 – conhecido de quem leu a HQ Assassin’s Creed: Brahman.
Assim como no primeiro jogo da trilogia, a empresa une elementos que marcam os títulos principais da série com traços típicos de aventuras de plataforma, mantendo o espírito da série ao mesmo tempo que tenta renovar a jogabilidade. Mas será que a Ubisoft conseguiu aprimorar a fórmula que aplicou em ACC: China? Ou teriam as alterações feito a mistura desandar? A resposta você encontra a seguir.
Parte de um todo
Assassin’s Creed Chronicles: India continua a história de Arbaaz Mir a partir de um ponto posterior ao que pode ser visto na HQ Brahman – portanto, caso você não tenha lido os quadrinhos ainda, esteja avisado de que pode haver pequenos SPOILERS a seguir. Enquanto abraçava a causa da liberdade defendida pela Irmandade dos Assassinos em sua luta contra os templários, o herói acabou em posse do diamante Koh-I-Noor, um poderoso artefato da primeira civilização.
Durante o jogo, Arbaaz descobre que seus inimigos se aproveitaram de um momento de distração para sequestrar violentamente o mentor indiano dos assassinos e roubar a pedra preciosa. O protagonista então se vê forçado a deixar sua amada, a princesa Pyara Kaur, e parte para resgatar seu aliado e recuperar a Peça do Éden das mãos de seus inimigos, aventura que o leva a explorar várias regiões da Índia e do Afeganistão do século 19.
Assim como no primeiro game da trilogia Chronicles, ACC: India tem um enredo bem mais raso do que o dos títulos principais da franquia e não conta com conexões com os eventos dos tempos atuais. No entanto, além de se ligar aos acontecimentos da HQ Brahman, ele tem relações diretas com seu antecessor, passando uma noção de unidade para os spin-offs – e aumentando as expectativas para a conclusão do arco no terceiro capítulo, situado na Rússia.
Independentemente desses pontos, o desenrolar do enredo de AC Chronicles: India nos permite saber um pouco mais da personalidade de Arbaaz Mir e acompanhar o seu desenvolvimento, o que deve agradar os fãs que o conheceram na história em quadrinhos. Complementando a trama, o novo título troca o visual de nanquim do jogo anterior e adota um estilo mais colorido, com uma paleta que faz uma boa referência à Índia do período colonial.
Faça seu caminho
Com relação à jogabilidade, ACC: India mantém o estilo de plataforma com visão na perspectiva 2,5D, permitindo a exploração em profundidade dos ambientes em certas partes dos cenários. No entanto, é possível notar que a desenvolvedora aproveitou a sequência para expandir um pouco mais a utilização desse recurso, dando outras opções para que os jogadores superem os desafios com seu próprio estilo.
Exceto pelos momentos em que é preciso resolver quebra-cabeças específicos, o título costuma oferecer vários caminhos para que você avance pelos cenários. Se você quiser, pode usar esconderijos, paredes escaláveis, assobios, bombas sonoras e outros elementos para distrair, emboscar e eliminar seus inimigos sorrateiramente.
Da mesma forma que no jogo anterior, o protagonista conta com equipamentos que o auxiliam durante a jornada, mas algumas alterações tornam sua utilização mais interessante. As facas de arremesso foram trocadas pelos chakrans, que podem ser não somente atirados diretamente contra os inimigos, mas também refletidos das paredes para acertar alvos em ângulos difíceis ou destruir lâmpadas em ambientes fechados, atrapalhando a visão dos guardas.
Liberando a pancadaria
Por mais que o desafio de superar trechos particularmente complexos sem ser avistado por ninguém seja bastante recompensador, o game também dá liberdade para quem prefere uma abordagem mais direta. Exceto em alguns momentos nos quais a discrição é absolutamente necessária, você pode contar com as habilidades de mestre assassino de Arbaaz para bloquear, contra-atacar e investir diretamente contra os soldados adversários.
Momentos como esses complementam a experiência de assassinar sorrateiramente seus inimigos e ajudam ainda mais a traduzir o espírito completo da franquia para o jogo de plataforma. Em Chronicles: India, até mesmo o uso das bombas de fumaça remete aos títulos principais da série, facilitando a vida de quem quer diminuir os números de guardas antes de lutar abertamente contra os sobreviventes.
Aprendendo com os erros de ACC: China, a Ubisoft repensou o esquema de controle do jogo, o que pode ser sentido em todas as suas versões. Nos PCs, onde a experiência anterior era particularmente frustrante durante os combates, a nova configuração possibilita controlar a movimentação, o uso de habilidades e a execução de ações usando uma mão só, deixando a outra livre para mirar com o mouse nas horas necessárias.
Novos desafios
No que diz respeito aos quebra-cabeças de Assassin’s Creed Chronicles: India, podemos dizer que eles costumam ser bem fáceis de compreender – mas isso não significa que todos são simples de resolver. Muitos momentos presentes nas diversas fases do jogo podem ser bastante desafiadores, exigindo cautela, observação e coordenação motora para superar os obstáculos cuidadosamente planejados pela equipe da Ubisoft.
Assim como em seu antecessor, ACC: India também conta com os divertidas cenas de correria, em que você se vê forçado a avançar freneticamente para escapar de ambientes que estão desmoronando ou prestes a explodir. O novo título chega a aproveitar esse conceito de uma forma ainda melhor, misturando momentos de adrenalina mesmo em fases mais lentas e exigindo raciocínio rápido dos jogadores.
Além disso, a ambientação na Índia do século 19 abre espaço para a existência de outras tecnologias que possibilitam novidades interessantes. A presença de armas de fogo, por exemplo, permitiu que a desenvolvedora incluísse até mesmo um momento em que você deve atuar como um verdadeiro atirador de elite, eliminando guardas de uma fortificação com disparos em primeira pessoa.
Rápido e rasteiro
Assassin’s Creed Chronicles India é bastante curto e pode ser terminado em cerca de seis horas, mas isso já era de se esperar de um jogo que custa apenas R$ 31. Caso você queira aproveitar o título por mais tempo, é possível encarar os modos Novo Jogo Mais e Novo Jogo Mais Difícil, completar as salas de desafio, caçar todos os colecionáveis e tentar fazer o melhor tempo e a maior pontuação em cada uma das fases.
Assim como em ACC: China, a escala menor da novidade em comparação aos games maiores da franquia permitiu que a Ubisoft evitasse muitos bugs que atrapalhariam a experiência. Durante nossa análise, encontramos apenas duas falhas, sendo a primeira um momento em que o modelo do casaco do assassino sofreu um erro de física e passou a rodar como uma hélice ao redor do personagem por um tempo, o que não afetou a jogabilidade.
Já o segundo erro ocorreu durante uma das fases em que é preciso correr para escapar de cenários que estão desmoronando. Em um instante de confusão, o protagonista acabou preso entre duas construções que estavam caindo, mas sobreviveu e ficou sem saída em meio aos destroços. Ainda que a situação tenha atrapalhado o gameplay, bastou recarregar o último ponto salvo automaticamente para resolver o problema e prosseguir com o jogo.
Vale a pena?
Assassin’s Creed Chronicles: India conseguiu aproveitar e melhorar os elementos introduzidos por seu antecessor, misturando momentos de furtividade, combate e correria frenética de uma forma ainda melhor do que o primeiro capítulo da trilogia em que está inserido. Nesse sentido, o título consegue manter o espírito da série dos assassinos sem fazer com que os jogadores sofram com uma sensação de repetitividade ou com bugs constantes.
Ele é curto e tem uma história bastante direta, mas permite que conheçamos um pouco mais da vida de Arbaaz Mir e de seu papel dentro da divisão indiana da irmandade dos assassinos. Somando-se a pontes interessantes traçadas com Chronicles China e até mesmo com Assassin’s Creed Syndicate, esses aspectos tornam o novo game ainda mais atrativo para os fãs do personagem e da franquia como um todo.
Ainda que isoladamente Assassin’s Creed Chronicles: India não possa ser considerado uma obra-prima do gênero de plataforma, é inegável que o jogo apresenta melhoras com relação ao seu antecessor direto. Considerando-se todos os pontos e o seu preço baixo, estilo simples e visual agradável, podemos dizer com segurança que a novidade é uma opção divertida para quem quer saber mais sobre o universo da série por meio de um título descomplicado e leve.
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Categorias
- Profundidade dos cenários aumenta estratégias possíveis
- Momentos de furtividade são desafiadores e recompensadores
- Combates traduzem bem elementos da franquia
- Melhorias nos comandos reduzem frustação ao usar teclado
- Atividades adicionais aumentam fator replay
- Visual com cores vivas reforça a ambientação na Índia
- Referências a outros títulos da série enriquecem a trama
- Enredo raso e sem momentos memoráveis
- História bastante curta
Nota do Voxel