A análise do “Anno”
Construir cidades na Terra é "old-school" demais para você? Então, dê o próximo passo na evolução dos simuladores de cidade e colonize a Lua com o mais novo capítulo da franquia Anno, da desenvolvedora Ubisoft.
Anno 2205 leva a humanidade 190 anos no futuro (135 se contarmos a partir do game anterior da série: Anno 2070), uma época em que tudo o que conhecemos sobre engenharia e arquitetura mudou radicalmente... Para melhor.
Com gráficos renovados e um visual bem futurista, o mais novo capítulo do simulador da Ubisoft chega com a intenção de não ser só mais um joguinho de construção. Em vez disso, a produtora resolveu pegar o estilo próprio da franquia e expandir para o infinito e além, dando aos jogadores um título bem interessante.
Três regiões diferentes, três games diferentes
A maior novidade trazida pelo jogo é a possibilidade de construirmos cidades em três regiões completamente diferentes: as ilhas (Temperate Region), o Ártico e a Lua. Cada um desses três locais oferece um estilo de gameplay. Contudo, não pense que elas são completamente aquém umas das outras.
A parte interessante do título é que, em algum momento, as civilizações terão que trabalhar juntas e compartilhar recursos para evoluírem, e cabe a nós fazer isso dar certo.
O início de tudo
Tudo começa com a escolha do primeiro local onde vamos iniciar a construção da cidade: as ilhas. São oferecidos três terrenos, dos quais devemos escolher um (mais tarde todos estarão disponíveis, mas vamos por partes, meu jovem engenheiro virtual).
Essa região de clima temperado é perfeita para a construção do seu espaçoporto. Aqui, percebemos algumas semelhanças entre Anno 2205 e Cities: Skylines. A primeira delas é a jogabilidade descomplicada. Assim como na obra da Colossal Order, é extremamente fácil aprender as nuances do game, mas não tanto de dominá-las.
Na questão de gameplay, o ambiente das ilhas é bem amigável àqueles que já tiveram experiência simuladores de construção, ou seja, é essencial fazer com que sua cidade tenha todos os recursos necessários para evoluir.
Deixar os moradores felizes é o primeiro passo para o sucesso. Cumprindo algumas condições, é possível fazer com que eles evoluam e passem a exercer novas atividades na cidade, permitindo que novos prédios sejam erguidos e novos upgrades sejam desenvolvidos.
Cansou de construir? Vá explorar
Além de ter que prestar atenção aos habitantes das urbes, temos que usar o barco de exploração para vasculhar as águas e fazer algumas missões. Ao cumprir essas demandas, que vão desde encontrar minérios no fundo do mar até construir represas, recebemos, além de dinheiro, algumas regalias, como aumento na produção de energia elétrica ou uma grande quantidade de algo bem valioso.
Navegando, também podemos construir a nossa base de operações em outras ilhas, estendendo as operações a todo o território. Quais as vantagens que isso traz? Bem, primeiramente, existem alguns recursos que têm uma capitação limitada, um deles é a água. Não é em qualquer lugar que podemos construir um centro de tratamento. Além de ser necessário montar o prédio em uma costa, é o game que decide onde podemos colocar a instalação.
Se não houver mais locais aptos para receber o prédio, somos obrigados a destruir alguma outra construção que esteja ocupando o local. Outros exemplos de edificações que seguem essa linha de raciocínio são os de extração mineral.
É obvio que para construir algo assim precisamos de uma mina, o que não é tão abundante assim no primeiro pedaço de terra que conquistamos. Por conta dessa e de outras peculiaridades, a expansão para outras ilhas é muito importante.
O interessante é que isso é feito de um modo mais divertido do que em outros simuladores. Assim como em RTSs, temos uma “unidade trabalhadora” para fazer esse tipo de missão de construção e exploração, o que traz aquela sensação de algo a mais para o jogador.
Próxima parada: Polo Norte
Ah, quem não curte um friozinho, não é? Parece que os habitantes do continente mais gelado do globo não estão muito animados com a ideia. Aqui as coisas complicam um pouco: para sobreviver, as acomodações dos moradores devem estar próximas aos aquecedores gerados por alguns prédios.
Esse esquema torna as coisas bem mais complicadas e adiciona um desafio extra ao game. Outro lance que entra nesse momento do jogo são as batalhas navais. Sim, meu caro, você leu direitinho, BA-TA-LHAS. Para quem não está acostumado com a franquia, esse é um dos diferenciais de Anno. Em algumas ocasiões, nos deparamos com tropas “mal-intencionadas” o que obriga a nossa bem preparada frota a abrir fogo.
O objetivo nem sempre é simples como defender um lugar específico. Às vezes é preciso tomar as rédeas da situação e dominar um espaço ocupado por terroristas. Portanto, só há uma alternativa: chegar um uma voadora no peito, ou, nesse caso, com um torpedo no casco.
Os embates que enfrentamos durante nossos testes se mostraram uma agradável surpresa. Existe mais de uma maneira de acabar com os inimigos, sendo possível usar várias estratégias e poderes diferentes para resolver tudo. Apesar disso, não espere combates complexos e ter que bolar planos mirabolantes. Mesmo assim, é um modo bem legal para diversificar o gameplay.
Ao infinito e além
A terceira parte da brincadeira acontece na Lua. O trabalho do jogador é encontrar uma boa forma de colonizar o local e explorar tudo o que o nosso satélite natural pode oferecer. Contudo, um perigo ronda esse antes inóspito local: as chuvas de meteoros. Para se proteger da ameaça, é preciso construir geradores de campo de força. Cada um desses aparatos protege uma área. Portanto, à medida em que a cidade cresce, mais deles são necessários.
Os recursos no astro não são abundantes. Logo, mais do que nunca, devemos trabalhar a logística de distribuição. Essa é a parte em que o game mostra o verdadeiro desafio que oferece.
O jogador deve pensar muito bem quanto de cada material deve ser produzido e como vai distribuí-los entre as cidades que possui. Como dito anteriormente, as cidades dependem muito umas das outras para se desenvolver. Para chegar ao equilíbrio perfeito, são necessários muita paciência e bastante tempo de jogo.
A força do game
Entre os pontos fortes de Anno 2205 está a capacidade do game de mesclar a jogabilidade de um simulador de construção com a experiência de um RTS, mesmo que bem pouco.
São raros os momentos em que o jogador fica sem nada para fazer. Por ter que controlar várias cidades em três regiões diferentes, a atividade é constante. Isso sem contar com as missões que devemos fazer usando os veículos e as batalhas navais. Aqui, não tem aquela de ficar esperando coletar recurso. O cara por trás do teclado está sempre com a mão na massa.
Além disso, o visual está muito bonito, com gráficos bem caprichados — até somos capazes de ver os carros voadores e alguns moradores se movendo pelas cidades. É fácil de notar também os detalhes dos prédios. O título é um prato cheio para quem curte uma ambientação futurista com aqueles designs dignos das melhores obras de ficção científica.
Alguns pecados
Jogando o game por várias horas começamos a notar alguns probleminhas, como o quão repetitivas são as missões que fazemos usando os veículos. Em 80% dos casos, devemos levar um drone, ou qualquer outra carga que seja, do ponto A para o ponto B e fazer isso ALGUMAS vezes pode acabar se tornando monótono.
Outro ponto incômodo é a transição de uma cidade para outra. Apesar de o loading não ser tão longo, somos obrigados a ficar mudando de região dezenas de vezes em certos momentos só para ajustar uma coisinha rápida e depois voltar, o que acaba dando uma certa preguiça só de pensar em ficar carregando de novo.
Contudo, frisamos que o tempo não é tão longo, mas essa troca poderia ser feita de modo mais dinâmico.
Vale a pena?
Anno 2205 traz tudo o que os games anteriores da franquia têm de melhor e adiciona uma novidade: a colonização da Lua. Apesar de alguns (poucos) escorregões, é um jogo que vai agradar àqueles que curtem um simulador de cidades menos complexo do que SimCity por oferecer um gostinho de RTSs, mas sem sair da fórmula base.
- Mistura um pouco de RTS com simulação de cidades
- Gráficos muito bonitos
- Mesmo sendo simples, os combates navais são bem divertidos
- Após um bom tempo de jogo, as missões podem ficar um pouco monótonas por serem muito parecidas
- A transição entre as regiões poderia ser feita de um modo mais dinâmico
Nota do Voxel