Imagem de 50 Cent: Bulletproof
Imagem de 50 Cent: Bulletproof

50 Cent: Bulletproof

Nota do Voxel
49

À prova de balas? Nem tanto...

Ninguém tem como negar que o hip-hop nesta década deixou de ser um estilo de música restrito a determinadas camadas culturais e sociais, passando a atrair o grande público. O sucesso do gênero musical fez que o as características intrínsecas aos adeptos deste movimento se espalhassem para outras formas de mídia.

Nomes como Ludacris e Ice Cube fizeram aparições em filmes e seriados de TV, solidificando suas imagens como figuras importantes do entretenimento ocidental. Agora, neste game para o PS2, 50 Cent tenta a sorte na indústria que é uma das que mais crescem no mundo.

Guetos, armas de fogo e samples

A abertura logo estabelece o estilo do título. Com uma mistura de clips do artista que dá nome ao título e capturas de imagens do próprio jogo, o clima de tiroteios e conflitos com os mais diversos tipos de oponentes logo se mostra predominante. Tudo embalado pelas letras estranhamente compatíveis das músicas de 50 Cent.


Assim como os personagens representados nele, o game não perde tempo com introduções e enrolação. Ao iniciar, você escolhe a dificuldade e já parte para as missões, na pele do rapper. Antes de cada nível existe uma pequena animação mostrando como sua equipe chegou até aquele ponto.

Ao receber um pedido de ajuda de seu amigo K-Dog, o protagonista recruta seus companheiros da G-Unit – nome do grupo de hip-hop do artista - e parte atrás do colega em perigo passando por diversos inimigos mascarados, que possuem um arsenal bastante impressionante.

De M16 a minas de proximidade, você deve passar por uma série de obstáculos até chegar ao ponto onde seu amigo morre, apesar de seus esforços. Em seguida 50 Cent leva nove tiros e, a partir destes acontecimentos, a história se desenrola através da busca pelo que aconteceu com K-Dog. O problema é que a partir daí a trama se torna um tanto quanto confusa. É difícil de entender a razão para a existência de determinados objetivos, além ser complicado assimilar o que realmente acontece ao decorrer da narrativa.

Representação precisa das personalidades que dão o ar da graça

O game conta com alguns nomes bastante conhecidos, além do time de protagonistas, com Eminem e Dr. Dre fazendo aparições. Os gráficos são bons e representam fielmente os personagens, e caso você seja um fã do gênero, a trilha sonora se encaixa bem no ambiente de jogo. As vozes dos personagens são interpretadas por seus respectivos rappers, o que torna os diálogos mais imersivos.

A atenção aos detalhes dada aos personagens não se estende ao cenário, no entanto. Eles são escuros e difíceis de distinguir, e não de uma forma atrativa. Além de repetitivos não existem muitos detalhes e os pequenos objetos que podem ser movidos não o fazem de uma forma realista.

Personagens bem feitos.

Uma jogabilidade pobre arruina tudo...

Apesar dos pontos positivos do som e imagem, a jogabilidade é péssima. Em primeiro lugar, a única coisa que se pode fazer no jogo é atirar nos outros. Qualquer outra ação, como colocar bombas, arrombar portas, entre outras, é feita pelos companheiros de equipe controlados pelo game. Os quais são, inclusive, muito mais adeptados ao tiroteio do que o protagonista. Sendo praticamente imortais, muitas vezes é melhor deixá-los fazer todo o trabalho, pois eles correm direto para perto dos oponentes e os fuzilam a queima-roupa.

Em segundo lugar, o jogo é totalmente linear. O único benefício de se demorar e matar mais inimigos é conseguir mais dinheiro para destravar extras, como músicas e vídeos do rapper. Só existe um caminho até o objetivo, com os pequenos desvios terminando em portas fechadas ou becos sem saída não longe de onde começaram.

Os alvos frequentemente estão em lugares inacessíveis e mesmo assim deixam cair objetos, o que confunde o jogador sobre a possibilidade de se chegar em tais locais. Por vezes eles caem de onde estão até onde se pode alcançar, mas isso é raro. Outro lado ruim deste fato é que se torna muito difícil identificar de onde vêm os tiros. Ainda bem que 50 Cent pode levar várias balas antes de sucumbir.
Mascarado caindo do prédio... E não é o Homem-Aranha!
Os objetivos são também bastante imprecisos. Em determinado ponto deve-se desativar bombas para que seu comparsa abra uma porta. Qualquer jogador que se preze tentará achar algum tipo de detonador ou painel de controle, talvez algum dispositivo obscuro. Mas não neste game. Aqui você deve dar um tiro (isso mesmo!) na bomba em si! E não há nenhum tipo de animação quando o faz, apenas o desligamento do laser que detecta movimento. Extremamente desapontador.

Muita sanguinolência, pouca precisão

Finalmente, os controles são horríveis. A mira é enorme, sendo difícil colocar o centro da mesma sobre os adversários para atirar com precisão. Caso tenha a paciência de mirar por vários segundos, é possível acertar os adversários na cabeça – o que por sinal é bastante peculiar, com a câmera seguindo a bala em câmera lenta e a cabeça do alvo explodindo – mas com balas voando em todas as direções isto se torna cansativo. Os inimigos também possuem uma hitbox menor do que seus corpos, o que faz com que tiros que deveriam acertá-los passem reto.

As diferentes armas não modificam a forma de atirar, somente a força e a cadência de tiro. Além das armas de fogo, você possui uma faca, com a qual pode executar os inimigos das formas mais brutais possíveis. Existe também a possibilidade de utilizá-los como escudos humanos e interrogá-los, embora esta última opção não revele nada de muito relevante. O realismo é completamente deixado de lado. Às vezes é possivel dar dois ou três tiros enquanto em outras deve-se praticamente descarregar um pente para derrubar um oponente. Os quais são, em alguns casos, até duas vezes maiores do que o protagonista. Desde quando 50 Cent tornou-se Gulliver na terra dos gigantes?
 Mortes macabras...
O personagem pode também pular, se abaixar e procurar cobertura para atirar sob proteção. No entanto, os inimigos muitas vezes se movimentam para fora da área visível antes que se possa matá-los.
É muito difícil se acostumar com a altura da qual o protagonista pode pular sem morrer, o que causa algumas mortes bastante frustrantes.
Por fim, se abaixar pode fazer com que seja impossível atirar no inimigo por mais que haja espaço mais que suficiente, com as balas atingindo a pequena mureta à sua frente.

A câmera também não ajuda. Sem nenhum tipo de auxílio, ela frequentemente fica em lugares péssimos. Para complementar este fato, 50 Cent possui uma grande tendência a colocar sua cabeça entre o alvo e a câmera, tornando toda a experiência um suplício ainda maior. Muitas vezes é mais fácil e prático movimentar o personagem do que a mira.

Para os que não estão acostumados com miras em consoles, a adaptação é absurdamente difícil. A frustração pode ser tão grande que se deva parar após um tempo e respirar até obter mais paciência para lidar com a interface. Já os fãs de jogos de tiro irão considerar o sistema de mira rídiculo.

Os gráficos não são exatamente assim...

Com uma agradável apresentação, de gráficos bons e som razoavelmente bem feito, 50 Cent Bulletproof deve agradar aos fãs do rapper, que podem relegar a jogabilidade ao segundo plano. No entanto, como game de ação, este título deixa muito a desejar, com uma terrível jogabilidade e nenhuma razão para se continuar jogando após terminar a campanha.
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