Invasão: os gigantes dos games se aventuram no mundo do cinema!

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Vai virar filme!Anteriormente, em... Desculpem, esta introdução é feita em seriados, não em filmes e jogos eletrônicos! Mas é próximo o suficiente, não? Enfim, mais uma semana, mais um artigo a respeito da interação entre cinema e video games — esta eterna relação de amor e ódio que, na maior parte das vezes, apresenta resultados desastrosos.

Reparei que, após nosso artigo anterior sobre as relações hierárquicas entre as empresas do mundo dos games, muitas pessoas expressaram o sonho de ver algumas de suas franquias favoritas nas telonas — expressaram também quais são suas empresas favoritas, de forma enfática, mas isso não vem ao caso agora! Decidimos, então, falar um pouco sobre as perspectivas de expansão já existentes, e da entrada de colossos dos games na indústria cinematográfica.

Para isso, daremos uma olhada em algumas situações específicas: o desenvolvimento do filme de
World of Warcraft; a quantidade de pessoas envolvidas com a criação de Assassin’s Creed 2: Lineage; os trailers cinematográficos da Valve (mesmo se feitos com animações, e não pessoas reais); a relutância da Rockstar em mandar GTA para os cinemas; e os requisitos da Microsoft para que Halo vire filme.

Todas estas diferentes empreitadas poderão nos dar uma perspectiva das diferentes formas de encarar a indústria de filmes, por parte das gigantes dos video games. Agora que já temos uma ideia das peculiaridades de cada uma destas formas de entretenimento, e de quem é dono de quem, passemos à parte prática!



Warcraft
O filme


No dia 6 de maio de 2006, no auge da popularidade inicial de seu MMORPG (após o anúncio de sua primeira expansão), a Blizzard anunciou uma parceria com a Legendary Pictures — responsável por Batman Begins e 300 — para criar um filme sobre o universo de Warcraft. Com o passar do tempo, a temática foi adaptada para se basear na história imediatamente anterior aos eventos de World of Warcraft.

Este anúncio gerou euforia em milhões de fãs dos títulos da empresa, resultando em muita especulação e rumores sobre a forma que tomaria a empreitada, quem estaria envolvido e que tipo de filme poderíamos esperar. Mas, para delírio dos jogadores, a Blizzard garantiu que estaria envolvida de perto no projeto e que este seria extremamente fiel ao conteúdo da franquia.

Para provar isso, aqui vai uma lista das principais pessoas envolvidas com a produção do filme:


  • Diretor: Sam Raimi, diretor dos filmes da franquia Homem-Aranha, além de vários outros sucessos da indústria.
  • Produtor Executivo: Robert Tapert, conhecido por sua frequente parceria com Raimi.
  • Co-produtor: Chris Metzen, vice-presidente de desenvolvimento criativo da Blizzard Entertainment, responsável pelo direcionamento das histórias das franquias da empresa.
Metzen, o cara!
A equipe parece extremamente comprometida em fazer um trabalho que se mostre digno dos games e que se mantenha fiel a eles, ao mesmo tempo em que consegue expandir ainda mais o número de pessoas interessadas na marca. Isto sem fazer concessões desnecessárias, como amaciar o filme para poder atingir um público mais jovem. Nas palavras de Metzen, não será PillowfightCraft (pillow fight significando luta de travesseiros).

O investimento é pesado, embora não existam números precisos a respeito dele. A estimativa é de que o orçamento do filme seja de mais de 100 milhões de dólares, com um lançamento previsto para 2011. Com todo este empenho, podemos esperar, pelo menos, algo melhor do que as adaptações de Uwe Boll que vemos por aí.

O esforço representa uma interação com a forma tradicional de filmes de Hollywood, um blockbuster que aproveita o enorme sucesso de um jogo para expandir a marca.



Assassin’s Creed 2: Lineage
Curtas de qualidade


Uma outra maneira de desbravar a indústria de cinema foi adotada pela Ubisoft, com a produção dos três capítulos de Lineage: a de curta-metragens. Utilizando uma forma mais promocional de distribuição dos pequenos filmes, através da internet, o objetivo era divulgar a franquia e ligar os acontecimentos dos diferentes games da série através de uma produção de alta qualidade.

Embora os atores que interpretaram os personagens envolvidos sejam desconhecidos do grande público, os responsáveis pela criação destes episódios certamente não o são. Os escritores da história dos games trabalharam em conjunto com os dos curtas para um máximo de coesão.

Além disso, a empresa Hybride Technologies, responsável pelos efeitos especiais, já trabalhou em grandes projetos como Sin City, Avatar e 300. Foi utilizada a técnica de captura de movimentos e de filmagem sobre um fundo verde para em seguida transpor a ação para os cenários — que foram retirados diretamente dos games e adaptados para a forma cinematográfica.
Cenários que viraram curtas

O diretor Yves Simoneau, embora também desconhecido por nós, já trabalhou em muitos projetos em sua terra natal, o Canadá. Como podemos ver, o objetivo foi juntar uma equipe de pessoas que conseguisse transpor a visão dos criadores de Assassin's Creed para a mídia de filmes, e não somente agrupar grandes nomes para tentar divulgar os games.

O resultado, como pudemos ver nas últimas semanas, foi excelente. A ambientação, as roupas e os movimentos todos lembram o que vimos — e veremos — nos jogos de Assassin’s Creed, dando uma sensação muito boa de trabalho bem-feito. O tipo que, esperamos, passe a ser a norma daqui para frente na interação games/filmes.



Grand Theft Auto
Fugindo das telonas


Fugir é normal para os protagonistas da série GTA. Da polícia, de gângsters, de rivais ou até mesmo de criminosos baratos que não estão para brincadeira. Mas se existe algo da qual eles continuam a fugir é das adaptações da franquia para o cinema. Algo difícil de entender, considerando o tamanho das produções da Rockstar, mas que pode ser razoavelmente explicado se considerarmos as expectativas.

Mesmo
GTA III já possuía história suficiente para que uma adaptação para mídias cinematográficas — trailers, curtas e longa-metragens — aparecesse. Com a chegada da bomba nuclear chamada GTA IV, então... Mas mesmo assim continuamos no limbo, sem qualquer perspectiva real de que um lançamento neste sentido fosse anunciado em um futuro próximo.

Alguns podem não entender o porque disso, mas se analisarmos o sucesso da franquia é possível ter uma ideia das razões para tal ausência. O nome GTA é muito famoso, e as expectativas em torno de qualquer título da série são enormes. De tal maneira que é impossível vermos um game que leve a marca tirar notas baixas em análises e prévias.

Não é desmerecido, mas certamente faz com que qualquer tentativa de transposição para o mundo do cinema deva receber atenção redobrada para manter o padrão de qualidade.
Deixa eu ligar pro banco pra sacar 200 milhões...

Basta olhar para o orçamento de GTA IV: 100 milhões de dólares. Uma quantia nunca antes gasta para criar qualquer jogo eletrônico, que é tanto quanto vários blockbusters que vemos por aí. A título de exemplo, o primeiro filme de Transformers custou 150 milhões de dólares. Se o jogo custou 100 milhões, quanto deveria custar um filme sobre as aventuras de Niko Bellic? 200 milhões?

Para ver o tamanho do “problema”, vale dar uma rápida olhada no orçamento de filmes. O mais caro da história foi Piratas do Caribe: No Fim do Mundo, com 300 milhões de dólares. O custo do décimo-quinto já cai para 200 milhões. E aí, então, que GTA entraria? Difícil estimar.

GTA IV também possuía mais de 1000 pessoas envolvidas na criação do título. Como, então, igualar este tipo de marca em um filme? Ou em curtas-metragens? O desafio é certamente gigantesco, e não é à toa que a Take-Two e a Rockstar estão demorando tanto para se aventurar neste terreno — se é que pretendem fazê-lo.



Halo
O vai-e-vem do fenômeno norte-americano
Difícil transpor um protagonista sem rosto para o cinema

Todos sabemos qual é o tamanho da Microsoft. Muitos também sabem do sucesso que Halo faz no mundo todo, mas especialmente nos Estados Unidos. Naturalmente, uma tentativa de expandir a franquia para os filmes foi feita — e o resultante pingue-pongue de pessoas envolvidas e responsabilidades é representativo de várias situações correntes no mundo dos games.

Peter Jackson, famoso pela trilogia do Senhor dos Anéis, é uma das figuras mais envolvidas no projeto, desde 2005 — um ano após o início dos trabalhos no filme. Após mais de 5 anos de idas e voltas, ainda não se chegou a nada de concreto, devido a vários interesses conflitantes e ideias diferentes sobre a forma como Halo deveria ser representado nas telonas.

Uma citação de Jackson é bastante ilustrativa dos problemas: “As políticas da Microsoft foram a razão pela qual a coisa toda não funcionou. Eles tiveram uma experiência ruim, assim como nós. Estão apenas tentando descobrir qual é sua relação com Hollywood. Se existe uma empresa que conseguiria fazer um filme independentemente, sem a ajuda de um estúdio de Hollywood, é a Microsoft.”

Vemos aí claramente a diferença de visões entre as empresas de games e de cinema. Visões que podem fazer com que um projeto fique anos no limbo do entretenimento, até que consiga se estabelecer de forma concreta...



Valve
Criadora de trailers excepcionais


Embora seja mais conhecida por títulos como Left 4 Dead, Counter-Strike e Portal, a Valve também é responsável pelo excelente Team Fortress 2. Título que recebeu vários pequenos trailers sobre os personagens que compõem o game, compostos de sátira, humor e, principalmente, muita qualidade. Embora sejam caricaturais, os personagens possuem expressões muito bem-feitas.

Os trailers a que estou me referindo são, na verdade, pequenos vídeos da série “Meet the X”, onde X é o nome da classe em questão. Além disso, as introduções de jogos como Left 4 Dead são extremamente empolgantes, estabelecendo a ambientação do que está por vir de forma excepcional, e que poderiam render muito mais.



Assim, finalizo o artigo de hoje com esta indagação que servirá de ponte para o texto da próxima semana (que tratará sobre a diferença entre atores de verdade e animações nas adaptações para filmes): o que você prefere? Filmes ao estilo Resident Evil ou Final Fantasy Advent Children? Deixe sua opinião, e não percam o especial da próxima semana!
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