Você já deve ter se perguntado sobre a origem da história de muitos dos jogos que encontramos por aí, não é mesmo? Bem, no TecMundo Games você conferiu um especial nosso exibindo algumas das inspirações que fizeram com que grandes mentes do universo do entretenimento eletrônico concebessem tramas e games espetaculares.
Mas, qual é o assunto debatido nos jogos? Afinal, de onde surgiu a história por trás de toda a ação que rola na tela? Sem dúvidas, existem alguns temas que, constantemente, são tomados como estrutura para grandes jogos. É normal, por exemplo, encontrarmos títulos que abordam a vingança, a busca pela amada e outras intrigas do tipo.
Com a evolução da indústria dos games, notou-se um claro progresso nas tramas, aproximando-se cada vez mais das histórias narradas pelo cinema. Atualmente, temos jogos com narrativas de cair o queixo, reforçadas intensamente por uma direção que consegue fazer praticamente qualquer coisa graças aos recursos atuais.
Além desses exemplos, temos também alguns jogos que deixam de lado as histórias fantasiosas para adotar uma trama inspirada em eventos reais. É como nos cinemas, quando vemos a famosa mensagem “Este filme é baseado em fatos reais” nas telonas. A grande diferença é que, nos jogos, você é a estrela principal que revive momentos de toda sorte, recriados de maneira fiel ou com a adição de algumas mudanças.
Pensando nisso, o TecMundo Games resolveu reunir alguns dos jogos que trazem como trama uma história baseada em fatos e eventos reais. Nela, conferimos jogos de todos os tipos, variando desde clássicos como Call of Duty até títulos mais discretos, como Jeanne d’Arc. Confira!
O chamado do deverO início de uma série marcante
Bem, não é exagero falar que praticamente todos os jogos de FPS que tomam como temática a guerra usam eventos reais como inspiração. Call of Duty é uma das franquias pioneiras nesse formato. A série é simplesmente uma das maiores da história do entretenimento eletrônico, alcançando até mesmo um lugar no Guinness, o Livro dos Recordes, como “produto de entretenimento mais vendido num período de 24h”.
Mas todo esse sucesso seria inexistente se não fossem os esforços da companhia em retratar eventos marcantes e impressionantes da guerra em seus jogos. Logo no primeiro título, lançado em 2003, o jogador vislumbrava uma atmosfera fiel ao período retratado: a Segunda Guerra Mundial.
Logo, o título se tornou um sucesso absoluto, tanto em vendas quanto na crítica. Detalhe para a campanha do game, com missões divididas entre três facções diferentes: os Britânicos, Americanos e Soviéticos.
Cada uma delas traz objetivos distintos, mas todas retratam com fidelidade alguns dos eventos reais que ocorreram no conflito. Na pele dos britânicos, por exemplo, o jogador participa de 6ª Divisão Airborne na Operação Tonga logo na primeira missão. Tudo é ilustrado com muitas informações em texto e também cenas de corte que dão o tom de toda a atmosfera.
Outros locais famosos da guerra, como o Canal Caen, também aparecem durante esta campanha, retratando como foi a captura da ponte e colocando o jogador em conflito direto com as forças nazistas. Aqui você também luta ao lado da lendária Special Air Service, ou SAS, uma divisão que permanece na ativa e continua sendo retratada em diversos jogos — incluindo nos novos Call of Duty.
Na pele dos estadunidenses, o jogador vive os conflitos da famosa invasão em Normandia, e acompanha seus eventos seguintes, que também são retratados no filme “O Resgate do Soldado Ryan”. Mesmo trazendo alterações na retratação dos eventos, a campanha consegue recriar com fidelidade todo o ambiente e os locais que compunham o cenário deste intenso conflito que marcou para sempre a história da humanidade.
O grande diferencial
O jogador também vive na pele dos soviéticos, realizando missões durante a Batalha do Stalingrado, no dia 18 de setembro de 1942, mostrando o Sargento Alexei Ivanovich Voronin tentando se infiltrar na Praça Vermelha, em Moscou. Um dos fatos interessantes exibidos durante esta campanha é a ilustração da Ordem Nº 227 de Stalin, que diz “Nenhum passo para atrás!”. Durante a segunda missão, o jogador observa vários companheiros soviéticos sendo aniquilados por seus compatriotas, que apenas cumprem as ordens de Stalin, não deixando que ninguém desista dos objetivos da União Soviética.
O lendário Sargento Pavlov também aparece no game, comandando o jogador durante a quinta missão. Por fim, na missão final, situada no dia 30 de abril de 1945, o Sargento Voronin retorna à sua base enquanto sua unidade batalha em Berlin, alcançando o edifício Reichstag e erguendo a Bandeira da Vitória, ato registrado em fotografia e que se repete dentro dos games.
Como você deve saber, Call of Duty tem muitas semelhanças com outra franquia de peso no gênero: Medal of Honor, cujo primeiro jogo foi lançado em 1999. Na realidade, boa parte da equipe da Infinity Ward, responsável por Call of Duty, trabalhou na franquia rival, trazendo alguns elementos e adicionando várias melhorias.
Além de uma história mais aprofundada, a qual retrata, também, a Segunda Guerra Mundial na visão dos britânicos e soviéticos, Call of Duty também apostava na inteligência artificial, colocando o jogador quase sempre acompanhado por outros soldados. Sem dúvidas, algo que fornece uma sensação mais fiel de estar na guerra.
Mais Call of Duty
Após o sucesso do primeiro game, a Activision, responsável pela distribuição da série, resolveu dar continuidade ao universo de Call of Duty. Em 2005, chegava às lojas Call of Duty 2, que novamente trazia a Segunda Guerra Mundial sob óticas dos exércitos estadunidense, britânico e soviético.
O terceiro jogo, Call of Duty 3, foi a primeira obra que não foi desenvolvida pela Infinity Ward, até então a responsável por todos os jogos da série. Em seu lugar, entra a Treyarch, que decide trazer uma trama um pouco diferente, mas ainda fiel aos fatos da Segunda Grande Guerra. Aqui, o jogador acompanhava estadunidenses, canadenses, britânicos, franceses e poloneses após o Dia D.
O quarto jogo surpreendeu a todos por explorar os tempos modernos em vez da Segunda Guerra Mundial. Call of Duty 4: Modern Warfare voltou a ser desenvolvido pela Infinity Ward e foi o primeiro jogo da série a receber uma classificação M (somente para maior de 18 anos) da ESRB, o órgão de classificação etária dos Estados Unidos.
Depois do estrondoso sucesso do game, a franquia decide retornar às origens com Call of Duty: World at War, desenvolvido agora pela Treyarch. Usando a mesma engine do quarto jogo, a equipe trouxe novamente os jogadores para a Segunda Grande Guerra, mas desta vez demonstrando o fronte Oriental e trazendo uma fiel reprodução dos combates no pacífico.
Em 2009, os combates modernos reapareciam com a sequência de Modern Warfare — novamente desenvolvida pela Activision. Os fãs do último jogo de combate moderno da série conferem uma trama que se inicia cinco anos após os eventos do primeiro game, trazendo novamente personagens como Captain Price e “Soap” MacTavish.
Neste ano, a Treyarch nos presenteou com Call of Duty: Black Ops, que traz uma trama, no mínimo, interessante. O título se situa durante a Guerra Fria, na década de 1960, focando em operações da CIA e suas missões por trás das linhas inimigas. Os eventos trazem locais como Rússia, Cuba, Laos e Vietnam, e a campanha envolve uma hipotética arma química conhecia como Nova-6.
Mesmo sem contar com fatos históricos em sua concepção, Call of Duty: Black Ops mostra alguns personagens famosos como John F. Kennedy, Robert McNamara e até mesmo Fidel Castro, que causou bastante repercussão no game pelo fato de poder ser assassinado.
Achou muito? Call of Duty ainda possui vários jogos lançados como spin off (títulos lançados à parte da linha principal), que podem ser encontrados em portáteis e outros consoles, e todos trazem uma trama sólida e, na maioria das vezes, repleta de citações históricas. A Activision já confirmou um novo Modern Warfare, que deve chegar às lojas em 2011. Resta esperar para conferir qual será o enredo do game — existem rumores falando sobre o espaço, será?
À moda antigaCrimes e heróis
Felizmente, Call of Duty não é a única franquia que bebe desta fonte. Atualmente, temos diversos outros títulos que também utilizam fatos reais como inspiração para sua trama. Um deles é L.A. Noire, a próxima grande promessa do jogo.
Se você acompanha o TecMundo Games, então deve estar por dentro do game, que vem se destacando não só pela sua jogabilidade, mas também pela interpretação dos atores — transferidas de modo extremamente fiel para os personagens — e a própria trama, repleta de elementos noir — o clássico estilo “negro” dos cinemas.
Um dos elementos mais impressionantes da história de L.A. Noire, contudo, são os crimes. A Rockstar comenta que todos os delitos que aparecem no game são reais. Mas, como assim? Basicamente, a equipe se inspirou diretamente ou livremente em casos registrados pelo departamento de polícia de Los Angeles na década de 1940. Tudo para deixar o game mais fiel à realidade.
Outro jogo que traz uma abordagem interessante é The Saboteur, lançado em 2009. O título inspira-se no piloto de corrida William Charles Frederick Grover-Williams. Mesmo com algumas interpretações exageradas, a Pandemic Studios, responsável pelo desenvolvimento, conseguiu conceber um personagem bacana, retratando os arriscados atos de Grover-Williams durante a Segunda Guerra Mundial.
Coincidentemente, na mesma época em que Saboteur chegava às lojas, sua contraparte feminina também aterrissava nos consoles. Velvet Assassin trazia a história da heroína Violette Summer, baseada na espiã Violette Szabo, que trabalhou para o Reino Unido organizando uma resistência francesa para combater os alemães.
Outra figura dos jogos em terceira pessoa e inspirada em fatos históricos é Altaïr, do jogo Assassin's Creed. O herói é um membro de um clã de assassinos chamado Hashshashin, que luta contra os Cavaleiros Templários durante a Terceira Cruzada na Terra Sagrada, em 1191. O título está repleto de citações históricas, e pode até ser utilizada como objeto de estudo em suas provas.
A sequência de Assassin’s Creed traz outro período interessante: o Renascimento. No jogo, você conhece ninguém menos que Leonardo Da Vinci, podendo até mesmo interagir com o artista e experimentar algumas de suas ousadas criações. Fora isso, vários dos edifícios do período foram reconstruídos de maneira excepcional. Outra desculpa para você jogar games durante suas provas de história.
Por último, mas não menos importante, temos Jeanne d’Arc, um game para PSP que traz um bom amontoado de conteúdo histórico, incluindo informações sobre os aliados e contemporâneos de Joana d’Arc. Entretanto, há um forte contraste com elementos fantasiosos, introduzindo habilidades mágicas e a sugestão de que o rei Henrique VI estivesse possuído por demônios.
A realidade nos games continuaO que esperar para o futuro?
Sem dúvidas, ainda teremos muitos jogos baseados em fatos reais. Boa parte dos títulos de guerra adota esse critério para manter a fidelidade, e isso é muito bem-vindo pelo público. Títulos como Medal of Honor, criação de Steven Spielberg inspirada diretamente em “O Resgate do Soldado Ryan”, e o polêmico Six Days in Fallujah são apenas alguns dos exemplos de como a narrativa em um jogo pode ser importante e impactante.
Agora, resta esperar como serão as próximas interpretações dos desenvolvedores e quais temas serão abordados. Será que continuaremos com os conflitos bélicos ou teremos grandes inovações na trama? Logo, a resposta deve se tornar realidade.
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