Você, que é um viciado em games (mas não em drogas): tente refrescar sua memória. Procure as lembranças relacionadas a games que possuem substâncias “ilícitas” como objetos relevantes no contexto. Pois é, são muitos os jogos eletrônicos que contam com a presença de narcóticos, entorpecentes, esteroides, anabolizantes, estimulantes...
Não só isso: as drogas, muitas vezes, têm um papel bastante significativo em certas tramas. No que diz respeito à jogabilidade, o sucesso em determinados momentos é inteiramente dependente do uso de power-ups. Mario é um dos melhores exemplos, não é mesmo? Afinal de contas, os cogumelos são itens importantes para o encanador bigodudo.
O importante é saber que o uso virtualmente inofensivo dessas substâncias nos games não pode ser, em hipótese alguma, transportado para a vida real. Potencialmente perigosas (facilmente amortecedoras de sentidos), as drogas aparecem de formas diferentes na realidade e devem ser consumidas de acordo com as prescrições médicas e com a lei.
Voltando ao mundo virtual, é interessante conhecer os variados frascos e recipientes contendo elementos curiosos, capazes de alterar o estado mental do personagem controlado. Dito isso, vamos conhecer a importância dos itens que, em boa parte dos casos, aprimoram o “desempenho virtual” do jogador.
VariedadeTipos diferentes para efeitos diferentesConsequências físicas ou sociais? Depende do contexto. As implicações do uso de alucinógenos e outros “remédios” levam dezenas de roteiristas de games a escreverem longas sequências de eventos retratando cientistas químicos, pessoas “normais” e até mesmo indústrias monstruosas.
Em títulos de diferentes gêneros, você tem a oportunidade de manipular ingredientes para a concepção de substâncias fumáveis, bebíveis, comestíveis ou cheiráveis. Algumas vezes, o dinheiro compra tudo. Em outras ocasiões, é preciso coletar manualmente os componentes para somente então conseguir criar o material desejado com as ferramentas em mãos.
De qualquer maneira, as drogas têm um papel proeminente em dezenas de jogos. Os usos diversificados incluem melhorias temporárias de habilidades, regeneração vital, recuperação de pontos extras (como indicadores mágicos), anulação de efeitos maléficos... Há itens que servem apenas como uma razão para o término de uma missão.
Motivando o jogador
Você simplesmente não sai atirando em tudo e todos sem uma causa, não é mesmo? Quer dizer, esses tiroteios desenfreados, sem motivos sólidos, ocorrem apenas em alguns jogos de ação. Mas há casos nos quais o gamer precisa enfrentar hordas de zumbis — como Zombrex em Dead Rising — ou outros seres gerados a partir de... Drogas experimentais, é claro.
Quando o enredo possui ramificações mais elaboradas que o normal, é comum presenciar trocas de tiros em prol da recuperação de um material precioso ou na tentativa de revelar a história por trás de uma companhia envolvida com drogas.
Games que retratam cenas de crimes, como os famosos títulos da série Grand Theft Auto (GTA), também fazem o jogador “colocar a mão na massa”. Normalmente, o objetivo é transportar um pouco de heroína, ajudar um grupo de traficantes ou simplesmente auxiliar nas vendas de substâncias ilegais. É curioso constatar que a “carga” geralmente não aparece de forma visível para o jogador.
Habilidades melhoradas
Certos desenvolvedores fazem questão de apresentar esse tipo de substância logo de início como um recurso indispensável para o progresso. Em BioShock, por exemplo, você precisa usar injetar Plasmids nas veias do personagem controlado para ter acesso a habilidades como disparar rajadas de fogo e soltar descargas elétricas.
Entretanto, Haze e outros jogos apresentam o uso de drogas como uma maneira de melhorar o desempenho do combatente. Enquanto algumas substâncias levam o gamer a conhecer o famoso Bullet Time (atirar em câmera lenta), outras aprimoram a mira do protagonista. É o caso de Metal Gear Solid e o uso do Diazepam para deixar a pontaria do franco-atirador estável.
Mais? Que tal a Red Sand — areia vermelha — do universo Mass Effect? Trata-se de um elemento que fornece ao usuário poderes bióticos ou melhora sua habilidade latente. Como ocorre com narcóticos semelhantes, é comum presenciar o efeito de euforia após o uso da “areia”. É óbvio que o consumo intenso pode intoxicar a pessoa.
Vida, resistência...
Vários jogos apresentam missões que não focam em drogas, mas conduzem o aventureiro ao uso de diferentes substâncias como uma forma de ajuda pessoal. Isso é curiosamente comum nos video games, levando em consideração que a jogabilidade de alguns títulos envolve combate e dano e exige a aplicação de itens para a regeneração da “vida” ou de outros tipos de energia.
Fallout 3 requer que o personagem consuma remédios diversificados para diminuir o estrago da radiação. Além disso, o game também apresenta drogas capazes de restaurar a saúde de certas áreas do corpo. Há ocasiões nas quais a recuperação é primordial para a realização de um novo combate.
Um aspecto interessante dessa área é a utilização de “poções mágicas” — na realidade, drogas disfarçadas — em vários RPGs e jogos de aventura. As consequências do uso variam desde o ganho de pontos de energia vital (ou mágica) até o surgimento de efeitos temporários, benéficos ou maléficos. Sim, os famosos buffs surgem muitas vezes por causa do consumo de entorpecentes.
Aparição descaradaQuase impossível viver sem “dorgas” em alguns títulosTriptocaine em Heavy Rain, “ervas” na franquia Resident Evil, esteroides em diversos games... Enfim, a saga das drogas é longa e intensa. Muitos acreditam que tudo começou com o lançamento do jogo Narc em 2002 para os usuários das plataformas PC, PlayStation 2 e Xbox. A Midway foi realmente ousada ao distribuir um título no qual é possível usar drogas livremente.
No game, você tem a oportunidade de controlar um dos dois oficiais de narcóticos. A parceria foi separada devido ao vício de um dos policiais. Com isso, existe a possibilidade de prender traficantes, mas pode-se, ainda, confiscar e consumir as substâncias adquiridas. Maconha deixa a ação mais lenta (semelhante a um replay devagar de esportes), ecstasy proporciona uma atmosfera “amigável” que acalma inimigos agressivos, e crack enaltece as habilidades de tiro do jogador.
Sendo assim, ficar viciado é fácil. Mas perder a consciência temporariamente é apenas uma das consequências que podem levar o personagem a desacelerar o progresso policial. Ainda bem que os criadores de Narc não tornaram obrigatório o uso de drogas na jogabilidade.
Para os órgãos de classificação etária (como o famoso Electronic Software Rating Board, o ESRB), é um tema tão importante quanto violência. Conciliar um nível elevado de entretenimento com abordagens, digamos, “perturbadoras” é um dos desafios mais expressivos dos desenvolvedores.
Felizmente, por mais que surjam debates calorosos entre os críticos a respeito de determinadas franquias, séries como GTA e Max Payne provam que é possível propiciar bons momentos de diversão com a apresentação de histórias baseadas em drogas. Um planejamento cuidadoso é essencial para o sucesso.