Um console de mesa é criado para que as pessoas possam se divertir com um aparelho eletrônico dedicado exclusivamente — melhor: principalmente — à reprodução de jogos virtuais variados. De certa forma, o PC sempre foi considerado como um dispositivo à parte do mundo dos video games.
Pois é, não é à toa que existem aqueles que vestem a camisa dos consoles e não fazem questão de ter mais conhecimento sobre computadores. Máquinas como o Super Nintendo, o PlayStation 2 e o Xbox mostram que entretenimento doméstico de qualidade pode ser propiciado através de aparelhos focados em games.
No entanto, as arquiteturas entre os consoles e os PCs têm ficado cada vez mais semelhantes. Nada melhor que os dispositivos conhecidos como PlayStation 3 e Xbox 360 para exemplificar isso. A verdade é que esses dois consoles são mais potentes que boa parte dos computadores existentes no mercado. Por isso que o preço dessas plataformas é tão elevado.
E a versatilidade também incorporou o reinado dos consoles de mesa. O PS3, por exemplo, é capaz de rodar filmes em Blu-ray, acessar a internet através de um navegador web, reproduzir e armazenar uma variedade razoável de arquivos de mídia... Enfim, os usos são diversificados e vão além da "mera" execução de jogos de última geração. As particularidades realmente fazem a diferença na hora de uma aquisição de uma plataforma.
Decadência...
...ou não?
Múltiplas funções consistem em apenas um dos vários fatores que enaltecem a redução da procura por computadores como fonte de acesso à diversão. A forte pirataria fez com que muitas empresas começassem a riscar o PC da lista de plataformas-alvo dos novos produtos. É impressionante a quantidade de pessoas que deixam não prestigiam os frutos de árduos esforços através de formas legais de compra de games.
Como os fabricantes de consoles tomaram — e continuam tomando — medidas mais incisivas de combate à ilegalidade, os distribuidores de games para PC também resolveram entrar na briga com o famoso DRM (Digital Rights Management). Assim, surgiram limitações no uso de jogos distribuídos digitalmente através de serviços como o Steam, da Valve.
Ainda assim, a pirataria é um problema... E como. Não são todas as companhias que têm como foco a distribuição online de jogos, por mais que o número de títulos disponíveis através do Steam, por exemplo, tenha crescido de maneira assustadora. De qualquer maneira, os tempos mudaram, e os consoles gradativamente começaram a tomar o espaço previamente ocupado pelo impetuoso PC.
A opinião de um sábio
Surgiu, então, uma espécie de "barreira". Afinal de contas, compensa desenvolver um jogo para computadores ou não? Peter Molyneux, em entrevista ao pessoal do site Switched, constatou que os games estão ressurgindo nos computadores. Confira algumas das palavras proferidas pelo chefe de Lionhead Studios (desenvolvedora da franquia Fable):
"Parece que eu nasci no PC. Eu senti que essa coisa era completamente aberta e isso foi ótimo. Quando eu passei para o console, senti que quase estava preso dentro de uma caixa. Mas saiba que eu percebi que isso é solidificado — como 'esta é a caixa, é isto, você não terá mais ou menos que isto'. Foi uma boa experiência."
"Mas agora eles estão nos entregando novas peças de hardware. Natals, Moves e controles — eles lembram um pouco mais o PC."..."O aspecto surpreendente do PC, que não é de hoje, é que a experiência com jogos está renascendo nessa plataforma. Você tem o Facebook, sendo que todos estão falando dos jogos do Facebook e há esta companhia chamada Zynga que fazem jogos com 88 milhões de pessoas (FarmVille)."
"Parece que tudo o que diz respeito a 'gaming' está mudando radicalmente... E eu não sei por que todos os outros, como os portadores de títulos AAA, não podem incorporar este tipo de interação."
É claro que Molyneux aproveitou para falar sobre Fable III na entrevista, mas emendou a proposta criativa do novo jogo aos conceitos modernos de games:
"Eu acredito que nós começaremos a ver coisas nos próximos dois ou três anos — não apenas da Microsoft, mas de todo mundo — capazes de modificar inteiramente o nosso pensamento a respeito de o que é um game, e isso é parte do problema. O problema é que a palavra 'game' soa tão trivial comparado ao que nós estamos tentando fazer."
"Nós estamos agora em um ponto no qual nós sabemos o suficiente para criar um personagem capaz de conhecer você. Só imagine: um personagem na tela capaz de conhecer com você, passar tempo com você, ver você, e ter empatia com você."
"Isso muda tudo, porque não há nenhuma arte de narrativa ou desenvolvimento de personagem que está sendo definido na indústria de filmes — nós seremos algo novo e completamente diferente. Eu realmente acredito que, quando nós conseguimos essas experiências, quando você é notado como um jogador, nós teremos coisas que não estão nem mesmo em nossos sonhos."
O "renascimento"
Mouse, teclado e muita diversão
Muitos indicam que mesmo o Project Natal — compatível também com os computadores — será interessante para o ressurgimento do PC como uma plataforma expressiva de jogos. Na verdade, são vários os críticos e desenvolvedores que sugerem que, após este leve declínio que vivenciamos (mesmo com o surgimento de placas de vídeo incríveis), o computador ganhará força novamente.
O inventor do primeiro computador pessoal (Henry Edward Roberts) faleceu com 68 anos na última quinta-feira, 1º de abril de 2010, mas a máquina permanece firme no universo tecnológico. Análises até mesmo de notebooks potentes, como o Dell Alienware M11x, indicam que usuários de diferentes estilos de vida têm direito de se divertir sem problemas com grandes games.
Franquias de peso — Grand Theft Auto que o diga — tiveram um início mais impactante no PC e só depois começaram a fazer sucesso em consoles. Hoje, ação em perspectiva de terceira pessoa é um gênero muito intenso fora do PC. Bem, o próprio GTA IV só foi lançado para PC depois de alguns meses após o lançamento da versão para consoles, não é mesmo? Darksiders é outro exemplo.
O que manteve o computador na ativa durante todo esse tempo no mundo dos games? Distribuição digital, séries expressivas (The Sims), diferenciais físicos (modificação do hardware), compatibilidade mais que perfeita com MMOs (World of Warcraft e seus mais de 11 milhões de assinantes)... Enfim, o PC ainda é a melhor opção para muitos gamers.
Renascendo... Ou apenas reaparecendo?
A SEGA é uma das companhias que afirma que o índice de vendas de jogos para PC não está sendo divulgado de forma justa. John Clark, o diretor técnico da empresa no Reino Unido, comentou ao site MCV que as vendas digitais de certos serviços (sim, Steam) devem ser consideradas para que uma análise correta seja feita.
"O mercado do PC é o terceiro no que diz respeito ao desempenho anual. Há um declínio de 26%, mas isso não reflete realmente o panorama real. O comércio digital para PC é um setor viável no momento, mas de alguma forma não aparece para o Chart-Track (empresa responsável pela monitoria de vendas no território). O bloco dos computadores, em geral, está atualmente tendo um desempenho muito melhor do que tem sido declarado e ainda é uma área forte e vital para se embarcar."
"O mês passado mostra a posição da SEGA dentro desse setor. Napoleon: Total War, Football Manager 2010 e Aliens vs. Predator são três títulos diferentes de três gêneros diferentes. Todos eles conseguem conduzir uma forte comunidade de fãs com a capacidade de constantemente oferecer várias horas de jogo. Coincidentemente, todos são desenvolvidos no Reino Unido."
"Em 2009, a SEGA foi a segunda maior distribuidora no mercado de computadores. Até o momento, em 2010, estamos novamente em segundo lugar. E que continue assim por mais tempo."
Pois é, 2009 foi um ano e tanto para o PC. A crise financeira atingiu o mundo econômico em cheio, com certeza, mas o mercado de jogos para computadores não foi tão mal assim. A organização conhecida como PC Gaming Alliance mostrou que a arrecadação mundial desse setor — incluindo vendas digitais, assinaturas, microtransações e publicidade online — foi de US$ 13,1 bilhões (cerca de R$ 23,1 bilhões de acordo com a taxa de câmbio atual), o que indica um aumento de 3% em relação a 2008. Nada mal, não?
Pachter solta o verbo
Já o famoso analista da Wedbush Morgan, Michael Pachter, disse ao site GameTrailers que a indústria está em declínio no PC e a principal causa disso é a constante melhoria dos consoles ao longo do tempo, sendo que o PS3 e o Xbox 360 são mais potentes que pelo menos oito em cada dez computadores.
"Se você levar em consideração apenas os produtos vendidos fisicamente no mercado do PC — e não as assinaturas como as de World of Warcraft —, isso representa apenas 6% ou 7% do total das vendas. Trata-se de uma indústria em declínio, porque você pode ter uma experiência próxima à de PC em um console."
O analista diz que o PlayStation 3 é um equipamento bem poderoso, e é provavelmente mais poderoso que 90% dos PCs que existem por aí. Enquanto isso, o Xbox 360 é tecnologicamente superior a cerca de 85% dos computadores domésticos. Pachter afirma, ainda, que a audiência dos consoles é mais ampla e faz com que os video games de mesa sejam mais atraentes para os desenvolvedores e distribuidores de jogos eletrônicos.
Mas e você, acredita que o PC está em queda, nunca foi fraco ou sempre foi a mais expressiva das plataformas para games?
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